Dragão escondido – Nº22

E um clássico? Isso é que era! Cá está uma equipa fantástica que contava com jogadores que marcaram a nossa história de uma forma absolutamente indelével…e quem é o moço que está por detrás da austera face de Ming the Merciless?

Força na caixa de comentários! E não vale andar a procurar a imagem na internet, todos o podem fazer e tira a pica à brincadeira toda…torna-se fácil demais, não acham? Batota não entra!

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Baías e Baronis – Rio Ave 1 vs 3 FC Porto

É uma vitória que assenta bem e apesar da qualidade do nosso futebol não ter sido nada que me faça lançar foguetório, a verdade é que conseguimos sacar três pontos num campo complicado. O jogo foi melhor, mais solto mas polvilhado por enormes nuvens de incerteza pela lentidão de longos momentos da partida e pela constante intrusão das falhas defensivas, onde Otamendi esteve hoje em grande nível…negativo. As notas explicam melhor, vamos a elas:

(+) A troca (no terreno) do triângulo do meio-campo. Há naturalmente um enorme beneficiado com a cambiante 1-2 do meio-campo: Fernando. Não há dúvida que joga melhor quando está solto, a controlar a “sua” zona sem o atropelo de ter um homem a seu lado nem com a prisão de manter um contacto directo com ele. A verdade é que Lucho joga melhor quando está mais recuado (apesar de hoje não ter estado em grande nível) e o facto de ser ele a ocupar aquela posição faz com que o triângulo vá rodando com a posse de bola, mas é Fernando que aproveita a liberdade da melhor forma. Fonseca, por favor, mantém os gajos neste esquema. Dá muito mais moral aos rapazes.

(+) Carlos Eduardo. Entrou para a equipa cheio de vontade, sem pressão e com fome de bola. Ainda lhe falta ritmo e persiste nalgumas quedas parvas quando perde o controlo da bola e a trajectória que quer traçar. Mas mostra o que Lucho não tem conseguido mostrar nos últimos jogos: pega na bola, corre com ela e mexe com o jogo. É um bom exemplo que este rapaz representa, aquela noção que por vezes uma passagem pela equipa B a ganhar ritmo e a mostrar qualidade fazem maravilhas por um jogador. Com Carlos Eduardo, parece ter funcionado. Espero pelos próximos jogos para confirmar a valia do moço.

(+) Maicon. Está em boa forma e acima de tudo está a jogar simples como aprendeu a fazer em virtude das circunstâncias…diria populares. É isto que eu quero de um central, carago: um gajo alto, forte, que jogue bem de cabeça, marque golos em livres cruzados para a área e limpe a bola da zona defensiva ao biqueiro. Isso é o mínimo que peço e Maicon continua a montanha-russa que tem sido a sua carreira no nosso clube. Nunca será um jogador que põe a malta indiferente. Love him or loathe him, é o central em melhor forma no FC Porto.

(-) Otamendi não está bem. Parece que há sempre um defesa que me vai andar a comer a mioleira durante o ano e nesta altura é o argentino. Já foi Mangala e Alex Sandro tem também papel importante na estupidificação de alguns lances com bola controlada na defesa, mas Otamendi está a bater qualquer um aos pontos porque está a tomar as opções erradas em quase todas as jogadas em que é interveniente. O primeiro golo é culpa sua, pela saída absurda da posição para interceptar uma bola impossível. E só não sofremos um segundo pelo mesmo lado porque Helton defendeu e Maicon cortou para canto. Merecia o tratamento do costume: umas chibatadas do Paulinho, às quais somava um banhinho em alcatrão e uma bela cobertura em penas. E um ou dois jogos na bancada.

(-) Jackson, apesar do golo. Demasiado complicativo e a jogar quase sempre para as costas, sem ver sequer se um colega estava pronto para receber a bola. Marcou o golo, mas espero sempre mais dele do que perder bolas consecutivas e desperdiçar ataques como um ricaço a acender charutos com notas de quinhentos. Implorei a Fonseca que o tirasse a meio da segunda-parte, mas acho que o mister só me ouviu aos 88 minutos. Como de costume.

(-) Licá não pode ser extremo. Não pode. Criou duas jogadas de perigo quando apareceu na pequena área. Não conseguiu um lance decente pela linha. Tem sido uma constante em quase todos os jogos de Licá pelo FC Porto e questiono se pode ter lugar no onze se não cumpre na posição onde é colocado. Gosto do rapaz, luta muito e ajuda a equipa sempre que pode…mas as lacunas técnicas e tácticas podem lixar-lhe a vida a curto prazo.


