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Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 0 CS Marítimo

Cheguei cedo ao estádio. Já com dois cafés no bucho depois das 18h, encontrei dois dos meus amigos/colegas de bancada em conversa intercalada com bocejos lá íamos debatendo as últimas novidades nas nossas vidas, passando o tempo até entrarmos pela porta (dezanove, claro) de entrada para o Dragão. Tinha dormido mal e estava cheio de sono, o dia de trabalho foi rotineiro e pouco entusiasmante depois de uma semana intensa. Cansado, ensonado, subi a interminável escadaria na companhia da malta boa que comigo se habituou a ver o jogo, mas desta vez ia mortiço. Precisava de algo que me acordasse…e a brilhante pentângulação do primeiro golo foi o primeiro estalo que levei nas bochechas, logo se seguindo aquela obra de arte do rapaz que hoje jogou com o número dezassete e que tantas vezes tem feito por merecer as minhas críticas. Hoje, vergo-me perante ele e perante a equipa, porque me despertou e fez um dos melhores jogos do ano. Não há nada a dizer de negativo, há que aproveitar o descanso de uma grande exibição e dar os parabéns à equipa. Vamos a notas:

 

(+) A dinâmica da equipa A maior mais-valia do FC Porto actual vê-se quando James se junta a Lucho e Moutinho no meio-campo e começam a trocar a bola com um rendilhado difícil de igualar e com resultados visíveis. A jogada do primeiro golo é trabalhada, treinada, e fruto de um misto de rotina com inspiração que um equipa com um avançado como Jackson está a mostrar ser, letal. É isto que os adeptos pedem a Vitor Pereira, que dê hipótese a que os jogadores gostem de jogar juntos, que se enquadrem num plantel que tem opções múltiplas, umas melhores que outras como em todos os plantéis, mas que quando as mais válidas e talentosas estão em campo possam pôr na relva tudo o que os coloca no topo da lista. Hoje, como já vimos noutros jogos este ano (contra o Guimarães ou o Paris Saint-Germain, por exemplo), fomos muito melhores porque fomos unidos, inteligentes e criteriosos no passe, na retenção da bola e na busca do cenário certo no momento certo. E os adeptos agradecem, aplaudem e sorriem.

(+) James Sim, o segundo golo foi um lance de sorte, mas foi das poucas situações em que a sorte ditou o que James produziu, já que o resto foi tudo dele. Muito boas desmarcações e excelente a descair do flanco para o centro quando a equipa precisa de rodar a bola com inteligência e capacidade técnica e visão global de jogo, nem sempre é pelo meio que cria mais perigo, mas é certamente por aí que faz com que o jogo flua com mais intensidade e progressão ofensiva. Está a conseguir uma posição na equipa que o está a transformar numa das principais figuras da equipa não só pelo nome e pelo potencial mas pelo futebol jogado em campo. E isso é bem mais importante que vários Sequins de Ouro da bola mundial.

(+) Jackson Já me convenceu. No início tive dúvidas quanto ao seu valor pela aparente falta de mobilidade e entrosamento com os colegas, até porque o investimento tinha sido alto e estava à espera que fosse uma questão cesariana de chegar, ver e vencer. Mas percebo agora que é um jogador diferente de Falcao, menos goleador “à boca do golo” e diferente na movimentação na área e em progressão. Ambos os golos que marcou são fruto de inteligência posicional e facilidade técnica no controlo da bola e do corpo perante a bola, especialmente pela forma como se movimenta na última linha de defesa do adversário e sempre a centímetros do fora-de-jogo, como um Filippo Inzaghi núbio com sotaque espanhol. Gosto do moço.

(+) Varela Não há dúvida nenhuma na minha cabeça que Silvestre Varela é, por mérito dos últimos jogos em que esteve em alta, titular absoluto do FC Porto. E é-o porque é mais jogador que o novo pretendente ganês que ganhando pontos pela juventude e irreverência, perde em experiência e discernimento táctico para o português. Hoje, Varela esteve em bom plano pelo jogo que fez e pela agressividade que colocou em campo ao serviço da equipa, pela luta que travou com tudo que lhe aparecia pela frente e por nunca desistir quando achava que tinha hipótese de triunfar. E marcou um golo que fica na memória de todos que hoje estiveram no Dragão. Bom jogo, rapaz.

