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Ouve lá ó Mister – Marítimo


Amigo Vítor,

“Este é o jogo mais importante da época”.

Espera.

Esta frase já foi dita tantas vezes durante a temporada que deixou de ter qualquer tipo de impacto considerável na mente dos adeptos, por isso nem imagino o efeito inócuo que terá nos jogadores e mesmo em ti. Já se usou esta frase no Apoel, depois no Dragão contra o Zenit, em Coimbra, em Manchester, na Luz, em Braga…e agora na Madeira. Perdeu o significado, como tudo que é levado ao exagero e à crónica repetição de tantos clichés que a imprensa e tanto adepto gosta de usar. É o “tudo ou nada”, o “mata-mata”, o “confronto final”, o “tira-teimas”, qualquer um destes ou mais quarenta e nove frases do género. É os tomates, é o que é. È mais um jogo que não decide nada. É mais um jogo para ganhar, só isso.

Tenho várias propostas para este jogo, que sei que só vais aceitar se te apetecer, o que acho muito bem e não espero que seja de outra forma. Assim sendo, proponho que apostes no Djalma em vez do James na frente e deixa estar o Rolando no banco. Passo a explicar, rapidamente que não tens tempo a perder. O Djalma conhece o Briguel e sabe que ele só não está internado num qualquer manicómio porque é Madeirense e eles lá protegem os deles e muito bem. Para além disso, enquanto o James continuar a fazer as primeiras partes dos jogos ao nível que tem vindo a fazer…eu punha-o ao banco; Maicon e Otamendi estão a entender-se bem e estragar essa empatia…só pode partir deles, não de ti.

Por isso vamos à ilha. A viagem é gira e o ambiente agradável. Não caias nos buracos das dívidas nem nas armadilhas dos Barreiros. Traz de volta três pontos. É o que todos estamos à espera que aconteça.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Ouve lá ó Mister – Beira-Mar


Amigo Vítor,

Estou a salivar, Vitor. Estou aqui a salivar por ver o FC Porto a jogar e como sabes não será propriamente pela estratosférica qualidade das nossas exibições. Mas também já sabes que podemos estar a jogar o equivalente a um fumegante monte de esterco e eu vou sempre querer ver o meu clube a jogar. São duas semanas sem ver gajos de azul-e-branco vestidos a correr atrás de uma bola. É o suficiente para levar qualquer portista a ler a Maria ou a comer farinha-de-pau, se alguém nos dissesse que isso ajudava a passar os dias.

E hoje, ao contrário do que já ouvi tanta gente a dizer, não é “uma” final. Essa treta das “finais” já enjoa e como começou tão cedo (aí há quatro “finais” que o próximo jogo é uma “final” e estes próximos quatro também são “finais” e nunca vi tantas repetições de jogos na minha vida, esse que seria o único motivo para que houvesse tanto estupor de tanta finalização) já ninguém suporta ouvir falar nisso. Temos mais um jogo. E para o FC Porto, como sabes, todos os jogos têm esse estigma que nós, os adeptos, colocamos sempre na partida: é para ganhar. São todas para ganhar, mesmo aquelas que nos podemos dar ao luxo de não o fazer. E o que interessa mesmo é que faltam quatro jogos para acabar e todos eles são para ganhar. Pronto, pelo menos os três primeiros, vá.

Já reparei que o Danilo está de volta. Good. Mas não o ponhas logo de início, deixa que o romeno canse os gajos ou que o Lucho se canse a ele próprio e depois podes inventar. E o Nando também está de volta? Ora pintem-me de verde e chamem-me Godinho! Tens a equipa quase no máximo das suas potencialidades, se excluirmos o Rafa e El Cebolla Gorda. E o Álvaro, que está castigado. E o Kleber, que é louco. Ah, e o Iturbe, que é…sei lá, não é, pronto.

É para ganhar, mais uma vez. Não há espaço para fraquejar, muito menos agora. Lembra-te que vais entrar em campo sabendo que o Braga empatou e o Benfica também já terá jogado. Esse não te digo quanto vai ficar porque não sei. Mas uma coisa sei eu: não os deixes ver o Barça vs Real. O Maicon ainda fica com ideias que pode jogar ao mesmo nível que um Puyol e fica desmoralizado quando vir que não consegue. Não faças isso ao moço.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Baías e Baronis – SC Braga 0 vs 1 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

São estes jogos, nas circunstâncias em que são disputados, com a relva nos dentes e os olhos raiados de vermelho-sangue, que fazem ou desfazem campeonatos. É com a força interior, com a capacidade de esforço e dedicação a uma causa conjunta, lutando contra uma equipa de grande valor que sente o mesmo que nós e luta pelo mesmo objectivo, que se consegue chegar ao ponto mais alto da classificação de uma temporada tão atípica e tão cheia de altos muito altos e baixos demasiadamente baixos. E foi esse FC Porto que vimos hoje na pedreira de Braga, um FC Porto que trabalhou em conjunto, que se uniu nos momentos difíceis e encarou este jogo como uma partida de importância vital para um final que se quer perfeito depois de uma época imperfeita. Foi enervante, difícil, cansativo. E foi nosso.

