Os meus quatro Onzes – Parte III

Passando para a terceira era nesta saga, chegamos a uma que marcou alguns dos momentos mais inesquecíveis de sempre para alguém que se considere minimamente portista. A vitória na Taça UEFA e na Champions’ League depois de três anos sem vencer o campeonato foram tão incríveis que ainda hoje quando recupero esses momentos me apetece voltar ao ano de 2002 e viver tudo de novo. Ahh…a nostalgia. De qualquer forma, este período com o nome “Pós-Penta, Mourinho, Pré-Tetra – De 1999/2000 a 2004/2005” teve de tudo, entre jogadores menos vistosos, outros francamente foleiros, escolhas muito estranhas e alguns nomes que não merecem o mínimo de contestação pela escolha para o meu onze-tipo. Aqui está ele:

O onze não deixará qualquer dúvida a quem o estiver a analisar com um pouco mais de detalhe e espero que não seja difícil de perceber a quem só olhou de relance. É, mais coisa menos coisa, o onze que venceu a Champions League misturado com o que trouxe a Taça UEFA no ano anterior. Poderia ter escolhido a equipa toda de Sevilha ou a que entrou em campo na Arena de Gelsenkirchen, dado que ambas conquistaram glórias eternas, por isso vou tentar explicar de seguida os meus critérios.

Baía na baliza não deixa dúvidas e Nuno, por ter sido o “understudy” aglutinador e sempre disponível (incluindo um golo marcado ao Varzim numa goleada por 7-0 nos quartos de final da Taça de 2002/2003 e o facto de ter substituído o grande 99 na final em Tóquio), merece ultrapassar Ovchinikov e Pedro Espinha. Quanto à defesa não podia haver dúvidas. Paulo Ferreira à direita, com Secretário importante mas nunca superior. Nuno Valente pela esquerda, que foi sóbrio e seguro nos três anos que por cá andou, mas Esquerdinha foi também um jogador que deixou boas memórias pela inteligência e pelos livres directos. No centro, não haveria qualquer hipótese para qualquer outros rapazes, com Ricardo Carvalho e Jorge Costa a serem os pilares da zona recuada durante os dois anos da glória, seguidos não-muito-de-perto por dois outros nomes que tiveram papéis importantes a desempenhar, já que Pedro Emanuel foi sempre um substituto que se manteve rijo e duro no sector defensivo, somando o nome de Jorge Andrade, titular absoluto em 2000/2001 e 2001/2002, sem títulos grandes mas sempre certo e de confiança. Fica de fora Ricardo Costa, sempre relegado para papéis secundários.

No centro do terreno, nada nem ninguém tiraria algum nome daquele que foi talvez o melhor meio-campo de sempre do FC Porto. Costinha, Maniche e Deco foram pivotais na criação daquela máquina de futebol entre 2002 e 2004 e devem figurar em praticamente qualquer onze da história do clube. Como alternativas, optei por três jogadores que, em alturas e com papéis diferentes, ajudaram a segurar a zona central de forma a deixarem marcas no clube e boas memórias aos que os viram jogar. Paredes mais recuado e Carlos Alberto mais avançado trouxeram segurança e magia, e por muito que o paraguaio tenha depois jogado no Sporting e Carlos Alberto tenha tido uma passagem mais fugaz, os seus nomes ficam na história. Já Chaínho será talvez uma opção menos consensual, mas sempre fui adepto da forma de jogar do rapaz e se tivesse estado no plantel uns anos mais tarde, talvez tivesse tido mais reconhecimento pelo seu papel. De fora ficam nomes como Pedro Mendes ou Soderstrom, e se o sueco foi o Defour do início do século, já o português foi campeão europeu e importante nesse mesmo ano. Mas mantenho a minha opção pelo facto do ex-Guimarães apenas ter jogado um ano pelo FC Porto. Critérios meus, lá está.

Na frente de ataque incluí Alenitchev no onze principal não tanto no papel de médio mas de avançado, porque muitas vezes descaía para o flanco e porque a táctica era versátil o suficiente para que o russo também fosse importante na manobra da equipa, para lá do facto de ser um dos meus jogadores com mais classe e talento que passou pelo FC Porto. Creio que os outros dois não merecem contestação, pois tanto Derlei como McCarthy foram importantíssimos nas conquistas nacionais e internacionais. Como alternativas incluo Capucho, que atravessou o deserto de 1999 a 2001 mas sempre como líder de um ataque tantas vezes sedento de goleadores ao nível do ala; Postiga, por ter crescido e por ter também ajudado na vitória na Taça UEFA; Jankauskas porque foi muito útil em diversos jogos e porque, francamente, seria dos poucos a merecer figurar numa lista de avançados que foi tão grande e tão cheia de tiros ao lado.

