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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Servette FC

foto retirada de www.servettefc.ch

Para primeiro treino de conjunto com equipamento oficial e público nas bancadas, depois de alguns dias com treinos duas vezes por dia debaixo de um calor do caraças e com jogadores que têm uma média de idade que não dá sequer para esperar que tenham um bigode incipiente…não foi mau. Gostei da entre-ajuda dos centrais, da calma de Lucho, da ordem imposta por Fernando, das corridas e fintas de Atsu (alguém viu aquela “coisa” que ele fez ao suíço na primeira parte?! era mesmo o Christian?!), a velocidade e empenho de Iturbe, a garra de Castro e o oportunismo de Kleber. Não se podem esperar milagres de um primeiro teste mas vi os rapazes a lutarem por um lugar, a tentarem chamar a atenção do treinador, cada um à sua imagem e estilo. As pernas podem fraquejar porque os treinos continuam rijos, mas a mentalidade parece estar em boa forma. Vamos aos primeiros B&Bs do ano:

 

(+) Atsu Parece que o rapaz está atento aos sócios, aos blogs e à massa adepta. A forma como se exibiu hoje em Genebra foi uma prova evidente que só sabe jogar a um ritmo: bem alto. Prático com a bola, rápido nas desmarcações e na forma como tenta constantemente fugir ao marcador directo, Atsu é mexido demais para não estar no nosso plantel e demonstra um talento natural para jogar encostado a uma das alas para funcionar como um dos principais municiadores do ataque pelos flancos. À antiga inglesa, como um Matthews africano, Christian está a conquistar os adeptos que já falavam nele como “the next big kid” há uns anos e parece que está a dar tudo o que tem para ser seleccionado. Não me parece que fuja do plantel.

(+) Kleber Continua a mostrar aqueles pequenos tiques que me enervam desde ano passado. É uma espécie de anti-Klose na medida em que desiste cedo demais das desmarcações e raramente tenta com empenho máximo chegar interceptar a bola na trajectória que leva, deixando que o defesa se antecipe mais depressa do que seria previsível. Mas há que lhe dar o mérito por fazer o que os pontas-de-lança são pagos para fazer: marcar golos. E hoje foram dois, um com o pé esquerdo e outro de cabeça em voo, a mostrar que está aqui para discutir o lugar com os dois colegas que, teoricamente, estão à frente na pecking order. Tem que continuar a trabalhar mas talvez não seja suficiente para ficar no plantel este ano…

(+) Otamendi+Maicon Mesmo com o regresso de Rolando e a vontade de Mangala, creio que a dupla de centrais para o arranque da temporada está já escolhida desde o fim da anterior. Entendem-se bem os dois, cada um com o seu estilo, com Otamendi mais pelo chão e Maicon a focar-se no jogo aéreo, complementando-se no passe e na anulação dos avançados contrários sem que se notem falhas. Hoje estiveram ambos impecáveis, apesar do pouco trabalho que tiveram.

 

(-) David na primeira parte e Sereno…em todo o jogo Não faria sentido dividir a nota em duas porque o texto se aplica aos dois. A primeira parte do texto, estranhamente relacionada com a mesma parte do jogo. Tanto um como outro estiveram absurdamente maus, tanto no passe como na colocação defensiva e no apoio ao ataque. E apesar das atenuantes derivadas da adaptação de ambos a posições que não lhes são naturais, a verdade é que foi fraco demais, mesmo tendo sido apenas o primeiro jogo. David melhorou bastante na segunda parte, colocado na sua posição original, o que me leva a crer que o rapaz não Fucilita como eu gostava. Mas este Fucilitar é do bom, não do outro.

(-) Kelvin Tu…tens…de…ter…calma…rapaz! Não é possível começares logo de início a tentar fintar meio mundo, romper pela área e avançar à doido contra quatro ou cinco defesas e esperar ter sorte! Há um lance que mostra tudo o que há a mostrar sobre Kelvin neste jogo: o “cristas” está com a bola no lado direito do ataque, passa a perna por cima da bola, uma, duas vezes, rompe para o centro, encara a baliza, vê que tem pelo menos seis pernas suíças à frente dele…e sai remate direitinho às protegidas tíbias dos oponentes. Fico a olhar para a televisão e a pensar que o rapaz não toma os calmantes há umas horas, é possível que esteja nervoso e tal…mas começo a acreditar que é crónico. Tem de melhorar bastante.

