Hulk visto lá fora

“I’m not particularly glad that Manchester City won this one, but I’m deliriously cock-a-hoop that Porto lost – and for one, sole reason: Hulk. Jesus wept, what an overrated pile of festering guano that man is. Shite touch after shite touch followed by pleading tumble after pleading tumble. Waiting to feel a touch, any touch from his marker, that being his cue to plough himself into the Dragão turf.

He possesses the bodily bulk of a brawny bison, yet he reacts to contact by bouncing around and wincing through tear-beaded eyes like he’s fabricated from balsa wood and blu-tack.

The guy has nothing. Nothing. A few utterly superfluous and largely ineffective flicks and a shot that is less ‘Howitzer’ and more ‘Surface to Air missile’. €100 million release clause? All I can say is, his agent must be bloody good. F**k him. F**k you Hulk, you whining, diving, useless cheating bag of day-old cat vomit. The most overrated player in world football, and I will hear nothing to the contrary.”

in Who Ate All the Pies?

A cotação de Hulk para o mercado inglês é alta e o nome ainda faz sentido equacionar como potencial reforço de qualquer um dos grandes clubes. Não por cem milhões de euros, muito longe disso, mas o alvo é apetecível especialmente a partir do momento em que as convocatórias para a selecção brasileira são mais constantes.

Mas o comum adepto inglês é isto que vê no nosso homem. Um jogador que não usa o corpo como deve, que cai mais vezes do que deve e que reclama como um bébé chorão, não trazendo consistência para o jogo de uma equipa, tornando-se num devaneio de quem tem dinheiro a mais para gastar num bibelot.

Uma coisa é certa: Hulk é bom, um excelente jogador e um homem que quando está em forma e com sentido prático apurado se transforma no tal “Incrível” que resolve jogos. Mas quando está num dia mau…só serve para enervar as bancadas.

Link:

Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 2 Manchester City

 

O ambiente prometia. Fiz o percurso do costume, carro, Bom Dia, café, “obrigado, vamos ver se corre bem!”, montes de gente em frente ao Café Estádio, como nos bons tempos do antigamente em que subia Fernão de Magalhães a pé a caminho das Antas. A noite, fria mas mais amena que nos últimos tempos, parecia trazer calor para uma atmosfera que se queria tão quente no exterior como na relva. O meu pai, amuleto de sorte em jogos grandes, ao meu lado. Fogo de artifício antes do jogo, tensão nas bancadas, pressão para fora, barrigas para dentro, siga a bola. Primeira parte forte, dinâmica, viva, nervosa, rija, boa. Bom resultado ao intervalo, “agora é aguentar, mais um golinho era bom, se conseguirmos aguentar o reinício, foi pena o Danilo, é empurrá-los para trás e não os deixar ter a bola, o Balotelli é um merdas”. E depois, o golo. E os ídolos azuis e brancos provincianizam-se, tremem, prostram-se, caem. Os passes saem tortos, as desmarcações desaparecem, a disputa dos lances pende para os mancunianos. Braços caídos, olhar em baixo, queixo no chão, calo-me. Não havia mais nada a dizer. Desistimos. Perdemos. Notas abaixo:

 

(+) Fernando Dos poucos que nunca desistiu, mesmo depois da estúpida conjugação de azares que o fez ocupar três posições durante um só jogo. Começou a trinco, onde patrulhou os espaços entre Touré e Silva. Não gosto de o ver com Moutinho ao lado mas funcionou durante 45 minutos e teria funcionado mais se o colega do lado e os outros colegas todos não tivessem abanado de tal maneira com o auto-golo do Palito. Baixou para central, rodou para a lateral direita, e tentou. Tentou sempre, com e sem cabeça, lutou e usou o corpo quando pôde e o anormal do árbitro turco permitiu e quando não o permitia mostrava a indignação dos guerreiros. Não mereceu o resultado.

(+) Maicon Começou muito mal. Muito, mas muito mal. Com hesitações parvas, incongruências posicionais, num regresso a 2010 que me enervou lá no fundo. Com a saída de Danilo voltou à lateral e melhorou. Cresceu perante Clichy e Nasri e não subiu mais porque os dois franceses faziam questão de lançar a grande maioria dos ataques do City e impediam que o nosso careca conseguisse ajudar mais o ataque. Voltou para central depois da saída de Mangala e juntou-se aos colegas no desalento mas foi dos menos maus.

