Baías e Baronis – Deportivo Anzoátegui 2 vs 4 FC Porto

foto retirada de record.pt

Jetlags, humidades, treinos, public relations, agressividade do adversário, altitude e um árbitro do mais caseiro que me lembro de ver. Todos podiam ser condicionantes para o primeiro jogo do FC Porto 2013/14 na América do Sul, mas tudo se combateu com duas armas: a atitude e a inteligência. Se a primeira parte foi fraquinha, também devido à quantidade de malta que entrou em campo e que ainda está a entrar no esquema do que é jogar no FC Porto, a segunda trouxe um pouco do que vamos poder ver na era Paulo Fonseca. Um meio-campo com menos passe curto e mais simplicidade de movimentos, uma defesa concentrada e sem permitir facilidades ao adversário, um ataque com jogadas simples, quase ao primeiro toque, e uma vontade de criar oportunidades de golo de uma forma rápida e menos trabalhada. Alguns momentos interessantes, um grande golo de Varela e uma vontade ainda maior de ver mais jogos deste novo FC Porto. Vamos a notas:

(+) Lucho. Notou-se a mudança de Carlos Eduardo para Lucho como se tivéssemos pegado numa jarra de cristal com tulipas e a colocássemos na mesa em vez de um tupperware de sopa de nabos. E o brasileiro não esteve mal, simplesmente não foi Lucho. A inteligência com que recebe a bola e a endossa no tempo certo e com o timing apropriado faz dele fundamental na equipa e ainda que jogando numa posição mais adiantada em relação ao que fez na última época e meia (faz lembrar o Lucho que cá chegou, com Adriaanse), continua a ser o jogador mais inteligente da equipa e fá-lo notar em campo.

(+) Fernando. Não pareceu afectado por ter uma peça ao lado, até porque vão alternando quando a posse de bola está do nosso lado. Foi rijo na defesa, hábil na transição e estupendo em diversas intercepções, mantendo o nível do final da época passada. Espero que a lesão não tenha sido grave e que aquela possessão demoníaca em que por segundos se ia tornando no Secretário a passar a bola ao Acosta em Alvalade também lhe passe depressa.

(+) Defour. Muito esforçado, tentou sempre tapar as subidas de Fernando ao ataque mas foi acima de tudo a peça principal que pegava na bola a partir de zonas recuadas e a levava para a frente a tentar furar o meio-campo adversário. Não é Moutinho e nunca o será, mas é vital para este plantel ter um jogador com a raça e a capacidade técnica de Defour. Ah, e marcou os cantos todos do lado esquerdo, todos eles razoavelmente bem.

(+) Varela. Marcou um golão de cabeça (que o fulano da SportTV pareceu pensar que foi ao lado, o mesmo que chamou “Guilás” ao Ghilas toda a primeira parte e que raramente acertou no nome dos jogadores…de raça negra) e esteve sempre muito interventivo no jogo. Aproveitou bem a entrada de Danilo para usar bem o overlap e entrar para o centro, criando mais perigo do que se estivesse apenas colado à ala. Ah, ó Silvestre, todos percebemos que não consegues os piques de outrora. Talvez mais lá para o meio da época, se ainda cá estiveres.

(+) Danilo. Bem, muito bem, muito melhor que em 90% dos jogos do ano passado. Não sei se são os ares da América Latina, mas o rapaz pareceu outro, cheio de vigor ofensivo e vontade de mostrar que 2013/2014 é o ano para se exibir a um nível que compense o dinheiro que pagámos por ele. A Selecção está aí à espera, rapaz, só depende de ti e do Scolari. Tens de jogar muito para convenceres aquele imbecil, eu sei, mas se não desistires…who knows?

(+) Iturbe. O melhor jogo de Iturbe pelo FC Porto, esteve voador pela linha esquerda e mostrou que é talvez o melhor homem do plantel a cruzar para a área. Entendeu-se muito bem com Alex Sandro, Defour e Lucho, mostrou vivacidade, alegria e acima de tudo mostrou a atitude que todos esperamos dele. Não desistiu. Assim, Juanito, assim podes ser uma opção muito válida!

(-) Fabiano. Não tem aqui uma nota negativa por ter sofrido os dois primeiros golos da pré-época portista. Teve algumas falhas, é verdade (foi lento demais na saída da baliza para o primeiro golo do Anzoátegui), mas assustou-me a postura do “vou-me atirar a todas as bolas, mesmo as que vão passar quinze metros ao lado da baliza”. Ainda pior foi a tentativa de imitar Helton e de colocar a bola a quarenta metros. Rapaz, esquece lá isso, por favor. Fabiano não é Helton e se tentar transformar-se numa espécie de sucedâneo do compatriota vai passar a carreira a ser comparado com o seu antecessor. E estou quase certo que vai perder.

(-) Fucile. Está com pouco ritmo e nota-se em campo. O maior problema é que Danilo mostrou-se muito mais ofensivo, mais afoito e trabalhador que o uruguaio, ele que deverá ser titular na Supertaça mas que também deverá perder o lugar para o resto do campeonato. Esteve ao nível do Fucile que deixou de jogar no FC Porto e espero mais dele.

(-) A excessiva descontracção defensiva. O que me lixa nos jogos de pré-época é este tipo de coisas, especialmente quando os jogadores se permitem executar manobras técnicas que correm bem em treinos mas que em jogos a doer podem valer campeonatos. Varela, Maicon, Fucile ou Fernando falharam bolas fáceis porque lhes apeteceu brincar um bocadinho. Não pode ser.


Helton, Danilo, Otamendi, Abdoulaye, Mangala, Castro, Josué, Lucho, Licá, Kelvin, Jackson. Vai uma aposta que a equipa de quarta-feira é esta? Se não for, creio que não fugirá muito disto, porque é para isto que servem estes jogos, para experimentar opções, tácticas, para dar entrosamento aos jogadores e limpar a cabeça dos treinadores. Por isso é que os resultados devem sempre ser relativizados. O que interessa é que estejam em condições para o início da época. O resto é folclore.

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Ouve lá ó Mister – Deportivo Anzoátegui


Mister Paulo,

Pá, é muito simples: a malta está com fome. E os dois jogos que até agora conseguimos ver só a saciaram um bocadinho e o povo quer mais. Acima de tudo porque todos vemos que há jogadores a mais no plantel e que é preciso cortar alguns nomes para que o grupo fique mais pequeno e assim mais gerível. Mas ninguém quer que cortes a direito e muito menos que risques nomes que possam ser queridos dos teóricos, por isso é que queremos todos ver os miúdos a jogar para ver o que valem. Sim, sim, já sei que ninguém manda em nada e a tua decisão vai ser difícil muito por culpa nossa, porque há algo que já sabes…mas se ainda não percebeste, permita que ponha a minha capa de invencibilidade bloguística para to explicar com o mínimo de paternalismo possível, prometo! Já sabes que se escolhes os nomes errados…vais ter uns milhares na bancada a questionar as tuas decisões desde o digníssimo corte da tua barba ao jogador que colocaste a defesa esquerdo. Habitua-te a isso e bem vindo ao FC Porto, onde o rapaz que ontem marcou dois golos é assobiado imediatamente depois de falhar dois passes. É fodido, não é? É. Mais uma vez, bem vindo.

Não faço a menor ideia do que valem estes moços. Vi agora que no ano passado venceram o Torneo Apertura da Liga da Venezuela e que foram à final contra o Zamora, onde empataram fora e levaram nas trombas em casa num jogo com quatro expulsões. É malta rija, portanto. Não quero que faças os teus rapazes atravessar carvões em brasa para mostrar o que valem, mas peço-te que dês uma hipótese a todos nos dois jogos que vais disputar. Sim, é um troféu, mas para lá do prestígio que já conquistámos nesse continente e do “public relations move” que esta excursão engloba, não deixes de fazer o teu trabalho. Mostra-nos o que é que já conseguiste fazer em três semaninhas. E, se puderes, ganha o jogo.

Sou quem sabes,
Jorge

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Leitura para uma sexta-feira tranquila

 

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Não quero que vejas mais videos do Hugo Almeida, oh Nabil!

Só vi dois meios-jogos de Ghilas (que se pronuncia “giláss“, como o próprio indicou aos jornalistas, se bem que eu seja ceguinho e sportinguista se não vai aparecer meia-dúzia de imbecis a pronunciar “guiláss” num futuro bem próximo) e as primeiras indicações parecem boas. Especialmente porque já tive oportunidade de ver o argelino a jogar várias vezes na temporada passada e sempre me pareceu um jogador interessante. Creio que podemos ter mesmo contratado a melhor alternativa possível dentro do nosso campeonato que possa ser concorrente directo de Jackson e servir como alternativa em períodos de descanso e/ou menor produtividade do colombiano.

Mas há uma coisa que tenho vindo a reparar nestes primeiros jogos e que urge chamar a atenção para evitar males maiores daqui a algum tempo. A verdade, do pouco que tenho visto, é que o rapaz remata demais.

Não me pensem exagerado quando digo isto. Pode parecer uma idiotice ao nível das tiradas mais aberrantes de facebook, mas garanto-vos que não é. É uma preocupação muito à imagem da que tenho sempre que vejo um novo jogador a aparecer, tal como os inúmeros extremos que já passaram pelo plantel e que vieram todos dos nossos escalões de formação. E sei, por experiência ganha durante muitas horas nos Estádios das Antas e do Dragão, a ouvir e a acompanhar os pensamentos extravasados com tão intensa vontade e paixão por tantos colegas de bancada, que podem levar o rapaz a ficar “marcado” ao final de meia-dúzia de jogos. É uma espécie de controlo feito pelo novo-tribunal, agora espalhado por todo o recinto ao contrário do que acontecia em tempos idos, não está disposta a aturar gajos pouco controlados, impulsivos e pouco produtivos. Não estou a dizer que Ghilas vai ser um desses, mas temo que comece a ficar rotulado como tal por aquela massa de opinion-makers que me entedia tanto pela leviandade e flutuabilidade das opiniões mas parece captivar tantos outros.

O mesmo aconteceu a Hugo Almeida já há alguns anos. Em certa medida, um princípio idêntico também tramou Luís Fabiano, durante a fraca campanha de 2004/05 e numa dimensão diferente mas com o mesmo final, a Kleber desde há dois anos. Não estando em questão o valor do argelino, já deu para ver por esses e outros exemplos que o povo simplesmente não tem paciência para avançados que produzem pouco, quer chutem muito ou pouco, tenham sorte ou azar, sejam activos ou indolentes. Têm é de marcar, mais nada.

E do que tenho visto, Ghilas está a ir com muita sede ao pote para quem ainda não tem um cartel suficientemente elevado no nosso campeonato e muito menos no nosso clube. Tem de ter alguma calma, mostrando aos poucos o que pode, sabe e vale. Porque se começa a armar-se em Hugo Almeida, rematando mal recebe a bola e raramente acertando nas redes, vai-se ver muito à rasca para conseguir reunir apoio da malta do Dragão. Tem força, agressividade e talento. Só precisa de não ser pressionado.

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