Resultados da pesquisa por: maicon

Baías e Baronis – Benfica 3 vs 2 FC Porto

foto retirada de maisfutebol.pt

Ponto prévio: o Benfica ganhou bem. Fez por merecê-lo num bom jogo, sem chatices, sem grandes casos (se bem que aqueles puxões do Luisão na nossa área me incomodam sempre) e criou melhores senão mais oportunidades de golo. O jogo podia ter sido resolvido a nosso favor com um bocadinho mais de inteligência na posse de bola e no desdobramento do contra-ataque, mas concordo que foi justo. É evidente que o joguinho mediático do “isto não nos interessa, o que conta é o campeonato” funciona perfeitamente porque perdemos. Se tivéssemos ganho o discurso seria o mesmo mas o papo era sem dúvida diferente, como se compreende. Ainda assim não fiquei triste, não estou furioso por perder o jogo, não me lamento, não me dói muito. Custa perder contra o Benfica, claro, mas admito, como sempre o fiz, que a Taça da Liga é para ganhar se conseguirmos chegar à final sem sacrificar o resto das competições. Não conseguimos. Meh. Notas abaixo:

 

(+) João Moutinho Mais uma vez a mostrar porque é que é indispensável no FC Porto. Já o era no ano passado mas este ano ainda mais, porque faz o que Defour não consegue na sua posição e ajuda Lucho quando o argentino já se agarra às gâmbeas como hoje a meio da segunda parte. Moutinho correu novamente o jogo todo, sempre a pegar no jogo e disposto a tentar sempre ser o principal impulsionador das jogadas ofensivas e coordenador das defensivas. Se Lucho é uma mais-valia pela experiência e inteligência, Moutinho fá-lo em contínuo movimento com olhos levantados, noção perfeita de espaço e capacidade criativa. É único no plantel. Ah, e aquelas duas jogadas consecutivas “triângulo+R2” à Zidane foram um deleite…

(+) Hulk na primeira parte O FC Porto com Hulk é totalmente diferente do FC Porto sem Hulk. Goste-se ou não do estilo (sou um desculpador do rapaz na maioria dos casos, admito-o), admire-se a técnica ou o egoísmo, a verdade é que é imensamente útil para romper pelo espaço de defesas mais lentos, como hoje no caso de Capdevila ou mesmo com bisontes como Luisão ou anormais como Maxi Pereira (que está para o futebol como o Álvaro está para a economia portuguesa. É bom mas abusa da sorte…) pela capacidade física e velocidade de arranque. Faltou marcar um golo mas deu um a marcar a Lucho e sofreu a falta que deu origem ao segundo. Na segunda parte desapareceu do jogo, cansado e com poucas oportunidades de jogar como gosta porque a opção pelo jogo directo para Janko afastou-o mais do jogo. Merecia mais.

(+) A força e agressividade de Mangala Um central que consiga subir acima de Cardozo e roubar-lhe bolas de cabeça é sempre um jogador útil. E Mangala fá-lo com naturalidade, para além do facto de conseguir subir com a bola controlada como um Pepe mais escuro mas (ainda) sem a loucura do Kepler. Vinte anos tem este rapaz e ainda pode vir a melhorar bastante, porque talento tem ele que chegue e a forma como se antecipa aos avançados e usa o corpo como protecção já é a prova de um rapaz que sabe o que fazer em campo. Só precisa de aprender a passar a bola em boas condições. Ah, e o golo é muito bom, rapaz, continua a saltar assim que ainda te prendem por voares sem comunicar o trajecto às torres de controlo.

(+) Sapunaru ou a vantagem de ter um lateral que sabe subir Entre Sapunaru e Maicon na lateral direita, dêem-me um bêbado romeno em vez de uma bola de bilhar brasileira todos os dias. Gosto de Maicon no meio e gosto de Sapunaru na direita, como gosto de whiskey num copo e caril num prato e não ao contrário. Ia marcando por duas vezes. Anda doente para ver se marca um golo ao Benfica antes de se reformar, o rapaz, mas joga com garra, com fibra, às vezes com pouca cabeça mas sempre com vontade. Vamos ver se assenta no lugar até ao final da época…

 