 

(+) Maicon e Otamendi Mais até que Hulk, os dois homens no centro da defesa do FC Porto foram quase perfeitos nas posições que ocupavam. Tanto o brasileiro como o argentino estiveram em grande na cobertura defensiva, no controlo do ataque do Braga que raramente conseguiu criar perigo para Helton porque não conseguiram passar pela parede que foi formada pela nossa dupla de centrais. Parece estranho ver Otamendi a brilhar a tão grande altura em Braga (no ano passado marcou lá dois golos) depois de o termos visto em tantos jogos a fazer tanta borrada, mas a verdade é que talvez tenha feito a melhor exibição da época. Maicon não complicou, mais uma vez, e apesar de alguns passes falhados no desenrolar de jogadas ofensivas, ajudou muito a equipa com a força e a imponência do jogo aéreo em zonas recuadas. Rolando, rapaz, parece que começas a ficar com os dias contados.

(+) Hulk O herói da noite. Só parou de correr quando não conseguiu mais e mesmo assim foi muito útil a tapar as subidas de Elderson e continua a ser o elemento mais profícuo no nosso ataque, por vários motivos. Porque é por ele que obrigatoriamente as jogadas de ataque têm de passar para que os desiquilíbrios o sejam de facto. Reparem nas duas jogadas que na primeira parte deram remates de Lucho para boas defesas de Quim. E o remate quase sem ângulo que daria o golo do ano e que fez com que Quim fizesse uma das melhores defesas que me lembro de ver na minha vida, de puro instinto e perfeita noção de espaço. Hulk, para além do golo, é importante acima de tudo quando joga a este nível, com força, garra e a complicar pouco. Se conseguirmos ser campeões este ano, o título é em grande parte dele.

(+) Defour Tinha as minhas dúvidas acerca da capacidade do meio-campo do FC Porto aguentar o do Braga sem Fernando no onze. Mas o belga esteve em todo o lado, com garra, esforçado, prático, sem inventar. Não tem e nunca terá a disponibilidade física de Fernando mas compensou essa natural inépcia com um excelente posicionamento, intercepções importantes e saídas rápidas para o contra-ataque com passes bem apontados e boa visão de jogo. Soube quando driblar, quando passar, quando correr e quando parar. Gostei.

 

(-) Álvaro Pereira Não dou um Baroni a Álvaro pela reacção à substituição. Falava com um amigo acerca disso enquanto via o jogo e ambos concordávamos que preferimos ver um jogador chateado por sair quando acha que pode e deve continuar em campo e discordar abertamente do treinador. Não me maça minimamente desde que as coisas sejam esclarecidas a posteriori, mais a frio. Mas Álvaro estava a fazer um jogo tão trapalhão, com inúmeras perdas de bola por mau domínio do esférico, cruzamentos para ninguém e mau posicionamento defensivo. Não fosse a ajuda de James e de Moutinho pelo seu lado e Alan teria sido bastante mais produtivo. Saiu bem.

(-) Kleber Compreendo a opção de Vitor Pereira. Um avançado mais móvel, mais mexido, menos posicional e que pudesse recuar para vir buscar jogo, tudo faria sentido…se Kleber conseguisse estar em jogo mais vezes. Mas foi quase impossível porque o brasileiro não parece assentar bem na equipa, produz muito pouco e perdeu até a loucura dos primeiros jogos em que corria mais do que tocava na bola, parecendo desistir com enervante facilidade dos lances. Custa-me olhar para este rapaz e pensar que era a aposta para titular no FC Porto 2011/2012.

