Não conheço Paulo Fonseca. Nunca falei com o homem, raramente vi o Paços a jogar este ano que agora acabou e nem sequer me lembro do que fez o Pinhalnovense na tal quase-gloriosa jornada no Dragão. Das poucas coisas que conheço dele é que quase vestiu a nossa camisola aqui há uns anos valentes mas que acabou por ir para o Leça e estourou-se todo passado uns tempos. Talvez esteja a soar um pouco brusco, mas para não pensarem que o primeiro post sobre o novo treinador serve para o criticar ou para usar recursos sarcásticos para criar já uma imagem de discordância com a opção, vou começar por outro lado, com a tábua limpinha de qualquer cinismo, desconfiança e aquele portugalidade tão vincada que nos corrói por dentro sempre que procuramos encontrar razões para desconfianças preconceituosas. E não me vou esquecer do trabalho do seu antecessor, estejam descansados, mas isso fica para outro post.
Paulo Fonseca aparece depois de uma temporada interessante, muito acima das expectativas criadas num clube que trabalha bem, parece ser gerido de acordo com regras de decência e ética desportiva louváveis e onde conseguiu desenvolver um trabalho tão produtivo como o que se vê na qualificação para a Champions. Os paralelismos com Villas-Boas e Mourinho são fáceis de fazer e apesar da escola não ser a mesma já que a teoria desses dois nomes parecem substituídas por uma ascensão baseada em trabalho de campo e menos de gabinete, a verdade é que é um nome que me agrada per se. Só por isso porque não consigo falar do futebol até que o possa ver em campo ou, em casos menos oportunos, via televisão. Parece ser um tipo empenhado, com ambição, com garra e com vontade de fazer o clube chegar mais longe do que fez nos últimos anos.
Entusiasma? Não faço ideia. A mim, não. Mas não me entusiasma por motivos que serão talvez diferentes dos da maior parte da malta que já vi a criticar a escolha. Tem pouco tempo de bola, dizem uns. É treinador de equipa pequena, dirão outros. As equipas dele jogam feio e são resultadistas, opinarão terceiros. Não olho a nomes, CVs, companhias ou palavreado fácil. Reservo o direito de acreditar na equipa que o escolheu e acreditar ainda mais que vai fazer um trabalho sério e ao nível do nosso clube. Que vai saber dar o salto qualitativo que esperamos possa acontecer, que lhe sejam dadas condições para que tal seja possível e que saiba marcar a diferença pela positiva porque há sempre aspectos a melhorar em qualquer clube, em qualquer instituição, em qualquer panorama.
Vejo um nome novo a chegar. E à imagem do que fiz há dois anos, só me resta desejar-lhe boa sorte. Bem vindo, Paulo. De mim terás o que todos os outros treinadores tiveram no início das suas carreiras de azul-e-branco: honestidade. Só posso esperar o mesmo de ti.