(+) O lance do golo Era tão simples. Hulk, Lucho, Hulk, Varela, golo. Simples. Jogar ao primeiro toque quando a situação o exige traz uma dimensão prática ao futebol que pode ser rendilhado durante 10 minutos antes de uma oportunidade destas aparecer, mas quando surge, é desta maneira que tem de ser tratada. Foi pena não terem conseguido criar mais destas durante o resto do jogo.

(+) A capacidade técnica dos jogadores do Manchester City Um exemplo muito simples do que é talento no futebol moderno foi dado hoje pelo Manchester City no relvado do Dragão, aí pelo meio da segunda parte. Rolando tenta passar uma bola para Maicon, torta, pelo ar, aos saltos, e Maicon roda para Fernando, que trata o esférico como uma granada sem cavilha. A bola salta, fere ao mais pequeno toque, ganha vida e vai parar a De Jong. O holandês, calmamente, coloca-a no piso. Firme, parada. Roda para Touré, que passa de novo a De Jong, Nasri, Silva, Barry, Silva, De Jong, Touré e Lescott e já está do outro lado. Tudo ao primeiro toque, ainda que me possa ter enganado nos jogadores. Perfeito. Não houve uma…UMA vez que tivéssemos conseguido uma peladinha acidental daquele nível durante todo o jogo. Atrevo-me a dizer durante toda a época.

 

(-) A avassaladora angústia do desânimo Depois de uma boa primeira parte esperava-se que a equipa mantivesse o ritmo. Não conseguiu por mérito do City, que pegou na bola e começou a rodá-la entre aquele talento de preto e vermelho a que eles chamam “meio-campo”. As linhas desceram, a pressão desapareceu e os jogadores começaram a duvidar. Num ápice passaram várias imagens rápidas pelos meus olhos. Vi Chipre, vi São Petersburgo, vi Coimbra. Vi a bola longe dos nossos homens, a tremideira a aparecer, a desconfiança, a bola para o ar e o pontapé para a frente. E o golo foi um murro no abdómen. O FC Porto transfigurou-se e transformou-se num humilde subalterno, como um empregado de escritório a quem o chefe manda fazer todas as tarefas que os outros se recusam a fazer. E o pobre coitado lá vai, cabisbaixo, a uma bala do fim. As pernas aguentavam mas a cabeça estava longe, no fundo de um poço sem iluminação, e os nervos subiram de tal forma que deixei de perceber o que se passava. O empate parecia um bom resultado, mas o público pressionava e eles tremiam ainda mais e o segundo golo tornou-se impossível de aguentar. Tristes na bancada e mais tristes no campo, enquanto ouviam os cânticos dos eufóricos bêbedos anglicanos. Dói.

(-) Vitor Pereira e as substituições tardias A equipa estava de rastos e Vitor não mexia. Varela continuava a tentar tapar o flanco sem conseguir e falhava na transição com tão pouca velocidade que fazia uma tartaruga parecer o Usaín Bolt. Hulk brincava em campo, como se ao décimo toque de calcanhar conseguisse finalmente endossar a bola em boas condições para o lateral que nunca lá esteve. E Vitor não mexia. Lucho e Moutinho, cansados, fracos, tristes. James, desaparecido, lento, sem vida. E Vitor não mexia. É uma boa avaliação de um treinador perceber a forma como reage para tentar animar o jogo da sua equipa quando as coisas correm mal. Os loucos gastam as substituições todas aos 20 minutos, como o Oliveira. Os mais loucos esperam até aos 88 minutos como Robson e enfiam um defesa central a jogar na área contrária. Os indecisos, como Vitor Pereira, não querem tomar a iniciativa e esperam com fé inabalável que os zombies que lá estão dentro subitamente ganhem forças de outra dimensão e elevem o nível. E esta elevação acontece uma vez de cinco em cinco anos. A última vez que me lembro de o ver, Lisandro tinha acabado de marcar contra o Schalke. E já foi há uns anos.

 

Saí do estádio contagiado pelos jogadores mas com uma aura negra à volta. Ia como um barril de pólvora forrado a parka a subir a alameda, a disparatar contra os jogadores, a questionar a mentalidade de falhanço, a incongruência do detentor do troféu se colocar em papel secundário perante um novo-rico da bola mundial. Não explodi. Acalmei-me, entrei no carro e desliguei o rádio. Ouvi música. A derrota bateu cá no fundo e a forma como aconteceu foi muito pior que o resultado. Porque não me matava perder um jogo contra o Manchester City com a quantidade de talento que eles tem ao dispôr. O que me incomoda é perder antes de tentar ganhar. E é muito mais doloroso.