(-) A continuação da saga “Porque é que falhamos tantos passes?” É a mesma história semana sim, semana sim. A quantidade de passes falhados e lances que consequentemente se perdem na sequência dessa inépcia técnica é assustadoramente elevada para uma equipa do nosso nível. Não consigo compreender o porquê de tanto falhanço, de não se conseguir ligar o jogo entre sectores de uma forma consistente, porque gostaria de pensar que as nossas sessões de treino incluem algo mais que umas corridas e meia-dúzia de peladinhas. Palavra de honra que os punha a acertar num poste a distâncias variáveis e quem falhasse tinha de limpar o telhado do Dragão preso só por um fio dental. Era só para ver se os gajos começavam a acertar os passes em condições.

 

Cinco pontos à frente do Braga e doze pontos em disputa. Não os afastámos de vez do campeonato, mas demos uma facada nos gémeos da qual não será fácil aos bracarenses recuperar. Já o Benfica…é outra história. Se os rapazes de vermelho decidirem ir vencer a Alvalade, podemos ter campeonato até ao fim. Raios, mesmo que não consigam ganhar na retrete do Lumiar, também vamos ter época até à 30ª jornada, quando muito até à 29ª. De uma coisa não podemos fugir: o FC Porto está na posição mais que primária para poder garantir o bicampeonato. E hoje, depois do jogo, enquanto me acalmava depois da quarta ou quinta cerveja, fiquei a pensar que este podia ter sido o jogo do título. Bastava termos feito mais três ou quatro jogos com esta intensidade. Merda, custa-me tanto reviver Barcelos, Olhão ou Aveiro…só espero que esse tempo tenha ficado para trás.

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Afinal estamos com medo de quem?!

Vamos lá ser sérios e realistas. Estamos com medo de quem?

  • O Quim é mais seguro que o Helton?
  • O Miguel Lopes é mais eficaz que o Sapunaru?
  • O Elderson bate o Álvaro Pereira em alguma área de jogo?
  • O Douglão é mais inteligente que o Maicon?
  • O Nuno André Coelho é mais rijo que o Otamendi?
  • O Custódio tem melhor jogo posicional que o Fernando?
  • O Hugo Viana sabe organizar melhor o jogo que o Moutinho?
  • O Mossoró tem a classe e a visão do Lucho?
  • O Helder Barbosa tem a velocidade e potência de remate do Hulk?
  • O Alan tem o talento e a criatividade do James?
  • O Lima tem a experiência do Janko?

Alguma destas frases é verdadeira? Se acham que sim, então baixem já as calças antes de entrarmos no Axa e borrem-se todos de cagaço do Braga. Os gajos têm uma boa equipa mas não entro nesses mind-games de treta, como se fôssemos uma equipa pequena e sofredora, à rasca para triunfar numa prova em que temos mais que capacidade para vencer. Não vamos encontrar uma equipa com gigantes de três metros, um treinador que combina o talento defensivo de Sacchi com a criatividade de Bielsa e um estádio cheio de híbridos greco-turcos que vomitam fezes pela boca. Raios partam a conversa de coitadinho, vamos ganhar o jogo e acabou a conversa!

É NO PRÓPRIO POTENCIAL QUE OS NOSSOS JOGADORES TÊM DE ACREDITAR!!!

E ficam a faltar quatro jogos para mais um campeonato.

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 SC Olhanense

foto retirada de fcporto.pt

À medida que as jornadas vão prosseguindo e o campeonato se vai aproximando do final, os padrões dos adeptos ficam diferentes. Mais altos para alguns, que exigem que a equipa suba o nível e cresça nas exibições, na produção ofensiva e na eficácia defensiva, numa altura difícil e fundamental em que nenhuma falha é perdoada. Para outro grupo de adeptos, os padrões de qualidade baixam e a única coisa que querem é ganhar. Não querem saber se os jogos são maus, se há muitas bolas para a bancada, remates de qualquer lado ou jogadas construídas sem um fio de jogo pensado. O que interessa são os três pontos. Ainda há um terceiro grupo. O que gosta de combinar as duas vertentes, a construtiva e a produtiva. Sou do terceiro. Saí do Dragão satisfeito pela vitória e razoavelmente contente com a exibição. Não foi genial e mais uma vez houve tantas falhas e tão grandes que o Dragão parecia situado nos arredores de Los Angeles. Mas ganhámos e nesta altura é mais importante vencer que jogar bem e perder. Notas, já já aqui abaixo:

 

(+) João Moutinho Tem tido a consistência que permite ao nosso meio campo manter-se competitivo, muito à sua custa. Diria que a equipa do FC Porto hoje em dia está “pendurada” nos pés de Moutinho porque sem a inteligência do português, com a bola e no espaço quando a procura, a equipa andaria à deriva em campo. Moutinho está de novo em grande nível, a jogar simples, com sentido prático e a executar os lances certos no momento certo. É talvez um dos únicos jogadores do Mundo que teria lugar no meio-campo de Guardiola no Barcelona. Talvez não fosse titular mas era menino para fazer uns trinta ou quarenta jogos por ano.