Talvez menos questionável que o onze anterior, ainda assim fico a aguardar os vossos comentários!

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Os meus quatro Onzes – Parte II

Começo a segunda era dos meus quatro onzes, a que chamei “CAS, Robson e Penta – De 1991/1992 a 1998/1999“, com uma pequena viagem pelos meus inícios de vida portista. Foi nesta altura, mais precisamente na primeira temporada a que esta era diz respeito, que comecei a ir com alguma regularidade ver o FC Porto a jogar nas Antas (e alguns jogos fora), servindo como intronização para o que é agora um hábito de tantos anos. Aqui está aquele que considero o melhor onze deste período, incluindo os actores nada secundários nos diversos plantéis que compuseram as equipas do FC Porto:

Baía na baliza, com Silvino (que foi o único outro guarda-redes deste período que me deu alguma segurança na baliza. Nem Rui Correia nem Hilário (ambos fizeram mais jogos e seriam escolhas mais naturais, mas o “velhote” era mais seguro), muito menos Wozniak, Costinha ou Kralj. O quarteto defensivo pode criar alguma  contestação. João Pinto é a escolha natural e meritória para lateral direito com Secretário a ficar longe e Rui Jorge foi o defesa esquerdo titularíssimo até Fernando Mendes chegar. Os centrais, Aloísio e Jorge Costa, eram garantia de segurança, de força, de coesão e de complementaridade. Foram grandes e nem José Carlos e Fernando Couto, ambos com valor suficiente para fazer parte de tantos “onzes-tipo”, não conseguem, na minha opinião, destronar esses nomes.

Nos médios, as escolhas de Paulinho Santos e Rui Barros eram óbvias, já Zahovic bateu Timofte por muito pouco, apenas pela influência que teve na equipa durante mais tempo. Semedo e Sérgio Conceição, elementos de muitos anos de portismo em cima, foram muito importantes em diversas conquistas mas não os conseguia colocar na frente de qualquer um dos outros três nomes.

Na frente, não tenho dúvidas. Apesar da injustiça feita para com Domingos, que não figura no onze-base de nenhuma das eras que seleccionei, a verdade é que Jardel não dá hipótese a ninguém pela importância que teve desde que chegou ao clube em 1996/1997. Foi um dos melhores avançados que vi a jogar, sempre ajudado por Drulovic e Capucho, sem os quais não teria marcado metade dos golos que apontou. Folha e Artur, também com nome gravado no hall of fame portista, ficam de fora quando comparados com os dois nomes que formaram um dos melhores tridentes ofensivos da história do FC Porto.

Como na edição anterior, há muitos pontos de discordância, por isso venham de lá os comentários.

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Baías e Baronis – Paços de Ferreira 0 vs 1 FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

“Ao intervalo, enquanto falava com o meu pai, dizia-lhe que mais cedo ou mais tarde íamos chegar aos golos e dávamos a volta a isto.”. Esta foi a primeira frase do que escrevi depois da primeira jornada em Setúbal e raios me partam se não disse exactamente a mesma coisa, à mesma pessoa, nas mesmas circunstâncias. Mas desta vez, foda-se, custou. Custou porque Jackson só atinou com a baliza de cabeça depois de ter falhado setenta e dois remates cruzados com o pé esquerdo. Licá trabalhava, Josué trabalhava, Fernando trabalhava, porra, todos trabalhavam, havia jogadas criadas com cabecinha e a bola só não entrou quatro ou cinco vezes na baliza do Paços por qualquer tipo de intervenção divina do Deus das Camisolas Amarelas. Enfim, ganhámos e ganhámos bem. Vamos lá às notas:

(+) Otamendi. Teve uma ou outra falha, nada de especial, mas foi o melhor jogador da defesa a defender e a atacar. Alex Sandro esteve bem a subir mas deu muito espaço ao flanco direito do Paços, Fucile entrou distraído e apesar de um ou dois bons cruzamentos, perdeu muitas bolas, tal como Maicon, que esteve bem quando quis ser prático, mas absurdamente mau quando ignora as leis básicas da defesa eficaz: não deixes que o avançado chegue à bola antes de ti, mesmo que esse avançado seja um anão loirinho. Otamendi foi o Nico do costume, com slide tackles (e já agora, diz-se “técls” e não “teicle“. estou muito farto de ouvir “teicle“. muito.) que deviam vir em livros de Football 101, bem pelo ar, prático na rotação de bola e sem exageros na criação ofensiva. Muito bem.

(+) Helton. Impecável a defender um remate de Sérgio Oliveira (é assim que se tratam os teus patrões? mais respeito, faxabor!) e ainda melhor na mancha depois da paragem cerebral de Maicon. Aliás, esteve bem a defender…tudo. Pouco trabalho, mas muito importante pela segurança que deu aos colegas da defesa e ao resto da equipa.