Vencemos bem mas tive as minhas reservas, especialmente depois de ter reparado que a minha filha estava vestida com um casaco de malha…com riscas verticais verdes e brancas. Agoeirenta, a estuporada, mas ao que parece deu sorte. Sai um casaco vermelho quando formos à Luz!

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Ouve lá ó Mister – Rio Ave

Mister Paulo,

A derrota em Madrid deixou-me a pensar um bocadinho, a contemplar o que raio te haveria de dizer depois desse jogo, e o facto de ter andado mais ocupado que uma putéfia com sete pachachas me impede de continuar as lides. Além do mais, ando com a sinusite a bater-me nos cornos, um mundo de muco na penca e um farrapo em geral. Se a isso somares as bolas ao poste, o penalty falhado e a falta de garra da equipa, está tudo, mas tudo bem fodidinho.

E hoje vai ser mais um desses jogos em que temos de aturar uma equipa com um treinador que já usou as nossas cores na camisola e que por hábito nos dão a água p’la barba. Ainda por cima se estiver vento lá na Vila, upa upa, mais complicado se torna. Se os rapazes não estiverem com vontade de correr, xissa penico que nos vemos tramados. E se se começarem a armar em parvos como no ano passado e botarem fora vantagens perfeitamente decentes porque um demónio lhes falou ao ouvido…então aí vou ter de me chatear. E nesta altura, começo a ficar como a versão cartoonizada do Givanildo: “Don’t make me angry. You wouldn’t like me when I’m angry”.

No fundo, tenho defendido a equipa até um certo ponto. Acho que a táctica é desajustada, acho que tu não mostraste pulso suficiente para lhes dares dois tabefes quando é preciso, acho que o Varela é mais inconstante que uma mulher alcoolizada e acho que o Lucho está a jogar fora do lugar dele. Acho também que o principal problema é mental e não táctico, é moral e não técnico, é psicológico e não estratégico. Mas começa a ser difícil segurar esta premissa quando vejo que não consegues dar a volta a isso. A mudança, mais uma vez, está nas tuas mãos. E aproveita este jogo que o Tarantini não pode jogar. Por favor.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Atlético Madrid 2 vs 0 FC Porto

À imagem do que aconteceu há dois anos, onde perdemos por culpa própria a oportunidade de passar à fase seguinte no último jogo, saímos da Champions depois de mais um jogo em que não houve FC Porto suficiente. É já uma conversa de meses e já cansa de perceber a quantidade de passes falhados, desorientação táctica e alguma falta de inteligência e agressividade competitiva que ilustra o que é a nossa equipa na actualidade. Somos pouco Porto para o que gostaríamos de ser e não conseguimos fazer mais por clara incapacidade dos jogadores em lutar contra dificuldades, aliada à intransigência do treinador em alterar um sistema táctico que pouco mais trouxe que inconsistência exibicional e muita falta de capacidade de se impôr aos adversários, grandes ou pequenos. Siga para as notas:

(+) Defour. Elegê-lo o melhor em campo do FC Porto pode parecer estranho mas foi o que mais me entusiasmou, apesar da posição não o beneficiar. Aliás, a posição não o beneficia nem a ele nem a Fernando, mas o belga parece sempre um pouco mais à vontade que o brasileiro quando precisa de subir no terreno. Muito bem nas dobras, saiu quando não merecia…e não faço a menor ideia do porquê.

(+) Jackson. Não marcou mas tentou sempre lutar mais que a maioria dos colegas. Inconformado com o resultado, procurou sempre marcar pelo menos um golo para empurrar a equipa para a frente, ele que passou o tempo quase todo a ser (bem) marcado por Miranda e sem grande espaço para a finalização em condições. Mandou uma bola ao poste, sacou um penalty porque insistiu num lance meio perdido e não merecia que Josué falhasse. Pensando melhor, ninguém merecia.

