Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Arouca

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Lentidão, expulsão, reorganização, PENALTY!, calma, concentração, GOLO!, luta, suor, sofrimento, HELTON!, tranquilidade, PRIIIIIIIIIU, paz, descanso, massagens, sono, cama, amanhã há mais. Há dias em que a pressão se torna tão intensa e as pernas incapazes de responder que me questiono se estará alguma força divina a conspirar para que não sejamos campeões. Tudo nos acontece, desde as lesões de elementos-chave, aos dilúvios que impossibilitam o futebol, aos menores rendimentos de algumas peças importantes, e hoje às expulsões de guarda-redes numa zona tão próxima do meio-círculo como da baliza. Vamos lutando e vamos sofrendo até a gorda cantar de vez. Notas já aqui em baixo:

(+) Helton. É inegável a empatia do brasileiro com os adeptos e se houver justiça no Mundo e os joelhos do homem aguentarem, será o titular até final do campeonato. Ajuda a equipa e transmite confiança com o jogo de pés, com a elasticidade com que aborda os lances (salvou o golo do Arouca num voo estupendo) e com a inteligência emocional e a “ratice” que há tanto tempo peço que os nossos jogadores tenham. Todos estes factores fazem dele titular e não se fala mais nisso. Desculpa, Fabiano, mas há que saber quando fomos derrotados.

(+) Quaresma. Lutou desde o primeiro minuto e saiu esgotado quando a equipa precisava de mais velocidade pelo flanco e quando Brahimi, também cansado, ainda conseguia manter a bola nos pés tempo suficiente para ir deixando o relógio passar. Quaresma foi a imagem de um jogador “dos nossos”, que nunca vira a cara à luta…apesar dos adversários lha terem tentado virar à força, como no lance do penalty não assinalado (é que nem falta foi…se não achou que tinha havido contacto, não seria pelo menos jogo perigoso?!) ou em vários outros onde foi puxado e obstruído como única forma de impedir o seu progresso. Assistiu Aboubakar e ainda falhou mais um ou dois golos por mérito do guarda-redes. Bom jogo.

(+) Marcano. Destaco o espanhol pela facilidade com que parecia aparecer a saltar com os avançados contrários, ao contrário do seu colega de posição (ver abaixo), e como desarmou os atacantes do Arouca pelo chão e pelo ar de uma forma consistente e simples, sem inventar nem decorar os lances. Curioso pensar que aquele que era originalmente o teórico quarto posicionado na luta por um lugar se assume agora como titular indiscutível e a grande perda para a primeira mão dos quartos da Champions. É a prova evidente que com trabalho e simplicidade de processos qualquer um pode ser titular. Basta mostrar que tem valor para isso.

(+) Luta e espírito de sacrifício. Não foi bonito. Não foi bom. Não foi agradável. Não foi fácil. Mas foi o jogo possível para uma equipa que se viu a jogar desde o quarto de hora com dez, depois de um jogo desgastante fisica e mentalmente na passada terça-feira. É fácil arranjar desculpas para a falta de acuidade ofensiva ou para as constantes falhas nos passes a rasgar e na ai-tão-estuporada forma como cedemos o meio-campo ao adversário, mas a perspectiva manteve-se intacta de início a fim. Era um jogo para ganhar. E a equipa manteve-se fiel aos princípios quando pôde e lutadora quando não era possível. Lutou e correu e trabalhou sempre com o intuito de guardar a vantagem, subalternizando-se a um Arouca que tinha muito transpiração e pouca inspiração. E nós rebatemos esses dois vectores do jogo ao nível que era necessário. Casemiro, Alex Sandro, Herrera, Aboubakar e tantos outros terminaram o jogo exaustos mas cientes que tinham feito o seu trabalho. O aplauso das bancadas no final da partida foi o prémio merecido.

(-) Fabiano. O jogo fora da baliza não é o seu ponto forte e nunca o será. E este tipo de saídas parvas, que já nos custaram dois pontos este ano no Estoril, são exactamente o tipo de eventos que fazem dele um homem que não dá segurança necessária para um guarda-redes de uma equipa que durante tantos anos se habituou a ver nomes que nem seria preciso pensar muito para concluir que estávamos tranquilos lá atrás. Com Fabiano esse cenário raramente acontece e mais cedo ou mais tarde há uma ou outra falha que lhe tolhem ainda mais a moral e a reputação. Hoje, com a expulsão (certa, na minha opinião, porque com ou sem Ricardo na cobertura, em jogo corrido é uma decisão que aceito sem problema) e o lance que lhe deu origem, Fabiano perdeu-se aos olhos dos adeptos, que preferem ver Helton de muletas na baliza do seu clube.