Link:

Ouve lá ó Mister – Manchester City


Amigo Vítor,

Agora as coisas piam mais fino. Como se as coisas fossem um gentil bando de rouxinóis a esvoaçar perto de um campo de malmequeres num suave dia de primavera. Até que um gajo mais chateado com as taxas do BCE se lembra de sacar da espingarda e disparar três balázios e acertar no pássaro-pai mesmo no meio dos cornos. É isso que quero que aconteça hoje, Vitor. Quero chegar ao estádio, sentar-me na minha cadeira e olhar em frente para onze tolinhos que vão fazer tudo por tudo para que os ingleses saiam daqui com o esfíncter mais aberto que o túnel da Ribeira.

Só há uma coisa que me assusta nos gajos, pá. São os onze que vão entrar mais os sete que estão no banco. O resto não me mete medo nenhum, era só o que me faltava. Mas isso sou eu, tu és um gajo superior a este tipo de cagaços e por isso sei que não me vais desiludir. E não te atrevas a reclamar que não temos equipa para isso. Já sei que nunca dirias isso em voz alta, mas livra-te sequer de pensar dessa maneira! Que me cravem um cinzel nas gengivas se não temos equipa para mandar os gajos abaixo! O Hulk não é capaz de pôr o Clichy agarrado às pernas? O James não parte os rins ao parolo do Zabaleta? O Lucho não ganha em corpo e inteligência ao finguelinhas do Silva? O Maicon não tira as bolas de cabeça do Dzeko? O Helton não vale mais que o albino do Hart? Até aquela besta do Lescott que mais parece um refugiado Klingon não vale meio Rolando manco, Vitor! O Moutinho não é tão ou mais organizado que o Nasri e tem melhor aspecto de barba grande? E o Fernando, que nem Touré tem no nome, não chega para atrofiar as gâmbeas do genro do Dieguito?

É só isso que tens de pôr na cabeça dos nossos rapazes, pá, e convence-os que o campeonato está difícil de chegar lá e por isso esta pode ser a grande oportunidade dos gajos fazerem o primeiro grande jogo do ano! Explica-lhes que os outros não nos ligam nenhuma, que nem sabem quem são os nossos, que olham para o FC Porto com aquela puta daquela altivez inglesa que mete nojo desde que o Haroldo levou com uma seta nas vistas em Hastings.

Por isso vai aos arrumos e tira para fora o conjunto de facas que o teu sogro te deu. Afia-as bem e prepara-te para o repasto. É que hoje vamos comer bifes no Dragão.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

Link:

Porta19 entrevista Danny Pugsley (www.bitterandblue.com)

Com o jogo do Manchester City cada vez mais próximo na agenda, parti de microfone em riste (ou melhor, mandei um e-mail, que vai dar ao mesmo) para terras mancunianas e o meu convite foi aceite pelo gestor de um dos sites não-oficiais mais importantes do nosso adversário de amanhã, o Bitter and Blue, gerido por Danny Pugsley, ele próprio autor de um livro sobre a história do Manchester City. Uma espécie de versão anglicana do nosso próprio Júlio Magalhães, sem canais de televisão à mistura. Assim sendo, passemos à conversa:

 

Porta19: Tem sido uma época bastante boa a nível interno para o City. No topo da Premier League e nas meias-finais da Carling Cup. O sucesso nas competições europeias é lidado com o mesmo entusiasmo como a perspectiva de vencer a Premiership?

Danny Pugsley: Curto e grosso: não. As eliminações das Taças no último mês viraram as nossas atenções quase completamente para a Premier League – algo que só tende a intensificar à medida que nos encaminhamos para a fase decisiva da temporada. Agora é possível que pudesse haver mais entusiasmo europeu caso o City tivesse conseguido ficar na Champions League, mas a Europa League é tratada como um “nice to have” e não como algo que a equipa está desesperadamente à procura de vencer.

 

Porta19: Mas esta ideia já passou pela cabeça de qualquer adepto: vencer a Europa League. Consegues ver o City a ultrapassar o FC Porto, os actuais detentores do troféu, com relativa facilidade?