(-) Kleber Começa a meter pena ver o nosso substituto de Falcao a jogar no FC Porto e admito que foi das apostas mais falhadas dos últimos anos, bem acima de Fabianos e Bolattis. A forma como se atira para os lances sem hipótese de conseguir chegar à bola, atabalhoado, fraco, incapaz de fazer algo de produtivo ou de remotamente ameaçador para a baliza contrária é o suficiente para não poder ser opção principal na equipa. Enerva-me com os lances em que permanentemente reclama falta do adversário só porque usa o corpo para proteger a bola e insiste em arremessar-se para o terreno com os braços esticados e a cara de anjo a olhar para o árbitro como um bébé a pedir leite. Não tem, neste momento, argumentos para ser titular no FC Porto.

(-) A ingenuidade de Mangala O primeiro golo é culpa dele. Ponto. Quando um defesa tem uma bola na sua posse e está numa situação de 2×4 contra si, não pode…repito, NÃO PODE passar a bola para o colega que está rodeado de adversários. O que acontece? Quando a equipa está a começar a subir para receber o passe ou pressionar a zona mais recuada do adversário e tentar ganhar a segunda bola…qualquer perda de bola resulta num desiquilíbrio enorme e em falhas de marcação. Os absurdos comentadores da SIC culparam Álvaro. Não, Álvaro não teve culpa. A culpa é de Mangala. E sê-lo-á mais vezes, como por vezes acontece a Maicon e no passado a Bruno Alves ou Ricardo Carvalho ou Aloísio. As pessoas falham. Têm é de aprender com os erros e Mangala, que cometeu vários desta índole durante todo o jogo, ainda vai bem a tempo para os corrigir.

(-) A soberba de Jesus É raro, como sabem, comentar declarações de técnicos adversários. Mas quando colocaram o meu homónimo em frente ao rapaz da SIC (o “go home, now”, sim, esse mesmo), fiquei a ouvir, ainda a picar uma fatia de presunto com o meu pai. E ouço o treinador do Benfica a dizer que este jogo é que comprova quem é a melhor equipa. Cada cabeça, sua sentença, mas aquela farta cabeleira estará talvez lentamente a pingar tinta para o cérebro. Então o homem que perde quatro dos cinco últimos clássicos antes deste jogo (se somarmos 0-5 no Dragão e 1-2 na Luz para a Liga, 1-3 na Luz na Taça, 2-3 na Luz há umas semanas…comparando com o 2-0 no Dragão para a Taça no ano passado e o 2-2 também no Dragão este ano para a Liga) acha que este é que decide tudo? É como dizer: “Eu faço dieta rigorosa há dois anos!!! Sem contar com as feijoadas que como todas as quartas e umas noitadas de rodízio às terças e sábados, claro!”. A arrogância de Jesus, principalmente nas conferências de imprensa, é insuportável. Se o jornalista que lá estava em frente não fosse aquela bestinha (que depois de Jesus lhe dizer que o Benfica está em três frentes e que a prioridade é a Liga em primeiro e a Champions em segundo…vai-lhe perguntar qual é a terceira…) mas um homem de tomates, tinha-lhe citado estes exemplos. Levava um arroto nos dentes, mas ficava feliz.

 

E agora, pergunto eu? Os rapazes ficaram em condições para jogar no Domingo na Mata Real? Lucho, Moutinho, Álvaro, esses rapazes todos estão aptos fisica e moralmente para serem o que precisamos que sejam? Não faço ideia. Mas sei que não atirámos o metafórico toalhete à relva antes do jogo e fico satisfeito por ver que mais um vez conseguimos dar a volta a um resultado negativo naquele estádio. É de louvar a capacidade de esforço dos jogadores e dou-lhes os meus parabéns por isso. Não gostam de vitórias morais? Esperem até ao final do campeonato e vamos ver se valeu a pena ou não.

