Na estante da Porta19 – Nº17

Cinco Escudos Azuis: A História da Selecção Nacional de Futebol” traz-nos todo o percurso da nossa Selecção, desde os primeiros tempos da formação das Quinas, começando a representar o nosso país no longínquo ano de 1921 e atravessando mares e continentes levando a nossa bandeira a todo o mundo com o símbolo que nos é tão querido. De Cândido de Oliveira a Scolari em 2004, o livro é escrito pelo assessor de imprensa da Selecção na altura em que foi lançado, Afonso de Melo, notório benfiquista doente e que merece de mim todo o desrespeito pelas atitudes clubísticas que toma mas que louvo o trabalho feito em prol da Selecção que quase todos apoiamos. É uma história interessante para todos os portugueses, especialmente para percebermos que apesar de todos os problemas, chatices, casos Saltillo e outros que tais, continua a ser um elemento potencialmente agregador de nomes, factos e acima de tudo de um símbolo que é nosso e que devia pugnar por continuar a ser nosso, do povo, de todos nós.

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Baías e Baronis – Guimarães 2 vs 2 FC Porto

O minuto 85 é a imagem perfeita para alguém que queira perceber o que é o FC Porto 2013/2014. Incapazes de sair de uma zona de pressão por parte do adversário, a zona defensiva cometeu falhas atrás de falhas quando tentava movimentar a bola numa transição para o ataque que nunca saiu porque a bola não saía dali. Alex Sandro, Fernando e Maicon foram lentos a afastar a bola, fiando-se na sua capacidade de controlar o esférico, sem linhas de passe, sem movimentação ofensiva para receber a bola e começar uma fase de construção que se espera de uma equipa grande. Mais uma vez desperdiçámos uma vantagem de dois golos para perder mais dois pontos e acabar quase definitivamente com a esperança em vencer o tetra-campeonato. E não merecemos mais que isso, especialmente pela segunda parte que fizémos, digna de um clube pequeno, com mentalidade pequena. Quanto descemos, meu Deus. Notas abaixo:

(+) Ghilas (na primeira parte). Com características completamente diferentes de Jackson, é o avançado que precisamos neste momento pela força que mostra e pela movimentação agressiva que coloca ao dispôr da equipa enquanto está em jogo. Teve azar por não ter conseguido marcar na primeira parte (uma bola à trave e um cabeceamento a roçar no poste) mas conseguiu o remate que deu origem ao segundo golo e agiu sempre com determinação, raça, entusiasmo e vontade de jogar. Para primeiro jogo como titular na Liga não se podia pedir muito mais. Baixou de produção na segunda parte porque a equipa não agiu como tal e talvez porque não tenha ritmo para muito mais que 45 minutos…é o que acontece a um jogador que joga 4/5 minutos de cada vez…

(+) Danilo. Continua a ser dos poucos que se esforça para conseguir mais do que os miseráveis resultados e más exibições que os colegas têm protagonizado. Tem vindo a melhorar na primeira fase de construção dos lances ofensivos e está mais atento na defesa, só não tem culpa que a maior parte do sector defensivo esteja a dormir durante todos os jogos…

(-) Abdoulaye e Maicon. Um jogo completamente absurdo do senegalês, que nunca conseguiu assentar a cabeça de forma a poder ter uma atitude normal em jogo. Hesitações a mais, falhas na marcação a Maazou e um nível de agressividade quase sempre excessivo que fez com que nada lhe corresse bem porque nunca tentou jogar…normalmente. Tudo que fez foi em força e sem cabeça, desde o amarelo que levou às inúmeras desconcentrações que deixavam os jogadores do Guimarães sem problema a jogar contra uma defesa que nunca pôde confiar nos foras-de-jogo do adversário porque Abdoulaye lá estava sempre a facilitar, totalmente desenquadrado da equipa. Maicon, a seu lado, de quem espero sempre mais, foi o Maicon dos maus dias que têm sido bem mais que os bons nesta época. Distraído, displicente e sem velocidade suficiente que nem a inteligência posicional (que tem) lhe valeu. Um jogo muito mau de ambos.

