O Sporting está a chegar! O Sporting está a chegar!

Sou daqueles que quer um Sporting forte, que lute pelos mesmos objectivos do FC Porto e que seja um rival à nossa altura para que possamos ter mais oponentes ao nosso nível para lá do Benfica. Mas como habitualmente acontece naquela zona do país, quando se conseguem cinco ou seis vitórias consecutivas rapidamente se aquecem as máquinas de propaganda e lá vamos nós lançados na demanda de um horizonte que ninguém consegue ver mas que todos acreditam poder atingir.

Proponho enfiar-lhes a puta da soberba pela goela abaixo. Chega uma vitória.

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 1 Zenit

Cheguei a casa destruído. Saí do estádio com a cabeça virada para o pavimento, os olhos firmes no solo à minha frente e uma sensação de quem acabou de receber um remate do Hulk direitinho no estômago depois de comer uma enorme malga de sarrabulho. Foi uma noite tensa, de futebol europeu que por muito que possam dizer que é só mais uma competição, tem qualquer coisa que me transforma, que consegue elevar a alma ou demolir a moral num espaço de cinco minutos. Não merecíamos perder este jogo, esta batalha que travámos com todas as forças que temos e que foi perdida num único lance em que o russo se antecipou à nossa defesa e fez a bola entrar na baliza de Helton. Foi muito duro mas foi também uma prova que neste tipo de competições é preciso conseguir jogar de olhos nos olhos com o adversário. Hoje, fruto das circunstâncias, não foi possível e acabámos por perder numa luta desigual contra uma equipa matreira que nos bateu com algum mérito mas muita, muita sorte. Há jogos assim, passemos a notas:

(+) Espírito de sacrifício. As contrariedades foram muitas e variadas, desde a expulsão quando havia ainda gente a entrar para o estádio, passando por bolas ao ferro (sim, plural) e várias decisões enervantes e inexplicáveis da arbitragem. A equipa manteve a calma, reorganizou-se e retomou a partida sempre com uma capacidade de luta que ainda não tinha visto este ano. As bolas que se perdiam eram rapidamente procuradas para evitar progressões em loucas correrias de Hulk ou no trote canino de Danny. Lucho corria na frente de um lado, Jackson do outro, já atrás deles Josué ia ao chão como Otamendi e Fernando varria o que era necessário, bola ou pernas ou ambos. Mangala tinha cortes perfeitos, Helton saía dos postes sempre que necessário (ah, sim, mais uma “mancha” quando Otamendi teve o habitual soluço mental e deixou Hulk num 1v1 com o compatriota). Danilo e Alex Sandro subiam a medo mas recuavam em sprints doidos e todos pareciam funcionar como um grupo, como um todo, como uma unidade homogénea em vez da amálgama de nomes e camisolas que vimos recentemente. Mais para o fim, quando as pernas fraquejavam e os espíritos se arrastavam pela lama, foram para a frente, Helton inclusive, na tentativa de pelo menos salvar um ponto dos três que estavam em disputa e que passaram oitenta e muitos minutos a procurar. Fizeram-nos acreditar, deixaram tudo em campo e os adeptos, sempre do lado deles, perceberam isso. É verdade que perdemos o jogo…mas podemos ter ganho uma equipa.

(+) Fernando. Escolho Fernando como poderia escolher Lucho ou Mangala, mas o “polvo” esteve em grande hoje à noite e brilhou a um nível cósmico não só pela capacidade táctica de adivinhar o desenrolar das jogadas adversárias mas também pela garra que colocou em cada lance que disputou. Foi uma parede para tantos jogadores do Zenit que aposto que alguns milionários russos que viram o jogo devem ter apostado em comprá-lo só por este único jogo. Enorme, enorme, senhores!

(+) O público do Dragão. Esteve unido hoje o povo portista, e ao contrário do que se passou em jogos recentes, apoiou a equipa de início a fim. Gostei particularmente do enfoque dado a Danny, mais um dos muitos que amamos odiar e que se transforma num elemento agregador de todos os adeptos portistas que o vêem a jogar, o que faz com que o povo se junte em uníssono nos insultos à bestinha e transforma esse coro em apoio para os nossos. É bom e muito útil por vezes ter um gajo em quem todos podem despejar as injúrias, ajuda a unir e a criar massa crítica entre os até aí heterogéneos em fé e confiança, e apesar dos tradicionais imbecis que reclamavam com Paulo Fonseca porque…sim, a vastíssima maioria foi grande no carinho a toda a equipa e prova disso foi o aplauso de pé de um Dragão exausto e com a moral em cacos.