(+) As bolas-paradas de Josué e Quintero. São diferentes porque criam mais perigo. Porque criam perigo, perdão, já que há vários anos que ando a ver cantos marcados por um jogador que está a tentar acertar num balão, o que faz com que qualquer melhoria seja um bálsamo que acalme o meu infeliz coração. Gostei de ver, quero mais.

(+) Anda, Licá, corre só mais um bocadinho! Este gajo não se cansa? A sério? Marcava noventa mais qualquer coisa no canto superior esquerdo da televisão, montes de gajos com câimbras e o guedelhas andava para ali como se o jogo tivesse começado há dez minutos. Estão a ver o que digo? Não fez grande coisa, mas mantém os outros pressionados e nervosos. Boa, moço.

(-) Ineficácia. Vinte e seis remates. Há jogos assim, acontecem na 3ª Divisão búlgara, na Liga de Amigos das Estátuas da Ilha da Páscoa e nós não somos imunes a isso. Mas há jogos que me levam a ficar nervoso, palavra, porque começava a parecer injusto demais não termos já enfiado três batatas na baliza do Degra e a equipa continuava a não conseguir meter a bola lá dentro e CHUTA, RICARDO, OH FODA-SE que lá vai outra pro keeper e ANDA JACKSON, É FÁCIL! pronto e lá foi mais uma. São oportunidades a mais sem serem concretizadas e não podem deixar que seja um hábito. Dão-me cabo do batente.

(-) Defour. Falhou passes a mais e perdeu em protagonismo para Fernando, que travava um duelo interessante com André Leão, onde cada choque no meio-campo abanava o estádio só mais um bocadinho. Hoje, pela primeira vez nesta época, concordei com a saída.

(-) Paços, só mais um. Iludo-me naqueles momentos do jogo em que vejo a equipa adversária, em campo ou na têbê, vejo o onze e penso: “é hoje que estes cabrões nos vão empurrar para a defesa”. Raramente acontece. E o Paços podia perfeitamente ser uma dessas equipas, mas em vez de fazer como fez o Setúbal, que veio para cima de nós e nos obrigou a trabalhar a sério apesar de falhar alguns golos, o Paços de hoje limitou-se a ficar a olhar para a faca e a esperar que não descesse. Aborrece-me ver equipas que defendem sempre com onze, mas aborrece-me ainda mais quando o fazem a jogar em casa.


Só uma pequena nota: Jackson, com este tipo de jogos em que tenta rematar tantas vezes e quase todas saem ao lado, arrisca-se a ficar cansado e a necessitar de uma ou outra jornada a descansar. E só deixa que a ineficácia seja um problema se quiser. Está tudo na cabeça dele e hoje, ao que parece, esteve mesmo.

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Ouve lá ó Mister – Paços de Ferreira

Mister Paulo,

Não me venhas lá com saudosismos e nem deixes que te levem para esse beco cheio de prostitutas intelectuais, que te puxarão pelas ilhargas até à exaustão dos materiais, naquela fugaz tentativa de te fazer sentir pena dos gajos. Não há piedade, nem pode haver. E antes que penses que estou a juntar-me a toda aquela turba nojenta que já começou a atirar para o ar as teorias que chegar a Paços como Jesus a entrar em Jerusalém (o do cabelo de cor natural e com barba, não a versão Bonnie Tyler tasqueira que trabalha no Seixal), saudado com palmas e dezenas de Marias Madalenas a jorrarem de molho de amor por ti, a verdade é que não estou. Não acredito em boas recepções dentro do campo. Não acredito, pá, a sério que não. Nas bancadas, até pode ser, o povo bate palmas, até te podem cantar uma música ou duas. Mas o resto, é guerra.

Dado o aviso, devo dizer que já vi a lista de convocados e fico surpreendido, mais uma vez. Nem Marat, nem Varela, nem Iturbe. Hmm. Desculpa a curiosidade, mas a dois dias de fechar o mercado, um gajo começa a ficar nervoso. E ainda por cima vendo que o russo ainda não calçou a sério esta época…hmm. Hmm, repito. Mas confio em ti, e o Ricardo parece que fez um jogaço na semana passada pelos bês, por isso até concordo com a convocatória, especialmente para campos pequenos e com algum espaço. Sem o Mangalho, a opção é pela experiência. Sem o Varela…já estamos há algum tempo e por agora as coisas vão funcionando.

Desejo-te um bom jogo. Vai estar um calor de assar testículos, por isso bebe muita água e não canses muito os rapazes. Mas ganha o jogo, dê por onde der!

Sou quem sabes,
Jorge

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