 

Noventa e dois minutos depois, já vimos…nada de novo, a não ser Atsu e Iturbe. No Sábado, contra o Evian, os automatismos da equipa manter-se-ão, com nomes diferentes, algumas jogadas novas mas pouco mais haverá a dizer. E é assim que se quer que uma equipa seja, coerente, constante, inteligente em posse e rápida na ruptura. Para primeiro jogo, não foi mau. E já estou à espera do próximo.

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Baías e Baronis 2011/2012 – Os defesas centrais

Ontem, os flancos. Hoje, o eixo da defesa. Vamos a isso:


MAICON

Uma das figuras do ano, por muito improvável que possa soar. Esteve quase sempre em crescendo e nunca se incomodou quando foi colocado a jogar como defesa direito, altura em que foi criticado mais que o Bruno Paixão em cima de um relvado. Nota-se que está melhor, mais prático, mais inteligente e acima de tudo mais maduro, com melhor noção de passe, posicionamento e adaptabilidade a situações difíceis. O Maicon que terminou 2011 deixava muitos dúvidas. Este Maicon deixa muito menos.

Momento Baía: O golo na Luz que nos deu a vitória. Sim, estava em fora-de-jogo. Não, não quero saber.

Momento Baroni: Coimbra, na Taça. Juntou-se à carneirada na estupidez.

Nota final 2011/2012: BAÍA


ROLANDO

Fraco. Muito fraco. Rolando não consegue evoluir para lá do que já mostrou e chegou a altura de sair do FC Porto. Não desejo mal ao rapaz, não me entendam mal, mas custa-me vê-lo a cometer os mesmos erros que o via a fazer há três ou quatro anos e que eram progressivamente colmatados pelos colegas de sector, particularmente Bruno Alves. Sempre achei que Rolando só jogava bem quando tinha um colega com mais talento e liderança a seu lado. Este ano, foi ultrapassado por Maicon. Está tudo dito. Que faça um bom Euro porque a temporada foi fraca.

Momento Baía: O jogo em casa contra o Guimarães com um excelente golo e uma boa exibição. Foram poucas.

Momento Baroni: Coimbra, na Taça. Parvoíces recheadas de parvoíces em calda de parvoíces.

Nota final 2011/2012: BARONI


MANGALA

Um dos melhores nomes a passar pelo FC Porto. Esse título ninguém lhe tira, bem como o de campeão nacional. É rijo, alto, duro (talvez demais) e rápido. E só podemos estar optimistas quanto ao futuro do rapaz no nosso clube, mesmo sabendo que não será fácil crescer num clube com a tradição de defesas centrais que temos por cá. Maicon e Mangala? Otamendi e Mangala? A titulares? Talvez seja cedo demais. Continua por cá, rapaz, vais ver que é o clube certo para evoluires.

Momento Baía: Foi o melhor jogador da equipa no Chipre. Eu sei que não é grande coisa, mas é melhor que nada.

Momento Baroni: O jogo na Luz para a Taça da Liga. Sim, marcou um golo mas o passe que deu origem ao primeiro golo do Benfica foi recheado de ingenuidade que não se admite.

Nota final 2011/2012: BAÍA


OTAMENDI

Continua a oscilar entre o perfeito e o horrível e a manifestar um estranho gosto pela jardinagem, tal a vontade com que devasta relvados por esse país fora. Consegue fazer cortes “ao pentelho”, retirando a bola dos avançados com uma precisão de bisturi acabadinho de afiar…para no momento seguinte falhar um passe para um colega a três metros de distância. É jovem e ainda tem tempo para evoluir mas tem de ser mais fiável durante o jogo. Quando a bola vai para a zona dele nunca se sabe o que se pode esperar. E isso não é bom.

Momento Baía: Em Braga, com uma exibição quase perfeita onde só faltou marcar.

Momento Baroni: Em Donetsk, com um jogo horrível recheado de passes absurdos e falhas grotescas. Ah, e em Manchester, com uma exibição ao mesmo nível.

Nota final 2011/2012: BAÍA (por pouco)

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Baías e Baronis 2011/2012 – Os defesas laterais

Depois dos guarda-redes e numa altura em que parece que toda a gente já está a olhar para o Europeu com aquela ridícula voracidade pelas estrelas da Selecção, pelos hábitos e absurdas intromissões num estágio que se quer sério e que está a ser rodeado pelo circo dos media…vamos voltar ao nosso clube e à época que agora acabou. Os defesas são os próximos, começando pelos laterais. Vamos a isso:


DANILO

Se ao início a perspectiva de o ver durante meia-época já trazia excitação a muitos adeptos, o facto de se ter estourado contra o Manchester City no Dragão cedo fez com que Danilo fosse a primeira aposta para capa do Jogo numa qualquer entrevista lá para Julho com o título: “Reforço 2012/2013”. Do que mostrou pareceu um rapaz entusiasmado pelo futebol, rápido e com boa técnica, apesar da tendência para descair sempre para o centro do terreno quando leva a bola nos pés. Espero para ver, mas até agora o primeiro impacto foi positivo.

