Ouve lá ó Mister – Sporting

Señor Lopetegui,

Há muitos anos que vejo Portos-Sportingues. Desde o início comecei a manter uma lista de todos os jogos que tinha visto ao vivo e apesar de a ter deixado de actualizar porque sou um gajo que raramente leva um projecto até ao fim, o Sporting estava lá no topo, com os infiéis à cabeça. Sou do tempo do Valckx, do Marco Aurélio, do Sá Pinto, do Ouattara, do Iordanov, do Balakov, do César Prates, do Mpenza, do Acosta, do Oceano, do Vidigal, do Juskowiak, do Van Wolfswinkel, do Paulo Bento, do Liedson. Sou desses tempos todos, unidos por um fio condutor que nos arrasta pelo passar do grande cronómetro como os miseráveis putos que envelheceram à custa destes jogos. Taças, campeonatos, uns atrás dos outros, puxaram-nos para as Antas e agora para o Dragão à procura de noventa fugazes minutos que nos pudessem alegrar no final, depois do proverbial sofrimento que os vinte e tal rapazes nos fazem atravessar nestas partidas.

Hoje é mais uma dessas. Quando a bola começar a rolar, ninguém vai querer saber das conversas imbecis antes da partida, das claques, dos alheios ao jogo ou da polícia. Só vamos querer olhar lá para dentro, ver os rapazes de azul-e-branco e gritar os nomes deles, gritar o nome do clube, gritar vitória e gritar por todos que gritam por nós. É nestes jogos que o povo tem de estar unido e perceber que nem sempre dá para ganhar. É preciso apoio, é preciso alinhar todos os remos para o mesmo lado e forçar os cabrões como o Ben-Hur foi forçado naquele estúpida galé romana. Hoje não há assobiadelas, não há merdices de bocas para os defesas ou para o guarda-redes, não há críticas exageradas ao Herrera nem ao Quaresma.

Hoje há Porto. E vamos ganhar.

Sou quem sabes,
Jorge

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O memorável FC Porto vs Sporting da Liga de 1998

Curtas notas sobre este jogo:

  • Doriva, mais um nessa década de grandes rematadores de longe. Para lá dos Koemans e dos Robertos Carlos, tivemos por cá o Barroso, o Heitor, o Isaías ou o Sánchez. Bons tempos.
  • Mais um jogo onde jogadores do Sporting que passaram pelos dois clubes marcam ao FC Porto. No post anterior, tinha sido Izmaylov e Liédson a marcar aos futuros patrões. Aqui, uma menina lourinha a marcar num estádio onde foi tão feliz. Maldição.
  • Jardel tenta algo parecido com o que Jackson consegue fazer apenas 14 anos mais tarde. Se Jackson chegasse ao número de golos que Super Mário marcou, seria um bom tributo. Note-se também Beto aos papéis a tentar marcar o nosso ponta-de-lança. Como de costume.
  • Comparando os nossos dois guarda-redes num espaço de 16 anos, Rui Correia e Fabiano fazem o “casal” mais díspar que me lembro de ver com luvas nas mãos.
  • Saber, Delfim, Beto e Vidigal. Titulares. Num jogo de futebol. Há coisas que não se explicam.
  • Doriva era o anti-Herrera. Rematava de qualquer lado e em qualquer posição, quase sempre com perigo.
  • Foi fartar vilanagem neste jogo, para os dois lados. O Sporting foi mais prejudicado mas cada decisão era coreografada com assobiadela geral da bancada. O que na altura se fazia quase em exclusivo para o árbitro faz-se agora para os defesas centrais da própria equipa.
  • Capucho. Era só isso.
  • Reparem na repetição do segundo golo do FC Porto e relembrem a enormidade da distância desde a linha de golo até ao pegão que segurava a rede. Estimo em dois, três quilómetros.
  • Heinze. O Rojo dos noventas. Um gajo com nome de marca de ketchup e talento correspondente. Um dos jogadores que mais odiei antes do Sérgio Ramos começar a jogar à bola.

Mais uma vez, não peço isto tudo no sábado. O livre do Doriva pode ser marcado pelo Brahimi em jeito e o Jardas pode dar lugar ao Jackson. Ou ao Aboubakar. Don’t matter none. É só ganhar.

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O memorável FC Porto vs Sporting da Taça de 2010

Curtas notas sobre este jogo:

  • Moutinho, capitão, a cumprimentar Mariano González, também capitão. Leram bem.
  • Rolando a sorrir depois de marcar um golo com uma zona do corpo que lhe arranjou mais problemas que soluções. Se “os” tivesse mais pequenos, talvez estivesse a jogar neste momento.
  • Moutinho assiste Izmaylov que remata com força para golo. Pena que nunca se tenha visto esta cena com outras cores.
  • Aquele número nove do FC Porto ainda vai dar um jogador do carago. No primeiro golo recebeu no centro, rodou e rematou por baixo do Adrien e do Patrício. O actual número nove é menino para marcar um golo parecido no sábado.
  • Quem é aquele rapaz com o 17 na camisola? Parecia o Varela em 2010. Oh, wait.
  • Marcar um golo depois de ultrapassar o Grimi devia ser um exercício de treino ligeiro. Saltar por cima do Tonel também.
  • A dada altura ouve-se no relato da Antena 1: “grande leitura de jogo de Mariano González”. Leram bem, mais uma vez.
  • O quinto golo do FC Porto é daqueles que um gajo não esquece. Vejam uma, duas, dez vezes, é estupendo, comecem aos 4:21, deliciem-se com o túnel do Belluschi a Moutinho, reparem como Micael ia lixando tudo e Mariano quase perdia a bola e aproveitem o facto de estarem vivos até ao final do lance. Eu estava directamente por detrás da trajectória que a bola fez até à baliza e saltei como um tolinho a gritar “MARIANO! MARIANO! MARIANO!”. Novamente, leram bem.

Não peço isto tudo no sábado. Mas qualquer coisa parecida era agradável para garantir uma tarde de sábado bem passada.

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