Nove

Jackson Martinez é o novo nove do FC Porto. A camisola é pesada pela história que carrega mas todos temos a esperança que Jackson ajude a libertar esse peso e a brilhar intensamente com esse mítico número nas costas. Aqui estão os detentores dessa camisola desde que a numeração foi tornada fixa em 1995/1996:

 

1995/1996 Domingos
1996/1997 Domingos
1997/1998 Grzegorz Mielcarski
1998/1999 Grzegorz Mielcarski
1999/2000 Domingos
2000/2001 Domingos
2001/2002 Juan Esnáider
2002/2003 Edgaras Jankauskas
2003/2004 Edgaras Jankauskas
2004/2005 Luis Fabiano
2005/2006 Benni McCarthy
2006/2007 Lisandro López
2007/2008 Lisandro López
2008/2009 Lisandro López
2009/2010 Radamel Falcao
2010/2011 Radamel Falcao
2011/2012
2012/2013 Jackson Martinez
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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 0 Olympique Lyonnais

foto gamada do MaisFutebol

Ah, o Dragão. É sempre uma alegria voltar ao nosso estádio, numa tarde solarenga que rapidamente se transformou num início de noite morrinhado. Que é como quem diz, o meu azar de há tantos anos que diz é mais provável que chova em dia de jogo do FC Porto em casa que Portugal ganhar uma medalha de ouro nos Olímpicos mantém-se estóico. Enfim, fui de camisola vestida, peito em riste e pronto para o arranque de uma nova temporada. E não gostei muito do que vi porque estava à espera de mais. Mais fio de jogo, mais criatividade, mais rotação no meio-campo, mais empenho, mais garra. Foi o último jogo da pré-época e nesta altura pensei que a equipa já tivesse um rendimento mais alto e que conseguisse ser, no fundo, uma equipa. Vi pouca evolução desde o final da época passada e nem tudo é desculpável pelas ausências de vários elementos. Mas não quero começar a tirar conclusões precipitadas porque ainda é cedo e a época só começa para a próxima semana…mas ainda não tenho confiança naqueles rapazes. Vamos a notas:

 

(+) Atsu O que mais me impressionou no puto é que afinal estava enganado: sabe jogar devagar. Sabe pensar o jogo, perceber quando é a melhor altura para subir e atacar o defesa e quando deve parar, esperar pelo lateral ou rodar para o meio. Teve algumas iniciativas individuais que mostram que tem tudo para lutar pela titularidade na ala esquerda porque ganha a Varela em velocidade, a Iturbe pela calma e a Kelvin no sentido prático. Só não ganha a James porque o colombiano nunca iria fazer o que Atsu faz e vice-versa, mas é um candidato a aplausos constantes dos adeptos. Que continue assim.

(+) Fernando Se Fernando sai do FC Porto até ao final de Agosto, estamos bem tramados. Não há nenhum elemento com as suas características no plantel, com a disponibilidade física para pressionar alto (até ao lado do ponta-de-lança o vi a correr hoje) mas acima de tudo com a inteligência táctica para cobrir a lentidão de Lucho a tapar o flanco direito da defesa que vai dar pano para várias fardas militares este ano. Fernando é único e continuo a acreditar que se soubesse sair da posição dele com a bola controlada e fosse mais perfeito nos passes verticais, já estava a jogar em Inglaterra há que tempos. Fica, rapaz, pelo menos mais um ano, caso contrário lá vamos nós ter de virar o triângulo ao contrário em permanência em vez de transitoriamente em alturas difíceis durante o jogo…

 

(-) Ritmo Quem acompanhou minimamente a última temporada do nosso clube, e creio que todos os que lêem o que escrevo o fizeram, sabe que o FC Porto de Vitor Pereira não é uma equipa que se possa considerar rápida. Longe disso. Mas a intensidade que colocámos hoje em campo frente ao Lyon foi baixa demais para o nível que se pretende. Não acredito que o próprio Vitor Pereira se reveja na velocidade de troca de bola, na incapacidade de criação de lances em cima da área do adversário e na quase impossibilidade de ver um normal desdobramento para acções ofensivas que demore menos de vinte ou trinta segundos a ser efectuado. Compreendo que se queira manter a posse de bola, alternando o toque curto com alguns passes laterais longos pelo ar, mas é cansativo ver uma equipa que, ao fazer isso mesmo, não progrida no terreno. Teremos de ser mais rápidos, mais assertivos na imposição de um ritmo de jogo que crie espaços nas defesas adversárias, sob pena de termos bola sem fazer nada com ela.

(-) Passes e rotação do meio-campo Ora voltamos ao mesmo: o toque de bola dos jogadores do FC Porto está novamente a assemelhar-se ao de três guaxinins alcoolizados a pontapear tijolos esféricos. Há vários jogadores que têm técnica individual de meter inveja a milhares de jogadores por esse mundo fora, mas que incorporam o espírito de Mariano sempre que a bola chega perto dos pés e não se conseguem desenrascar com um simples passe-e-corta pelo relvado. A somar a isso temos a fraquíssima rotação do meio-campo quando é necessário criar linhas de passe a partir da defesa. Fernando recua para vir buscar jogo, Defour roda sozinho a tentar encontrar a saída do poço do inferno e Lucho passeia em campo, lento, arrastado, com boa visão mas fracas pernas. Vi várias vezes Otamendi a sair com a bola controlada ou Maicon a virar o flanco com passes de quarenta metros simplesmente porque não havia ninguém a quem pudesse colocar a bola em segurança. Ou correm todos…ou não há produtividade.

Foi bom voltar ao Dragão. Foi bom rever a malta, sentar-me na minha cadeira e apreciar a vista do interior de um dos mais bonitos estádios do mundo. O jogo não foi bom. O jogo foi mau. E a equipa que vai entrar em campo em Aveiro daqui a uma semana tem de apresentar um nível de futebol muito superior ao que vimos hoje porque tudo ainda parece muito insípido, muito fraco, muito…pouco. Passei mais de metade do jogo a desculpar-me mentalmente com o facto de ainda estarmos em pré-época, com as ausências e os fracos índices físicos. No próximo jogo…começo a não ter razões para me desculpar.

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Leitura para um fim-de-semana tranquilo

  • O regresso do mágico Andrei Kanchelskis, desta vez ao comando de um clube russo de nome FC Ufa (não conseguia inventá-lo nem que tentasse), no In Bed with Maradona;
  • O segundo conjunto de regras enviadas pela Football Association aos clubes no que diz respeito às redes sociais, relatadas pelo Digital-Football;
  • Bielsa e a carreira estabilizada no Athletic, vista pelo A Football Report num artigo em três partes;
  • O Off the Post tenta perceber qual o objectivo da formação do plantel do Queens Park Rangers, eles que têm mais veteranos sob contrato do que seria aconselhável;
  • Um olhar pela carreira de Azkargorta, líder da fantástica Bolívia de 1994 e regressado ao comando da selecção do seu país, no Futebol Magazine;
  • Quem se queixa muito dos nossos novos equipamentos talvez pense duas vezes depois de ver estas belezas para a nova temporada do Recreativo Huelva, cortesia do Who ate all the Pies?;
  • Revisitando momentos nostálgicos, recordemos o percurso “cromático” de um dos nossos guarda-redes mais icónicos no Old School Panini;
  • E finalmente, o Dear Mr. Levy volta atrás no tempo para dar a conhecer a rivalidade de vários anos entre Gareth Bale e Charlie Adam;
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Um meio-campo para todas as eventualidades

 

Mikel, Pedro Moreira, Fernando, João Moutinho, Podstawski, Steven Defour, Castro, Danilo, Sérgio Oliveira, Lucho Gonzalez, James Rodriguez, Kelvin, Atsu, Iturbe.

De uma assentada, reparem nos nomes que podem figurar no próximo meio-campo do FC Porto. É verdade que cada um deles têm as suas próprias valências, uns mais defensivos e com uma perspectiva do jogo um pouco mais rija, como um sniper numa qualquer torre pronto a abater quem aparecer perto da zona quente onde se guardam as munições ou as tostas mistas com o queijo derretido na perfeição. Isto das guerras não é muito comigo, peço desculpa. Outros, guardados pelos primeiros, são os transportadores de jogo, os “box-to-box”, ou “b2b” para parecer mais mediatizável. Sâo habitualmente os mais inteligentes, os que preferem aplicar o neurónio em vez de se aplicarem num qualquer perónio. Ainda há dois que faltam: os utilitários polivalentes e os génios irreverentes, só para rimar. Os primeiros jogam em qualquer lugar e não se queixam porque não têm posição certa. Os segundos jogam em qualquer lugar mas queixam-se sempre que não estão na posição certa. Egos.

