Este faz o Romney parecer coerente

Antes:

Jorge Jesus, treinador do Benfica, comentou desta forma o empate frente ao Rio Ave e a consequente atribuição do título de campeão ao F.C. Porto. O técnico deixou poucas considerações sobre a perda de pontos na segunda metade da temporada:

«Como se perde um campeonato? Não conseguimos fazer mehor que o Porto, é o vencedor deste campeonato. Estivemos muitas jornadas à frente, perdemos alguns pontos num momento em que estávamos na Champions, não que isso sirve de desculpa. Não vale a pena estarmo-nos a desculpar com as arbitragens. Não vale a pena agora estar a falar nisso, não quero falar no passado.»

F.C. Porto é um justo campeão? «Os vencedores, quando ganham, é porque têm mérito e chegaram em primeiro. Já falámos de várias questões relacionadas com o campeonato, não me quero desculpar com elas, falar sobre elas agora.»

Depois:

Jorge Jesus, em entrevista ao jornal «A Bola», fala nas arbitragens como um dos motivos para a vitória do F.C. Porto no campeonato.

Em resposta a uma pergunta sobre a influência das arbitragens em alguns jogos, o treinador do Benfica responde o seguinte: «Se fizer as contas e a relação aos pontos perdidos nesses jogos (V. Guimarães, Académica, F.C. Porto e Rio Ave), com os erros cometidos, faz toda a diferença. São erros que valem o campeonato. (…) Levo três anos no Benfica e uma das coisas que sinto é que para ganharmos um campeonato aqui temos de jogar não apenas contra a equipa adversária. Temos de fazer sempre muito mais, porque fazer o suficiente não chega».

E acrescenta: «Sem os casos destes jogos e de outros, não tenho dúvidas de que o Benfica teria sido campeão. (…) Digo-lhe mais isto, os erros de arbitragem afetam desde logo a motivação dos jogadores nos jogos seguintes e, em consequência, o rendimento deles».


Se a rectidão moral e mental criasse pus…o homem teria de ser lancetado para não ser engolido pelo dito.

E aproveito para subscrever as opiniões de José Correia, do Zé Luís ou do Vila Pouca. Pouco mais há a dizer sobre o assunto.

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Finalizar a fé dos felinos

Não sou um amante de gatos, aquilo que os bifes chamam “cat-person”. Mas também não sou um amante de cães. Não sou amante de animal nenhum que não esteja bem passado, para ser sincero. Ainda outro dia, antes de começar esta chuva que nos invade dos céus e me inunda a alma de melancolia tão cliché que mais pareço uma adolescente hormonal, estava em casa acordado a uma hora agradável para quem aprecia passeios à luz da lua e fui até à varanda. Um gato, preto de cor e alma (instrumentos do Demo, todos eles), vagueava com um ar entediado pela penumbra da noite nortenha e parou mesmo à minha frente, uns sete ou oito metros de diferença na vertical. Passei a soleira para o lado de dentro, muni-me de um ponteiro laser que tenho pousado junto da impressora e que comprei num daqueles impulsos consumistas que de vez em quando me batem na nuca e comecei a brincar com o bicho. Entreteu-se imediatamente, perseguindo o ponto vermelho no alcatrão como o Rinaudo faria ao Saviola e eu brinquei com ele, como um filho único que inventa um amigo imaginário. Pus o gato a correr de lado para lado, aos círculos, tentando apanhar o pontinho com as patas, só para lhe ser retirado o brinquedo no último segundo em que se preparava para atingir o objectivo e afagar o suave ponto de luz vermelha que insistia em lhe escapar. Ao fim de umas dezenas de segundos, aborreceu-se. Olhou para o lado, não viu ninguém, e caminhou saltitante para o breu além da esquina. Fiquei desolado. Faltou a estocada, a pancada na nuca, a cachaçada bem dada como quem diz: “vês, bicho? quem manda sou eu. eu!”. Não o fiz e agora arrependo-me, porque brinquei o que quis mas não fiquei com consciência de dever cumprido.

E também por isso está-me a causar alguma estranheza não ver as conversas da bola numa semana de clássico a não convergirem directamente no alvo verde-e-branco que se desloca ao Dragão no próximo sábado pela noitinha.

Até um certo ponto compreendo a atitude. Afinal o caneco já é nosso sejam quais forem os resultados dos dois últimos jogos e parece que a malta já está a pensar em férias, cláusulas de rescisão, nomes de treinadores e jogadores, convocatórias para o Euro e as mamas da Scarlett Johansson. As últimas são um assunto recorrente, como é evidente. Mas de qualquer forma parece que o pessoal se está a esquecer que ainda falta um jogo do FC Porto na sua casa, aquele que para muitos será a última partida em que iremos ver os rapazes até Julho. E não é uma partida qualquer, longe disso.

Por isso vamos lá começar a focar atenções nos gatinhos. Brinquemos um pouco com eles. Mas não nos podemos esquecer de uma coisa, uma simples coisinha: podem estar em terceiro ou quarto, podem-nos até ter ajudado ao ganharem ao Benfica, alguns de nós até podemos ter apoiado a carreira na Europa League, vivendo as emoções europeias através de terceiros. Mas não deixam de ser inimigos, pelo menos dentro de campo. Força aí na estocada final até caírem para o quarto lugar. Porque não me interessa mesmo nada despedir-me dos nossos moços sem ser com uma vitória.

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Leitura para um feriado tranquilo

  • Gareth McKnight analisa as vantagens e desvantagens dos empréstimos de jogadores no Soccerlens;
  • A forma como o futebol moderno privilegia as competições de clubes em detrimento das selecções (sim, é quase a tradução do título do artigo) vista por Martin Saxon neste artigo da NMO;
  • Para que percebam que hoje em dia tudo funciona tão mais rápido que antigamente, menos de uma hora depois de acabar o Leiria vs Feirense, já o blog A Football Report estava a publicar a notícia do 4-3-0 dos da casa;
  • O falhanço da contratação dos últimos treinadores de CSKA e Spartak, ambos de Moscovo, na opinião de James Appell no The Football Ramble;
  • Simon Kuper, autor do muito interessante Soccernomics (a primeira entrada na rubrica “Na Estante da Porta 19“), apresenta-nos uma visão lírica mas curiosa do porquê de continuarmos a seguir futebol como o fazemos;
  • No In the Stands aparece…a versão inglesa do “Bidone d’oro”, da autoria de James R Shaw;
  • E no In Bed with Maradona o elogio a alguns dos grandes jogadores que provavelmente irão abandonar o futebol neste Verão;
  • Para terminar em grande, cá vai a menção obrigatória ao novo projecto do Miguel Lourenço Pereira (do Em Jogo), de nome Futebol Magazine, onde podem ler a interessante história do pré-catenaccio: o “Rappanacio”;
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