(-) Herrera, Carlos Eduardo…e até Fernando. Foram incapazes, especialmente na segunda parte, de manter a bola controlada durante tempo suficiente para que a equipa se conseguisse organizar em condições. Fernando falhou muito na marcação à entrada da área e na cobertura dos espaços, mas Herrera e Carlos Eduardo foram inexcedíveis no desperdício e na incapacidade de impôr um jogo com consistência e acima de tudo força física e mental. Carlos Eduardo está num momento horrível e Herrera está um perfeito anti-Castro: joga sempre a um ritmo baixo demais para este nível e quando apanha Andrés ao quadrado e outros que tais, raramente consegue safar-se por cima. O nosso meio-campo é a principal razão, táctica e física, pelos maus resultados da equipa, cada vez tenho menos dúvidas disso.

(-) Quaresma. Lembro-me de uma frase que já se ouviu tantas vezes nas bancadas do Dragão: “Leva-a para casa, caralho!”. Exagerou nos lances individuais e apesar de raramente lhe apontar o dedo quando é dos poucos que tenta, a verdade é que há muitas alturas em que o jogo colectivo parece que lhe passa ao lado. Hoje foi uma delas, porque raramente passava a bola aos colegas em situações de perigo, optando por ser ele próprio a levar a equipa às costas. O Quaresma de 2007 talvez conseguisse. O de 2014 já não consegue e devia ter noção disso.

(-) Porque raio convocar Jackson?! Não consigo entender o porquê de convocar um jogador para depois o meter em campo quando se vê à distância que não está em condições, físicas e mentais, para disputar um jogo deste nível e com previsíveis dificuldades e para o qual era necessário um homem forte e capaz de lutar por um resultado essencial. Juro que não entendo.


Não baixo os braços, nunca o faço, mas começa a ser complicado mantê-los lá no alto“. Disse isto depois do jogo contra o Estoril. Não tenho nada a acrescentar.

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Ouve lá ó Mister – Guimarães

Mister Paulo,

Já passou a coisinha má que nos ias dando a todos na quinta-feira. Ainda por cima, para lá de toda a emoção do estupor do jogo, acreditas que estava um fulano com toda a autoridade do mundo a ouvir o relato do que estava a ver na televisão? Vá lá, não o ouvia com o volume no máximo, mas gritou pelo menos os nossos dois últimos golos…e calou-se quando o Alex Sandro se enfiou em mais um buraco enorme e o Eintracht reduziu? Se houve altura em que me apetecesse partir as trombas a outro portista, foi aí…mas acalmei-me e continuei a sofrer por ti e pelos teus. Por ti e por causa de ti, que aquela exibição defensiva não se admite a ninguém, Paulo.

Não estou optimista para hoje, mentir-te-ia se dissesse o contrário. Continuo a ver um frangalho de uma equipa em campo, recheada de falhas defensivas, má cobertura de espaços e ineficácia ofensiva. E o Guimarães pode-nos tramar a vida de uma maneira muito fácil: enchendo o meio-campo de caceteiros (Deus sabe que moram lá alguns…) e pressionando-nos até que não consigamos mostrar um lampejo de futebol organizado. E não estou à espera que o empate que soube a vitória na Alemanha tenha voltado a injectar moral e confiança nos jogadores, por muito que tenha visto o Danilo a gritar no final da partida com o doce sabor do trabalho bem feito. Não acredito, Paulo, e é até aqui que me trouxeste nesta viagem tão atribulada. Peço-te mais uma vez: convence-me do contrário. Está tudo nas tuas mãos.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Eintracht Frankfurt 3 vs 3 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Há quem diga que o futebol é um desporto aborrecido, cheio de pequenos e grandes nadas e que os resultados acabam na maioria das vezes com um golo para uma equipa e nenhum para a outra. E até pode ser verdade…mas às vezes acontecem jogos destes, em que há incerteza no resultado, emoção a rodos e uma invulgar capacidade de sofrimento que levou qualquer portista a entrar em quase demência com a parvoíce da própria equipa, ao mesmo tempo que se excitava com a vontade de ganhar que os jogadores mostravam e que o nervosismo e a disposição táctica quase os impediam de conseguir. E daqui a uns anos posso dizer: “E aquele jogo que fomos fazer a Frankfurt? Porra, que me ia dando um enfarte!!!” Uff. Escapelizemos, então:

(+) Danilo. Esforçadíssimo, fez o flanco todo durante…o jogo todo e foi dos que nunca desistiu, o que me deixou completamente surpreendido porque já disse várias vezes no passado que acho que o rapaz precisa de incentivos permanentes e se tivermos de pagar mais algum para o moço ir ao psicanalista, podemos recuperar mentalmente um jogador que se deixa ir abaixo com qualquer infortúnio que lhe aconteça. Mas hoje, ao contrário do que é normal, Danilo tentou sempre levar a equipa para a frente e lutou com poucos para que o jogo lhe corresse bem, e correu. E quem dera que consiga manter este ânimo, esta vontade durante todos os jogos que disputa.

(+) Mangala (pelos golos). Porque até para um latagão como o francês, marcar dois golos de cabeça em plena área de uma equipa alemã não é para todos. E porque compensou as falhas atrás com uma eficácia na frente que nos valeu a passagem aos oitavos. Muito bem, Eliaquim, sempre a marcar pontos para o mercado de Verão!

(+) Aleluia! Atitude! Quaresma corria na frente, com Fernando a controlar o meio-campo atrás (Fonseca, por favor, deixa o rapaz a jogar sozinho, por favor, oh POR FAVOR!) e Varela a sprintar pela ala. Sim, continua e palpita-me que continuará a haver extraordinárias descompensações na zona do meio-campo e defesa, onde aparecem três homens a cobrir o espaço onde está a bola, abrindo linhas de passe facílimas para o adversário, mas hoje houve algo que não tinha havido na primeira mão e muito menos no Domingo: houve querer. Os jogadores do FC Porto mostraram que queriam vencer o jogo e mesmo depois de várias contrariedades (empatar depois de estar a perder por dois…para logo sofrer o terceiro, é dose) conseguiram lutar com as forças que tinham apesar da pouca cabeça que enfiaram no jogo. Ao menos isso, para que não se lhes possa apontar mais nada sem ser a adesão a um sistema táctico e a uma disciplina de jogo que, francamente, não compreendo.

(-) Jackson. Uau. Simplesmente…uau. Deve ter sido o pior jogo que Jackson fez com a nossa camisola, tal foi a quantidade ridícula (e risível, para os adversários) de bolas perdidas, mal controladas e desperdiçadas. Rematou sempre ao lado, às vezes *demasiado* ao lado para um jogador que é excelente em frente à baliza mas que está perdido quando tem de recuar e não encontra um elemento a quem possa endossar a bola, algo que acontecia frequentemente no ano passado com Lucho, James ou Moutinho, e como este ano fica abandonado na frente, procura fazer as coisas sozinho. Ui. Não. Não, Jackson, por favor não. Está em baixo de forma e nota-se na sua postura e atitude em campo. Acorda, homem!

(-) Carlos Eduardo. Mais um bom monte de merda de iaque que saiu dos pés deste rapaz, aparentemente mais preocupado em perder a bola do que de facto a criar algo de produtivo. Perdeu já a boa imagem dos primeiros jogos que fez a titular, muito por sua culpa, na medida em que o posicionamento táctico parece o que um perú algemado a chegar ao dia de Acção de Graças na América, cheio de vontade de fugir mas sem espaço para onde o fazer. O terceiro golo do Eintracht tem grande influência sua, desfazendo uma defesa que estava já inclinada para a frente com um passe fraquíssimo para o centro do terreno, facilmente interceptado pelos alemães. Se Quintero não joga agora…não faço ideia porque será.

(-) Falhas defensivas. Sai mais uma fornada quentinha de estupidez e desconcentração para a equipa do FC Porto! Se formos a compilar um worst-of dos lances defensivos desta temporada, temos um dia inteiro de videos para ver e apreciar, especialmente se não formos adeptos e/ou sócios. Apenas Danilo se safou hoje, porque Alex Sandro esteve quase sempre distraído e mal apoiado a defender e os centrais foram consistentemente ultrapassados em astúcia e altura pelos alemães. Desconcentrados, mal posicionados, sem sentido prático, fica na imagem aquele lance em que Mangala, tentando proteger a bola para Helton recolher, dá um toque mesmo antes do guarda-redes apanhar a bola…e sai mais um livre directo que é meio golo e só não foi completo por sorte. Somemos o corte em cima da linha de Varela, as IMENSAS falhas de Maicon (nos dois primeiros golos, por exemplo) a lentidão de Herrera e o mau posicionamento de Carlos Eduardo e temos aqui um caldinho maravilha. Ah, Porto, onde está a tua defesa que fez nome pela Europa fora?


E agora? Nápoles. E vamos já assumir que somos underdogs para este jogo, porque Hamsik não é Meier, Higuain não é Joselu, Inler não é Schwegler e Callejón não é Aigner. Nem falo do Mertens e do Pandev. Yeah, we’re fucked.

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