Estava à espera de um jogo mais difícil, mais pelos problemas do nosso próprio plantel do que do deles. Muitas ausências e demasiados jogadores a viajar durante a semana faziam da rotação quase um factor obrigatório. E Vitor Pereira arriscou, aparentemente, porque uma equipa com um ataque Atsu/Kleber/Iturbe para um jogo fora contra o Nacional da Madeira é um risco bastante grande, tendo em conta que o jogo era eliminatório e as coisas nem sempre correm bem. Mas correram e acima de tudo fica-me a ideia que deverá ter ficado na cabeça de todos que viram o jogo: esteve sempre controlado. A defesa parecia composta por jogadores maduros e o ataque parecia vivo, dinâmico (ainda que um pouco trapalhão) e acutilante. Vencemos bem e merecemos estar nos oitavos. Notas abaixo:
(+) Lucho É uma diferença ver uma equipa de gente pouco experiente a jogar sem bússola que os oriente enquanto navegam por mares acidentados (ma non troppo, porque o Nacional é fraquinho), mas quando o comandante é…El Comandante, as coisas piam mais fininho que um castrati depois de levar um pontapé nos tomates metafóricos. Paradoxal, eu sei, just go with it. Lucho tem nível, classe, elegância. Mas tem, acima de tudo, a experiência e a inteligência competitiva que lhe permite estar em campo e fazer com que todos olhem para ele e tentem perceber o que é que o líder pretende e o que é que terão de fazer para receber a sua aprovação. Lucho é tão importante para o FC Porto 2012/13 como Deco era em 2003/04. Não preciso de dizer mais nada, pois não? Ah, esperem. GOLAZO!
(+) Atsu Rápido, prático, eficiente, as duas assistências que teve foram cada uma delas um sinal ao treinador que o miúdo ganês está ali sempre pronto para jogar. Sempre muito activo em qualquer um dos flancos, mostrou que não está acomodado com o lugar no banco (pelo menos enquanto Varela estiver a jogar em bom nível como tem feito) e que tem sempre algo a dar à equipa, mesmo quando vinha atrás ajudar a defesa, sempre a pensar em mostrar-se disponível para ser um jogador de equipa. É o nosso melhor suplente (de longe) e tem tudo para ser titular a médio-prazo.
(+) A mentalidade dos que têm algo a provar Ao contrário do que aconteceu no jogo contra o Santa Eulália, desta vez os rapazes que não são normalmente primeiras opções estiveram bem, quase todos. Miguel Lopes talvez tenha sido o que jogou menos bem, mas além de Atsu ter feito um excelente jogo, também Kleber esteve muito esforçado, Castro interventivo tanto a “oito” como a “seis”, Iturbe continuamente a procurar rasgar as defesas em diagonais interessantes e Fabiano sempre seguro (bom na baliza e fora dela, menos com os pés, como podem ler abaixo). Mangala e Abdoulaye já não entram para estas contas pela titularidade nos últimos jogos, como é evidente. Talvez a presença de Lucho e Defour no meio tenham ajudado a que tivesse visto os jogadores mais concentrados, mais motivados e acima de tudo mais seguros, mas a verdade é que gostei do que vi.
(-) As reposições de bola de Fabiano Foram quase sempre uma borrada os passes de Fabiano para a frente e o que mais me surpreendeu foi o facto dos piores passes terem sido os que foram feitos com calma, tranquilamente, sem pressão dos adversários e apenas com o factor técnico a ser o diferenciador da bola ir ou não ter com um colega. Raramente ia. Fabiano é bom na baliza, grande como a albufeira do Alqueva e pode vir a ser o nosso guarda-redes num futuro próximo. E para o ser de pleno direito tem de melhorar o passe, tanto o curto como o longo.
(-) Os Claudemires e os Marçais São todos uns merdas duns jogadores. Um mínimo toque, uma leve brisa de Verão e os camelos estão logo no chão. E reclamam, com tudo, com todos, por tudo e por nada. E tanto árbitro português, com medo de lhes ser apontada a mínima falha, apitam como doidos quando um destes pseudo-jogadores guincham num qualquer campo e se atiram para o relvado como se tivessem levado um tiro de um sniper. É gente de fraca fibra moral, sempre a tentar enganar, com medo de sequer tentar um lance em que possam ter sorte ou exibir valia. Os exemplos de Claudemir ou Marçal são do tipo de jogador que deviam ser cuspidos do futebol.
Estava à espera de um jogo mais complicado mas estou muito satisfeito com a resposta dos jogadores de rotação, de alternativa aos principais. Seguimos em frente na Taça e até era giro fazer o próximo jogo em casa, mas o que me fica deste jogo, o pouco que me fica deste jogo, é mesmo alguma esperança que temos mais do que apenas 13 ou 14 opções para o onze titular. Há mais qualidade no plantel e só precisam de ter vontade de jogar. Hoje tiveram. Ainda bem.