Momento Baía: Nenhum que mereça ser realçado.

Momento Baroni: A lesão contra o Manchester City. Não teve culpa mas foi o momento pior da temporada.

Nota final 2011/2012: BAÍA (pelo potencial, não pela produtividade)


ÁLVARO PEREIRA

Foi uma época com pouco andamento do Palito. Entrou mal, não melhorou muito, cresceu um pouco na fase decisiva e acabou como segunda opção atrás de um miúdo brasileiro que veio para o substituir. Parece pouco? E foi, porque esta terá sido a época mais fraca dele com a nossa camisola e sei que o rapaz sabe muito mais do que o que mostrou esta época. Talvez saia, talvez não. Mas já saiu do coração dos adeptos há uns meses e tanto ele como a Direcção sabem disso…

Momento Baía: Salvou o couro da equipa em Alvalade pelo menos com dois cortes em cima da linha.

Momento Baroni: O jogo em Braga foi tão mau que nem precisava de reclamar por ser substituído…

Nota final 2011/2012: BARONI


FUCILE

Ah, rapaz, que meia-época de merda que tu fizeste! Constantemente distraído, sem vontade, sem garra e com a cabeça noutro lado, pareceu fazer quase tudo para poder sair do clube rapidamente. Não sei se estava chateado com o treinador, com os adeptos, com o presidente, mas Fucile sempre foi um rapaz “difícil” de lidar, não Balotellico mas aí ao nível Zahovíquico. É um puto com a mania que é grande, sempre foi e isso sempre foi uma das forças dele…até que se transformou num handicap intolerável. Saiu emprestado e não creio que volte, com muita pena minha porque sempre vi nele num futuro capitão da equipa. Enfim.

Momento Baía: Em 2011/2012? Só os dois primeiros jogos contra o Guimarães (Supertaça e abertura da Liga, curiosamente ambos no lado esquerdo da defesa)…pouco mais.

Momento Baroni: Aquela estupidez em São Petersburgo que o fez ser expulso. Juro que ainda hoje me apetece ir ter com ele e dar-lhe dois estalos.

Nota final 2011/2012: BARONI


SAPUNARU

O romeno preferido dos portistas no século XXI não teve grandes facilidades durante a temporada. Começou bem como opção principal no lado direito mas algumas lesões e a rotatividade do lugar fez com que fosse despromovido para a reserva. A chegada de Danilo parecia não ajudar mas a lesão do brasileiro a somar à má forma de Rolando e Otamendi alternadamente a fazer com que Maicon voltasse ao centro fez com que Sapu regressasse ao seu lugar natural…de onde não voltou a sair até ao final do campeonato. Nunca desistiu, nunca reclamou, nunca amuou. Excelente relação com os adeptos, começa a ser um símbolo do plantel e este ano até apareceu mais vezes na frente, ele que subia tão pouco.

Momento Baía: Nenhum em particular mas a forma como aceitou o banco e a reserva como um jogador de equipa. Gostei.

Momento Baroni: O jogo em casa contra o Paços de Ferreira onde agiu como um verdadeiro Briguel. Ou seja, não fez nada de jeito.

Nota final 2011/2012: BAÍA


ALEX SANDRO

Começou mal. Lesões, agravamentos de antigas lesões e uma dúvida permanente: demos 10 milhões por este moço e ainda não o vimos a jogar? A verdade é que sempre que o via parecia reparar nalgum talento que estava escondido por uma enorme camada de ingenuidade e absurda infantilidade no approach aos lances e no posicionamento defensivo que parecia sempre alternar entre o “exageradamente agressivo” e o “zzzzzzzzzzzzzzzzzz”. Quando substituiu Álvaro Pereira na fase pós-pedreira pareceu crescer e começar a exibir o valor que o fez chegar cá com rótulo de “próximo defesa-esquerdo titular da selecção brasileira”. Esperemos por 2012/2013 para confirmar o talento.

