O pós-Hulk – parte III

Nomes, nomes, nomes. Saindo Hulk sai também o mais reconhecível dos nossos jogadores dentro e fora de portas, aquele que enfeita capas de jornais e revistas, cabeçalhos de blogues e brindes promocionais do clube. Por favor, o homem tem talento para ser um desiquilibrador em qualquer ataque, é internacional brasileiro, tem um cabedal que nunca mais acaba e usa uma alcunha de super-herói da Marvel. É um sonho húmido de um marketeer desportivo. E a saída de uma imagem de marca tão vincada para um clube, mais que um Deco ou um Jardel, faz com que o próprio clube necessite de elevar o nível de outro ou outros dos jogadores que se mantém vinculados ao plantel para poder, como sempre fez, continuar a fazer com que o seu nome continue a soar no mundo do futebol como até agora tem vindo a acontecer. E se o visual ajuda, mais até do que seria normal numa sociedade civilizada em que (não) vivemos, onde jornais desportivos colocam artigos atrás de artigos sobre “a jovem brasa do hóquei em campo vietnamita” ou qualquer parvoíce do género, é acima de tudo com o talento e com o bom futebol que estas novas vedetas se vão criando e espalhando a fama e o nome pelo planeta.

Se olharmos para o nosso plantel, há dois nomes que saltam imediatamente à vista em termos de exposição mediática e notoriedade pública: Moutinho e James. Mais alguns já são nomes bem conhecidos de adeptos de futebol, como Lucho, Danilo, Alex Sandro, Otamendi, Defour, Fernando ou até o “caloiro” Jackson, e ainda há mais alguns que estão na linha bem produtiva do jogador com selo de qualidade FC Porto, como Maicon, Mangala, Atsu ou, até ver, Iturbe. Os dois do primeiro grupo têm palettes de talento e um nome já bem vincado no panorama internacional. São jogadores de que dependemos (ou no caso de James, que desesperadamente queremos depender) para vingar já esta temporada e continuar no caminho das vitórias. No segundo grupo há jogadores já com reconhecimento internacional, que representam o país no escalão máximo de notoriedade e criteriosa selecção. É desse grupo que terão de sair a grande maioria das mais-valias que vamos buscar no resto da época para suportar o jogo ofensivo e defensivo da equipa, os nossos dependables. E os jovens do último grupo, os que podem e devem continuar a jogar e a mostrar ao mundo o que valem, qualquer um deles tem talento e margem de progressão ainda suficiente para fazerem uma bela carreira no FC Porto e aparecer em colecções de cromos por todo o mundo.

É nestes rapazes que temos de apostar o nosso futuro. É através de uma política de contratações sã, equilibrada e afinada (como refere e muito bem o Vila Pouca no seu artigo da passada quinta-feira), que dependemos para nos mantermos no topo, sempre no topo. Porque é aí que temos de permanecer para continuar como somos, para nos podermos afirmar sempre com o título que tanto nos orgulha: campeões.

Rapazes: o futuro é vosso. Agarrem-no.

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O pós-Hulk – parte II

A saída de Hulk coloca o treinador do FC Porto perante vários cenários tácticos, cada qual com o seu conjunto de complexidades associado, que podem ou não ser bem assimiladas pela equipa que gere. A maior parte das vezes, quando colocados perante uma situação como esta em que uma peça importante sai da equipa, muitos treinadores optam por uma espécie de substituição directa, fazendo uma transição mais pacífica para o futuro próximo sem alterar o modelo em campo. No nosso caso, seria qualquer coisa como isto:

À primeira vista não parece de todo inviável, tendo em conta que o resto da estrutura da equipa se mantém intocável e onde a única alteração seria a troca de Hulk por Atsu no flanco direito. Talvez até Varela pudesse alinhar de início, aproveitando a boa onda do luso nos recentes jogos internacionais e tentando reanimar uma chama que parecia perdida (para ser sincero, não acredito que haja uma fenicização do Silvestre, mas adiante). No entanto, o sucesso da iniciativa depende de vários factores:

  1. A colocação de James no flanco esquerdo, perto da linha, força o colombiano a um trabalho mais preso à linha e dá-lhe menos espaço para fazer o que sabe. Não é rápido o suficiente para ser extremo e creio que nunca o vai ser.
  2. Ficará a faltar um desiquilibrador nas diagonais. Atsu inclina-se bastante para a linha e prefere um jogo mais vertical que o leva a terrenos subidos com velocidade mas precisa de alvos na área.
  3. Defesas muito recuadas nunca são fáceis de furar e o jogo lento a meio-campo fazia de Hulk um jogador fundamental para ganhar espaços nas laterais. Sem ele, o extremo terá obrigatoriamente de jogar mais recuado e num jogo mais sustentado e menos directo.

Uma alternativa possível seria a seguinte:

Aqui, a versatilização do sistema para um 4-4-2 com maior concentração no meio-campo, James mais liberto para fazer aparecer Atsu na “no man’s land” em apoio a Jackson. Atsu, rápido, complementaria Jackson, mais lento mas mais perigoso na área. Mais uma vez, há dificuldades a equacionar:

  1. Há uma renitência natural em mudar o esquema de jogo a meio de uma temporada, porque com todos os benefícios que uma alteração desta magnitude pode trazer, também há um período de adaptação que simplesmente não existe.
  2. Vantagem para as subidas dos laterais, especialmente dos nossos dois brasileiros que podem usar o corredor como no tempo de Mourinho em 2003/2004, quando Paulo Ferreira e Nuno Valente eram os únicos que povoavam aquelas zonas porque Derlei ou Alenitchev nunca ficavam presos à linha…
  3. …mas os raides ofensivos teriam de ser muito bem compensados na zona defensiva, obrigando Fernando e Moutinho (Lucho não tem pernas para isso) a tapar contra-ataques em situações de possível desvantagem numérica.