(+) Hulk, no regresso. É uma estrela mundial, o nosso Givanildo. E portou-se como tal, com dignidade, respeito para com os seus eternos fãs e prestou a homenagem que todos esperávamos a um público que tanto o aplaudiu durante vários anos. Ovacionado no início e no fim, nem a assistência para golo lhe tira a marca positiva do regresso a uma casa que o acarinhou e continua a acarinhar. Continuas a ser dos nossos, rapaz.

(-) O cabrão do árbitro. (modo óculos azuis-e-brancos ligado) Este filho de pai incerto parece que vinha com a lição estudada. O primeiro amarelo ao Herrera compreende-se, mas o segundo parece encomendado. Foda-se, meu cabrão violador de ovelhas mancas, tu sabes perfeitamente que se fizesses essa merda num qualquer Sampdoria vs Cagliari saías do estádio a correr e tinhas sorte se não levasses uma pedrada nos cornos, seu engolidor de esperma de boi cobridor! Deves lamber placas de petri com cultura de células de sífilis, deves, até porque estou sempre a ouvir que os árbitros devem ser pedagógicos e outras berlaitadas new-age do género mas não sei qual é a puta da pedagogia que aplicas aos teus filhos ou aos filhos das doze mães que tu perfilhaste, meu pila murcha. Se quando um deles disser que não quer comer os espargos lhe espetas um murro nas têmporas, quero ver se um dia destes, sem as costas quentes pela UEFA que só pune um árbitro quando o caralho do cometa Halley passar pelo drive-in de um McDonald’s, vais fazer uma piadinha destas lá onde tu apitas. Era quem te enfiasse um guarda-sol aberto no rabo, palavra. (modo óculos azuis-e-brancos desligado). Estragou o jogo, mesmo tendo direito e prerrogativa para o fazer. É evidente que se tivesse sido ao contrário provavelmente estaria a sorrir de contente e a aplaudir a assertividade do árbitro e isto quando é para expulsar não há nada a fazer e tenham juízo mazé…só que a verdade é que qualquer estratégia montada para a partida foi destruída nos primeiros três minutos. Grazie mille.


Se é verdade que nada está perdido, os factos apontam para que não consigamos atingir os nossos objectivos de passar à próxima fase a não ser que consigamos um pequeno milagre. Perdidos os dois jogos mais importantes em nossa casa, ainda dependemos apenas de nós para conseguirmos passar a fase de grupos. Basta vencer na Rússia. Basta isso. E depois ganhar os outros dois. Novamente, basta isso.

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Ouve lá ó Mister – Zenit

Mister Paulo,

Há muitas coisas que podes tomar como variáveis neste mundo e que nunca vais conseguir adivinhar com completa certeza. Nunca saberás se chove numa dada tarde, se haverá um terramoto dos grandes nalguma manhã solarenga, se consegues atravessar a passadeira a tempo do semáforo mudar ou se a polícia municipal te multou o carro que deixaste sem alimentar o parquímetro. Mas podes ter a certeza absoluta de uma coisa quando hoje entrares em campo no Dragão: ninguém esqueceu o jogo contra o Atlético. Ninguém. E não digo isto com o dedo apontado e atitude acusatória, não penses isso. Só te digo que toda a malta que hoje estará nas bancadas lembra-se perfeitamente do desmoronamento da equipa e da moral de todos os portistas quando pensavam que podíamos resolver já o apuramento neste mesmo jogo…até que os ‘panhóis nos tramaram as contas.

Para te ser sincero, não acredito que o jogo corra bem. Chama-me pessimista, mas acho que os teus moços andam desanimados e baixam os braços à primeira lomba em que tropeçam no caminho para a felicidade. Ou para a baliza contrária, para contextualizar a cousa. Ainda assim, a verdade é que vou lá estar para apoiar. Não quero saber se do outro lado está o Hulk (chuiff chuiff…), o Arshavin, o Shirokov, o Mijinhas ou o Kerzhakov. Até podia estar o Van Basten, o Zico e o Cruyff, a verdade é que este é um jogo para ganhar. E quando todos dizemos com a boca cheia que os jogos grandes é onde o FC Porto mais brilha…este ano ainda não se confirmou essa auto-máxima.

Ganha o jogo. Aposta numa equipa ofensiva, rija, agressiva. Se me perguntares a opinião, apostava no Ricardo em vez do Varela para confundir os gajos, mas isso sou eu que sou meio tolinho e tu é que mandas. Escolhe bem, escolhe uma equipa que ganhe. E venham de lá essas palmas!

Sou quem sabes,
Jorge

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Nem. Que. Te. Fodas.

Estás-te a sentir sonolento, meu estupor. As pernas vão-te fraquejar, todo o teu corpo vai tremer e nem sabes o que te passa pela cabeça enquanto sobes os degraus que dão acesso ao relvado. Ao entrar em campo, vai-se-te soltar a bexiga e uma pinguinha de urina vai escorrer pelas tuas pernas abaixo e cair para o relvado. O Danny vai sorrir, esse cabrãozinho, mas não repete a celebração porque tu já lhe amarraste os guizos no balneário e lhe prometeste que o penduravas do telhado do estádio se se voltasse a armar em parvo.