Danny Pugsley: Não creio que nenhum adepto do City acredite que a tarefa vá ser fácil. Longe disso, ambos os clubes parecem estar bem cientes da ameaça que é colocada pelo outro. Não parecem haver diferenças muito grandes entre as duas equipas mas a vantagem pode estar ligeiramente do lado do City – dependendo do resultado da primeira mão – por ter a segunda mão em casa.

 

Porta19: Mancini é a pessoa certa para levar o City novamente à conquista de troféus?

Danny Pugsley: Diria que sim. Continua a haver dúvidas acerca da capacidade de ir longe numa competição europeia que vai ser determinante a partir da próxima temporada, mas está a fazer um trabalho notável em circunstâncias muito complicadas e ganhou a oportunidade para trazer o título (e mais) para o City.

 

 

Porta19: Sinceramente, acreditas que jogadores como Aguero, Silva, Dzeko, Touré, Balotelli ou Nasri estarão minimamente intimidados por jogarem contra Hulk, Moutinho, Defour, James Rodriguez, Belluschi ou Álvaro Pereira? Haverá algum facilitismo?

Danny Pugsley: Não estarão intimidados mas não creio que tenha a ver com facilitismo, talvez com a confiança nos próprios talentos. O City tem perfeita noção da qualidade da equipa do Porto e que há um perigo real de serem eliminados da competição numa fase tão prematura.

 

Porta19: Conheces bem a equipa do FC Porto? Há alguns jogadores nossos que conseguisses ver a entrar na primeira equipa do City?

Danny Pugsley: Não os conheço muito bem mas há alguns nomes bastante familiares que serão sempre uma ameaça – especialmente no ataque. Quanto a entrarem directamente na equipa do City? É difícil porque o City conseguiu juntar um plantel que consegue rivalizar directamente com grandes equipas mundiais e para adicionar algum jogador à equipa terá de ser de nível elevado. Talvez haja alguns jovens jogadores com talento que já estejam a ser observados.

 

Porta19: Ambos os clubes beneficiaram da regra que faz com que equipas colocadas no terceiro lugar da Champions League sejam enviadas para a Europa League. Concordas com esta regra?

Danny Pugsley: Definitivamente não. Chama-me tradicionalista mas eu acho que as duas competições devem ser estanques entre si e esta regra do terceiro classificado desvaloriza a competição.

 

 

Porta19: Há algum plano para substituir o “Poznan” por um “Porto”?

Danny Pugsley: O Poznan parece estar numa curva descendente de popularidade nos últimos tempos e não creio que haja uma grande pressa em criar outra celebração tão cedo!

 

 

 

 

 

Um pequeno esclarecimento: podem ter notado algum anacronismo nas perguntas (já que o Manchester City foi já eliminado da Carling Cup pelo Liverpool e o Belluschi já zarpou para Génova, mas na altura que se iniciou a troca de emails…ainda lá estavam. Agradeço ao Danny as respostas e a simpatia e creio que continua a valer a pena conversar com malta que gosta do clube deles como eu gosto do meu. A entrevista vale pelo conteúdo e pela forma como um adversário de um clube forte vê o nosso FC Porto como próximo gigante a eliminar. Espero que não o consigam.

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Ideias para resolver este problema?

Aqui estão alguns dos problemas que vamos enfrentar na quinta-feira:

 

Há várias formas:

  • Evitar ceder cantos por qualquer meio necessário, com pontapés para a bancada pela linha lateral;
  • Pressão alta pelas laterais do meio-campo para evitar que os alas consigam colocar a bola na área com facilidade;
  • Manter a bola na nossa posse o máximo de tempo possível;
Em alternativa:
  • Um sniper com uma espingarda de pressão de ar num dos topos do estádio;
  • Elevar um colega com as mãos como se fazia para ir buscar a bola a uma árvore;
  • Dar-lhes a provar uma francesinha e enchê-la com picante de tal maneira que lhes dê soltura mal pensem em saltar;
  • Esperar que coloquem tantos gajos na nossa área que eles próprios se atrapalhem com a facilidade em chegar à bola;

Se conseguirmos colmatar os problemas que sabemos sentir em bolas paradas defensivas e bolas bombeadas para a nossa área, para continuar a combatê-los só precisamos de parar o jogo pela relva. Ênfase no uso da expressão “só”.

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