Resultados da pesquisa por: maicon

Baías e Baronis – Millonarios 0 vs 4 FC Porto

Primeiro de tudo: puta que pariu a “raça latina”. Este tipo de equipas para jogos de pré-época devem ser um Deus me livre para os jogadores porque o adversário simplesmente não pára. Correm como chitas atrás de saborosas gazelas, acertam em tudo o que vêem com uma intensidade tal que mais parece que estão a disputar uma final da Libertadores. Raramente jogam um charuto mas o ritmo que impõem nas partidas e a pressão que colocam no adversário é absurda para esta altura da época. Por outro lado…é excelente para funcionar como um sério teste à capacidade física da equipa ao fim de algumas semanas de treinos, especialmente em altitude. Mas a altitude combate-se, como já disse, com atitude. E foi o que fizemos. Vamos a notas:

(+) Danilo. Estupendo no golo em bola corrida, a avançar pelo campo como um lateral…coiso, que não faz a ala mas que desvia para o centro como fez desde que cá chegou. E os golos de livre, qual Fernando Mendes no Bessa…sem palavras (se bem que Maicon no ano passado também começou bem…mas não tanto!). Parece melhor em campo, francamente, não sei se pelo regresso de Fucile ou pela última tentativa de forçar a mão de Scolari na convocatória para o Mundial, mas o que é certo é que está a mostrar-se mais forte no ataque e mais inteligente na defesa. E todos nós esperamos que continue nesta recta de evolução positiva.

(+) Castro e Josué. Muito combativos no meio-campo, fortes no choque e agressivos quando foi preciso, alternaram bom posicionamento defensivo com a construção inteligente e acima de tudo a forma como comandaram os timings de jogo nas alturas certas, eles que foram continuamente pressionados pelos médios colombianos que tentaram acertar constantemente nas quatro pernas portuguesas que lhes apareciam pela frente.

(+) A componente defensiva de Licá. Corre como um louco e cada vez me faz lembrar mais um dos meus jogadores preferidos, o argentino Jonas Gutiérrez. Não desiste quando está em posição defensiva e vem atrás muitas vezes para apoiar as subidas de Alex Sandro, postura que juntamente com a capacidade física e a altura fazem dele um elemento vital no plantel…e talvez em muitos onzes titulares na época que aí vem.

(+) O golo de Jackson. Deus me livre. Ainda vai dar jogador este rapaz, vai vai.

(+) Comentários da Porto Canal. Podemos ter um Bernardino Barros em todos os canais? Com imparcialidade, inteligência nas análises, percepção de jogo e conhecimento de causa dos jogadores que está a descrever? É pedir muito? A diferença é de tal maneira grande entre BB e qualquer outra sigla que vomite alarvidades noutras emissões que me faz lamentar pelo futuro do comentarismo desportivo. Não há dúvidas: para ver futebol e para ver o FC Porto, o Porto Canal é de longe (de MUITO longe) o melhor de todos.

(-) A componente ofensiva de Licá. Talvez haja uma diferença muito grande nos estilos de jogo de Licá e o rapaz que estava daquele lado no ano passado, um tal de James Rodriguez. Mas Licá parece um corpo estranho nesta equipa, por muito que me custe dizê-lo (e custa, porque gosto do estilo), e ainda não se parece ter conseguido adaptar nem à equipa nem ao lateral que lhe aparece pelas costas. Parece sempre demasiado trapalhão nas alturas mais importantes e essa indecisão e nervosismo podem custar-lhe o lugar. Correu muito, esforçou-se imenso. Mas precisa de produzir mais.