Link:

Baías e Baronis – Nacional da Madeira 0 vs 2 FC Porto

foto retirada de maisfutebol.pt

Há jogos assim. Tantas vezes fomos até campos hostis com o apoio de poucos mas bravos portistas e perdemos mas lutamos com galhardia. Tantas outras vezes nos deslocamos a lamaçais ou a relvados de pisos sintéticos e perdemos mas lutamos com galhardia. Hoje, na Madeira, lutamos com galhardia. Sem pernas, sem cabeça, sem entrosamento, sem pernas e sem pernas. Disse sem pernas três vezes de propósito. Porque a ausência de Fernando e a falta de frescura de Lucho e Defour são tão evidentes que me deixam a pensar que as decisões tomadas em Janeiro foram ainda piores do que pensei na altura. Ainda assim valeu-nos São Helton, ele que este ano ainda não tinha tido uma exibição a este nível, a defender tudo de todos, a servir como barreira impossível de transpôr para o Nacional. E ainda bem. Seven to go. Notas abaixo:

 

(+) Helton Lembrei-me daquele jogo em Villareal no ano passado, onde Helton foi o garante da nossa passagem à final da Europa League. O homem esteve realmente em grande, tanto na baliza como fora dela, parecia que havia um íman nas luvas que fazia com que as bolas fossem quase todas lá parar. Alternou defesas excelentes e seguras com outras que foram de puro reflexo e agilidade. As grandes equipas não se fazem sem grandes guarda-redes e em muitos jogos a presença de um guarda-redes que segure vitórias quando a equipa não consegue evitar o perigo para as redes que o homem defende é muitas vezes essencial. Helton continua a ser o melhor guarda-redes a jogar em Portugal.

(+) João Moutinho Foi o único rapaz que correu noventa minutos ao mesmo ritmo e que se esforçou como poucos para vencer o jogo. Notável a quantidade de terreno que o João percorreu hoje à noite, na nossa área, na área deles, à esquerda a tapar as subidas de Álvaro e a cobrir a lentidão de Otamendi, à direita para rodar a bola com Lucho, atrás a trocar com Defour…até bolas de cabeça ganhou, carago! Esteve muito bem e não fosse Helton ter sido a parede que foi (no bom sentido) e Moutinho tinha o meu voto para melhor jogador portista em campo.

(+) Cristian Rodriguez, principalmente na primeira parte Afirmo e reafirmo: Rodriguez perdeu espaço no FC Porto e é caro demais para o rendimento que apresenta. Mas há alguns jogos em que a força e a atitude do Cebola são muito importantes e este era claramente um deles. O uruguaio correu muito e bem, pressionando tanto na esquerda como na direita e mesmo não tendo sido particularmente produtivo (a diferença para Hulk, mesmo nos dias maus, é enorme) acabou por forçar a que o Nacional não conseguisse subir pelo flanco como precisava e como conseguiu apenas na segunda parte, quando o gás acabou. Esforçou-se. Gostei.

 

(-) As perninhas dos nossos meninos Mais um jogo, mais uma exibição pobre no centro do terreno. Lucho não consegue aguentar noventa minutos, Defour esconde-se muito do jogo e Moutinho não chega para tudo. Aliás, não fosse o João e o resto do meio-campo ter-se-ia desfeito como um castelo de cartas atacado por um urso, tal era a incapacidade de James em correr mais de dez metros sem travar para descansar e Janko que estava tão perdido no meio dos defesas do Nacional que mais valia criar raízes. E os defesas? Lindo. Álvaro à rasca, Rolando tão arrastado que só lhe faltava um andarilho para efectivar a transição para a velhice, Maicon displicente e Otamendi…que já é lento por natureza. A entrada de Alex Sandro e Mangala ajudou, mas não chega. Precisamos de sangue novo, fresco, com mais ritmo e mais capacidade para correr. Quem? Não sei. Não sou eu o treinador.

(-) Maicon Parece de propósito, palavra. Um gajo elogia-o numa semana e na semana seguinte lá volta a fazer borrada. Quero acreditar que foi um jogo mau e que a espiral de parvoíce que culminou numa perda de bola após mais uma estupidez em que o Maicas tenta controlar a bola que surge pelo ar…no meio de três adversários (obviamente perdeu-a e Mateus quase marcava) não terá passado de hoje. Mas ver o ridículo da displicência que Maicon mostrou no ano passado, quando tinha de ser Moutinho a dizer-lhe para mandar a bola para fora e não inventar repetiu-se hoje na Madeira e as vezes que as câmaras focaram Helton ou Lucho a avisar Maicon para não se distrair deviam ser todas gravadas e exibidas ao brasileiro pelo menos uma hora por dia. Porque no FC Porto não pode chegar fazer alguns bons jogos e o nível não pode baixar por excesso de confiança. Vai para casa, dorme e amanhã volta ao normal. Obrigados.

