Ouve lá ó Mister – Rio Ave

Estimado Professor,

*suspiro* Vamos lá a isto. Ainda enlutado depois da festa vermelha no Marquês me invadir os sentidos e pontapear a alma, voltamos ao campeonato para o antepenúltimo jogo desta coisa que, como já disse aqui há uns tempos, nunca mais acaba. Está a ser uma época atípica mas acima de tudo frustrante, com pouco que se possa aproveitar para contar aos netos e que um dia nos fará olhar para trás e pensar no que raio andamos a fazer durante um ano inteiro para os outros festejarem com tanta pompa. E pompa merecida, quanto mais não seja porque fizeram o que nós não conseguimos: foram estáveis. Mas isso são contas para terceiros rosários e o que interessa mesmo agora é o jogo com o Rio Ave que nos pode garantir o terceiro lugar! *mais um suspiro* Assim sendo, vamos a isso.

Já vi a convocatória e não me parece mal, com algumas considerações que gostava de tecer. Depois do bom jogo dos Bs contra o Bê Benfas, acho que está na hora de começar a promover alguns miúdos à equipa principal. Sei que o José Guilherme quer ser campeão da segunda liga, mas não se perdia nada em dar algum sangue novo aos As, tão calcados e recalcados têm sido nos últimos tempos. Convocar Pedro Moreira (seria um prémio para um jogador que não é excepcional mas que luta e trabalha como poucos), Tozé (segundo melhor marcador do campeonato) ou Mikel (para percebermos se serve ou não quando Fernando sair) seriam prémios merecidos e uma boa maneira dos sócios começarem a sentir que algo está para mudar, nem que seja de uma forma pontual.

Como essa não parece ser a ideia, pelo menos para este jogo, ao menos que vençamos. Uma vitória assegura o terceiro lugar…*prolongado suspiro*…e o penúltimo jogo oficial da temporada no Dragão receberá talvez a pior casa da época (lá estarei, no meio dos poucos que lá vão aparecer), mas não é motivo para facilitarmos demais. Está em jogo a honra e o orgulho do nosso clube!

Sou quem sabes,
Jorge

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Leitura para uma Páscoa tranquila

 

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Lá em casa mandam eles

Em Junho de 2013 tive o prazer de conhecer pessoalmente a C. Sem peneiras, de discurso simpático, assertivo e agradável, foi uma das participantes do II Encontro da Bluegosfera, onde mostrou que o portismo não tem idade, morada ou número de polícia.

Aqui há uns tempos, soube que estava a preparar o lançamento de um livro sobre o blog que gere com o gajo dela (Esposo. Cônjuge. Amantizado. Marido. Mouro. M. É, ficamos por M.), adepto tão ferrenho quanto a C. mas pelo lado do Mal. E como me habituei a ler as aventuras dos mesmos ao longo dos anos, sempre me pareceu intrigante que não houvesse já um livro nas bancas, pelo que só consigo entender a sua aparição pela criação da massa crítica que leva a que um Benfica campeão massifique o interesse no futebol neste país. E a C., que sofre tanto como eu neste tipo de lamentos clubístico-caseiros, porque também tem de chegar a casa com a lágrima a cair pela face depois de um ou outro desaire da nossa equipa (com maquilhagem mais borrada que a minha, presumo), lá terá que aguentar um arranque da sua vida literária de uma forma menos entusiasmante do que seria previsível. Enfim, coisas da vida que nós, que aturamos infiéis no nosso próprio ninho, sabemos bem como doem. E ao mesmo tempo, pelas empatias e alegrias conjuntas, também sabemos ultrapassar.

Assim sendo, fica a sugestão e a oportunidade de vencerem um exemplar do dito, bastando para isso participar neste passatempo, onde a resposta a duas simples perguntas garante a entrada para uma tômbola virtual de onde vou sortear um nome de um(a) felizardo(a) que irá receber em casa um exemplar do livro! É só clicar no link aqui abaixo:

PASSATEMPO “LÁ EM CASA MANDO EU”

O livro é bom, como seria de esperar. A prosa escorrega pelos seus dedos como sempre fez, com natural e reconhecido sentido de humor, uma excelente forma de percebermos que podemos todos ser tão ferrenhos como quisermos. Desde que percebamos que por detrás dessa loucura, há outra ainda maior: o amor. Bate esta, Nicholas Sparks!

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Baías e Baronis – Benfica 3 vs 1 FC Porto

Dói, dói muito. Dói mais porque a eliminatória esteve ali, ao nosso alcance, por muito que possam reclamar de penalties e jogo rijo e perdas de tempo e fitas. Ali, naquele relvado, estão os culpados de mais um naufrágio nesta eterna travessia do longo oceano de adamastores que se transformou esta temporada. Ali, onde no passado saímos tantas vezes de cabeça erguida para os céus, a mostrar a força da nossa identidade, da nossa imagem, do nosso querer, foi onde caímos com estrondo, sem que tivéssemos tido a cabeça e o coração para evitar a queda. O Benfica venceu bem, foi melhor, mais eficaz, mais inteligente, mais equipa. Nós, ficamos com a imagem de um conjunto de jogadores fracos na cabeça, lentos nos pés e amorfos na alma. Dói, vai doer mais durante meses…e esta puta desta época nunca mais acaba. A notas:

(+) O golo de Varela. Na única vez que Silvestre conseguiu fazer alguma coisa de jeito, foi brilhante. Esqueçamos que passou o resto do tempo em campo a tentar receber bolas pelo ar enviadas pelos colegas ou a fugir da marcação dos adversários sem que conseguisse produção ofensiva digna de um shot de limoncello. O golo é dos bons, desde a finta de corpo à aceleração em flecha para a área, acabando com um remate perfeito pelo meio das perninhas de Artur. Pena que não tivesse feito mais nada durante todo o resto do jogo.

(-) Oh meu Porto da eterna mocidade. O jogo do Dragão ficou marcado por uma terrível falta de eficácia, que nos deixou à mercê do adversário. Hoje, foi a constatação mais evidente de que uma eliminatória a duas mãos tem de ser encarada no primeiro jogo como se todos os lances fossem o último, para que a vantagem possa ser suficiente para aguentar a enxurrada da segunda mão. Não o fez e deixou assim o ónus dessa ineficácia para ser colmatado com uma exibição mais eficiente neste jogo. Sabendo disso, a equipa entrou em campo com algum medo e até Siqueira ter sido (bem) expulso, pouco ou nada fez para tentar marcar um golo. Apanhando-se em vantagem numérica, mandou no jogo. Pegou na bola, rodou-a, criando pouco perigo, mas com a eliminatória empatada cheguei a acreditar que com mais alguma acutilância e velocidade pelas alas, as coisas podiam sorrir para o nosso lado. Veio o golo, de força, de garra, por um homem que nada tinha feito até então mas que poderia servir para agrupar as forças, reunir mais confiança e acabar com o inimigo de uma vez por todas. E…nada. Nada. Um enorme vazio apoderou-se de todos os jogadores, com uma incapacidade de imberbes coitados, sem capacidade para trocar a bola com perigo, perdendo duelos após duelos, desperdiçando lances ofensivos consecutivos em fugazes tentativas pelos flancos, em zonas de debilidade tremenda, sem apoio ofensivo, sem overlaps, sem mentalidade de vitória. Luís Castro não ajudou, tremendo pela primeira vez desde que o vi, enfiando Josué para parar o jogo quando apenas um golo separaria o Benfica do Jamor. Também ele teve medo, medo de uma equipa a jogar com dez, medo de um ataque avassalador de uma equipa com menos um homem, medo do que podiam os outros fazer sem acreditar no que nós conseguiríamos atingir. Josué em campo em vez de Ghilas ou Quintero. Medo, nas faces, nas expressões, nas pernas. Medo de onze contra dez. Mas foram dez homens comparados com onze meninos, dez jogadores contra onze pirralhos medrosos de tudo, desconfiados deles próprios e com a fibra competitiva de uma folha de gelatina ao vento. Quaresma, que caiu nas manhas de Maxi durante todo o jogo. Herrera, que desapareceu sem sequer ter aparecido. Jackson, perdido no meio dos centrais sem que a bola lhe chegasse. Fernando, fraco nos lances divididos (sim, até tu, Reges!). Danilo, a dar mais espaço a Gaitán que um merdas de um lateral de uma equipa amadora. Alex Sandro, sem força nem altura nem posicionamento no golo de cabeça de Sálvio. Fabiano, com culpas no primeiro e no terceiro golo. Mangala, trapalhão e permissivo. Enfim. Tantos e tão poucos, é o que somos. Uma equipa é bem mais que a soma das suas partes e o FC Porto, este ano, poucas vezes tem conseguido ser uma equipa. E isso, meus caros, é o que mais dói. Perder na Luz dói sempre, mas quando se perde desta forma pouco há a dizer e estico-me nesta prosa solta e desligada porque a tristeza vai assumindo a proporção habitual cá dentro e o discurso sai pouco fluido, como o nosso jogo. Já houve tempos em que apagámos a Luz. Hoje, fomos nós que nos apagámos Nela.


Só uma pequena nota: perdemos o campeonato para o Benfica, a Taça para o Benfica e também podemos ter perdido a Liga Europa que o Benfica pode vir a vencer. E a Taça da Liga? Esse miserável troféu…perderemos também para o Benfica?

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Ouve lá ó Mister – Benfica

Estimado Professor,

A tradição vai-se cumprir mais uma vez e vou voltar a ver o jogo fora de casa. Eu e um grupo de amigos vamos até um tasco qualquer, rodeado de portistas, boa cerveja e uma (espero) impecável francesinha, onde a degustação da ambrósia de malte e da mais extraordinária construção de carne em camadas vai com toda a certeza impelir a nossa celebração para níveis estratosféricos. Isto é, se os seus rapazes não me fornicarem o que tudo aponta possa ser uma bela noite de quarta-feira.

Já vi a lista de convocados e o Kelvin ficou de fora. É um comportamento louvável da sua parte, caríssimo, permitir que os infiéis não necessitem de ter medo de olhar para o relógio quando chegar o minuto 92, pelo que compreendo a decisão. Mas a marca mais evidente desta convocatória é mesmo a ausência de Abdoulaye. O rapaz não tem estado bem mas neste tipo de jogos pode dar muito jeito, especialmente se for preciso mandar um ou dois para as urgências (por precaução, podem vir dormir a casa sem problema e sem curativos, que eu não advogo a violência a não ser que se trate do João Pereira), por isso acho estranho que um jogo deste nível não tenha merecido da sua parte este tipo de atenção. Enfim, ainda há gente de bem no mundo.

Assim sendo, meu caro, estarei de fino em punho, a assistir a mais uma tremelicagem da nossa malta. Conto com a calma de Mangala e Cª na zona recuada, com a força do Fernando, do Defour e do (inserir-gajo-que-vai-jogar-aqui-porque-eu-já-não-faço-apostas) no meio-campo e com a capacidade criativa do Varela e do Quaresma para alimentarem a eficácia do Jackson. Agora vou ali ao lado ver se há unicórnios a comer os meus trevos de doze folhas.

Sou quem sabes,
Jorge

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