(-) As entradas sobre Jackson. Quantas faltas sofreu Jackson durante o jogo? A resposta é simples: sempre que recebeu a bola de costas. Muitas foram marcadas, muitas não. Mas se isto fosse um jogo oficial, aos dez minutos já tinha sacado três amarelos. Mais: aguentou-as todas e ficou quase sempre com a bola. É como digo, ainda vai dar jogador este rapaz…

(-) O passe longo de Abdoulaye… é mau demais para ser condizente com um jogador que quer ser titular do FC Porto. Não treines, não, rapaz…


No final da crónica do jogo contra o Deportivo Anzoátegui, escrevi isto: “Helton, Danilo, Otamendi, Abdoulaye, Mangala, Castro, Josué, Lucho, Licá, Kelvin, Jackson. Vai uma aposta que a equipa de quarta-feira é esta? Se não for, creio que não fugirá muito disto (…)“. Falhei por um, mas aos sessenta minutos Paulo Fonseca fez-me a vontade. E com tantas opções, umas melhores que outras, já falta pouco para a apresentação que é já no Domingo e aí já vamos poder ver como está o nosso povo. E acima de tudo como joga a malta nova. Estou muito curioso para os ver ao vivo.

Link:

Baías e Baronis – Deportivo Anzoátegui 2 vs 4 FC Porto

foto retirada de record.pt

Jetlags, humidades, treinos, public relations, agressividade do adversário, altitude e um árbitro do mais caseiro que me lembro de ver. Todos podiam ser condicionantes para o primeiro jogo do FC Porto 2013/14 na América do Sul, mas tudo se combateu com duas armas: a atitude e a inteligência. Se a primeira parte foi fraquinha, também devido à quantidade de malta que entrou em campo e que ainda está a entrar no esquema do que é jogar no FC Porto, a segunda trouxe um pouco do que vamos poder ver na era Paulo Fonseca. Um meio-campo com menos passe curto e mais simplicidade de movimentos, uma defesa concentrada e sem permitir facilidades ao adversário, um ataque com jogadas simples, quase ao primeiro toque, e uma vontade de criar oportunidades de golo de uma forma rápida e menos trabalhada. Alguns momentos interessantes, um grande golo de Varela e uma vontade ainda maior de ver mais jogos deste novo FC Porto. Vamos a notas:

(+) Lucho. Notou-se a mudança de Carlos Eduardo para Lucho como se tivéssemos pegado numa jarra de cristal com tulipas e a colocássemos na mesa em vez de um tupperware de sopa de nabos. E o brasileiro não esteve mal, simplesmente não foi Lucho. A inteligência com que recebe a bola e a endossa no tempo certo e com o timing apropriado faz dele fundamental na equipa e ainda que jogando numa posição mais adiantada em relação ao que fez na última época e meia (faz lembrar o Lucho que cá chegou, com Adriaanse), continua a ser o jogador mais inteligente da equipa e fá-lo notar em campo.

(+) Fernando. Não pareceu afectado por ter uma peça ao lado, até porque vão alternando quando a posse de bola está do nosso lado. Foi rijo na defesa, hábil na transição e estupendo em diversas intercepções, mantendo o nível do final da época passada. Espero que a lesão não tenha sido grave e que aquela possessão demoníaca em que por segundos se ia tornando no Secretário a passar a bola ao Acosta em Alvalade também lhe passe depressa.

(+) Defour. Muito esforçado, tentou sempre tapar as subidas de Fernando ao ataque mas foi acima de tudo a peça principal que pegava na bola a partir de zonas recuadas e a levava para a frente a tentar furar o meio-campo adversário. Não é Moutinho e nunca o será, mas é vital para este plantel ter um jogador com a raça e a capacidade técnica de Defour. Ah, e marcou os cantos todos do lado esquerdo, todos eles razoavelmente bem.

(+) Varela. Marcou um golão de cabeça (que o fulano da SportTV pareceu pensar que foi ao lado, o mesmo que chamou “Guilás” ao Ghilas toda a primeira parte e que raramente acertou no nome dos jogadores…de raça negra) e esteve sempre muito interventivo no jogo. Aproveitou bem a entrada de Danilo para usar bem o overlap e entrar para o centro, criando mais perigo do que se estivesse apenas colado à ala. Ah, ó Silvestre, todos percebemos que não consegues os piques de outrora. Talvez mais lá para o meio da época, se ainda cá estiveres.