Momento Baía: O jogo em casa contra o Beira-Mar, onde se mostrou pela primeira vez “a sério” aos adeptos. Gostei.

Momento Baroni: A estreia contra o Pêro Pinheiro em Sintra, a par do jogo no Dragão contra o Olhanense. Se o primeiro teve a atenuante de ser o jogo de estreia, no segundo já devia ter aprendido a lição.

Nota final 2011/2012: BAÍA (por muito pouco)


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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Sporting CP

Uma festa é sempre bonita quando a celebração do título é feita em nossa casa. E contra o Sporting ainda parece que acrescenta qualquer coisa à alegria, porque ver aqueles moços a fazer pela vida dá-me uma vontade enorme de ganhar o jogo e empurrá-los para fora da Champions, como aconteceu. Que diabos, se fizeram uma carreira tão vistosa na Liga Europa, com um ferrolho tão grande como as portas do templo de Salomão, para o ano vão ter hipótese de repetir a piada. Quanto a nós, continuaremos na prova onde merecemos estar, mas não a 100%. Para ser uma equipa de Champions temos de ser muito melhores, mais consistentes, mais fortes, mais eficazes, mais…tanta coisa. James e Varela têm de ser mais dinâmicos. Alex Sandro mais atento. Janko mais eficaz. Otamendi mais certeiro. Hulk mais prático. Mas não foi mau, especialmente num jogo em que houve mais tinta branca na cara dos nossos moços que nos bastidores do Batatoon. Enfim, vamos às penúltimas notas da época:

 

(+) Hulk Sete golos nos últimos quatro jogos, uma dinâmica incrível dada ao ataque, alguns assobios, dezenas de sprints, outras tantas de bolas perdidas, assistências para golo, remates fortes…the works. É o grande jogador do FC Porto 2011/2012 a vários quilómetros de todos os outros e continua a fazer por merecê-lo. É curioso perceber que Hulk tem a noção correcta da influência que tem perante os sócios que o apoiam e vaiam em momentos distintos do mesmo jogo e só precisa de tentar encontrar um melhor equilíbrio entre o timing certo para rematar e para passar. Nem sempre o consegue e perde várias jogadas de perigo dessa forma…mas depois sai-se com golos como o segundo de hoje, pleno de inteligência e capacidade física depois de 80 e muitos minutos a jogar em alto nível, a rasgar pela depauperada linha defensiva do Sporting como se fosse um berbequim a furar gelatina. Grande jogo.

(+) Maicon Perfeito no corte, no controlo da zona defensiva e no autoritarismo com que lidou com Van Frunkelstrinkel. Manteve-se constantemente atento, vivo, mexido, ágil e agressivo nos momentos certos com posicionamento perfeito, intercepções atempadas e domínio de bola prático e eficiente. Para quem não percebeu e pensa que estou a gozar com a tropa, esta secção refere-se ao número quatro do FC Porto, Maicon de nome, defesa-central de posição. Está a melhorar muito em relação ao Maicon do ano passado e é talvez o melhor produto saído das mãos de Vitor Pereira. Uma espécie de anti-Varela, pronto.

(+) A saída de Fernando depois da expulsão O maior. Foi uma simbiose perfeita com os adeptos, que cantam o seu nome depois de um início de temporada que enervou toda a gente pelo desconhecimento da sua permanência ou não no plantel. Para quem não viu ou não reparou, depois de Fernando ser expulso (bem, apesar do primeiro amarelo ser completamente escusado pelos protestos exagerados) mandou um pontapé na bola para a bancada e procedeu a sair de campo a incentivar o público para continuar a gritar e a apoiar, gesticulando como se estivesse a dançar com uma data de miúdos num ATL. Brincou, o nosso Fernando, ao contrário do que fez em campo, onde fez mais um bom jogo, firme e seguro contra um meio-campo adversário bem mais dinâmico e mexido. Aplaudi-o de pé. Mereceu.

 

(-) A frustrante e contínua incapacidade técnica É uma enorme frustração ver que jogadores do nível dos nossos, que são campeões (alguns bi, outros tri, até chegar a um que é hexa, vejam lá!), titulares de uma das maiores equipas de Portugal e da Europa…e tratam a bola como se ela fosse um daqueles maços de ferro antigos com esferas cheias de picos. Sei que todos os homens são iguais mas uns são mais iguais que outros por isso apercebo-me que nem todos podem ser Messis. Mas não precisamos de tantos Marianos, porra! Fernando raramente consegue controlar a bola de primeira, Varela insiste em fazê-la saltar doze vezes antes de a colocar na relva, Otamendi passa a bola com mais força que Belluschi a rematava e Janko não acerta na baliza a mais de três metros da linha. Só com treino é que se vai lá, teoricamente, mas começo a perder a esperança de alguma vez poder ter uma equipa tecnicamente ao nível da de Mourinho em 2004. Será pedir demais? Talvez. mas continuo a pedir.

