Não foi bom. Não foi aquele FC Porto que estava à espera de ver, que ainda estou à espera de ver desde o início da temporada com algumas honrosas excepções. Este foi mais um entre tantos jogos em que vejo a equipa a definhar na fase crucial do jogo, depois de entrar com alguma sofreguidão e com pouca inteligência, a usar e abusar do jogo directo e das desmarcações aéreas pelas laterais (vá-se lá saber porquê) e com uma tremenda incapacidade de jogar um futebol atraente e criativo. Se a história ainda vier a falar do FC Porto de 2011/2012, será em grande parte com uma expressão: cansados, tanto na cabeça e nas pernas. Pela enésima vez desperdiçámos pontos num jogo que controlamos e a culpa é toda nossa. Cássio fez um excelente jogo, é verdade, mas a quantidade de golos falhados é inadmissível. Vamos às notas:
(+) Hulk Merecia mais. Já o disse mais que uma vez que perdoo a Hulk o que não consigo perdoar a outros rapazes, porque a produção ofensiva e as características físicas do nosso Givanildo fazem com que seja um homem que decida um jogo e por isso permito-lhe que tenha desvarios como tantas vezes lhe acontece, quando tenta furar uma parede de cimento humano e não consegue. E depois levanta-se e tenta outra vez. E chateia, mas só quando se percebe que o rapaz deixou de pensar, pôs as metafóricas palas nos olhos e só anda em frente. Hoje teve alguns momentos desses, mas como se viu no golo (uma chouriçada causada por ele), um arranque de Hulk pode ser a diferença entre vencer um jogo e…empatá-lo, como hoje. Fez tudo o que pôde. Sofreu um penalty nítido que não foi marcado (sim, sim, o Sapu também teve aquele lance na primeira parte que podia perfeitamente ser sido assinalado). Tentou muito. Não chegou, mas não foi por culpa dele.
(+) João Moutinho Forte no meio-campo, intenso no contacto e inteligente em posse, tentou mais uma vez pautar o jogo como de costume e conseguiu-o em longos períodos do jogo. Na primeira parte ao lado de Defour (é verdade, o belga jogou! não repararam? é, esteve lá, mas quase nem se notou) e na segunda entre Fernando e Lucho, continua a ser dos poucos que não tem medo da bola e coloca-se sempre pronto para a receber. E depois? Espaço, não há. Linhas de passe, poucas. Remata a 40 metros? Não. Passa para o lado? Que remédio…
(+) Cássio Este fulano, a par do Peçanha ou do Pedro Roma, faz parte daquele lote de guarda-redes que fazem sempre jogos fabulosos contra equipas grandes e abrem aviários industriais quando jogam com equipas “do mesmo campeonato”, seja lá o que isso queira dizer. Quem nos manda ser uma equipa grande? Estupor.
(-) As bolas paradas defensivas, mais uma vez Reparem no lance do golo do Paços. Está quase toda a equipa do FC Porto na área. Melgarejo, um gigante de quase um metro e setenta e dois centímetros, salta completamente sozinho no meio do que me pareceram 8 ou 9 jogadores azuis e brancos. Fossem 4. Fosse só um, porra! Estou farto de ver um canto a ser assinalado contra nós e sentir as duas nozes que habitualmente estão da parte de fora a recuarem para o interior do meu corpo, tal é o cagaço que me assola por ver as bolas (as de couro) a voar por cima da nossa área. Muito mau, outra vez.
(-) Perdoem-me o vernáculo: as putas das tabelinhas! Já falei disso várias vezes mas não me calo. O FC Porto transformou-se (e esse efeito agravou-se com a chegada de Lucho) numa tentativa de imitação do Barcelona com as tabelinhas e os triângulos do meio-campo. Só há uma diferença, diria que importante: NÓS NÃO SOMOS O BARCELONA! O James não é o Iniesta, o Hulk não é o Messi, o Moutinho não é o Xavi (talvez seja o mais parecido de todos) e o Rolando definitivamente não é o Piqué. A forma de jogar não pode ser a mesma porque o talento não é o mesmo. Se somarem a quantidade de bolas perdidas neste jogo e em todos os jogos que já fizemos e em que abusamos destes lances…imaginem cada uma dessas situações transformada num remate à baliza. É.
Nada está perdido. Que eu trepe a quarenta palmeiras se desisto deste campeonato. Mas é certo e sabido que há sempre qualquer coisa que falha: ou as pernas funcionam e a defesa troca-se toda; ou a defesa está alinhadinha e pronta para o combate e o ataque não marca golos; ou os golos entram mas as pernas falham e mais golos entram…mas na nossa baliza. Nada corre bem, nada parece resultar, as opções tácticas caem por terra, os passes saem pelas linhas laterais e os remates saem pelas de fundo. Mas ainda tenho esperança. Ainda sofro a ver os jogos, ainda continuo a acreditar. E hoje pareceu-me ver alguma crença nos próprios jogadores…até ao golo do Paços. Depois, mais uma vez, a moral caiu a pique. Mais uma moedinha, mais uma voltinha…