(+) Danilo. Bem, muito bem, muito melhor que em 90% dos jogos do ano passado. Não sei se são os ares da América Latina, mas o rapaz pareceu outro, cheio de vigor ofensivo e vontade de mostrar que 2013/2014 é o ano para se exibir a um nível que compense o dinheiro que pagámos por ele. A Selecção está aí à espera, rapaz, só depende de ti e do Scolari. Tens de jogar muito para convenceres aquele imbecil, eu sei, mas se não desistires…who knows?

(+) Iturbe. O melhor jogo de Iturbe pelo FC Porto, esteve voador pela linha esquerda e mostrou que é talvez o melhor homem do plantel a cruzar para a área. Entendeu-se muito bem com Alex Sandro, Defour e Lucho, mostrou vivacidade, alegria e acima de tudo mostrou a atitude que todos esperamos dele. Não desistiu. Assim, Juanito, assim podes ser uma opção muito válida!

(-) Fabiano. Não tem aqui uma nota negativa por ter sofrido os dois primeiros golos da pré-época portista. Teve algumas falhas, é verdade (foi lento demais na saída da baliza para o primeiro golo do Anzoátegui), mas assustou-me a postura do “vou-me atirar a todas as bolas, mesmo as que vão passar quinze metros ao lado da baliza”. Ainda pior foi a tentativa de imitar Helton e de colocar a bola a quarenta metros. Rapaz, esquece lá isso, por favor. Fabiano não é Helton e se tentar transformar-se numa espécie de sucedâneo do compatriota vai passar a carreira a ser comparado com o seu antecessor. E estou quase certo que vai perder.

(-) Fucile. Está com pouco ritmo e nota-se em campo. O maior problema é que Danilo mostrou-se muito mais ofensivo, mais afoito e trabalhador que o uruguaio, ele que deverá ser titular na Supertaça mas que também deverá perder o lugar para o resto do campeonato. Esteve ao nível do Fucile que deixou de jogar no FC Porto e espero mais dele.

(-) A excessiva descontracção defensiva. O que me lixa nos jogos de pré-época é este tipo de coisas, especialmente quando os jogadores se permitem executar manobras técnicas que correm bem em treinos mas que em jogos a doer podem valer campeonatos. Varela, Maicon, Fucile ou Fernando falharam bolas fáceis porque lhes apeteceu brincar um bocadinho. Não pode ser.


Helton, Danilo, Otamendi, Abdoulaye, Mangala, Castro, Josué, Lucho, Licá, Kelvin, Jackson. Vai uma aposta que a equipa de quarta-feira é esta? Se não for, creio que não fugirá muito disto, porque é para isto que servem estes jogos, para experimentar opções, tácticas, para dar entrosamento aos jogadores e limpar a cabeça dos treinadores. Por isso é que os resultados devem sempre ser relativizados. O que interessa é que estejam em condições para o início da época. O resto é folclore.

Link:

Baías e Baronis 2012/2013 – O treinador

Falar de jogadores é fácil. Todos nós já entrámos num campo da bola, maior ou mais pequeno, com ou sem chuteiras, a pontapear um esférico de couro para trás e para a frente, sem nos preocuparmos imensamente com problemas tácticos ou nuances posicionais. É só chutar a bola para o próximo gajo ou directamente para a baliza, se a bola lá conseguir chegar. Ninguém se preocupava com treinos, preparação física, palestras antes dos jogos, gritos de incentivo das laterais tingidos com as adequadas correcções dos movimentos dos jogadores, o alinhamento dos nomes para a ficha de jogo, as decisões das convocatórias, a atitude perante dezenas de jornalistas sedentos de sangue. Nenhum de nós teve de lidar com amuos, imperfeições, lutos, azares ou falhas humanas. E também nenhum teve de acalmar nervosismos, de travar excessos de confiança, de consolar jogadores que falharam penalties e de motivar os que os vão marcar a seguir, ao mesmo tempo que tem de manter uma equipa em níveis de topo para vencer todos os jogos que se lhe aparecem à frente. Por isso fica o disclaimer: que ninguém pense que ser treinador do FC Porto é um trabalho fácil. Passemos à frente.