(-) Indi. Relembrem-me lá quanto é que pagamos por ele? Por um internacional holandês que não ganha UMA ÚNICA PUTA DUMA BOLA DE CABEÇA AOS ADVERSÁRIOS? UMA, PARA AMOSTRA!!! E não era propriamente uma equipa de Janckers, carago! É inegável que tem força e parece que sabe o que quer quando sobe com a bola controlada, mas cedo se mostra nervoso e tão propenso a erros como um Stepanov alcoolizado. Com Maicon e Marcano a marcar pontos consecutivos, não vejo hipótese do Bruno Martins “ora cá vem a bola, deixa-a bater, ora raios” Indi voltar a ser titular tão cedo. Pelo menos até Maicon se lembrar de fazer uma finta de corpo a um adversário em cima da linha de golo, à Mangala. Se calhar nem assim.

(-) A entrada de Tello. Um flashback para os meses de Setembro/Outubro, em que Tello não se fazia aos lances, adormecia em campo e mostrava tão pouco que me fez questionar o porquê da sua contratação se o nível exibicional não subisse. Sei que esteve em Espanha por motivos familiares e o pai estará enfermo, mas se não estava em condições para jogar, devia ter dito ao treinador e pedido para ficar de fora. Caso contrário, não há desculpa para deixar o lateral passar por si várias vezes e pela incapacidade de pressionar para ajudar a equipa a tapar o flanco. Um one-off, espero.


Três pontos. Sofridos, suados. Uff.

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Ouve lá ó Mister – Arouca

Señor Lopetegui,

Calma. Nada está perdido. Havia muita malta a botar fé (vai aprendendo expressões nortenhas, precisas delas para ficares cá alguns anos) no Braga e na possibilidade de terem ido ontem à capital do império sacar uns pontinhos ao benfas, mas não aconteceu e ninguém morre por causa disso. Ainda faltam muitos jogos e acredito que os rapazes ainda se vão esticar ao comprido um destes dias. Just watch.

Temos é de continuar o nosso percurso e não olhar para trás. Não pensar que está tudo feito e tudo conquistado e que podemos agora descansar porque estamos nos quartos da Champions e yadda yadda e o campeonato está perdido e aqui d’el rei que nos pilharam pontos ou que ofereceram pontos aos outros. Isso é tarefa para a retórica dos Gomes das Silvas deste rectângulo ao lado do teu país e que já começas a conhecer e a detectar as manhas dessa turba. É preciso continuar depois da sequência mais complicada de jogos da temporada e enfrentar a próxima sequência de jogos que ainda vão ser mais complicados. Porque se os de grande nome foram abaixo, não penses que os próximos vão ser fáceis. O Arouca é uma equipa com capacidade inferior aos que enfrentaste antes, mas uma pequena falha contra estes e cai-te o Carmo e a Trindade em cima (mais uma expressão lusa, esta não é cá do Norte mas também a aprendes que te faz bem) e não sabes para que lado de hás de virar.

Vais entrar em campo com uma defesa diferente. Ricardo à direita, Indi e Marcano ao meio, Alex na esquerda. É assim, não é? Não inventes muito, rapaz, e olha que tirar o Evandro da equipa para entrar o Óliver até pode parecer boa ideia mas pensa bem se vale a pena. O teu conterrâneo já está porreiro do ombro senão não o tinhas convocado contra o Basileia, mas talvez seja melhor manter o meio-campo as-is. E na frente, idem aspas (isto hoje é só expressões populares, carago!) para o Aboubakar, se ainda tiver pernas, mais Brahimi e Tello. Seja quem for, que tenha pernas!

Uma vitória, nada menos, para continuarmos a chatear os moços da frente.

Sou quem sabes,
Jorge

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Não entendo nada disto

Hoje de tarde, em conversa com um amigo, falava da hipótese do Shakhtar poder usar os brasileiros do meio-campo para impôr o físico aos alemães e ainda conseguir uma brincadeira. Ele disse que o Bayern lhes dava 7. Mencionei que as equipas do Mourinho nestes momentos raramente fraquejam e nem que seja por meio a zero, costumam passar. Ele disse que não tinha a certeza.

Para a próxima estou calado. Ou digo que o FC Porto nunca poderá ser campeão, é impossível ganhar por seis na Luz quando lá formos e o Benfas não vai perder mais nenhum ponto até ao fim. Nunca se sabe, se calhar o estupor tem um dedo que adivinha.

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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Basileia

20150310 - FC PORTO - FC BASEL 1893

Estou rouco. Rasguei a garganta toda em cada um dos golos do FC Porto, desde as curvas de Brahimi e Herrera às pazadas de Casemiro e Aboubakar, foram pérolas que me ergueram pelo ar num Dragão cheio de euforias mil e com uma harmonia que só uma grande noite europeia pode trazer. É complicado atirar com os clichés sem que nos venham bater no focinho mais tarde, mas este foi um jogo quase perfeito, apesar da lesão de Danilo. Teve de tudo: excelentes trocas de bola, olés, brutalidade defensiva, mudanças de flanco perfeitas, um guarda-redes voador, laterais em lados trocados e golos estupendos. Excelente, meus caros, ex-ce-len-te! Vamos às notas:

