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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Rio Ave

foto retirada de fcporto.pt

Houve alturas a meio do jogo que me enervaram, especialmente na primeira parte, quando a equipa parecia estar a pedir ao público para ser insultada. Ainda me chateei mais quando vi que poucos pareciam querer mudar o rumo do que vinte ou trinta e tal mil pessoas estavam a ver: uma exibição medonha, com onze jogadores distraídos, pouco concentrados, alheios à vontade de chegarem depressa a uma vitória que podia e devia ter sido atingida sem qualquer problema, muito menos depois dos problemas que eles próprios criaram. Poucos se salvaram, apesar da vitória, e o que me deixaram foi uma amarga sensação de dever cumprido mas o receio que possamos perder este campeonato por exageros neste tipo de jogos. Vamos às notas:

(+) OtamendiFoi o único que se safou de início a fim porque nunca desistiu. Porque se manteve quase impecável com algumas falhas humanas no meio daquele oceano de desleixo generalizado. Muito bem na antecipação aos avançados do Rio Ave, especialmente ao canastrão do Tope, que se lixou quase sempre contra o Nico, que lhe aparecia sempre a roubar a bola antes do moço lhe poder tocar. Foi um patrão, como tem sido, e apesar de Mangala ter estado em grande nos últimos tempos, o facto de dar mais nas vistas talvez esteja a esconder a excelente época de Otamendi em 2012/2013.

(+) Jackson, na redençãoDevo ter sido o único animal na minha bancada que disse: “Tem de ser o Jackson a marcar!”, quando Soares Dias apitou para o segundo penalty (o primeiro é evidente e o segundo é o rapaz do Rio Ave que se arrisca com os braços esticados. deixo ao critério do árbitro, como sempre). E todos protestaram comigo, mas não me importei, nunca me importo quando começo com as alarvidades do costume. Mas acredito na redenção do Homem, na penitência depois do erro, na tentativa de salvar a imagem e o afecto dos adeptos que o apoiam, que torcem por ele e são felizes se ele for feliz…e Jackson correspondeu. Podia ser qualquer um mas tinha de ser ele a marcar. Tinha. E o segundo golo também, com uma recepção e remate perfeitos.

(-) Esta merda não se admite!Intolerável. Simplesmente intolerável. A forma como quase chegávamos ao intervalo a perder, graças um golo que tem tanto de inteligência do avançado como de permissividade defensiva de Helton (e levantares os braços, não?!) e Maicon (sim, continua a passar pelo gajo, de pé e tudo…), foi quase insuportável. Tudo era mau: passes, remates, cruzamentos. Tudo era lento: movimentação, desmarcações, construção. E a pior parte…os jogadores estavam desconcentrados, distraídos, sem vontade de jogar, sem empenho. As jogadas sucediam-se a um ritmo muito fraco, exageradamente fraco, um total oposto ao que se viu no jogo contra o Málaga. E ninguém podia iconizar a exibição como Jackson naquele primeiro penalty. Não tenho a certeza porque nunca estive num balneário em dia de jogo, mas estou convencido que deve haver um varão, fixo ou portátil. Afinal, são jogadores da bola, todos homens de sangue quente. E a primeira coisa que devia ter acontecido ao nosso ponta-de-lança à chegada ao balneário…era levá-lo “ao poste”, if you know what I mean. E depois tinha de marcar golos suficientes para se safar da estupidez. Foi o símbolo maior de uma equipa que nunca quis jogar este jogo e voltou a baixar o nível em demasia, como já aconteceu este ano várias vezes. E agora? Que FC Porto vamos ter em Alvalade?

(-) MaiconUm jogo muito infeliz de Maicon. E ainda pior do que a infelicidade, na sucessão de falhas, de desconcentrações e descoordenações, foi a forma como Maicon nunca conseguiu sair do fosso em que se tinha enfiado e continuou, penosamente, a afundar-se na miséria do jogo que estava a fazer. E os passes longos falhavam, perdia a noção do espaço, “roubava” bolas a Helton, esquecia-se do homem que estava a marcar…era o Maicon que cá chegou, nervoso, aterrorizado, sem confiança, triste…

(-) A reacção do público a Maicon…e o público pressionava o rapaz como se fosse um adversário! Ouviam-se gritos quando Maicon tocava no esférico, assobios quando demorava mais de dois segundos com a bola nos pés (muito embora raramente tivesse uma linha de passe decente), insultos quando o rapaz fazia algo que fosse contra o que as pessoas gostavam. É assim que querem apoiar os vossos jogadores? Quando as coisas estão a correr mal e vêem que um dos jogadores que conhecem há quatro anos, que já nos deu troféus atrás de troféus, que marcou o golo que deu a vitória na Luz no ano passado…quando vêem que esse rapaz, que perdeu a titularidade depois de uma lesão, está a ter um mau momento…o que optam por fazer é insultá-lo!? Nunca vou perceber este tipo de atitudes de alguma gente, palavra.


Continuamos em primeiro, mas a que custo? Para os adeptos menos habituados a este tipo de jogos, ainda vale a pena deslocarem-se ao estádio para verem este tipo de espectáculos? É só isto que o FC Porto pode prometer, especialmente depois do que fez na terça-feira contra o Málaga? Só vale a pena ir ver os jogos grandes? Ouvi vezes demais a frase: “para que raio é que vim à bola?”. Eu sei que vou porque gosto, porque sou portista e porque abdico de outras coisas para ver o meu clube. Eu. Eu faço isso. Muitos outros não o farão.

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Baías e Baronis – Beira-Mar 0 vs 2 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

É sempre uma chatice jogar antes de uma jornada europeia. Palavra que deviam acabar com estas tretas e permitir que os jogadores tivessem uma semana só de treinos antes dos jogos europeus, ou então fazer com que pudessem repetir os jogos depois de ir passear à Europa. Mas o calendário existe por um motivo (nem sempre perceptível, é verdade) e temos mesmo de passar por estes mini-calvários de arriscar perder pontos em jogos onde a concentração nunca pode ser a mesma contra um adversário que, francamente, não merece estar na maior divisão de futebol do país. Como tantos outros. Valeram os jogaços de Mangala e Marat, o golaço de Jackson e uma segunda parte bem melhor que a primeira, que entreteu adeptos e creio que até alguns dos próprios jogadores. Foi um bom aperitivo para terça-feira, no fundo, que é o dia para onde todos os portistas já estão a olhar. ‘Bora lá a notas:

(+) Mangala. Este moço está a ficar um jogador do carago, está sim senhor. É verdade que ainda tem muito a polir, o choque ainda sai por vezes fora de tempo, a saída com a bola controlada pode ser melhor e o jogo de cabeça tem de ser mais certeiro. Não há jogadores perfeitos, mas Eliaquim está a fazer uma progressão excelente no ano e meio desde que chegou da Bélgica e continua a ser titular sem o mínimo de contestação. E lembrem-se que é Maicon que está no banco, o homem que conquistou os adeptos a pulso! Foi expulso depois de aparecer na pequena área numa jogada de bola corrida, e que Xistra considerou que tinha sido a terceira ou quarta falta consecutiva que o francês fazia. Aceito o critério e Mangala talvez já devesse ter levado o segundo por reincidência em faltas anteriores…mas não deixo de achar ridículo que um lance em que tenta jogar à bola seja a razão por que finalmente levou o segundo amarelo. É parvo, um bocado como o próprio Xistra. E não me fodam…Mangala vai levar o mesmo número de jogos de Cardozo. Pois. De qualquer forma, para refocar a atenção no talento do rapaz…os meus parabéns, moço. Estás em grande.

(+) Marat. Quem diria que o russo conseguiria aguentar noventa minutos, ainda por cima sem jogar colado a um flanco e a rodar por trás de Jackson durante toda a segunda parte?! Tem uma técnica individual que faz muita falta naquela frente de ataque (quando o comparo com Varela ou Atsu a esse nível…é quase triste pensar que só é titular porque James está agora a reentrar na equipa), mas é na inteligência posicional e na criatividade que fez com que o jogo fosse muito positivo. Apareceu em zonas perfeitas para as tabelinhas, com Danilo e Jackson, Lucho e Moutinho, fosse quem caísse para o seu lado, Marat lá estava prontinho para receber a bola e para a endossar de novo para o colega. É pequenino, o cabrão, mas sabe muito bem o que fazer com a bola e não desiste…pelo menos enquanto tiver pernas, espero que continue.

(+) A crescente audácia de Danilo. Tenho gostado de ver Danilo a subir pelo flanco, com muito menos tiques “centralistas” que mostrou durante 2012. Parece mais sólido de um ponto de vista mental, mais calmo e mais inteligente, com timings mais correctos a deslizar pela linha e a aparecer em zonas de cruzamento de uma forma bastante mais útil e pensada. Tem de melhorar nesses mesmos cruzamentos, mas está a subir de produção.

(+) O golo de Jackson. Grande assistência. Grande controlo. Grande finta. Grande remate. Grande jogador.

(-) Alex Sandro e Cª, nas saídas da defesa. O golo que sofremos contra o Olhanense, apesar de fruto de um excelente trabalho do Targino (aposto que nunca mais volta a correr 60 metros em alta velocidade com a bola controlada e um panzer núbio atrás dele a pisar-lhe os calcanhares), nasceu de uma parvoíce de Alex Sandro. Hoje, o mesmo ia sucedendo, não só com Alex mas com Danilo, Otamendi e Fernando, que insistem em sair com a bola excessivamente descontrolada na saída da área e na criação da jogada de ataque que surge depois da quase inevitável oportunidade desperdiçada pelo adversário. Assusta-me ver este excesso de confiança, muito mais que assusta os próprios jogadores que a exibem, como tem vindo a ser notório nos últimos jogos…


Ninguém poderia esperar um grande jogo mas a primeira parte parecia entrar naquele túnel cárpico de passes infelizes, jogadas inconsequentes e falhas técnicas…até que Atsu se lembrou de rematar com força e não-tanta-colocação-como-Freitas-Lobo-orgasmizou-em-directo, mas o suficiente para matar o jogo logo ali, pouco depois da meia-hora. O Beira-Mar nunca colocou problemas e só Xistra animou a malta, como de costume. Mais três pontos, mais um jogo vencido fora de casa e menos noventa minutos de distância do título. Mas agora…o que interessa é o jogo de terça!

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Trinta-e-um

foto retirada de MaisFutebol.pt

Aguentei estoicamente para comentar a entrada de Liedson no FC Porto, quando uma grande parte do mundo civilizado e quatro bloggers aborígenes já o tinham feito antes da data. Fiz o mesmo com Izmaylov, porque sou fraco. Sou, metaforicamente, levezinho (as minhas desculpas pela piada, mas era impossível evitar). Recuperei a força e agora, contextualizado com a oficial chegada do avançado ao plantel, parto para a análise.

Todos nos lembramos do Liedson que jogou no Sporting. Todos o criticávamos pela teatralidade, a invulgar capacidade de sacar faltas aos defesas contrários (ainda se lembram da expulsão de Maicon em Alvalade que fez com que Villas-Boas fosse expulso?) ou dos penalties cavados graças à arte e engenho da manha de um avançado…manhoso. Mas todos, secreta ou ostensivamente, elogiavam a inteligência goleadora, o cheirinho pela posição certa onde se colocar para receber a bola prontinha a atirar para a baliza. O jogo de área, aquele zénite da acuidade ofensiva, o último cais de onde saem os botes dos golos que transformam um jogo morno numa vitória sem dúvidas, sem medos, sem questões. Habituei-me a vê-lo, durante vários anos, a ser a principal ameaça de um Sporting que perdeu tanto do que já foi e o pouco que ainda aguentava à tona estava firme nos pés e na cabeça de dois homens: Moutinho e Liedson. O primeiro, já cá está. O segundo, chega agora.

Essa é a questão principal. Como é o “agora”? Lembro-me do “antes”, mas não faço a menor ideia como está o “agora”. Pior, o “já”, porque se temos Liedson no plantel é para jogar ou pelo menos para ser opção no banco. Jackson tem rendido bem, muito bem, mas nunca teve adversários internos à altura. Metaforizo novamente, porque Kleber é grande mas não é grande coisa e se Liedson jogar metade do que fez no Sporting, é mais que suficiente para compensar três Klebers. Sabe mais, percebe mais, tem a obrigação moral e técnica de mostrar que ainda pode ser uma solução para um problema que se arrasta há algum tempo e que não pareceu merecer opção dos técnicos em recursos pontuais aos Bs, que ainda são pouco As para serem usados para uma porfia que se quer decente mas acima de tudo constante. E se nem Dellatorre, Vion ou até o novo Caballero podem ser úteis aos olhos dos adeptos, será que um Liedson com mais alguns anos do que é hábito num plantel que é bem mais novo que ele, será que pode fazer a diferença. Hell yeah.

As contratações dividem-se em dois espaços temporais e cada um desses espaços cumpre o seu destino. As de verão preparam épocas, as de inverno tapam buracos. Não tenho dúvidas, como nenhum portista poderá ter, que Liedson é uma compra (ou empréstimo, as miudezas semânticas perdem-se na big picture) que serve para 2012/2013. Não sei se servirá para 2013/2014, nem interessa saber neste momento. Como Rocchi quando o Inter lhe pegou há umas semanas, ou tantos outros casos no passado do nosso e de outros clubes, o mais importante neste momento é suprir as necessidades imediatas de um plantel que foi planeado com apostas pouco arriscadas, umas mais que outras, e onde o centro do ataque se prendia às odds de um desconhecido mexicano e de um infeliz brasileiro. Ganhámos uma, perdemos claramente a outra. E Liedson é uma aposta de elevado risco, pela idade e pelas lesões anteriores, pelo ordenado e pela imagem que ainda tem. Vai ser bem recebido, não duvido, até porque todos gostam de mais uma alfinetada nos rivais, mesmo que o rival seja menos rival do que já foi, mas é arriscado. Liedson terá de provar o porquê de apostar num homem conhecido mas há muito desaparecido em vez de um homem desconhecido mas que possa vir a ser uma aposta mais conservadora. Tem de aparecer em grande, com sorte ou trabalho, mas sempre com golos.

Porque no fundo ninguém vai buscar um rapaz de trinta e cinco anos se não tiver uma enorme fé nas suas capacidades e no que pode trazer à equipa. Caso contrário, há muitos Jankos no mercado. Mas talvez nenhum sirva como o “levezinho” pode vir a servir. Bem-vindo, Liedson. Mostra-nos que ainda sabes o que fazer. Sê um Milla, não um Pizzi.

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Ouve lá ó Mister – Paços de Ferreira


Amigo Vítor,

Este jogo é tão ou mais importante que o da semana passada e tu sabes disso. Não há nada pior que sair de um jogo grande com um resultado positivo para sete dias depois estragar tudo com uma má exibição e desperdício de pontos mais preciosos que o Anel para um qualquer Gollum. Talvez a fome ou a pestilência sejam um bocadinho piores, mas não é por muito. Por isso encaremos este jogo contra o Paços com seriedade e acima de tudo com espírito de sacrifício.

Porque vai ser preciso sacrifício, Vitor, oh se vai. Já todos sabemos o estado em que a equipa está, com poucas opções no ataque e gajos cansados atrás dos poucos que estão prontos para jogar à frente. Temos uma defesa em condições, é verdade, mas as defesas não ganham jogos, ganham campeonatos, não é? E os jogos, como este de hoje, precisam de um ataque decente, com boas combinações e nada de jogar à Roma ou Barça, com setenta gajos no meio-campo e constantes mutações de posição. Não tens gajos com características para isso. Não sei se o Marat está com os joelhos em condições, mas mesmo que esteja pronto para avançar, se fosse a ti continuava a apostar no mesmo onze que jogou na Luz. Podes inventar um bocado, eu sei, não precisas de piscar o olho e fingir que estás surpreendido que sugira tal façanha. Já sei que pensaste em pôr o Maicon ao meio, encostar o Mangala à esquerda e fazer subir o Alex. Passou-te pela cabeça, não foi? Mas não vás por esse caminho, keep it simple.

O relvado vai estar uma valente trampa, ensopado e pronto a tramar o jogo rasteiro que ambos gostamos. Não é jogo para Kelvins, é para Defours. Não é para Sebás, é para Castros. Vai ser uma batalha, é o que é, e temos de estar preparados para isso. O Paços joga bem e vai tentar dar-nos cabo da vida mas vais ter alguns milhares nas bancadas, poucos mas bons, que te apoiam nas escolhas e sabem que não precisamos de fazer um jogo fantástico. Este é um jogo para ganhar, ponto. Os grandes espectáculos ficam para mais tarde.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – SL Benfica 2 vs 2 FC Porto

retirada de desporto.sapo.pt

Pensei em apelar ao sentido lírico e começar com metáforas parvas sobre os incidentes durante o jogo, a arbitragem, a idiotice de Artur, ou as inclementes entradas de Maxi. Mas deixo esse lado mais romantizado para as notas, mais abaixo. Por isso afirmo aqui já à partida: o empate é justo. Ambas as equipas tentaram ganhar, com mais ou menos inteligência emocional e táctica, com jogo mais directo ou mais trabalhado. Lutaram todos na busca de um resultado mais positivo que a partilha dos pontos e conseguiram aguentar as estúpidas emoções de um dos quartos-de-hora mais emocionantes de sempre num clássico. O FC Porto esteve bem, não perfeito, longe disso, mas nunca desistiu do jogo, nunca se desconcentrou tacticamente e conseguiu um empate que nos deixa com uma vantagem teórica mas acima de tudo moral. Notas abaixo:

(+) Mangala. Proponho mudarmos o nome do rapaz de uma vez por todas para Mangalho. Mangalhão, para os mais excitáveis. Ponham na camisola essa palavra para impôr o respeito que o moço faz por merecer quando entra em campo, de maneira a que os adversários possam olhar para ele e verem o nome antes de levarem com ele. Fez um jogo estupendo, com uma segurança impressionante no centro da defesa, ofuscando Otamendi mas acima de tudo quase fazendo desaparecer Cardozo do jogo…literalmente, depois de um choque mais que tardio. Esteve em grande, marcou um golo e foi um patrão impossível de controlar, levando a bola para a frente para ajudar o ataque, arrastando jogo pela relva e pelo ar e mostrando a todos que é um jogador pronto para ser titular a 100%. Maicon, rapaz, não sei que te faça: se o Mangalho continuar a este nível…tens de trabalhar muito para lhe roubar o lugar.

(+) Jackson. Não parou todo o jogo, a roubar bolas ao adversário mas acima de tudo a manter o esférico em posse na zona ofensiva enquanto esperava pelo apoio dos colegas que, devo dizer, apareceu mais frequentemente que noutras alturas. Marcou um golo numa daquelas oportunidades à ponta-de-lança e redimiu-se de um lance quase idêntico que em Zagreb deixou os adeptos loucos depois de o falhar. Continua a ser excelente a funcionar como pivot, a receber de costas e a recuar para rodar a bola para o sítio certo.

(+) Luta, empenho, garra. A moral, depois dos primeiros dezasseis minutos, deveria pender para o lado do Benfica, porque recuperar duas vezes de um resultado negativo é motivo suficiente para elevar o espírito do zombie mais incauto nestas coisas da bola. Mas o FC Porto nunca deixou de se manter controlado, seguro nas transições, capaz na gestão da bola a meio-campo e preocupado em abrir o jogo para os flancos quando era preciso e de controlar a zona central em alturas mais complicadas de pressão alta do Benfica, que apesar de intensa nem sempre foi bem executada. E admito que me surpreendeu o empenho dos jogadores em provar que o campeão está em forma nos grandes jogos, que a capacidade de luta está ali bem viva no coração dos jogadores e que me enganaram num ou noutro jogo em que pensei que a alma se tinha afastado para locais mais tranquilos. Gostei de ver e orgulho-me do trabalho que desempenharam.

(-) A hesitação no alívio em zona perigosa. Critiquei, como tantos outros, as hesitações de Danilo, Maicon, Fucile e tantos antes deles no alívio da bola em zona defensiva, particularmente quando o adversário pressiona sempre com vários elementos à entrada da área. E continuo a não acreditar em sortes e azares, especialmente naquelas estúpidas situações em que se vê a bola ali, tão perto da linha de golo, e o nosso jogador teima em tentar controlar o esférico e dominar as circunstâncias valendo-se apenas da sua valia individual. Mas é muito simples e é algo que se explica a todos os miúdos que começam a jogar e que não façam parte das escolas do Barcelona. Passo a citar as palavras de tantos treinadores de escalões de formação: “Em zona de perigo, manda a bola com as putas!”. Palavras sábias.

(-) O nosso banco e as não-opções. Tozé, Sebá, Kelvin e Izmaylov. Estas eram as opções ofensivas no banco do FC Porto para este jogo. Se as circunstâncias fossem diferentes, e era tão fácil que fossem diferentes tendo em conta a valia do adversário, era este o naipe de jogadores que estavam disponíveis para o treinador conseguir virar o jogo. Contra o Benfica. Na Luz. Não chega, e todos concordamos que não chega, por isso é sinal evidente que teremos que ir ao mercado buscar pelo menos mais um jogador de ataque, especialmente para um dos flancos. Tem de ser um fulano jeitoso, para impacto imediato. E baratinho. Pois.

(-) Maxi, o protegido depois de tantos outros. Não é a primeira vez que acontece e tenho a certeza que não será a última. Já no passado mês de Abril, enquanto assistia à derrota do Benfica em Stamford Bridge, vi Maxi a ser expulso e não resisti a escrever sobre o assunto e a ir remexer o brilhante passado do fulano no nosso campeonato. E continuo a não me surpreender com esta protecção que é estendida a este e tantos outros jogadores do Benfica aqui por terras lusas, com expoentes máximos em jogos contra o FC Porto. Desde as cabeçadas de Luisão às patadas de Javi, passando pelas calcadelas de César Peixoto, os pontapés de David Luíz ou as cotoveladas de Cardozo. É um rol interminável de lances que se sucedem nestes clássicos e que são levados sempre pela ramada, sem problemas, com os jogadores a manterem-se em campo durante o equivalente a centenas de minutos nos jogos em que nos defrontam. E a desonestidade intelectual de tudo que é imprensa, desvalorizando os lances em favor da “atitude”, da “luta intensa”, do “esforço” e do “empenho em todos os lances” que estes animais podem aplicar em campo, não é minimamente surpreendente. Entre os afortunados esteve Matic (que grande jogo fez este rapaz, muito melhor jogador do que pensei), que deveria ter levado o segundo amarelo, mas principalmente Maxi, que com uma entrada a varrer com as pernas à altura da coxa do adversário, acabou por levar um amarelo quando devia ter sido expulso, isto depois de um jogo em que tudo valeu, obstruções, empurrões e rasteiras a serem distribuídas tão facilmente como um pedófilo a atirar rebuçados para os putos à porta de uma escola primária. Maxi, com o sorriso bem cravado no rosto, safa-se. Como sempre. Como tantos outros que usam a mesma camisola. E não falo dos foras-de-jogo, porque são complicados de decidir, rápidos, difíceis sem repetições. Mas estes, os lances que dependem do critério dos Joões Ferreiras…esses tendem sempre para o lado certo.


Um empate é um empate e são dois pontos perdidos…a não ser contra o principal rival, especialmente no campo deles. Acima de tudo há que compreender os problemas que se colocaram perante Vitor Pereira e que lhe podem ser colocados apenas numa perspectiva de ter ou não no banco alternativas credíveis e com experiência necessária para este tipo de jogos que, digam o que disserem, não são iguais aos outros. Se as ausências de Atsu e Iturbe (meh) eram previstas, a falta de Maicon, James e Kleber fizeram com que as opções do treinador fossem bastante limitadas para o ataque e que a convocatória e utilização de Izmaylov não fosse sequer esperada nem suficiente. Um empate é um empate. E um empate a dois na Luz é um bom empate.

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