A época foi épica. Mas quem acompanhou o desenrolar da temporada percebe que nem tudo correu bem, logo desde o início. Vitor Pereira, sem dúvida nenhuma o grande vencedor da campanha, teve uma vida difícil muito à imagem do que tinha acontecido no primeiro ano. Mas notaram-se diversas melhorias especialmente no ponto de vista táctico, em que os jogadores pareceram assimilar muito melhor as ideias do treinador depois de uma época inteira a viver, sejamos honestos, da vida de Hulk e do que ele conseguia ou não fazer no decorrer de um jogo. A presença de um homem de área, que tinha sido talvez o elemento fundamental para que a táctica de rotação de bola em constante posse não tivesse resultado em pleno no ano passado, foi determinante. E foi decisiva a entrada de Jackson para que houvesse alguém em quem colocar a bola e que conseguisse funcionar muito para lá da mobilidade torpe de Kléber ou da estatura física de Janko, servindo como pivot quando era necessário, de costas para a baliza, ou para aparecer na área na altura certa e na posição certa para marcar. Jackson foi o garante do funcionamento da táctica que Vitor tentou durante dois anos implementar na mente dos jogadores que mais trabalhavam para a fazer resultar, nomeadamente Moutinho, Lucho e James. E funcionou durante largos períodos, com um futebol bonito, atraente, posses de bola na percentagem dos sessenta e muitos, e que apesar de criar poucas oportunidades de golo em virtude do que seria expectável dada a enorme diferença de tempo em que tínhamos a bola em nosso poder, lá ia aparecendo o passe perfeito para a finalização correcta. Funcionou bem, a espaços. O jogo em Guimarães, juntamente com os confrontos europeus contra PSG e Málaga no Dragão talvez tenham sido os zénites da aplicação prática de uma enfatização teórica que atravessou as nossas mentes desde Agosto. Quando a equipa jogava com confiança, quando Fernando tapava atrás, Lucho e Moutinho rodavam no meio, James descaía da ala para o centro e Jackson marcava, tudo corria bem. Mas houve alturas em que a posse de bola era entediante, o jogo demasiado recuado e pausado, onde parecia que os jogadores estavam demasiado despreocupados em acabar com a partida cedo e deixavam tudo para segundas-partes que nem sempre eram tão calmas como as primeiras, onde o nervosismo ia começando a baixar a moral e a transtornar as bancadas e onde quase tudo parecia perdido. Foram jogos como o Olhanense no Dragão, o Marítimo na Madeira ou o Rio Ave em Vila do Conde, onde a equipa simplesmente não parecia funcionar como um todo. E perdemos pontos vitais com esta mentalidade tão lusa, esta constante procrastinação que o treinador não controlava e se alheava de comentar nas conferências de imprensa depois dos jogos. Tudo estava bem na cabeça e nas palavras de Vitor Pereira, quando era visível que esse não era o caso.

Na gestão do plantel, Vitor fez o que pôde. Casos como os de Kléber ou Iturbe, possuídos de uma tal inoperância competitiva que tornaram a sua utilização inviável, associados a um curto plantel e ainda mais curtas opções para certas posições, foram cansando peças-chave e tornando a vida do treinador mais difícil. Danilo e Atsu renderam abaixo do previsto, Varela foi um nado-morto em determinada altura da época e não fosse a excelente primeira volta de Lucho, intercalado com a participação sempre activa de Defour e o aparecimento de um Mangala em grande (e Abdoulaye a espaços) a colmatar as ausências de Maicon por culpa da lesão e Rolando por culpa própria. E o que dizer de Jackson, que Vitor “obrigou” a fazer a época toda quase sem sair da relva, com um Liedson que o treinador não via como opção mas recebeu-o como “prenda” da SAD sem muito poder dizer ou fazer? Foram muitos problemas para um homem lidar, mas Vitor nunca desistiu, deu a cara pelo grupo e pelos seus rapazes e teve a sorte que fez por merecer. Fez de Mangala um jogador completo, melhorou as já grandes potencialidades de Alex Sandro, motivou Kelvin para que pudesse entrar e jogar os minutos necessários para criar uma imagem indelével na cabeça dos adeptos, evoluiu Fernando para um quase-box-to-box, manteve Moutinho como líder com a bola e Lucho sem ela e deu a conhecer Jackson a meia-Europa. E notou-se a evolução até do ponto de vista do seu próprio visual e atitude, longe do parolinho que apareceu em Julho de 2011 a apresentar-se aos jornalistas como comandante de um dos melhores clubes do Mundo. Está melhor, com mais nível, nunca perdendo a personalidade que sempre teve de homem simples mas adaptando-se melhor a um mundo novo que é mais exigente, mais analítico e acima de tudo bastante mais cínico.

Mas…e há sempre um mas nestas coisas…nunca foi forte. Nunca pareceu forte, isto é. Quando um naco enorme dos próprios adeptos pedem a sua cabeça por cansaço em ver jogos consecutivamente sofríveis, Vitor virou o discurso para fora e tentou atirar com as culpas para outros, em mind-games óbvios e que só resultaram porque a soberba alheia tolhia o pensamento e abafava as verdades. As eliminações da Taça e da Champions caíram mal, especialmente a segunda, pela forma infeliz com que a equipa se abafou sozinha e onde o treinador foi culpado de não conseguir convencer os “seus” que eram capazes de dar a volta por cima. E a final da Taça da Liga, por muito que admitamos que não interesse por aí fora, é mais uma marca de que é preciso ser forte, ser rijo quando é preciso, e Vitor raramente o fez, pelo menos para fora. Nunca conseguiu reunir um apoio inequívoco dos adeptos, que querem a vitória mas começam a ficar cansados do que têm de atravessar para que ela chegue. E o síndroma do number-two-becomes-one (ou de Peter, como quiserem) pareceu uma espada de Dâmocles em constante perigo de cair, não fosse o final aprazível para a malta. Não caiu e Vitor Pereira sai da temporada em alta, com cartas na mão para usar e a opção de poder continuar, presumo que à espera de melhores condições para continuar a implementar a sua visão, os seus métodos, a sua identidade.

Bottom line: Vitor Pereira é honesto, não duvido. Portista de alma, coração e outros órgãos aleatórios, acredito sem questionar. Tem estatísticas ao nível de poucos, com uma derrota em sessenta jogos e nenhuma nos últimos quarenta e três. Valorizou jogadores e já deu muito dinheiro a ganhar ao clube. Apanhou de tudo e de todos sem se vergar e conseguiu vencer com mérito. E se tiver condições para pôr a equipa jogar bem e continuar a vencer…que mais podemos pedir?

VITOR PEREIRA: BAÍA

Link:

Baías e Baronis 2012/2013 – Os defesas


Falou-se muito da zona defensiva do FC Porto durante o ano e houve muitos bons motivos para o fazerem. Foi talvez o único sector onde se notou alguma evolução nos jogadores, com dois em particular a merecerem a ressalva de serem olhados com admiração pela forma como cresceram durante a temporada: Alex Sandro e Mangala. O francês começou ao mesmo estilo do ano passado, ainda com alguma agressividade em excesso e alguma dificuldade em manter esses exageros controlados. Mas aproveitou bem a infeliz lesão de Maicon para lhe roubar o lugar e exibir-se em nível digno de transferência à FC Porto para um grande europeu. Tem tudo, o rapaz. Alto, forte pelo ar, rijo na marcação, raramente hesita no corte e é mais prático do que estamos habituados. Foi um prazer vê-lo a crescer, especialmente jogando ao lado de Alex Sandro, outro moço que subiu de produção quase exponencialmente, com sete Baías. Já no ano passado tinha mostrado que podia ter oportunidade de jogar a sério se fosse utilizado regularmente. E mostrou que Álvaro Pereira está tão bem no Inter que ninguém se lembrou dele, já que este rapaz desfez dezenas de adversários (os médios-ala e os laterais) com inteligência, criatividade, postura ofensiva mantendo o posicionamento e recuperação defensivas bem efectuadas, remate forte e apoio constante ao ataque. Algum excesso de confiança fez com que tremesse num ou noutro jogo, mas nunca deu hipótese sequer a que nos lembrássemos do Palito. Mangala tapou várias vezes o brasileiro durante a sua lesão mas era evidente que Alex traz uma profundidade ao flanco que Mangala, jogando sempre com empenho e força de vontade, não consegue.