 

(-) Marítimo e a complacência da arbitragem Não fosse o resultado ter-se avolumado facilmente e o jogo podia ter caído para as profundezas de um inferno de pancadaria caso os jogadores do FC Porto perdessem a cabeça com as entradas do adversário que começaram a enervar os adeptos. Quando a defesa do FC Porto é composta por nomes como Mangala, Otamendi e Abdoulaye, juntamente com um Defour que hoje parecia ter bebido sete latas de Coca-Cola antes do jogo tal foi a vontade com que entrou para acertar em alguém, um ou dois pequenos incidentes podem descambar em estupidez generalizada e sangue quente a mais. Não aconteceu (mérito aos nossos moços) e Cosme Machado teria culpas se tivesse acontecido, tal era a displicência com que lidava com algumas patadas que os madeirenses acertavam em James ou Lucho. Vá lá, correu bem.

(-) As lesões Maicon, Fernando, Helton e depois Lucho. Parece azar demais para ser verdade mas não houve uma única substituição táctica na equipa do FC Porto hoje à noite já que todas elas foram fruto de lesões dos titulares que tiveram de sair para dar lugar aos colegas que se colocaram nos mesmo sítios, com as mesmas características mas estilos bem diferentes. E não sei porque é que Lucho continuou em campo, porque pareceu-me ver Vitor Pereira e Nelson Puga a mandarem o rapaz sair de campo ou, no mínimo, encostar-se à direita em troca com James para que não tivesse de percorrer muitos metros com uma possível lesão. Não sei se algum recuperará para Kiev, mas é um motivo de preocupação para todos. Imaginam um onze na Ucrânia com Fabiano, Miguel Lopes, Otamendi, Abdoulaye e Mangala, Defour, Danilo e Moutinho, Varela, James e Jackson? Uau.


Do jogo de hoje sobrressai ainda uma nuance mais evidente: quando o FC Porto joga perante uma equipa que não se fecha lá atrás no casulo da sua própria rede defensiva, os resultados são brilhantes. Há alturas em que parece estarmos a ver um grupo de rapazes genuinamente entusiasmados com o estilo de jogo que apresentam e crescem à medida que o jogo vai avançando. Para lá da excelente visão de James, do instinto de Jackson ou do esforço de Lucho em terminar um jogo com dores, a questão coloca-se: porque é que não jogamos sempre desta forma? Não sei explicar, mas hoje também não quero. Só quero apreciar esta charutada que demos aos nossos amigos madeirenses. Pum. Vezes cinco. Soube muito bem.

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E que tal voltarmos a ser arrogantes?

Há uma incongruência latente nos últimos três jogos do FC Porto, curiosamente todos disputados em diferentes competições. Uma espécie de contradição entre o que se diz e o que vejo ser feito que me está a pôr a cabecinha toda comidinha por dentro. Logo eu, que faço por preferir a lógica em detrimento da paixão sempre que posso, não consigo perceber o que se tem vindo a passar. Então não é suposto termos uma equipa que joga em posse? Que tenta dar o privilégio a manter o controlo da bola, rodando-a entre os nossos jogadores até que seja encontrada uma brecha nas linhas do adversário para conseguir subir de uma forma sustentada pelo terreno, pressionando entre toques atrás de curtos toques, como um exército da era moderna a avançar em passo contínuo pelos terrenos de um campo de batalha? Pensava que sim, mas não é o que tenho visto em tempos recentes.

Desde Santa Eulália, passando no Dragão contra o Dínamo e agora no Estoril, houve largos períodos do jogo em que a bola foi entregue ao adversário com uma facilidade absurda, como se os princípios de jogo tivessem sido atirados abaixo de um penhasco e amarrados com um fio de norte para poderem ser puxados para cima caso fosse necessário. E foi também evidente que bastaria uma pequena aceleração dos processos, uma recuperação moral que faz com que cada jogo tenha de ser nosso desde o início, um regresso à base tão simples como ver o David Luiz a jogar com os braços, bastaria esse pequenino empurrão de velocidade, garra e inteligência competitiva, e o mundo regressaria aos seus eixos e as forças da física e do futebol modernos voltariam a fazer sentido. Mas porque raio temos deixado que os adversários peguem no facho do jogo e nos empurrem para a nossa defesa?

Não entendo, palavra. Parece que estamos a perder a arrogância positiva que devíamos impôr em cada confronto em que estamos envolvidos, aquela exclamação que todos os portistas têm em todos os jogos: “É para ganhar, carago!”. E nos últimos tempos não tenho visto isso. Não apregoo que nos lancemos por cima do adversário como elefantes depois de umas snifadelas de coca, até porque aprovo o estilo e agrada-me ver a construção de trás para a frente com calma e com um jogo pausado e pensado. Mas preciso de mais. Preciso de ver os jogos ganhos com autoridade, sem a tremideira que inevitavelmente se tem sucedido à conquista de um resultado positivo, em que o adversário tem a bola mais tempo do que devia e onde a nossa defesa fica exposta a um lance fortuito, um remate de longe, um ressalto ou uma jogada de inspiração que nos faça perder pontos, para lá do cagaço com que fico sempre que a bola é enviada para a nossa área e tenho de depender que Helton ou Maicon não estejam distraídos a pensar no Batman ou no arroz de pato que vão comer mais tarde.

Preciso de mais. Precisamos todos de um bocadinho mais.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 2 Dinamo Kiev

Pensei que ia ser um jogo tranquilo, mas rapidamente percebi que já não há jogos tranquilos com este FC Porto. Toda a partida foi disputada a um ritmo tão lento, vagaroso, com fraca qualidade de passe e rotação, jogadores constantemente parados à espera que a bola lhes chegasse aos pés e uma enervante incapacidade de manter o esférico no relvado. Não vi vontade de jogar para ganhar, para arrumar o jogo cedo e chegar a três vitórias noutros tantos jogos. Hoje, os jogadores não estavam para aí virados e insistiram em cometer erros infantis e displicências de um amadorismo inexplicável. Conseguimos vencer o jogo porque a eficácia, outrora tão ausente dos nossos pés, hoje fez uma aparição na altura certa e no lugar certo pelos…pés de Jackson e de Lucho, talvez os únicos que se safaram com notas positivas. Enfim, valeram os três pontos. Notas abaixo:

 

(+) Jackson Finalmente, golos normais, de ponta-de-lança, a aparecer no momento certo a receber os passes dos companheiros e a desmarcar-se na perfeição para acertar na baliza em condições, ao contrário do que tinha feito em Zagreb. Parece estar mais habituado ao nosso estilo e tem razões de queixa dos companheiros porque por diversas vezes conseguiu controlar bolas pontapeadas sem grande preocupação de pontaria por Helton ou Maicon…e não tinha ninguém para quem as passar. Se o primeiro golo é um excelente movimento para um avançado, a aguentar a carga do central ucraniano e a passar a bola por baixo do guarda-redes, o segundo é exactamente o que se pede a um ponta-de-lança: estar no trajecto da bola em condições de marcar. Salvou a equipa, quase sozinho.

(+) Lucho Correu que se fartou e teve ainda de aguentar o jogo inteiro, ele que não deve ter assinado contrato para jogar mais de 70 minutos por jogo foi um dos poucos que esteve ACIMA do ritmo dos colegas, o que é obra tendo em conta a habitual passada lenta do argentino. Duas assistências e muitas tentativas de animar a equipa fizeram dele uma das figuras do jogo, mas surpreendeu-me mais pela pressão alta que continuava a fazer no meio-campo contrário. Bom jogo.

 

(-) A lei do menor esforço Devo dizer que Vitor Pereira me surpreendeu quando a equipa surgiu sem alterações para a segunda parte e ainda mais quando vi que no final apenas tinha rendido três dos seus homens de campo. Digo isto porque a ideia com que teria ficado, caso não soubesse que o jogo contava para a terceira jornada da fase de grupos da Champions League, era que o Dínamo tinha vindo à Invicta para um particular a meio da temporada e ia ser um daqueles jogos chatos em que se muda meia-equipa ao intervalo e os onze que terminam não são os que a começam. Porque foi um jogo inteiro de esperar que o adversário fizesse alguma coisa para que a equipa pudesse espevitar (ma non troppo) e procurar marcar um golo para fechar o jogo. Mas só um, que trabalhar faz calo e isto até se está bem aqui sem cansar muito. James andou perdido grande parte da partida (vêem agora porque é que quando um “10” está em baixo a equipa sente ainda mais que ele?), Danilo raramente conseguiu subir pelo flanco, Mangala não sabe subir pelo flanco (faz lembrar Maicon no ano passado a jogar à direita, faz o que pode), Varela pouco mais fez para lá do golo e até Fernando perdeu algumas bolas por atitudes displicentes. Foi fraco, muito fraco para quem estava claramente a subir de produção até ao jogo com o Sporting e não me convenço que foi a paragem competitiva que lhes tramou a confiança. Foi preguiça, só isso, preguiça. Foi a falta de vontade de mostrar ao Dínamo, como tiveram contra o Paris Saint-Germain, que quem manda somos nós e mandamos porque somos muito melhores. Equipas como esta de Kiev (como o Rio Ave antes dela, com as diferenças ajustadas para a competição em que as defrontamos) arriscam-se a ganhar pontos ao FC Porto quando os nossos rapazes se acham superiores a terem de sujar os calções para vencer um jogo. Não gosto de arrogância prematura quando há muito ainda para provar e por isso não gostei do jogo de hoje.

(-) Moutinho Um jogo totalmente off do João. Falhou mais passes hoje à noite que em toda a época 2010/2011 e nunca pareceu confiante em levar a bola para a frente ou criar linhas de passe em movimento. Displicente a receber a bola, fraco nos passes de retorno e inconsequente nas desmarcações, foi pouco mais que uma parede a três dimensões que passeou pelo relvado a ritmo de treino sem nunca conseguir entrar no jogo. Saiu bem, apesar de Defour pouco ter trazido de novo ou de muito mais produtivo.


É verdade que ainda podemos não nos qualificar para a próxima fase, o que seria injusto mas perfeitamente ao alcance de uma equipa de duas caras como esta do FC Porto de Vitor Pereira. Quem este ano apenas tiver assistido aos dois jogos do FC Porto no Dragão a contar para a Champions, devem pensar que o equipamento secundário traz com ele uma dose de calmantes e uma garrafa de brandy, porque comparar a partida de hoje com o que se fez contra o Paris Saint-Germain é pura brincadeira. Não consigo entender como é que se entra em campo tão motivado a não fazer quase o mínimo exigível para uma equipa que quer ser grande mas que insiste em ter performances abaixo do que pode e sabe fazer. Não consigo entender, palavra.

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Sporting CP

foto retirada de desporto.sapo.pt

Perto do final do jogo, já depois do segundo golo ter finalmente entrado na baliza do Sporting, as claques começaram a entoar a música do costume. “Outra vez, outra vez, campeonato c’o caralho outra vez…”, e o estádio cantou, como quase sempre faz quando o Sporting nos honra com a sua visita e sai daqui habitualmente a pedir almofadas para sentar o rabinho dorido no autocarro. E cantei com eles, com alegria, até que um dos meus colegas de bancada disse a melhor frase da noite: “É mesmo verdade, as músicas clássicas são as melhores!”. Pumba, embrulha. Dá sempre gosto vencer um clássico, mas este teve o dom adicional de enervar um estádio inteiro pela nossa falta de capacidade de impôr um ritmo consistente e forte de início a fim contra uma equipa que está muitos níveis abaixo da nossa. Custa-me ver brincadeira e um quase desprezo pelo adversário quando o resultado está a um lance fortuito de passar de positivo a negativo. Ainda assim foi uma boa vitória, com menos brilho que na quarta-feira contra o PSG mas ainda assim uma vitória com todo o mérito. Notas abaixo:

 

(+) Otamendi Quase perfeito nos cortes e nas intercepções, fez com Maicon e depois Mangala uma dupla praticamente intransponível no relvado do Dragão. Estava em todo o lado pelo chão e pelo ar, ajudou a pressionar à frente e tapou o que era preciso com o vigor habitual que por vezes é exagerado mas hoje esteve na medida certa. Firme na saída com a bola controlada, foi no lado direito da defesa que melhorou quando Vitor Pereira (bem, depois de ver que Mangala não se estava a adaptar bem a ocupar a mesma zona de Maicon) o trocou para essa posição e foi o melhor em campo do FC Porto.

(+) Helton Mais uma vez, como tinha feito em Faro e Zagreb, foi o guarda-redes que uma equipa grande precisa, porque está poucas vezes em acção mas fê-lo sempre com segurança e impediu que o Sporting marcasse sem ser merecido mas que poderia ter colocado dificuldades indesculpáveis à nossa defesa. Duas grandes defesas e várias saídas da baliza marcaram-no como pivotal na vitória de hoje.

(+) O golo de Jackson Começo a achar que marca os golos mais difíceis e falha os fáceis, mas mais uma vez fez uma obra de arte digna de passar em todas as televisões do Mundo acima de qualquer golo de Ronaldo ou Messi. O controlo da bola na coxa, a inflexão do corpo e o calcanhar em pleno voo foram inesquecíveis para quem tiver estado hoje no Dragão. Se ao menos conseguisse fazer o mesmo em jogadas…vá, normais…e tínhamos aqui uma pérola. Assim…ainda tem muito que provar.

 

(-) Baixar o ritmo cedo demais O jogo de hoje deixou-me nervoso sem necessidade e esse é o pior tipo de nervosismo que posso ter durante um jogo para lá de um ou outro jogador lesionado e a chuva que me pode molhar no regresso a casa. É aquela atitude de “cagão”, como se diz no Norte, de quem olha de cima para baixo sem o respeito que o adversário merece e não procura chegar a um patamar de qualidade que seja condizente com o valor das duas equipas, é essa arrogância negativa que me chateia. Porque um bom resultado de um a zero rapidamente se transforma num infeliz empate graças a um remate fortuito ou um lance azarado do guarda-redes, e ainda há uma semana tivemos um excelente exemplo disso mesmo, em Vila do Conde. E a culpa não pode parar nos jogadores, porque Vitor Pereira não conseguiu colocar os rapazes a jogar com a intensidade que mostraram na passada quarta-feira contra o PSG durante mais que os primeiros vinte minutos, em que estivemos novamente bastante bem. Das duas uma: ou Maicon é o líder espiritual da equipa e quando não está em campo há um relaxamento natural graças à falta do “pastor”, ou os gajos olharam para o Sporting e não o temeram. Mas têm sempre de temer o adversário, ou no mínimo darem-lhe o benefício da dúvida. Hoje fomos arrogantes e tomamos o jogo como ganho antes disso acontecer. Não gostei.

(-) Danilo Está-me a começar a preocupar o rendimento de Danilo na lateral-direita. Constantes desconcentrações no flanco, persistentes falhas no passe e pouca audácia a subir no terreno colocam uma pressão extra na utilização do brasileiro em detrimento de Miguel Lopes que é menos jogador mas muito mais consistente e lutador. Danilo tem de subir a produtividade sob o risco de começar a ser “queimado” pelos adeptos e já sei por experiência que não será fácil recuperar a imagem perante os adeptos.

(-) Sporting É fraquinho, este Sporting, e nem as perenes reclamações contra arbitragens lhes safa a imagem de uma equipa desorientada, com poucas ideias e com jogadores sub-aproveitados. A um meio-campo forte em nomes mas fraco em produtividade e um ataque que pouco cria apesar da velocidade de Carrillo, o posicionamento de Wolfswinkel e a técnica de Pranjic juntam-se dois centrais com mais corpo que inteligência e dois laterais que sobem o suficiente para intimidar mas nunca passam da mediania. Cedric talvez seja o melhor jogador deste Sporting, o que é dizer muito.


E agora, mais uma paragem para selecções e duas semanas sem jogos do meu clube. Chateia-me, mas é assim que o campeonato está estruturado. Talvez funcione para a recuperação de Maicon e Alex Sandro, titulares indiscutíveis neste FC Porto 2012/2013, e deixe descansar alguns jogadores que passaram uma semana intensa com as nossas cores. Que não haja lesões e o desgaste das viagens seja colmatado por um regresso em condições à competição. Por agora descansemos. As emoções voltam em breve.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Paris Saint-Germain

foto retirada de fcporto.pt

Ibrahimovic é a personificação do Arcanjo Gabriel? Otamendi tratou de lhe cortar as asas (e os pés e se chegasse aos dentes, também iam). Verratti é o novo Pirlo/Rijkaard/Michel? Moutinho meteu-o naquele bolsinho de guardar o isqueiro. Sakho é o futuro líder da defesa francesa à imagem de Thuram? James deu-lhe dois ou três nós que o pôs à procura dos rins no relvado. Van der Wiel é o futuro do futebol holandês? Varela fintou-o e depois Alex Sandro fintou-o outra vez. E riram-se dele e para ele. Acima de tudo e acalmando um pouco a arrogância, só quero dizer que não temos que ter medo de boas equipas, porque também somos uma delas. Jogámos com convicção, inteligência e acima de tudo vontade de vencer, sem exageros e vedetismos. Uma equipa solidária, firme e unida. Só faltou acertar mais uma ou duas vezes na baliza para ser perfeito. Não somos geniais, mas somos competentes. E devíamos ser competentes como hoje em todos os jogos que disputamos…mas isso é conversa para outro dia. Hoje só há tempo para celebrar uma excelente exibição numa bela noite para o nosso clube. Notas abaixo:

 

(+) Fernando Vergo-me na sua presença, senhor Reges, pois a brilhante aura da sua exibição paira ainda por cima da minha cabeça como se tivesse sido atingido por um relâmpago de intensidade acima da média. Esteve perfeito no posicionamento, na intercepção e na capacidade de jogar simples e prático, como quase sempre faz quando está com a cabeça no sítio. Roubou montes de bolas ao adversário e rodou-as sempre no sentido certo, com a dose certa de força e a percepção perene da situação da sua equipa e do adversário. Dizia-me o Dragão Crónico, com quem costumo ter o prazer de partilhar os jogos em casa, que não compreende como é que este rapaz ainda por cá anda e não houve nenhum clube europeu que o viesse buscar. Nem eu, meu amigo, nem eu…

(+) Varela Quando penso que já não me pode surpreender, Varela fá-lo. Apesar de um falhanço tremendo num 1×1 contra o guarda-redes do PSG, que nestes jogos dá vontade de bater no autor da ignomínia, a entrada de Varela em campo foi tremenda e ate os próprios franceses devem ter ficado surpreendidos com a vontade do Silvestre em forçar o flanco esquerdo. Recuperava bolas, jogava nas tabelinhas e acima de tudo mostrava um empenho em quase todos os lances que me deixou eufórico e cheio de vontade que Varela volte à forma de 2009/2010, quando cá chegou. Saiu esgotado para a entrada de Atsu, com um aplauso como já não recebia há muitos meses. Totalmente merecido.

(+) MoutinhoUma excelente exibição do nosso João, sempre a pegar na bola em zona recuada e mesmo sem conseguir lançar os ataques como gostava graças ao lento avanço da equipa em campo conseguiu ser um pivot no meio-campo a partir do qual nasceram quase todas as jogadas perigosas do FC Porto. Normalmente virado para o lado esquerdo, com Lucho também muito bem a seu lado, Moutinho entendeu-se muito bem com Alex Sandro e Varela, enquanto as pernas do português aguentaram e continuou a entender-se magnificamente bem com Atsu (que entrou com uma garra notável, parabéns, puto!) por aquele flanco. Mas foi no centro, nas triangulações de primeira com Fernando e Lucho, que Moutinho mais brilhou, pondo os jogadores do PSG atrás de bola com os olhos, nunca lhe conseguindo chegar sequer perto. Excelente.

(+) James Não teve uma grande noite e no início do jogo apagou-se perante a força da entrada de Varela. Sim, foi o que acabei de dizer, fechem a boca. As coisas não lhe corriam bem, a bola prendia na relva e naquelas miseráveis partículas de azoto no ar, as malditas. Não parecia ser a sua noite, mas apareceu mais solto na segunda parte e o golo que marcou foi completamente merecido, porque ao contrário do que vi já muitas vezes James a fazer, desta vez nunca desistiu, só parou quando não teve pernas para mais.

(+) A dupla de centrais À primeira vez que a bola chegou perto da nossa área aos pés de Ibrahimovic, imediatamente o sueco sentiu a presença da Ceifeira a seu lado. Mais concretamente por detrás, porque Nicolas Otamendi tratou de lhe dizer que estava ali e não admitia parvoíces. Belo. Algumas falhas pontuais não mancham uma excelente exibição de ambos, com Maicon a jogar nitidamente nervoso depois daquela gigantesca ingenuidade em Vila do Conde, mas Otamendi deu-lhe a confiança que precisava para crescer durante o jogo e acabar em grande. Secaram quase sempre os avançados do PSG. Nada mais lhes foi pedido.

 

(-) Defour Entrou mal, o belga. Não conseguiu manter o ritmo que Lucho até então tinha imposto, mas as pernas cederam e a entrada de Defour era essencial, mas não correu bem. Perdeu várias bolas, fez passes fracos e nunca conseguiu estabilizar o meio-campo como Lucho, deixando que os franceses conseguissem subir frequentemente até à nossa área, felizmente sem causar mossa de maior. Um mau jogo no meio de vários bons.


Fim de tarde a meio da semana na Invicta? Check. Camisola do FC Porto no lombo? Check. Trânsito a fazer parecer que estavam a atirar benfiquistas abaixo da ponte do Freixo? Check. Carro estacionado no meio de novecentos outros perto da Velasquez? Check. Café tomado no Bom Dia? Check. Poucas variantes podem fazer com que o meu destino não fosse o Dragão, em jogo de Champions. Digam o que disserem, mas estes jogos são especiais, há um ambiente no ar que não se nota nas outras tradicionais partidas de competições menores, porque esta é a grande. É a minha mais melhor preferida, de longe. E com uma partida jogada a este nível com um resultado positivo…que mais pode um portista pedir?

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