Um rápido olhar sobre a entrevista do NGP


Continuo a chamar-lhe NGP, independentemente do que diga ou pense e das atitudes que tome. A não ser que se lembre de começar a correr nu pelo relvado do Dragão com uma bandeira monárquica nos braços a gritar: “Talassas, apoiemos o Rei!” enquanto enfia pacotes atrás de pacotes de peta-zetas pelo nariz acima, continuará a ser uma figura que merece o nosso respeito e a nossa veneração. Com isto não digo que é impossível contestar o que diz ou pensa, pelo contrário, mas a crítica vil que merece de tantos sectores da imprensa e dos honrosos oponentes que foi criando ao longo dos mais de trinta anos à frente do nosso clube deve ser contraposta por uma análise fria às suas palavras e aos seus actos. Introdução feita, adiante.

Não gostei da entrevista. Ouvi-a depois de ler alguns excertos e continuei a não gostar. Ninguém estava à espera que Pinto da Costa viesse a público criticar o treinador e as suas opções, arrasar as falhas defensivas que nos fizeram perder pelo menos sete pontos desnecessários no campeonato e nos custou a eliminação da Champions, questionar a validade das tácticas ou o esforço dos jogadores. Não é assim que se gere um clube de futebol e quem estava a salivar por um desancamento público mais vale começar a pensar um bocadinho antes de falar. Era mais que óbvio que viria a público defender o treinador e atirar com a culpa para terceiros. Os árbitros, sempre os árbitros, esse bode tão fácil de expiar e tão usado por todos que vêem a sua tarefa dificultada por si ou pelos outros. Faltou-lhe a assunção de algumas falhas, a percepção da forma menos exuberante de alguns jogadores e algum mea culpa por negócios que talvez não terão sido os mais acertados. Nunca teríamos nada disso porque Pinto da Costa não falha, pelo menos em público. Em privado, muito provavelmente já terá chegado com a roupa ao pêlo do Fonseca e se não o despediu é porque, segundo um dos meus colegas de Porta, “quer ver se está mais perto que nunca de pôr um bidão a treinador e ser campeão na mesma”.

Metáforas hiperbólicas aparte, até acredito.

Link:

Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Setúbal

É uma constante que começa a ser cansativa em largo número de jogos que vejo ao vivo no Dragão. Uma vitória por números simpáticos e bons golos, sem golos sofridos…mas a exibição peca por escassa. E digo que começa a ser cansativa porque já ocorre há tanto tempo que se tornou uma espécie de hábito triste sair daquele palácio ao futebol com uma sensação que podíamos ser tão mais do que actualmente somos. Vencemos bem, com que o Setúbal a criar uma única oportunidade de golo para a nossa baliza (que Helton defendeu muito bem), mas o futebol é fraco, com pouco discernimento e a quantidade de passes falhados e jogadas desorganizadas é tão grande que não consigo perceber o que é que se pode fazer para melhorar. Vamos a notas:

(+) Varela. Para além do golo que marcou, estupendo e tão pouco característico neste paradoxo que é o nosso Silvestre, foi a capacidade de esforço durante todo o jogo, com excelentes jogadas individuais e de envolvimento com Alex Sandro pela esquerda. É sempre estranho dizer que Varela foi esforçado e as palavras que aqui escrevo podem ser retiradas na próxima semana com uma tirada de impropérios dirigidos ao número 17, mas hoje, como aconteceu várias vezes este ano, foi o melhor jogador da equipa. Uau. Uau mesmo.

(+) Carlos Eduardo. Quando pega na bola e a leva controlada em progressão, é um dos poucos que consegue arrastar uma equipa atrás de si…e se os colegas de facto o acompanhassem na correria e lhe dessem mais linhas de passe quando cavalga pelo meio-campo adversário, poderia ser ainda mais produtivo. Defende pouco e recua muito menos que James ou Deco faziam para vir buscar a bola à zona defensiva (isto para comparar 10s), mas consegue ser muito produtivo em menos espaço de terreno e acima de tudo é um gajo prático e brinca pouco quando não precisa de o fazer. Ah, e que grande golo marcou hoje!