(-) É obrigatório fazer tabelinhas? Admito que começo a ficar farto da mesma jogada. Alguns jogadores do FC Porto parecem incapazes de receber uma bola e mantê-la nos pés durante mais de dois segundos, sentindo uma vontade irresistível de a endossar de volta para um qualquer colega…independentemente do companheiro estar ou não tapado por um oponente a pressionar. Resultado? Quase sempre acaba num passe para Helton ou numa biqueirada para a frente…quando não se perde a bola e a nossa equipa, balanceada já para um ataque com apoio dos laterais, acaba por se tramar no posicionamento e o contra-ataque é sempre perigoso. Não chega olhar para o Barcelona e dizer: “sim senhor, gostava de jogar como eles”. É preciso saber como o fazer.

 

Não gostei do jogo. Enervaram-me as constantes perdas de bola, a forma como a falta de pernas afectou o raciocínio e o sentido prático de muitas intervenções directas e movimentações tácticas da equipa. Estive agitado desde os 60 minutos, quando vi que a equipa estava progressivamente a descer no terreno, sem conseguir jogadas de ataque a não ser as biqueiradas para a frente do Rolando para o Janko ou o James. Concordei com as substituições de Vitor Pereira mas creio que foram atrasadas. Já teria sacado o Otamendi há mais tempo porque estava a ver que o Candeias ainda calhava de ter sorte num cruzamento qualquer, o Mateus lá acertava na baliza e não no Helton…e o FC Porto nunca mais conseguiria ir tentar sacar mais que um ponto. Correu bem. Correu muito bem.

Link:

Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 1 Académica

foto retirada de desporto.sapo.pt

Saí do Dragão e entrei no metro. Dois homens iam a meu lado na confusão que se gera sempre no sistema de transportes parcialmente subterrâneos da Invicta depois de um jogo da bola. Ingleses, de alguma idade, entretidos numa conversa animada. Vinham do estádio, como eu, e falavam do jogo. Um deles, sósia de um Michael Caine mais jovem, apostaria que era londrino pelo profuso sotaque cockney que marcava cada palavra que pronunciava. Carregando um tabuleiro de xadrez numa mala com pega, dizia ao colega: “How the hell did Porto beat Benfica last week? They play like crap!“. Apeei-me na minha estação de saída e enquanto caminhava pela amena noite nortenha, escutei ao longe um jovem adulto, que como eu envergava uma camisola do FC Porto, a gritar ao telefone: “Oh sôr Silva, não me foda, aquilo não é culpa só do treinador! Não sei se é falta de pernas ou falta de atitude mas os caralhos dos jogadores também têm culpa!“. Concordo com o segundo. Hoje jogamos mal, por falta de pernas ou de atitude, talvez das duas. E só não concordo com os britãnicos porque na semana passada a equipa não jogou como fez hoje. E aí esteve a grande diferença. Notas abaixo:

 

(+) Djalma É difícil encontrar um Baía no jogo de hoje, mas vou apontar o angolano como tendo feito uma exibição positiva. Hulk não esteve mal a espaços e Maicon também não foi dos piores, mas Djalma entrou com garra, esforçou-se, lutou e tentou mudar o jogo, algo que alguns dos seus colegas pareciam não querer ou não conseguir arranjar força para querer. Já aqui disse várias vezes que precisamos mais de Djalmas do que Jameses e reafirmo-o, especialmente neste tipo de jogos. É muito bonito aparecerem situações de jogo pontuais em que o talento resolve problemas que o suor não consegue. Mas se tivermos noventa minutos de esforço…não me digam que as oportunidades de perigo não se tornam menos pontuais e mais recorrentes. É só isso que lhes peço e Djalma, neste momento, é dos poucos que ainda consegue correr com garra durante um jogo inteiro.