 

Mais um jogo para acabar esta treta. Em Vila do Conde estaria disposto a ver uma equipa com Kadu, Iturbe, Djalma, Kleber, Mangala, Danilo…e mais alguns juniores. Estes rapazes não fizeram a melhor temporada da vida deles mas já podem ir de férias. O dever foi cumprido, com maior ou menor brilho, e ainda hoje conseguiram dar a imagem de uma equipa lutadora, empenhada, séria. E o que é certo é que marcamos dez golos nos últimos cinco jogos e sofremos…zero. Vencemos 14 pontos em 18 possíveis contra os “grandes”. É um resultado muito bom e é a marca de uma equipa que se conseguiu erguer e ser mais consistente que as outras. E os campeonatos ganham-se assim.

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Baías e Baronis – CS Marítimo 0 vs 2 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

A impressão que este jogo me deixa é de uma intensa ambiguidade. Por um lado a vitória é justa num campo difícil, com dois penalties limpinhos bem aproveitados ao contrário de outras situações (menos que o costume) de jogo corrido que não foram tratadas com a mesma eficiência que esses pontapés a onze metros sem barreira. Pelo outro lado, o meu lado mais cínico, fiquei com a impressão que o FC Porto fez o que pôde para não ganhar o jogo na Madeira, tal foi a quantidade de perdas de bola a meio-campo, facilitismos a meio-campo e a contínua saga do “porque é que o James raramente joga em condições quando entra de início?”. Mas lá conseguimos aguentar a não-muito-intensa pressão que nós próprios criamos, como tem sido há tantas jornadas e vai continuar a acontecer mesmo até ao fim, a não ser que o Rio Ave seja grande amiguinho. Vamos a notas:

 

(+) Hulk É impossível pensar no FC Porto 2011/2012 sem Hulk. Não só pelos golos e pela braçadeira de capitão que usa no braço, mas acima de tudo pela flexibilização táctica que permite à equipa e ao treinador que a gere. Hulk é o “joker” ofensivo que Vitor Pereira usa sempre em jogos onde prevê que a movimentação no ataque é essencial para que a frente criativa e finalizadora seja o mais versátil possível e fá-lo sempre ao abdicar do ponta-de-lança fixo para pôr Hulk a vaguear pela frente. E o homem faz sempre jogos esforçadíssimos, chega ao final das partidas a suar em bica e com um ar visivelmente desgastado mas é quase sempre o melhor em campo. Hoje foram mais dois golos mas em nenhum dos penalties foi ele o causador. Mas em várias outras jogadas (aquele falhanço do Lucho…) foi o principal elemento ofensivo do FC Porto por mérito próprio e que se notou ainda mais pelo apagamento de James e Varela. Ou seja, o normal. Se conseguirmos ser campeões, devemos o título em grande parte a Hulk.

(+) Lucho Concordo com Freitas Lobo: foi o melhor jogo de Lucho pelo FC Porto…desde Janeiro de 2012. Esteve empenhadíssimo, lutador nas bolas divididas, criativo nos passes longos, perfeito na construção de jogo e no equilíbrio do meio-campo, foi o elemento mais inteligente (esteve bem melhor que Moutinho hoje à noite) da equipa e se não tivesse falhado aquele golo feito depois de mais uma facada de Hulk na defesa do Marítimo, tinha sido o homem do jogo.

(+) Maicon Tentando-me alhear de mais uma sessão orgásmica do Freitas Lobo nos comentários durante a emissão da SportTV sempre que falava de Maicon, a verdade é que o brasileiro fez mais um bom jogo. Apenas uma paragem cerebral (quando hesitou entre atrasar ou não para Helton e viu o adversário a roçar a bola, quase ficando isolado em frente ao nosso keeper) durante o jogo todo e alguns excelentes passes a meia-distância que funcionaram como válvula para libertar a pressão na nossa área. Esteve bem, como tem sido hábito nos últimos tempos.