Amanhã não vais jogar um charuto. Não vais ter tempo para jogar um charuto. Vais tentar ao máximo ser expulso no segundo minuto de jogo por protestares com veemência bíblica um lançamento lateral marcado pelo árbitro. Vais fazer os possíveis para ires para a rua para voltares a ser aplaudido por dezenas de milhares, os mesmos que te aplaudiram tantas e tantas vezes. Vais lamentar a falta de sorte e dizer que nada está perdido e na Rússia resolve-se. E no jogo em São Petersburgo, vais fazer o mesmo.

E tudo volta a ser como dantes. O FC Porto aplaude o Hulk e os adversários insultam-no. O costume, já sabes.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Trofense

Foi um jogo demasiadamente simples para ser interessante, mas ainda assim teve vários pontos que mereceram atenção, especialmente pela utilização de vários jogadores novos, que puderam começar a experimentar o que é usar aquela camisola. A malta gosta é de futebol a sério e de jogar ao ataque e de força e subidas pelos flancos e remates e outros apontamentos de ataque permanente, mas até compreendo que não tenha havido grande incisividade do ataque durante quase todo o jogo. Malta nova, algo nervosa, com pouco ritmo e menos rotinas. Enfim, podia ter sido melhor mas não me preocupa que não o tenha sido. Notas, rápidas, seguem abaixo:

(+) A fácil integração dos novos. Victor Garcia foi o único jogador dos Bs, mas a quantidade de vezes que Carlos Eduardo, Ricardo, Kelvin e Reyes têm vindo a jogar pela segunda equipa fizeram com que o onze fosse descaracterizado em relação ao normal. E apesar disso não se notou em grande escala a diferença, o que diz muito da forma como os As jogam por estes dias mas também revela que temos alternativas a considerar com alguma importância. Carlos Eduardo pareceu rijo e disposto a mostrar que serve para esta posição diferente do habitual; Victor Garcia e Ricardo estiveram bem, como podem ler abaixo; Reyes mostrou-se seguro e com uma técnica individual acima da média; Ghilas não esteve mal e Quintero, apesar de exageradamente individualista, mostra que consegue encontrar espaço onde não cabe um feijão. Terão todos novas oportunidades no futuro.

(+) O flanco direito. O venezuelano pareceu sempre muito confortável na lateral e apareceu muitas vezes na frente de ataque ao lado de Ricardo, com bons overlaps e acima de tudo com uma facilidade notável de recuperação física e de pique rápido. Ricardo continua a ser uma boa surpresa. É rápido, prático, inventa pouco mas faz tudo a uma velocidade alta demais para muitos dos nossos adversários e pode ser extremamente útil para desatar nós górdios em tantos jogos que por aí vêm.

(-) Olhar pouco para a baliza. Foi o que mais chateou a malta e até acabo por compreender. Aliás, tem sido uma das lanças apontadas à equipa nos últimos tempos e aí compreendo mesmo. Parece haver alguma renitência na altura de criação de lances ofensivos e especialmente há uma estranha incapacidade de rasgar defesas adversárias com os entendimentos a serem feitos em zonas demasiado recuadas para causarem perigo, o que acaba por transformar a grande maioria dos ataques em organizações andebolescas. Compreendo que enfrentemos defesas fechadas em demasia, com gente colocada excessivamente perto da baliza, mas esta é uma realidade que já nos habituámos a ver desde há muitos anos a esta parte e este ano parecemos lentos demais, mais ainda que na criação sonolenta do jogo de Vitor Pereira em 80% dos jogos. Vejo vezes demais Alex Sandro a romper para o centro, para recuar a bola até Fernando que segue para Defour, que sem espaço para subir joga para um qualquer central…que joga de novo para Danilo e tudo se trava, tudo se desfaz e vamos começar de novo ao mesmo ritmo. Esta é a marca de uma equipa sem ideias, mais preocupada com a estrutura do que com a finalização. São jogos disputados com esta intensidade que estão a fazer com que o pessoal fique irrequieto no assento e que se aborreçam de ver a equipa a jogar…e criticam à primeira oportunidade. Há que ser mais, há que ser melhor, há que produzir mais. Nem que a merda da bola vá por cima, ao lado, ao poste ou direita ao guarda-redes, mas precisamos de chegar mais vezes à baliza.


Não há muito a dizer porque o jogo não foi muito exigente. Foi fácil demais, tanto que a equipa pareceu mais interessada em criar rotinas entre jogadores menos utilizados em vez de aumentar a vantagem. Na terça-feira, contra o Zenit, o nível é diferente e a equipa também vai ser. Ai dela.

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