(+) Maicon e Otamendi no centro Os dois centrais estiveram bem perante os avançados do Olhanense que não fizeram um grande jogo muito por culpa dos nossos defesas. Rolando ficou no banco, não sei se por castigo se por opção, mas os factos falam por si: zero golos sofridos, velocidade no passe, agressividade positiva durante o jogo e bom entendimento na cobertura defensiva dos espaços criados pelas subidas dos laterais. Uma pequena nota recorrente: Otamendi falha muitos passes curtos, Maicon falha muitos longos. Tirando isso, estiveram bem.

(+) A vontade de Sapunaru O romeno é um tolo. Ele sabe que é tolo, todos sabemos que é tolo. Mas há qualquer coisa naquela loucura que me entusiasma e perdoo-lhe mesmo alguma inépcia técnica e até o espaço que continua a permitir a qualquer adversário que lhe apareça pela frente antes de lhe tentar tirar a bola. Mas dá gosto vê-lo a correr pelo flanco, a tentar sempre subir no terreno a ajudar o extremo do seu lado, a aparecer na área para cabecear ou a rematar cruzado para a baliza. Dá ideia que está noventa minutos a pensar em marcar um golo e raramente desiste até o conseguir. Quantos mais romenos loucos há por aí? Tragam-nos alguns que bem precisamos.

 

(-) Lucho Há jogos que correm melhor que outros e apesar do golo que marcou, Lucho hoje foi uma nulidade em campo. Foi pior. Falhou inúmeros passes, tirava o pé nas disputas divididas, permitia movimentações dos jogadores do Olhanense muito perto dele sem tentar obstruir a progressão do adversário e raramente foi produtivo com ou sem a bola nos pés. Se fosse outro jogador qualquer, especialmente alguém que não conhecesse, diria que era um tosco. Mas Lucho não é tosco, muito longe disso. Um mau jogo que também poderá surgir da fraca condição física. Saiu bem.

(-) Álvaro Pereira Um jogo fraquinho do Palito, com pouca claridividência no ataque e demasiadas distrações na defesa onde obrigou Otamendi a ir ao seu auxílio muitas vezes, quase sempre com sucesso, felizmente. Álvaro tem sido um jogador importante mas há alguns jogos em que aparece muitas vezes no ataque a criar perigo para a área contrária. Hoje, nem isso, porque sempre que passava o meio campo lá acabava por perder alguns metros à frente. Estranho o facto de ter jogado com a cabeça muito inclinada para baixo, talvez esteja cansado, sei lá. Vai precisar de jogar bastante melhor contra o Braga.

(-) A complacência de Alex Sandro É complicado perceber o que passa pela cabeça de quem quer que seja. Parece fácil visto de fora mas acredito que Alex Sandro não é retardado. Sinceramente acredito. Mas as várias jogadas ridículas que hoje protagonizou nos vinte e tal minutos que esteve em campo foram dignas de registo para a posteridade por vários motivos. Porque um internacional brasileiro como é Alex Sandro que mostra (e já não é a primeira vez) uma atitude complacente com a nossa camisola, sem interesse em jogar, sem força, sem concentração, sem a cabeça no jogo…envergonha-me. E devia envergonhá-lo também. Espero muito mais dele, mas acima de tudo espero que lute. Não o fez.

 

À entrada, subi as escadas de acesso à bancada e um homem com o apoio de duas muletas subia também as escadas com alguma dificuldade, mitigada com o auxílio de um jovem, diria seu neto. Ao lado, um colega que com ele se deslocou ao Dragão dizia-lhe: “Nem sei para que é que você veio, ficava em casa a ver na televisão…”, ao que o sénior lhe responde: “Nada disso, o Porto é o Porto, carago, e enquanto tiver forcinha nas pernas hei-de cá vir sempre que puder!”. É exactamente este o espírito que gosto de ver. Um louvor ao velhote, se fazem favor, porque faz ver a tanta gente que se queixa de tudo e todos e deixa de lá ir apoiar a equipa nos momentos maus, mesmo nas alturas que a equipa mais precisa deles. Fomos trinta e um mil no Dragão. Poucos ou nenhuns assobiaram. Gostei.

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