(+) FC Porto. Obrigado, meus caros. Obrigado por uma noite de futebol que me fez saltar, que me enervou e me obrigou a gritar para dentro do campo, a insultar adversários e a louvar os vossos esforços. Obrigado, Herrera, por teres subido a produção e por mostrares que me engano muitas vezes quando digo que não sabes rematar uma bola. Obrigado, Casemiro, por aguentares os meses de Setembro e Outubro onde te chamei gordo e lento e em geral uma fraca amostra de ser humano. Obrigado, Aboubakar, por não levares a mal ficares no banco porque o Jackson tem mais calo nisto. Obrigado, Neuer…perdão, Fabiano, por decidires hoje mostrar ao Helton que também sabes jogar adiantado. Obrigado, Alex Sandro, por não trocares os pés quando te trocaram de lado. Obrigado, Maicon e Marcano, por estarem tão atentos e jogarem tão simples, tão bonito, tão prático. Obrigado, Evandro, por saberes esperar fora do campo e por saberes esperar também dentro dele. Obrigado, Brahimi, por mostrares que os livres directos voltam a ser uma oportunidade para marcarmos golos. Obrigado a todos pelo que fizeram hoje, onde um badocha careca na bancada do Dragão voltou a ser um menino, a abraçar o pai e a saltar com os golos como se fossem os primeiros que via na sua vida. Obrigado pela excelente noite que me encheu de orgulho. Não percam este espírito, só têm a ganhar com isso.

(+) Golos em remates de fora da área. Os ingleses costumam dizer: “when it rains, it pours“, que traduzo livremente para: “quando começarem a rematar de fora da área, entram logo quatro de uma vez“. E hoje foi um maná de remates, cada um melhor que outro, com golos geniais dignos de figurar nas listas de melhores do ano. E ainda ficou na memória mais um tiraço de Casemiro e outro de Aboubakar. Chiça que vocês quando se lembram de me dar razão, rapazes, não brincam em serviço!

(+) Casemiro. A única exibição individual que merece destaque para lá do colectivo. Um jogão do brasileiro, o único no meio-campo que conseguia lutar com o corpo perante os badochas suíços e que conseguiu perante a maior capacidade técnica e jogo mais subido e pausado de Herrera e Evandro. Inteligente no posicionamento, lutador no choque e estupendo no corte, fez um jogo quase perfeito com a quantidade de bolas que recuperou, as vezes que surgiu a dobrar os colegas em zona defensiva e a força que transmitiu ao confronto físico com os brutinhos dos adversários que enfrentou. Ah, e marcou um dos melhores golos de bola parada que vi ao vivo. Só isso.

(-) A lesão de Danilo. Não reparei na queda do rapaz porque fiquei a olhar para Fabiano. Cedo deu para perceber que nada se passava com o guarda-redes (que é um fiteiro bem acima da média, admita-se) e quando virei os olhos para Danilo, vi-o inerte no relvado. Passam logo imagens de Foé e Fehér pela mente e arrepiei-me ao pensar que o rapaz podia ter sofrido algo bem pior que uma comoção cerebral. Ainda bem que não é grave. Podia perfeitamente ter sido.

(-) Os lenhadores suíços e a arbitragem novamente amiga. Nunca estive em Basileia, mas deve ser uma localidade com uma notável ausência de árvores, pelo menos nos sítios onde estes moços passarem. Samuel, o líder do bando de assassinos suíços e sem dúvida detentor de livros inteiros com os esqueletos de armário dos árbitros por esse continente fora (uma espécie de Maxi em versão Europeia), jogou aproximadamente 150 minutos a mais numa eliminatória com dois jogos e não consigo entender porquê. Mas não foi o único, porque os amigos do Walter decidiram mais uma vez aproveitar toda a facilidade que o árbitro (outro) lhes concedeu, arrastando pés pelo chão e elevando a entrada de carrinho a uma forma de arte marcial. E depois a puta da cereja mijona em cima do bolo. O lance que dá origem à falta de onde apareceu aquele monumento do Casemiro é notável. Um homem do Basileia no chão, com os colegas a ignorarem-no como se faz a um sem-abrigo numa paragem de autocarro. Seguem com a bola sem qualquer problema, até que a perdem…e Tello, sem saber muito bem se haveria de sprintar ou de enviar a bola para fora (na dúvida, corre, rapaz, corre como o Forrest!!!), apanha mais uma machadada suíça…e ainda é insultado pelo adversário por não ter fair-play. A lata que é preciso ter para aquela atitude é de gente com tomateira de aço e uma gigantesca falta de fibra, à qual se pode somar o árbitro, incapaz de mostrar autoridade perante tamanha falta de nível. Pensem duas vezes antes de elogiar a cultura cívica dos centro-europeus. Muitos são desta laia, gente que merece receber jactos de urina pela traqueia abaixo.


Quartos de final da Champions. Ahhhhh, sabe bem conseguir ser grande nos grandes momentos.

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