 

(-) O regresso da inércia Este FC Porto de 2011/2012 tem uma capacidade kubrickiana de levar os adeptos desde um êxtase de alegria a uma profunda depressão em poucos dias. Depois do jogo da Luz exigia-se que os rapazes conseguissem pegar no jogo pelos cornos, entrar com a fibra e capacidade de circulação de bola que tinha mostrado na semana passada e vencesse a partida com um ou dois golos para depois descansar com ou sem bola. Não o fez. Mais uma vez, numa demonstração ridícula de uma permissividade atroz para com o adversário, entrou devagar, tão devagar que adormeceu os adeptos. O estádio estava estranhamente silencioso, amorfo, inerte, como eles. As lentas trocas de bola contagiaram o público, a incapacidade do meio-campo rodar para a criação de espaços transformou o jogo de futebol num filme de Alexander Payne, onde tudo se passa quando nada acontece. E o apelido do realizador é a fonética certa para o que já aconteceu tantas vezes: o golo dos outros. Rolando, estático, é a imagem da equipa. Parado, a olhar para o oponente que se movimenta sem obstrução, sem oposição, sem problemas, sem barreiras. Marca. Os nossos rapazes entreolham-se e sobem no terreno, mas com poucas pernas e menos cabeça. O FC Porto jogou hoje no Dragão. Mas jogou atabalhoado, sem discernimento e apenas nos últimos 25/30 minutos. É muito pouco para quem quer ser campeão nacional.

(-) As pernas e a falta de alternativas no meio-campo I hate to say I told you so, but I will anyway. Em Fevereiro, aquando da saída de Souza por empréstimo para o Grémio, tinha alertado para este problema. Quando o meio-campo foi de tal maneira depauperado a nível de opções válidas para lá jogarem em partidas que são mais físicas, com menos espaços e com uma necessidade de gente que rompa com a bola e que dê mais luta aos adversários na zona central, o FC Porto vai sofrer. E hoje foi mais um exemplo, com a lesão de Fernando e Moutinho e Lucho a fazerem um jogo horrível, cheios de hesitações, passes falhados e uma completa falta de sentido prático e simplicidade de movimentos, apenas Defour se movimentava um pouco mais no terreno, mas estava a pegar na bola demasiado atrás para ter algum impacto visível. Quando as pernas faltam, a cabeça vai atrás. E é ainda mais penoso quando não há mais ninguém que possa substituir os que temos.

(-) A permissividade da arbitragem A Académica fazia o seu papel. Exagerados nas quedas, muito forçados quando queimavam tempo, foram a definição de anti-jogo durante noventa minutos. Foram provincianos, aqueles montes de esterco. O costume. E nada que nós próprios não façamos em situações semelhantes, com a ressalva que estes moços foram tão ostensivos no papel do coitadinho que podiam figurar em qualquer novela portuguesa tal era a intensidade da actuação forçada em cada cena que protagonizavam. E o obtuso do árbitro, complacente para tudo que vinha de Coimbra, deixava-os fazer o que queriam. Não questiono o árbitro quanto aos lances de perigo na área ou no fora-de-jogo a Hulk que poderá ter sido mal tirado, nem sequer no penalty que marcou a nosso favor. Isso são situações de jogo que acontecem, que tantas vezes beneficiam gregos numa semana e troianos na outra. Mas esta permissividade, quando era claro aos olhos de todos que a fita era premeditada e falsa (várias vezes o jovem academista deitava-se no relvado agarrado a qualquer parte do corpo como se tivesse pisado uma mina pessoal para dois segundos depois dos dois minutos desperdiçados com a entrada da equipa médica e dos maqueiros…se levantar e correr alegremente por campos metaforicamente floridos), enervou toda a gente. Foi um facilitador da mentira. E este tipo de árbitro só estraga o futebol. Estou convencido que não conseguimos vencer por culpa própria. Mas o facto de só termos empatado deve-se em grande parte a Marco Ferreira.

