Eu e mais 28 mil bravos portistas decidiram enfrentar o frio que se sentia na Invicta para estar uma hora e meia a ver futebol. Dá uma certa espécie de sentido de união, de alinhamento conjunto para combater as contínuas adversidades que continuam a ser colocadas pelos adversários mas também pelos nossos próprios jogadores. Numa fase onde se nota que os elementos novos e os antigos ainda precisam de tempo para criar novas sinergias (peço desculpa pelo uso de uma das palavras mais nojentas da lusa língua) dentro da equipa. Os números foram gordos, ao nível dos concorrentes daquele concurso ridículo do Gôdo mais Fóti ou Fóti mais Gôdo ou sei lá como se chama aquela treta, mas não espelham as dificuldades que tivemos em conseguir construir jogadas de perigo para a baliza de um miúdo que se continuar assim…ainda vai parar de volta ao Benfica. Acima de tudo fica a vitória que nos mantém a cinco pontos do primeiro lugar. E era tudo que se pedia. Vamos a notas:
(+) James Não me junto à brigada de linchamento de Vitor Pereira quando não colocou James a jogar de início porque Varela tinha vindo a subir de produção e com dois alas podíamos abrir o jogo melhor do que jogar com um falso “10”. Mas a verdade é que mal James entrou no jogo para o lugar do nosso 17 o impacto fez-se sentir quase de imediato, com passes certos, boas desmarcações para Álvaro que finalmente conseguiu ter um ponto de enfoque para o “passe-e-corta” até ao cruzamento final. Acima de tudo trouxe inteligência e domínio da bola de uma forma que Varela nunca conseguiu (alguma vez consegue?) e empurrou a equipa para a troca da bola à entrada da área, algo que até aí pouco se tinha visto. Se ao menos James conseguisse ser mais consistente nas exibições…
(+) Maicon e Mangala Certinhos, rápidos, interventivos no momento certo e com timing acertado. Não estarei muito enganado ao dizer que Mangala é um rapaz com futuro e Maicon está cada vez melhor quando joga a central depois da sua aventura no flanco direito ter terminado em crescendo, para além de ser o único jogador que causa perigo em bolas paradas ofensivas. O regresso de Rolando ao onze parece-me certo, mas não tenho tanta certeza quando falo de Nico Otamendi, porque as últimas exibições não foram nada para escrever no diário e um destes Émes pode tirar o lugar ao argentino, especialmente na quinta-feira onde um certo senhor Dzeko pode estar a jogar na nossa área…
(+) Álvaro Houve uma certa altura em que pensei que o Palito estava obcecado por marcar um golo, praí para dedicar à namorada ou mulher ou quenga ou sei lá o que o rapaz tem como companhia feminina, transitória ou permanente. Esteve quase sempre bem a romper pelo flanco como de costume e não fosse a não-presença de um certo Sr.Silvestre ao seu lado para uma eventual tabelinha e a grande parte das jogadas teriam tido um melhor fim. Marcou um golo com um excelente toque de primeira e esteve perto pelo menos mais duas vezes de facturar. Para um defesa esquerdo não é nada mau.
(+) Oblak Se este blog fosse pertença de um benfi…benf…de um senhor apoiante do clube da águia, estaria a cantar ainda mais as glórias do moço. Mas a Oblak o que é de Oblak, e o rapaz que tem um nome que soa como se estivéssemos a chamar um amigo à razão (“Oblá(k), tem juízo!”) fez um jogaço hoje no Dragão. O tipo de verde na baliza do Leiria defendeu quase tudo o que lhe puseram pela frente, lançou-se como um louco para cima de Janko e lixou montes de jogadas de ataque do FC Porto que em situação normal – leia-se, com um guarda-redes sem o grau de inspiração Beethovenesca do esloveno – tinham ido parar ao fundo das redes. Enfim, apanhou quatro batatas mas não teve culpa em nenhuma. Parabéns.
(-) Os dois Vs Varela e Vitor Pereira por não tirar Varela de campo. Posso ser daqueles fulanos que tem a mania que sabe tudo e que se arma em treinador de bancada (afinal escrevo um blog sobre futebol, alguma arrogância tinha de vir cá para fora), mas ao ver a inepta exibição de Varela que o fez regredir alguns meses no espaço de quarenta e cinco minutos, não resistia a tirá-lo de campo ao intervalo e deixava-o no balneário a limpar as latrinas. E se não houvesse lá latrinas, mandava-as instalar só para que ele pudesse ir lá limpá-las. Foi tão pouco, Silvestre, tão pouco e tão mau que o meu próprio compincha da bola há tantos anos se virou para mim e disse: “Se eu estou aqui a desejar que entre o Djalma para sair o Varela, o que é que isso diz do Varela?”. Diz muito, rapaz.
(-) Bolas paradas, tanto ofensivas como defensivas Começa a ser patético, francamente. A maior parte dos cantos são marcados com a bola a pingar para a área e tão fáceis de interceptar pelos defesas como se lhes fosse arremessado um quilograma de algodão-em-rama com toda a força de uma anta tuberculosa. E os lances em que temos de defender a nossa própria baliza são ainda piores porque basta o adversário colocar um ou dois homens na área e é logo um número-de-Pena que se gera na nossa área. Não se consegue treinar estes lances em condições para que não tenhamos todos o coração, fígado e pâncreas nas mãos sempre que a bola para lá vai pelo ar?!
É verdade que os jogos parecem lamacentos, travados por nervosismo, falta de confiança e uma tremenda incapacidade de impôr velocidade quando a partida parece tremida. E a somar a esses pouco conseguidos elementos de jogo, a ansiedade que se apodera dos adeptos quando vêem os minutos a passar e agarrados a exibições brilhantes da época passada não conseguem perceber porque é que estes rapazes não conseguem jogar ao nível dos outros, eles que são tão parecidos à primeira vista. Mas não são. Porque na defesa houve mudanças, o meio-campo está com uma dinâmica alterada e o ataque oferece alternativas radicalmente diferentes das que tínhamos no ano passado. É preciso começarmos a ver os jogos com alguma distância emocional e perceber que este FC Porto da segunda metade da época tem tudo para ter sucesso. Mas não será com duas ou três semanas que vamos conseguir chegar ao nível que a malta pede…e quinta-feira, por esses motivos, é uma enorme incógnita.
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