Abdoulaye jogou pouco e foi coerente, apesar de ficar sempre ligado à final perdida da Taça da Liga. Coerente pela agressividade, coerente porque é lento e porque parece um Mangala mais alto e magro. Tem a vantagem de ser jogador “da casa” que dá muito jeito para compôr plantéis para a UEFA, mas não creio que venha a ser opção para titular a curto-prazo. Squad-player, through and through. Quiño também, passando a grande maioria da época nos Bs, não entrou mal quando foi chamado mas nunca conseguiu ser sequer uma sombra para Alex Sandro e perdeu inclusivamente o lugar para Mangala em várias circunstâncias. Talvez para o ano, rapaz.

Não me quero esquecer de Otamendi, porque seria uma injustiça. Várias paragens cerebrais durante o ano não mancham o que foi uma época excelente do argentino, à volta do qual foram rodando os restantes elementos daquela zona. Ota soube pegar no lugar desde que chegou no Verão de 2010 e este ano foi mais uma vez a rocha defensiva. A menor produção ofensiva foi contrariada com consecutivas e excelentes prestações defensivas em que mostrou que nem sempre os mais vistosos são os mais influentes. Atrás de um Mangala que voa por cima dos adversários, há um Nico que comanda os colegas, que manda no eixo e que raspa a relva com um sorriso nos lábios.

Com estes dois, Maicon pouco pôde fazer. Entrou muito bem, com rótulo de marcador de livres ainda desde a pré-temporada que perdeu a cola poucas semanas depois de começar a temporada. E lesionou-se em casa contra o Marítimo (que para lá do 5-0 também perdemos Fernando e Helton) para nunca mais recuperar em pleno a posição. Teve um momento horrível quando foi assobiado em pleno Dragão durante o mal-conseguido jogo contra o Rio Ave. Na altura disse: Ouviam-se gritos quando Maicon tocava no esférico, assobios quando demorava mais de dois segundos com a bola nos pés (muito embora raramente tivesse uma linha de passe decente), insultos quando o rapaz fazia algo que fosse contra o que as pessoas gostavam. É assim que querem apoiar os vossos jogadores? Quando as coisas estão a correr mal e vêem que um dos jogadores que conhecem há quatro anos, que já nos deu troféus atrás de troféus, que marcou o golo que deu a vitória na Luz no ano passado…quando vêem que esse rapaz, que perdeu a titularidade depois de uma lesão, está a ter um mau momento…o que optam por fazer é insultá-lo!? Nunca vou perceber este tipo de atitudes de alguma gente, palavra.. Não retiro um pixel.

Passemos aos Baronis. Um para Rolando, que preferiu sair por uma porta pequenina, no fundo de uma parede pequenina…e que desapareceu da minha mente ao ponto de ter chegado a pensar que tínhamos apenas quatro centrais desde o início do ano enquanto pensava neste artigo. Rolando escolheu o caminho que decidiu trilhar e não censurarei ninguém dentro do clube se o puserem a treinar sozinho. No Parque da Cidade. À noite. Mas agora para o Baroni da época. Danilo. Sim, vou por aí.

Danilo foi uma decepção. Quem me lê sabe que sou um gajo para dar oportunidades a todos os jogadores para mostrarem o que valem em todas as posições, em vários esquemas tácticos, com as nuances de cada competição a pesarem na minha noção sobre a valia do jogador. E Danilo esteve abaixo da média em todos os vectores que me posso lembrar de o pesar. Danilo mostrou durante toda a temporada o porquê de ser um jogador que sofre a contestação dos adeptos baseada em grande parte no valor pelo qual foi comprado. E o problema foi mesmo esse, o valor que lhe subiu a cotação e que colocou um rótulo que ainda não conseguiu sacudir. E vê-se em campo, porque mostra uma indolência que não acredito seja devida apenas ao espírito do jogador. Danilo não acredita que possa render na lateral-direita o mesmo que poderia render no centro do terreno e nota-se pela forma como tende com uma precisão de um relógio de césio para o centro do terreno, valendo-se do seu pé mais fraco para poder deambular por zonas onde se sente melhor e mostra mais produtividade. E falta sempre qualquer coisa, na corrida, na intercepção, no momento certo e na altura certa…Danilo falha mais do que acerta. Tem de reabilitar a sua imagem perante os adeptos, perante aqueles que o apoiam até ao ponto que vêem que nunca desiste, que nunca baixa os braços. E viram-se esses momentos a acontecer vezes demais durante a época.

O quadro-resumo dos defesas fica abaixo:

ABDOULAYE: BAÍA (por pouco)
ALEX SANDRO: BAÍA
DANILO: BARONI
MAICON: BAÍA
MANGALA: BAÍA
OTAMENDI: BAÍA
QUIÑO: BAÍA
ROLANDO: BARONI

PS: uma pequena adenda para Miguel Lopes, porque a sua ausência aqui da lista me foi chamada à atenção e com toda a razão. Miguel Lopes, lateral direito de raiz, não conseguiu sacar o lugar a um homem inadaptado à posição. ainda tentou, mas nunca consegui ver nele mais que um suplente glorificado. Esforçado, sem dúvida, mas demasiadamente incerto para ser titular. Fez um bom jogo em Vila do Conde, mas pouco mais.

MIGUEL LOPES: BARONI

Link:

Ouve lá ó Mister – Braga


Amigo Vítor,

Este é mais um, só mais um, e nem o facto de ser o Braga o torna mais ou menos especial. Até podias jogar contra o Cangalheiros Unidos, o que interessa é ganhar. Não há nada que possa fazer com que este tipo de jogos se tornem entusiasmantes, felizes, bem-dispostos, com a galhofa dos campeões e aquela barbela enorme de quem está à frente. Este é um jogo daqueles mais tramados dos jogos: é um jogo difícil que se tem de ganhar, porque se não o fizeres então, amigo Vitor, está tudo fodido.

Não que as coisas não estejam já parcialmente fodidas, porque estão. E digo “parcialmente” porque ainda há esperança, pá, e já sabes que nunca desisto a não ser que me provem para lá de qualquer tipo de dúvida razoável que o panorama está, de facto, copulado e bem copulado. E até esse momento FUBAR aparecer à beira da porta, não há que desanimar e é seguir com a carruagem em frente que a ponte está de pé e a estrada mais ou menos em condições.

Já vi a convocatória e…é o que tem de ser, não é verdade? Marat, Mangalho e Mandrião estão de fora, por isso bora lá a enfiar alguma alegria na equipa! Atsu a titular! Maicon a titular! E é isso. Não tenho mais ideias, não consigo puxar por cartas que não conheço nem sequer sei se existem. Mas sei que vou lá estar na bancada, acabado de sair de um dia de trabalho. E acredita quando te digo que não me quero divertir nem lá vou para isso. Quero ganhar o jogo. Quero continuar na luta, Vitor, e quero que os teus rapazes continuem a acreditar nisso!!!

Bora lá, mais uma alegria, mais uma vitória, Porto, Porto, Porto e o resto da marcha que tu bem sabes como é. E um pontapé no Alan, se possível.

Sou quem sabes,
Jorge

Link: