Ouve lá ó Mister – Marítimo

Señor Lopetegui,

Não há um jogo que o FC Porto jogue na Madeira que não me faça lembrar dos bons tempos que lá passei de qualquer uma das vezes que estive naquela ilha. Para lá das noites de copos, tardes de copos e até algumas manhãs de copos, a estadia é excelente e recomenda-se com toda a intensidade de um remate do Hulk ou um passe curto do Guarín. Só há normalmente um ponto em que os dias são constantemente transformados em versões badalhocas de um fim de tarde bem passado em frente ao Atlântico com um ou doze copos de poncha no bucho: o estupor do jogo nos Barreiros. Deve ser karma hepático, a punir-me por tanto ter agredido o órgão (sem piadinhas) mas é dos jogos que mais me chateiam durante o ano e a par dos “grandes” e do Guimarães, aquele que antecipo com maior violência emocional e temor pelo resultado que por aí possa vir. Aparece-me tudo na cabeça: os livres do Heitor, os remates do Alex Bunbury, as fintas do Edmilson (o moreno deles, não a nossa loirinha), as defesas do Everton, as movimentações do Gaúcho, as cabeçadas do Van Der Gaag e o Briguel. Só o Briguel. Esse asno. (cuspidela para o chão). Isso.

Sejam quais forem os nomes que apareçam na cabeça de cada portista que acompanha este feudo com o Marítimo desde há sei lá quantos anos, a verdade é que são sempre (ou quase) jogos tramados, digam lá o que disserem as estatísticas. E tu que andas desde o início do ano a dizer que cada merdeira de cada equipa que apanhamos pelo caminho é um jogo de “máxima” ou “alta” ou “tremenda” dificuldade, acredita que este vai ser mais um desses. Ainda por cima pode haver muitos portistas na Madeira mas estou disposto a apostar contigo que a grande maioria dos adeptos do Marítimo não o são. Ou seja, espera ambiente hostil com um português asotacado que não vais perceber nem metade. É giro, acrescenta ao pitoresco local, vai por mim.

Ganha lá isso. Eu apostava num ataque com o Quaresma e o Jackson mas dava uma hipótese ao Ricardo para ver se o Tello rende mais quando vem do banco. E no meio-campo volta a pôr o Casemiro, fazes favor, porque o Ruben ainda deve subir as escadas do autocarro agarrado à coxa.

Sou quem sabes,
Jorge

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Leitura para um sábado tranquilo

 

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Só valeu alguma coisa se ganharmos na Madeira

20150121 - SC BRAGA - FC PORTO

Vi o jogo em diferido, como tem vindo a acontecer nos últimos tempos por motivos que não interessam a ninguém senão a mim. E em todos os jogos que assim assisto, há uma vontade enorme de acelerar nos momentos mais parados, desde os pontapés de baliza aos lançamentos laterais, passando pelas fitas dos pseudo-lesionados e acabando nas preparações para lances de bola parada que raramente resultam…a sério, já se começavam a treinar cantos em condições…mas fica para outro post para não fugir ao assunto. Mas este não foi um desses casos de fastforwardite que de vez em quando me dá na mona, porque o comando da abençoada box ficou parado no mesmo sítio desde que arranquei com a gravação, tendo uma breve intervenção na altura do intervalo.

Se o jogo de Braga mostrou algo que fez renascer o espírito de qualquer portista que tenha assistido ao jogo, foi a capacidade de sofrimento e de empenho de um grupo que parecia estar a perder alguma daquela alma que marcou o início das trajectórias de muitos de nós, que nascemos e crescemos a ver Andrés e Joões Pintos. E essa força que saiu de dentro e continuou fora, com as centenas (ou milhares, pelo menos assim soavam) de adeptos nas bancadas da pedreira a fazerem com que os ecos de um clube que nos envolve, emociona, enerva e entusiasma a fazerem-se ouvir por todo o Minho. E é esta força que parecia abandonada ao largo de um estádio distante ou deixada para segundo ou terceiro plano em virtude de uma filosofia de jogo pausada, pensada, com poucas preocupações físicas e muitas de virtude mais técnica a sobreporem-se às primeiras. E não contesto essa forma de enfrentar um jogo de futebol, de colocar uma mentalidade diferente do que já foi a tradicional atitude de forquilhas em riste “aqui d’el Rei que nos matam os meninos” de aqui há uns anos.

Mas sentia falta disso, sentíamos todos.

E também por isso há uma tremenda união em torno de uma equipa que não fez mais que empatar um jogo numa competição que ninguém se preocupa muito por ganhar ou não porque não está perto dos primeiros interesses do clube e dos seus adeptos, nos quais me revejo na totalidade neste vector de pensamento. E há sempre os antis, os tradicionais, na bluegosfera e fora dela, que enojam de tanto nariz levantado perante o que foi um jogo épico que nos havemos de lembrar por muitos anos. Há-os sempre, os que dizem mal de tudo e de todos porque o “I told you so” é sempre mais recompensador que de facto alinharem com as cabeças unidas e na persecução de um objectivo comum. Ser carneiro é feio. Ser carneiro quando nos estão a tosquiar à força enquanto nos tentam levar para a beirinha de um precipício e puxam as calças para baixo parece-me outra completamente diferente.

Tudo isto para terminar no seguinte: nada do que foi feito na quarta-feira à noite em Braga serve de grande consolo se não chegarmos à Madeira e vencermos o jogo. Já vimos que há garra suficiente. Mas haverá cabeça?

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Baías e Baronis – Braga 1 vs 1 FC Porto

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Retiro o que disse quando afirmei que os jogos da Taça da Liga são um bocejo. Bocejo os tomates! E não fosse o simples facto de ter tido uma espécie de arbitragem trazida do quarto círculo do inferno e podia ter sido um jogo ainda mais emocionante, desde que houvesse mais que uma equipa em campo. Assim, limitámo-nos a ver os incessantes ataques do Braga, a baterem com a certeza de um relógio atómico num rapaz que fez de tudo para que nada penetrasse a linha de golo à frente da qual costuma trabalhar. E fica a luta, o espírito de sacrifício de uma equipa que foi dilacerada por um imbecil calvo que só ficou por ali porque talvez tenha ganho alguma vergonha no focinho. Vamos lá às notas:

(+) Helton. Isto de meter putos na Taça da Liga dá para descobrir algumas pérolas do nosso plantel. Hoje deu-se a conhecer um rapazola brasileiro, pouco mais velho que eu, com uma elasticidade fora do normal, reflexos dinâmicos e certeiros, elevação correcta, perfeição nas saídas e uma presença de espírito que humilha um qualquer Dino Zoff. Não sei se vai ter grandes oportunidades no futuro próximo, mas é bom saber que o nosso terceiro guarda-redes está pronto para entrar em campo a qualquer altura para ajudar a equipa, como disse na memorável flash-interview em frente a um jornalista da TVI que só por vergonha não lhe pediu um autógrafo. Afinal, não é todos os dias que um miúdo de 36 anos mostra que é melhor que todos os outros guarda-redes, em campo e fora dele.

(+) O resto da equipa do FC Porto. Foram micro-heróis, só porque o jogo não tem impacto. Ou melhor, especialmente porque o jogo não tem impacto. E foi um prazer estar confortavelmente sentado no sofá a ver Ruben Neves a correr com a mão na coxa, a dar tudo sem poder dar nada; ver Ángel a voar pela linha com a velocidade de quinze Tellos motivados, depois de interceptar sei-lá-quantos cruzamentos do Agra no seu flanco; ou Campaña, que pouco acrescenta à equipa ofensivamente, a desfazer a barba toda enquanto corta mais um remate de Alan ou trava um passe de Danilo no centro; e que dizer de Gonçalo Paciência, que jogou a interior-esquerdo uns largos minutos para ajudar a equipa a reequilibrar-se depois de estar com oito jogadores de campo; ou de Marcano, que correu uns bons 50 metros com a bola controlada pelo flanco direito só para que a equipa se pudesse soltar um pedaço e descansar meia dúzia de segundos antes de tentar rechaçar a próxima vaga de ataque; e Ricardo, a apanhar com o imbecil do Tiago Gomes e com o Rafa a tentar passar por ele ao mesmo tempo; e Herrera, que entrou e lutou com inteligência desde o primeiro segundo que pôs as botas no relvado. Todos estes foram grandes, os oito jogadores de campo mais os quatro guarda-redes que parecíamos ter na baliza, e vão ficar na memória dos portistas que viram este jogo, pelo espírito que mostraram em campo e pela dedicação a uma causa em que nem eles acreditam. Mas em Braga, hoje, jogou-se mais que um jogo da fase de grupos da Taça da Liga. Jogou-se o orgulho ferido de um grupo. E ganharam. Mantenham essa união, rapazes, é só o que vos peço.

(-) Tello. Inepto em frente à baliza, não foi o homem que precisávamos de ter na frente de ataque pelo simples facto de andar pelo campo com medo e incapaz de lutar pelas (poucas) bolas que lhe apareciam pelos pés ou pelos pés dos outros. Pedia-se um Lisandro, um Derlei, um cão raçudo que perseguisse carteiros de vermelho e branco com fios de baba a oscilar ao vento e dentes ameaçadoramente cerrados. Não foi. Foi um menino e fez com que Agra ou Pedro Santos, parvinhos com a filosofia “é para ali que eu sei, deixa-me correr que eu chego lá” fazer com que Tello parecesse tão distante de um homem que passou os primeiros anos da sua carreira no Barcelona. Estás a ser uma pequena desilusão, Cristian.

(-) Reyes. Asneirada atrás de asneirada até à asneirada que Cosme achou por bem gravosa ao ponto de o expulsar. No entanto, não contesto a falta que veio na sequência de uma camelice a que só faltaram duas bossas para que Diego, o pior mexicano do FC Porto 2014/2015, mostrasse o porquê de ter tão poucas oportunidades como titular no clube onde actualmente está. Passes falhados, intercepções mal medidas, inúmeros lances perdidos, faltas desnecessárias e um nervosismo que faz pensar como raio chegou a ser capitão do Club America quando por lá andava. Muito mau, rapaz.

(-) Este tipo de arbitragens trigger-happy. É fácil ser árbitro em Portugal, porque dá mais trabalho escrever no filho da puta do livrinho do que de facto ter a pedagogia para pôr ordem em vinte e tal nouveau-riches em campo. Há uma falta? Saca-se amarelo. Há uma falta mais perto da área? Saca-se amarelo. Há paleio dos jogadores a seis centímetros do bigode? Saca-se amarelo. E se o jogador se arma em parvo, saca-se vermelho. Porque sim. Não há inteligência para a acção correcta, não há uma tentativa de se impôr pelo respeito e pela simplicidade de processos e de decisões. Há puxar de galão, especialmente quando não é necessário, como um pai que não quer saber dos filhos para nada desde que não questionem a sua autoridade e aí está o caldo entornado com o cinto a sair das calças e os rabos quentes em seguida. E Cosme Machado é mais um entre muitos que preferem estragar um jogo que estava a ser vivo mas não violento, agressivo sem estupidez, rijo sem malícia. E é sempre a mesma merda do problema do critério, sempre o amarelo dado ao gajo que merece mas nunca repetido ao rapaz que merece na mesma na jogada seguinte. Há discrepância de neurónios, há um ziguezaguear de ideias e uma inconsistência de atitude que só pode ser premiada de uma forma: com uma excelente nota dada pelo observador. Enfim, põem-se a jeito.


O empate foi o menos mau dos possíveis resultados em Braga mas a forma como foi conseguido, com suor, garra, espírito de sacrifício e tenacidade encheram-me de orgulho. A palavra já está batida depois das declarações de Lopetegui e do NGP, mas mantenho o que disse. Orgulho. E bem merecido.

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Ouve lá ó Mister – Braga

Señor Lopetegui,

Bem vindo a mais uma ronda do “Who gives a fuck about this?”, com os actores principais “Julen Lopetegui” como “The Rotation Man” e outros actores secundários! E este, ainda mais que o jogo da semana passada, é uma armadilha à espera de acontecer, por isso tem muito cuidado com a forma como o jogo se vai desenrolar. Explico.

Como o Braga perdeu o jogo contra o União da Madeira (“o” União ou “a” União? francamente não faço ideia, esta coisa de ter géneros associados à bola é tão pós-modernista que enjoa), vão encarar os dois últimos jogos com um vigor fora do normal para poderem pensar em qualificar-se em condições. Ora se tu apanhas com uma equipa do Sérgio Conceição a meio-gás, já é motivo para te encalhares todo com a quantidade de paulada que vais levar (uma espécie de formação à José Mota com mais talento), imagina se os gajos têm de facto um objectivo para atingir! Upa, menino, tens de explicar aos rapazes que vão ter de navegar por entre um mar como na Normandia em 1944!

Já vi a lista de convocados e acho muito bem que tragas os miúdos para estas andanças. Pois é certo que o Ivo pareceu meio acanhado e não teve uma estreia de sonho, mas o Gonçalo já merecia uns minutos e até o Victor ou o Joris também podem calçar, por muito que estes já se tenham estreado no ano passado. Acima de tudo, tenta procurar aí por dentro as possibilidade que consigas encontrar para reforçar os As com os Bs, de topar quais é que te podem ajudar e quais é que, francamente, não contam. E se conseguires ganhar o jogo entretanto…nada mau!

Sou quem sabes,
Jorge

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