(+) Sapunaru Mais um bom jogo do romeno, a tapar as subidas de Ruben pelo flanco e a ajudar sempre ao meio quando era necessário. Não tendo sido tão interventivo no ataque como noutros jogos, não inventou na zona mais recuada e ajudou a manter a defesa com a estabilidade que era necessário. Esteve bem e safou-se do amarelo por isso está disponível para jogar contra o Sporting. Boa, precisamos de alguém que espete um murro no Insúa.

 

(-) O cagaço Começou com Vitor Pereira mas era evidente que se iria arrastar para o campo. A decisão de sobre-povoar o centro do terreno e deixar Djalma e Hulk na frente (com Lucho a aparecer no meio dos dois) não me agradou. É uma perspectiva resultadista e compreendo a necessidade de apelar ao realismo, percebo que na 28ª jornada não é altura para afirmar a grandeza de uma equipa e também consigo intuir que a capacidade autoritária de mandar no jogo depende directamente da força física e mental dos intervenientes no decorrer da uma partida…mas foda-se, Vitor, e se tivesses sofrido um golo? Um mau atraso, uma desconcentração, uma bola que foge das mãos…then what? Ias para a frente como uma locomotiva sem travões? Pois, eu percebo, mais vale dar a bola aos outros gajos e garantir que eles não podem causar perigo. Jogar como fez o Chelsea em Nou Camp, portanto. Mas a diferença é que o Marítimo não é o Barça. Pronto, Jorge, deixa lá isso, correu bem. Mas podia não ter corrido.

(-) James Estou farto. Palavra que estou. Se não queres jogar à bola durante noventa minutos, porreiro, mas não impeças os outros de o fazer, miúdo. E alguém me explica como é que um jogador com o talento que este rapaz tem para jogar futebol tem tanta dificuldade em manter a bola estável no relvado e o primeiro instinto dele quando recebe uma bola aérea não é o de a colocar parada na relva mas deixá-la a pinchar como uma miúda num trampolim?! Não percebo, palavra, e estou a perder a paciência com o puto, porque a produtividade tem de começar no momento em que o jogo arranca e não só quando lhe apetece. Não se chama Ricardo Quaresma e ainda não tem estatuto para isso.

(-) Briguel Já há vários anos que vejo futebol e já acho normal se de vez em quando me enervo com alguns jogadores adversários. Javi Garcia, João Pereira, Filipe Anunciação, André Leão, Nuno Assis, todos eles fazem parte de um grupo de “pet-peeves” meus, nos quais está incluído o actual capitão do Marítimo. Nutro tanta simpatia por este madeirense como pelo presente que deixei há pouco no vaso sanitário onde tive um alívio em formato sólido há alguns minutos e aposto que uma grande parte dos adeptos da bola partilham esta opinião. Não conheço o rapaz mas admito que seja um tipo porreiro fora do campo. Duvido, mas admito. Ainda assim, quando o vejo no relvado há algo dentro de mim que sobe à superfície e sempre que o gajo abre a boca, toca no peito, reclama com o árbitro, insulta os colegas, apetece-me ir a casa do João Pereira e pedir-lhe desculpa por tudo que já lhe chamei. Porque enquanto Briguel estiver em actividade no nosso futebol, é talvez o jogador mais sobrevalorizado da nossa Liga. E sabem qual é o mais engraçado nessa sobrevalorização? Toda a gente continua a achar que ele é uma merda de um jogador. Go figure. De qualquer forma, este foi mais um jogo à Briguel. Só fez borrada no flanco direito, deu pancada em tudo e todos, acertou em Varela, Moutinho, James, Hulk, Djalma, Lucho. Quantos mais viessem à frente e mais levavam. Os colegas Rafael Miranda ou Olberdam (no primeiro minuto, sem amarelo) fizeram o mesmo. E este monte de estrume tem a distinta lata de vir reclamar do árbitro, juntamente com o treinador? Não há ninguém que o encontre na rua e lhe mije na boca?

 

Estamos quase lá, minha gente. Um campeonato que não é fácil quando começa e que nós, fruto de muita parvoíce, más decisões e fracas performances, conseguimos tornar ainda mais complicado. Mas conseguimos também levantar a moral em alturas complicadas e este jogo no Funchal fez-nos passar a barreira do check-in para o controlo de segurança e estamos já com a porta de embarque à vista. Só falta mesmo chegar às escadas, escolher o lugar, ouvir o piloto a explicar sucintamente o plano de voo e…acabar com metáforas sobre aviação que já enjoa, sinceramente. Estamos quase lá, minha gente. Estamos quase lá.

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