(+) Mangala Marcar aquele latagão do Cardozo não deve ser fácil e nem Maicon nem Mangala conseguiram a 100% parar o paraguaio, mas Mangala esteve acima do colega da defesa (que como de costume começou com a tremideira depois da primeira falha) pela forma prática e rápida com que levou várias bolas da defesa até ao meio-campo, entregando-a a um colega em tempo certo e com a força adequada. Sim, leram bem, fez bons passes e não tentou (sempre) fintar todos os adversários incluindo os que estavam no banco, apanha-bolas e foto-jornalistas. Diria que é o único central do FC Porto que merece ser titular sem termos de pensar duas vezes.

(-) Lucho. Josué, em meia-dúzia de minutos, fez mais do que Lucho no jogo todo. Não sei se bebeu um ou dois cálices de espumante para celebrar o 33º aniversário antes do jogo, mas é triste perceber que o nosso capitão está a atravessar um momento mau, tão mau que o resto da equipa perde tanto com a sua presença ausente que o meio-campo parece estar em permanente inferioridade numérica quando Lucho está em campo. Nunca foi o jogador mais agressivo dos diversos plantéis de que fez parte, mas desde há alguns meses está muito lento de movimentos e incapaz de meter o pé numa bola dividida, acabando por funcionar quase exclusivamente como uma parede que recebe a bola no centro do terreno e a faz rodar quase sempre para trás. Fosse outro jogador e não usasse a braçadeira que usa e um treinador com tomates já o tinha tirado do onze.

(-) A falta de vontade de fazer mais e melhor. Aquela primeira meia-hora da segunda parte foi terrível. Imensos passes falhados, jogadas sem imaginação, pontapés para a frente e uma deficiente capacidade de trocar a bola no meio-campo adversário sem conseguir progressão no terreno sem ser pelo envio da bola pelo ar para Jackson que, sozinho, estava mais complicadinho que o costume e perdia bola após bola. Fico deprimido quando vejo que basta ao adversário subir um pouco no terreno e pressionar os centrais e um dos laterais…e logo se começam a acumular erros por falta de confiança e por uma absurda incapacidade de manter a calma. É verdade que falta muito apoio dos médios e dos extremos (quem?) que não descaem para criar linhas de passe e se mantêm estáticos à espera que o jogo seja movimentado pelo ar ou em lateralizações de cinquenta metros. Coisas fáceis, portanto. Dá trabalho jogar bem, não dá? Parece que sim, e é exactamente isso que deixa os adeptos entediados com estas semi-exibições.

(-) O fair-play é sobrevalorizado. Há poucas coisas que me fazem ter respeito por Jorge Jesus. O cabelo, a atitude de tasqueiro, a cagança quando vence, o mau perder quando não vence e o facto de ser treinador do Benfica não o tornam uma personagem fácil de admirar para um portista. Mas houve uma coisa que a homenagem portuguesa à Bonnie Tyler disse aqui há uns anos e que eu louvo e devia ser usado também pelos nossos treinadores sem excepção: quando um jogador adversário está no chão, os nossos jogadores não devem parar o jogo para que o rapaz seja assistido. Não duvido que é pouco provável haver unanimidade nesta corrente de pensamento e é evidente que há nuances (fracturas expostas, uma orelha fora da cabeça, por exemplo…) e até nos pode voltar para morder no rabinho, mas estou farto de ver jogadas ofensivas a serem paradas porque X ou Y se lembrou de cair depois de um lance dividido. Já perdemos lances demais por inépcia, estou farto de os perder também por bom-samaritanismo.


E pronto, com maior ou menor qualidade lá conseguimos igualar o resultado dos rivais e continuámos na perseguição. E a forma prática de pensarmos que só dependemos de nós é só uma falácia que nos lixa a perspectiva e nos prepara mal para um futuro desaire. Acham que estou muito pessimista?

Link:

Ouve lá ó Mister – Setúbal

Mister Paulo,

Que puto de tempo que nos molha o corpo e infecta a alma com o ruído do trovão e a inclemente fúria da chuva persistente! Se o temporal que caiu no Dragão na passada quarta-feira lhe apetecer dar mais um salto a esse tão nobre recinto hoje pelo início da noite, vamos ter um espectáculo daqueles à antiga, dos que me lembro tão bem ter apanhado nas velhinhas Antas, com aguaceiros assassinos, saraivadas agressivas e noites em que só se via a Lua a partir dos topos das montanhas. O Norte é fodido, pá, até nisto.

Mas mais fodido que o Norte é o povo do Norte. Ui, Paulo, que esses, os meus, são piores que uma noite de trovoada e mais incisivos que um par de dentes da frente. E tu, meu caro, não estás a fazer amigos com muita facilidade cá pelo burgo. É verdade que o Presidente te veio defender e que acredita no teu trabalho (óspois falo sobre a entrevista do homem, que ainda não vi nem ouvi por completo), mas até ele vai começar a pensar duas vezes se o futebol não melhorar. Sim, melhorar, porque chegar a um nível condizente com o que a malta está à espera daquelas camisolas azuis-e-brancas…acho que é um pipe-dream, pelo menos este ano. Estou certo? Não achas? Ainda é possível?

Acredito em ti, Paulo. Não tenho tido grandes motivos para isso e tu certamente não me tens dado a moral que precisava para chegar a esse ponto, mas hoje, no início da segunda volta, podes começar a mostrar que estamos no caminho certo. Atrasado, é verdade, mas ainda a tempo de fazer boa figura. Mais ou menos. Ganha lá o jogo, dá uma boa prenda de aniversário ao Lucho e deixa-nos sonhar um bocadinho.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Dragão escondido – Nº23 (RESPOSTA)

A resposta está abaixo:

Clayton Ferreira Cruz foi um elemento activo no plantel do FC Porto desde que chegou do Santa Clara a meio da temporada 1999/2000 e apesar de fazer três épocas e meia ao serviço do clube, nunca foi considerado um indiscutível no onze, muito menos um jogador amado pelos adeptos. Tinha boa técnica individual e um pé esquerdo acima da média, mas o estilo lento e alguma atrapalhação com a bola que levava a níveis de ineficácia “Marianos” fez com que fosse constantemente alvo de assobiadelas por parte do público das Antas. Ainda assim, conseguiu ser campeão e vencedor da Taça UEFA em 2002/2003 e fez ao todo 117 jogos e 25 golos pelo FC Porto, um dos quais de calcanhar na Turquia frente ao Denizlispor. Ficou-me na memória, que querem?

A maior parte do pessoal que tentou adivinhar esteve na mouche em termos de plantel…mas não no nome. Entre os nomes “ao lado”:

  • Alentichev– Um elemento vital no plantel 2002/2003, de onde foi tirada a foto, e pela posição que faltava e a altura do rapaz, era uma excelente hipótese…mas não era o russo, que jogou mais vezes descaído para a ala em 2003/2004, também com José Mourinho ao comando;
  • Capucho– Ah, as meias! As meias, amigos, eram o ponto fácil para perceber que não era o nosso actual treinador dos sub-19, porque Capucho usava-as sempre em baixo, mesmo antes do jogo começar…;
  • César Peixoto– Mais um elemento do plantel e olhando para a equipa, uma boa hipótese para a sua posição, mas a altura do rapaz dava para perceber que não era ele;
  • Marco Ferreira– Chegado a meio da temporada vindo do Setúbal, participou ainda em 17 jogos pelo FC Porto em 2002/2003, mas não neste;

Estupenda participação, com comentários sobre as meias, os patrocinadores das camisolas e o jogo a que a foto se refere…que devo admitir, não faço ideia qual será. O primeiro a adivinhar foi o Lois (ou “a”, se levarmos em conta a bifização do nome), que atirou com uma bela duma resposta completíssima. Parabéns, gajo(a)!

Link:

Dragão escondido – Nº23

Mais uma equipa notável, de um ano notável, com um palmarés…esperem…notável! E quem é o notável jogador que está a ser ocultado pelo capacete do Boba Fett?

Força na caixa de comentários! E não vale andar a procurar a imagem na internet, todos o podem fazer e tira a pica à brincadeira toda…torna-se fácil demais, não acham? Batota não entra!

Link: