Consta que Jesus Cristo tinha um irmão, de nome Tiago. Tal é assumido por historiadores através da leitura de várias Epístolas de S.Paulo, os Evangelhos de Mateus e Marcos (talvez apenas Marcos, já que Mateus terá derivado as narrativas dele e de outra fonte comum, mas adiante) e das Antiguidades Judaicas escritas por Flávio Josefo, historiador da época e decerto bom bebedor de belo binho nos bares de Belém. Mas alitero e perco-me, prossigamos.
O nome próprio “Tiago”, quando convertido para a língua inglesa, dá qualquer coisa como James. Não dá Reimes nem sequer Rámesh. Pronuncia-se Jeimes ou quando muito Djeimes, se quiserem ser anglófilos puristas. Mas os pais do puto, que deviam ser fãs do James que era Dean e rebelde, se calhar não quiseram ter mais nada a ver com os bifes nem com um pau de marmeleiro mas ainda assim optaram por lhe comer a fonética e provavelmente garantiram-lhe algumas valentes coças no recreio da escola. E agora, ao chegar a Portugal, decerto encara as falhas dos nossos geniais jornalistas – aqueles que desde 1991 ainda não decidiram como devem dizer Kuwait correctamente – com um sorriso nos lábios e uma revoltazinha muito particular no estômago.
Este puto é uma das minhas esperanças para 2012. Não só porque se vê que está a evoluir, a crescer como jogador e como pessoa, mas também pelo entusiasmo que gera nos adeptos, particularmente nas adeptas mais jovens que parecem ver no rapaz um Semi-Deus colombiano, uma espécie de Valderrama com cabelo de gente normalzinha. Ainda no Domingo à tarde, enquanto vegetava no sofá e ia vendo pelo canto de um olho o treino dos onze mil, assisti a algumas declarações entusiásticas de vários portistas, todos eles jovens e fervorosos fãs do nosso número dezanove (que belo número, sim senhor) e que lhe cantavam as loas com um fervor e uma devoção que me soou tão curioso como motivador. Uma das jovens, soluçando por entre palavras nervosas e gemidos de excitação precoce ao ver o seu herói em campo, chorava em frente às câmaras pela emoção do momento. A adolescência tem destas coisas, mas é este tipo de garra, de admiração, que os jogadores têm de continuar a grangear junto dos adeptos e James está no caminho certo.
Miúdo, a palavra é tua. Estamos todos a contar contigo.