Se olharmos para o que pode ser a constituição de um putativo meio-campo para a próxima época, as hipóteses tácticas são infindáveis. E não há nada que goste mais que criar hipóteses tácticas estúpidas baseadas em premissas inventadas. E de francesinhas, também gosto disso. E de cerveja. Hmm. Vamos então a um pequeno exercício, inspirado num post que vi aqui há uns tempos no Run of Play:

  • 4-3-3 clássico à FC Porto desde Oliveira: Fernando, Moutinho e Lucho
  • 4-4-2 losango: Fernando, Moutinho, Lucho e James
  • 4-6-0 como a Roma: Fernando, Moutinho, Lucho, James, Danilo e Atsu (o James era o Totti. Lindo de morrer.)
  • Tiki-taka-tuga: Fernando, Moutinho, Defour, Lucho, James e Iturbe (a pôr uma cabeleira de Messi e a fingir que é ele)
  • Quem quer ser como o Materazzi?: Mikel, Fernando e Castro
  • Se o Co ainda cá estivesse: Moutinho, Kelvin, Atsu, James
  • Taça da Liga: Mikel, Pedro Moreira, Castro
  • Taça da Liga se o campeonato correr mal mas ainda estivermos na Europa: Fernando, Defour, Castro
  • Taça da Liga se o campeonato e a Europa correrem AMBOS mal: Fernando, Moutinho, Castro (é isto, Taça da Liga contigo, rapaz)
  • Recorde do Guinness para meio-campo mais tarreco do mundo: Moutinho, Iturbe, Atsu
  • 100% brasileiro: Fernando, Danilo, Kelvin
  • 100% português: Pedro Moreira, Moutinho, Castro
  • 100% português formado no FCP: Podstawski, Pedro Moreira, Sérgio Oliveira, Castro
  • 100% “números 8”: Moutinho, Castro, Defour, Lucho
  • Os cabelos mais fashion: Lucho (a guedelha), Kelvin (mourróqui), Iturbe (redneck gringo)
  • Maiores tuitadeiros: Castro, Kelvin, James, Iturbe

Não me venham dizer que não temos alternativas. São sempre as mesmas, mas tal como no xadrez, as combinações são imensas.

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Um pequeno disclaimer sobre Sapunaru e Belluschi

Várias pessoas que ontem leram o curto post sobre a situação de Sapunaru e Belluschi, tomaram a liberdade de virem hoje fornicar os meus preciosos miolos acerca do assunto. Ficou no ar a ideia que estava a fazer alguma força, da pouca que posso exercer, para o regresso e integração de ambos no plantel do FC Porto 2012/2013. Não vou assumir essa posição pela simples razão que tal não é verdade. Ao mesmo tempo que escrevo estas palavras, não posso evitar explicar um pouco melhor o que quis dizer com aquela simpática fotografia.

Sapunaru é experiente, internacional, tem um curriculum que muitos venderiam uma casa na Quinta do Lago para poder chamar seu, gosta de um bom copo de vinho e está no FC Porto há quatro anos. Passou pelas virilhas do Inferno na altura do Túnel-gate, foi emprestado e voltou em força. Começou mal o ano passado, regressou e terminou a época em bom nível. Entretanto, amealhou três de cada (Liga, Taça e Supertaça) e venceu a Europa League.

Belluschi, por outro lado, chegou no ano seguinte e se no primeiro ano não foi brilhante, o segundo mostrou genialidade até se lesionar, para no terceiro não conseguir ser regular na equipa e seguir para Génova em Janeiro. Ao longo da carreira no FC Porto ganhou dois Campeonatos e outras tantas Taças, bem regadas com três Supertaças e uma bela Europa League, tal como o romeno.

E então? Serão esses motivos suficientes para que um jogador tenha lugar automaticamente reservado no plantel do FC Porto?

Não. Há mais opções, talvez melhores. De qualquer maneira não sou eu que tenho de tomar as decisões técnicas e se fôssemos usar essa bitola, Mariano ou Jankauskas acabavam a carreira no Dragão. Não é isso que me aborrece. Então é o quê?

É o simples facto de termos dois jogadores que deram o suficiente ao nosso clube para não serem ostracizados e colocados à margem do grupo porque tiveram alguns problemas (físicos e/ou disciplinares) aos quais não se conseguiu dar a volta. Compreendo as razões, mas como sócio e adepto a ver do lado de fora, com toda a informação que tenho não posso concordar. É destes pequenos nadas que se faz um clube, que se unem as raízes e se criam novas. Porque daqui a vinte ou trinta anos provavelmente só os Jorges, os tolinhos que se lembram destas coisinhas da história do nosso próprio clube, é que se vão lembrar que houve um rapaz que veio do Rapid Bucareste e passou aqui quatro anos da sua vida, ou que um jovem prodígio chegou ao clube com a tarefa de substituir Lucho e que nem todo o talento do Mundo o conseguiria colocar nesse pedestal. E os outros não se vão lembrar da forma como Sapunaru fez chegar o nosso nome longe, como ergueu (literalmente) a bandeira do clube bem alto, ou como Belluschi desfez os rins a um jogador da Académica num pântano em Coimbra ou impediu que o Benfica fosse campeão no Dragão. Vão passar à história sem direito sequer a um rodapé por culpa de um punhado de notas.

E mereciam mais que isso.

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