É certo que de tolo e de viciado em Football Manager todos temos um pouco (vai sair o 2013 não tarda nada, já viram?). E tenho a certeza que muitas outras dúvidas (e outros tantos esquemas) já passaram pela cabeça do nosso treinador para tentar dar a volta ao problema. A palavra, no final, será sempre dele.

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O pós-Hulk – parte I

Regresso ao tema que mais deveria preocupar os adeptos portistas, porque a mudança da semana passada vai demorar tempo a absorver. Foi um pouco como acontece a alguém que tenha andado a seguir uma série na televisão durante uns anos, só para chegar ao início da temporada seguinte e verificar que um dos personagens principais, ao fim de um ou outro episódio, foi trabalhar para outra cidade ou morreu ou o actor não renovou contrato…qualquer coisa que faça que o gajo deixe de aparecer todas as semanas na nossa sala a protagonizar as desventuras mais emocionantes e/ou entusiasmantes na pequena tela. E se têm alguma parecença comigo já passaram pelo mesmo, quando o Mulder desapareceu nos X-Files ou o Jeffrey no Coupling britânico, quando o Lane se matou no Mad Men ou o Charlie se sacrificou no Lost, até quando o Lem levou um tiro no The Shield (da pouca televisão que vejo, opto por ver de boa qualidade e consta que sou muito, mas muito pedante em relação a isso). Há algo que morre dentro de nós, como que um ente querido que nos habituamos a ver dia após dia tivesse subitamente fugido da nossa vida…com a devida distância da realidade, como é óbvio. Até essa altura eram eles os focos de atenção, aqueles que nos trazem a emoção à pele, que nos fazem vibrar, sentir, rir e chorar, viver.  Até essa altura foram alvo das críticas, das análises, de tentar perceber o porquê daquela atitude naquele momento. Questionamos as acções, criticamos as inércias, maldizemos as falhas e louvamos os heroísmos. Somos nós que lá estamos, somos nós que lá devíamos estar e como nunca podemos transpôr a quarta parede, ficamo-nos pelas palavras que os actos são para eles. E quando essas personagens desaparecem, entram outras para os lugares que esses actores principais até então desempenharam com talento e perícia naturais, e o ciclo recomeça.

Estamos exactamente nesse momento. Quem vai ser o actor principal desta nova etapa? Quem vai pegar nos vários fachos que Hulk deixou pousados no balneário, com a braçadeira de capitão de um lado e a capacidade inata de desatar nós do mais górdio que apanhamos em tempos recentes? Teremos James pronto a subir de produção e a agarrar a titularidade numa posição que não lhe é natural? Conseguirá Vitor Pereira transformar o sistema aparentemente perene do 4-3-3 agora que lhe falta um homem que deambule pela linha e rompa para o meio de uma forma tão natural como o 12 fazia? Poderá Atsu amadurecer com rapidez suficiente para ser uma opção não só de futuro mas já para o presente?

Não sei. Mas os tempos vão ser novos para os nossos lados. Vão ser novos e vão ser interessantes de seguir. Amanhã vemos a parte táctica da coisa.

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Dragão escondido – Nº14 (RESPOSTA)

A resposta está abaixo:

 

Em virtude da edição anterior ter apresentado algumas dificuldades a vários apostadores, apesar da aparente facilidade que acreditava ser um tiro certeiro, esta foi mesmo à borla. Mesmo. Foi talvez o mais fácil de sempre, cambada! Képler Laveran Lima Ferreira, a.k.a. Pepe, a.k.a. O assassino de Chamartín, a.k.a. O Carniceiro de Maceió, a.k.a. O Salvador Da Defesa A Três do Co, aparece-nos aqui em luta titânica com um jogador do Vitória de Guimarães, num jogo a contar para a Liga 2005/06, como se pode ver pela camisola. Muitas alegrias nos deu este louco brasileiro agora naturalizado português, onde foi crucificado pela agressividade que impunha em todos os lances, “porque só no Porto é que eles jogam assim e não lhes acontece nada, blá blá”…até que foi para Madrid e mostrou ao Mundo como (quase) matar um adversário atrás de outro. E se jogarem de azul e grená, então aí é que eles caem como tordos. Venceu a Taça Intercontinental e dois campeonatos pelo FC Porto e foi essencial na temporada a que esta foto se refere, com exibições heróicas no eixo defensivo a cobrir as falhas de Pedro Emanuel/Cech e Bosingwa, anviados para o ataque pelo doido holandês que nos treinava na altura.

Entre as (poucas) tentativas falhadas que o povo fez para acertar no nome do rapazola:

  • Ricardo Quaresma – O nosso cigano preferido estava no plantel e ajudou a fazer do ataque do FC Porto uma das máquinas demolidoras mais espectaculares do campeonato, ao mesmo tempo que só recuava para ajudar a defesa se a casa dele estivesse a arder na nossa área e ele fosse o único com acesso a uma torneira de água. Não era ele na foto porque, muito honestamente…a estrutura física é bastante díspar;
  • Mário Jardel – Para lá do facto evidente de nessa época já andar a pedinchar por um lugar no Goiás, a simples imagem do Jardas a pressionar um defesa é difícil de imaginar e ainda mais complicada de captar numa câmara. O contrário, parecer-me-ia normal;

O primeiro a apostar correctamente foi pela terceira vez consecutiva o Dragão de Coimbra, às 6h59, o que me faz pensar que o homem não dorme. Ou é padeiro. De qualquer forma, os meus tri-parabéns!

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