(-) Não houve “do or die”. Só houve “die”. É a postura, estúpido! Tudo a ganhar, nada a perder a não ser algum orgulho…e onde é que esse lá vai depois das duas derrotas em casa e do empate com o Áustria de Viena. E podemos lamentar as quatro bolas nos postes e dizer que a sorte não quer nada connosco, mas falhámos quando não a procuramos convenientemente. Qualquer adepto fica com uma profunda sensação de vazio quando vê a falta de garra daquela malta. O jogo desenrolou-se a uma velocidade excessivamente baixa, com um ataque em leque à andebol que não furava, não tentava atacar os defesas, raramente rematava e perdia bolas como se o futuro da competição não dependesse da sua posse. Devemos ser, neste momento e em situações de nervosismo mais elevado, o ataque mais lento e menos perigoso da Europa. A táctica não ajuda e o treinador não parece disposto a alterar a esquematização da equipa em campo, usando apenas um médio recuado em vez dos dois que agora coloca lado a lado. E se virem o Atlético, reparam que também usam dois médios à entrada da área…mas o resto do esquema não se pode sequer começar a comparar com o nosso. Uma táctica é mais ou menos ofensiva quando depende dos seus intérpretes, por isso é que os nossos rapazes estão tão estranhamente distantes e vazios de vontade e de capacidade criativa e organizacional. Têm medo e não o conseguem ultrapassar. E isso, ver isso em campo, ver isso em homens que parecem meninos quando jogam contra homens que se mostram homens…é deprimente.

(-) Lucho. Não está bem e nota-se em campo. O posicionamento demasiado perto do avançado-centro parece estar a condicionar os seus movimentos mas El Comandante não está a facilitar, servindo para pouco mais que uma parede que os outros médios usam para tabelar a bola e continuar o jogo lento e horizontal. Não está a conseguir comandar a equipa como todos esperávamos que conseguisse fazer.

(-) Alex Sandro. Mais um belo pedaço de estrume que largaste hoje em campo, Alex. Uma atitude indolente que enerva duzentos monges tibetanos, a postura do “eu finto três gajos sem problema”, mesmo antes de ficar sem a bola. Há jogos em que merece um par de estalos bem dados com a parte de fora da mão. Usando uma soqueira ensopada em cola quente e coberta com vidro moído. No mínimo.


Caímos sem estrondo para a Liga Europa, lugar onde vamos parar apenas por demérito próprio e pela incapacidade de fazer mais do que um mísero ponto em casa. É muito pouco para um clube como o nosso e temos de aprender com os nossos erros, a começar pelo treinador e continuando pelos jogadores. Há poucas oportunidades de causar boas primeiras impressões e tu, Paulo, falhaste. Falharam todos.

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Ouve lá ó Mister – Atlético Madrid

Mister Paulo,

Aqui há três anos fomos dar um salto a Madrid para um jogo da fase de grupos da Champions (Dios mio, que eu era tão idiota naquela altura). Vencemos por três golos de vantagem e mostrámos que tínhamos uma equipa com tomates para chegar longe, exibimos bom futebol e despachámos os moços com um golo de Bruno Alves, outro de Falcao e um balázio de Hulk a fechar as contas do grupo D, onde terminámos no segundo lugar. Depois disso veio mais uma eliminatória contra o Arsenal onde depois de uma vitória por 2-1 em casa, com uma anedótica exibição de Fabianski, lá fomos a Londres apanhar as habituais bojardas nas trombas que os bifes nos habituaram a enfiar. Ah, e perdemos o campeonato para o Benfica ao fim de quatro anos de vitórias consecutivas. Dos rapazes que jogaram no Vicente Calderón sobram Helton na baliza, Fucile na defesa, Fernando no meio-campo e Varela no ataque. Ou seja, não sobra quase nada.

Hoje tens a oportunidade de limpar a imagem de cinco jogos semi-miseráveis que compõem até agora a tua carreira europeia. E já sei que não dependemos apenas de nós, que temos de esperar que a equipa desse mesmo rapaz que em 2009 enfiou um tiraço na baliza do Asenjo consiga hoje perder ou empatar contra os austríacos para podermos sonhar em passar em frente. E tudo depende de ti, Paulo, de ti e dos teus. Não tens nada a perder. Não sei se o Lucho pode jogar ou não, por isso inventa o que quiseres no meio-campo, no ataque, na defesa. Age como se a tua vida dependesse disto porque te garanto que se não passares não vem mal ao mundo e seguimos resignados para a Liga Europa…mas se passares, pá…se passares, os adeptos vão-te olhar com outros olhos. E se ganhares o jogo e mesmo assim não passarmos…ao menos saímos de pé como as árvores.

Bora lá. Estarei a ver e a sofrer.

Sou quem sabes,
Jorge

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