 

E depois do jogo da Luz…o regresso ao Dragão e às exibições que nos fazem duvidar que podemos chegar ao final da época com um triunfo no campeonato. Já por tantas vezes vi este filme onde depois dos guerreiros lutarem a desbravar caminho por terras sarracenas, voltam a casa com uma infeliz representação da futilidade da euforia depois de uma grande vitória. Eram nove finais. Passam a ser oito. E desperdiçámos o jogo que tínhamos na mão e que nos podia ser tão útil daqui a umas semanas. Não ouso dizer que sei o que passa na cabeça dos jogadores ou do treinador, mas se fosse eu com aquelas camisolas no lombo sentia-me muito descontente com o que tinha acabado de fazer. Enfim, vamos à Madeira para tentar mudar outra vez o rumo do nosso optimismo. Ou pessimismo. Já não sei qual deles vinga, sinceramente.

Link:

Baías e Baronis – SL Benfica 2 vs 3 FC Porto

retirada de desporto.sapo.pt

Acabou o jogo. Salto, com braços erguidos no ar, a voz rouca a ecoar nas paredes do restaurante onde estava e os gritos eufóricos (fica o pedido público de desculpas a quem se tenha sentido ofendido com frases como: “a tua mãe havia de ter um avc, meu filho da puta!” mas não me consigo controlar, mea máxima culpa) depois de uma vitória épica a invadirem o panorama auditivo da cidade. Ganhámos. Graças a uma combinação quase perfeita de querer, de garra, de alma e de “nunca nos digam que esta merda está perdida porque ainda estamos vivos, caralho, e vamos estar vivos até ao fim!”, fomos a Lisboa arrancar três pontos da segunda melhor equipa em Portugal. E que jogo foi, meus amigos, com o resultado a saltar de um lado para o outro, luta leal pelo resultado, disputa até ao fim e uma vitória que nos assenta bem mas que podia tão facilmente ter tido um final completamente diferente. Valeu-nos a vontade de vencer e a coragem de Vitor Pereira, que vinte jogos depois decidiu afirmar a todo o mundo: “Olhem para mim, porra! Vejam o que eu sou capaz de fazer! É para ganhar? Vamos lá, cambada, vençam!”. Épico. Inesquecível. Siga para as notas:

 

(+) Os jogadores do FC Porto Não acreditava na vitória antes do jogo, palavra. Durante o dia, sempre que me perguntavam como é que achava que ia correr o jogo, só dizia: “Pá, não sei. Não estou confiante, admito”. Errado. Tão errado estava. Desconfiei de vocês e hoje provaram que estava enganado. Porque hoje foram heróis. Porque hoje, ao contrário do que já fizeram em tantos jogos, não se importaram em estar a perder contra uma excelente equipa. Porque apanharam uma primeira facada num golpe de sorte e uma segunda facada, bem mais profunda, num lance de bola parada bem apontado. Mas nunca desistiram. A imagem de cima mostra tudo, revela a união, a força de um balneário, a junção das vontades de todos para criarem a emoção da turba que vos apoia, que vos idolatra, que vos ama. A energia que colocaram em campo nas transições, na cobertura defensiva e passagem para o contra-ataque, nas bolas paradas e corridas, na intensidade do contacto com o adversário, na alma que precisam de mostrar para vencer um jogo destes…heróis, enormes, gigantes, deuses. A enorme mol portista que falará do vosso feito nunca vos esquecerá. E provaram hoje que são homens. Que conseguiram subir ao zénite e ficar por lá a apreciar as vistas. Hoje dormirei feliz por vossa causa.

(+) Os gigantescos testículos metafóricos de Vitor Pereira Cinquenta e oito minutos de jogo. Olho para a televisão e não acredito: sai Rolando, entra James. Em conversa com um amigo disse-lhe repetidamente que James não era a melhor escolha, que ainda não me parecia que tivesse fibra para estes jogos, que não ia resultar. E o demente do nosso treinador, quiçá possuído do espírito Adriaansiano, toca de enfiar Djalma a defesa-direito e James na frente por trás de Janko. Loucura, pensei. O homem está a arriscar a carreira em dois números que enviou ao quarto árbitro. E fê-lo, com uma coragem tão férrea como a Ponte D.Luiz, e ganhou. E a substituição de Moutinho, que adivinhei por ser mais que esperada, ainda mais risco trouxe, porque mostrou ao Benfica: “Estão a ver isto? É para ganhar, amigos, nós estamos aqui para ganhar o jogo!”. E o golo aparece. Vitor Pereira grita. Eu também. E respeito a força de vontade, a resolução granítica de pugnar pela vitória. Eu não teria tido a coragem de fazer a primeira substituição, quanto mais a segunda. Ele teve. E é por isso que lá está. Parabéns, Vitor.

(+) Maicon Simples. Prático. Eficaz. Dominador. Controlador. Marcador. Vitorioso. Nosso. Maicon está a ser uma excelente surpresa não só pela qualidade de passe e pelo controlo emocional durante o jogo (juro que se fosse eu que tivesse tido o Gaitan com a cabeça colada à minha tinha-lhe dado uma cornada de tal força que o mandava procurar o nariz na nuca), mas principalmente pela evolução que tem vindo a mostrar. “É o próximo senhor trinta milhões”, disse-me o meu amigo ao lado. Não sei. Mas que está nitidamente a crescer como jogador, não tenho dúvida.

(+) O golo de Hulk Só tenho uma pergunta: porque raio não tens tentado fazer isso mais vezes nos últimos jogos?!

 

Não há Baronis hoje. Até Jesus merecia um semi-Baía pela audácia na entrada de Rodrigo em vez de Aimar, mas optei por não o fazer. A glória é nossa e quero saboreá-la na totalidade. Ainda assim, para ser justo, é verdade que o golo da vitória é irregular porque Maicon está em fora-de-jogo. Mas é difícil de marcar e nestes casos, como sabem, dou sempre razão ao bandeirinha (podem inventar seiscentos nomes diferentes para a função, continuarei a chamar “bandeirinha”). No entanto, a vitória é justa pelo que conseguimos fazer depois dos momentos-chave do jogo. O golo de Hulk é um portento, a recuperação depois dos dois golos seguidos do Benfica é notável e a forma como soubemos manter a bola em nossa posse depois do 3-2 é prova que estes rapazes, quando querem, sabem jogar futebol do bom. Se não o fizeram num passado recente…já são outras histórias. Saímos de Lisboa (para não mais lá voltar neste campeonato, felizmente) com três pontos de avanço e vantagem no confronto directo. Voltamos a depender só da nossa própria performance. Não estava a contar. Estou feliz. Estou muito feliz.

Link:

Ouve lá ó Mister – Benfica


Amigo Vítor,

Cá estamos. Esta época já teve tantas finais antecipadas que me parece estar a ver uma longa eliminatória de Roland Garros entre o Djokovic e o Nadal. Sim, é isso, uma comparação com ténis. Porque temos andado a bater bolas com força contra uma parede e algumas já nos bateram na mioleira com tanta força que nos deixaram a todos sem fôlego e com alguns danos permanentes. Mas este jogo, Vitor, este jogo…é mais uma delas.

Estou convencido que a maioria dos portistas está convencida que vamos perder, por muito que não o digam da boca para fora. O resto da malta divide-se. Os que acreditam na vitória vão cantando antes do tempo, com a barriga cheia de ar e os insultos prontos para rebater os assobios. E depois há aqueles que querem acreditar mas que racionalizam o seu pessimismo natural e não se decidem por um palpite. Estou neste último grupo, como já deves ter percebido.

Só te peço uma coisa, independentemente dos fulanos que decidires que vais fazer subir ao relvado da Luz. Quero que ponhas naquelas cabecinhas que eles são capazes de ganhar, porque às vezes parece que só lhes falta isso. Lembras-te do ano passado? O 2-1 que acabou no apagão? O 3-1 que nos pôs no Jamor? Essas, Vitor, essas foram as duas grandes vitórias da época, mais até que o 5-0 e a final de Dublin. Ir ao campo do rival e ganhar é de homem, pá. É de grande homem.

E nós, os portistas que vamos ver o jogo à distância, seja nas bancadas ou via têvê, não te exigem a vitória. Ninguém te exige a vitória. Mas queremos que os jogadores a exijam a eles próprios. Ninguém exige que sejam brilhantes. Basta que sejam eficazes. Ninguém exige que joguem bonito. Chega que joguem prático. Ninguém exige que sejam heróis. Só queremos que tentem ganhar.

Tentem ganhar. Ousem ganhar. Ganhem.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

Link: