Cabeça ou coração

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Fiquei surpreendido, como tantos outros portistas no estádio e fora dele, ao ver Fabiano a regressar à baliza no jogo contra o Estoril. Tinha criado a imagem na minha mente do regresso de Helton, da triunfante entrada em campo seguida da tradicional deslocação no sentido das redes, erguendo os braços em agradecimento aos adeptos na Superior Sul do Dragão como faz há tantos anos. O rapaz que lá ficou, porém, apesar de partilhar a nacionalidade, tem tanta coisa que o difere daquele que defendeu as nossas cores desde que chegou e que se tornou um nome tão consensual como querido do povo que o amou e ainda ama.

Não quero com isto desprezar Fabiano, um rapaz com talento e qualidade suficiente para defender a nossa baliza perante perigos e sarilhos que já nos bateram à porta e que nos vão continuar a bater. Quem não se lembra do fenomenal jogo em Alvalade para a Taça da Liga ou na eliminatória da Europa League em Nápoles, onde foi o singular responsável pela obtenção de resultados positivos? As defesas complicadas, os voos elásticos para o relvado e os apurados reflexos fizeram dele a escolha número um de Lopetegui desde o início da temporada numa altura em que Helton estava ainda encostado com a lesão que sofreu a meio da época passada, mas falta sempre qualquer coisa. Algo que Helton trabalhou para obter, a boa-vontade dos adeptos que o criticaram em 2005 quando Adriaanse o escolheu para substituir Baía e apuparam em 2009 quando Beto, pelas mãos de Jesualdo, passou a escolha número um depois de uma série de más exibições.

Falta-lhe carisma.

Para lá do jogo de pés inferior, da menor capacidade de controlo da zona aérea, da aparente dificuldade de comunicação com os defesas (invisível a olho nu mas notada perante as evidências) ou das hesitações nas saídas pela relva, há algo que Fabiano ainda não tem e não sei se virá a ter. A capacidade que Helton tem de moralizar os colegas, de transmitir confiança para a defesa e para o público e a facilidade com que coloca a bola em jogo da forma mais indicada e sem a tremideira que temos visto.

Mas compreendo a opção de Lopetegui. Afinal os números não mentem e apesar de me deixar sempre apreensivo na bancada quando vejo a bola a dirigir-se para ele, a verdade é que temos a melhor defesa do campeonato e o guarda-redes nem sempre é o mais apreciado do sector mas tem mantido a baliza limpa. Sim, comete os seus erros, como Helton já cometeu, mas as contas jogam a seu favor. E compreendo ainda mais a opção de Lopetegui em manter as escolhas consistentes e em premiar o trabalho de Fabiano dando-lhe de novo a titularidade. Afinal, é uma dezena de anos mais novo que Helton e ainda pode progredir durante muito tempo na nossa baliza, pelo menos até Gudiño evoluir um pouco mais (bela pérola que ali temos, ouçam o que vos digo) e chegar à primeira equipa, porque Kadú está em contra-ciclo ainda sem conseguir confirmar as credenciais de aqui há dois ou três anos e Andrés Fernandez parece mesmo ter sido uma aposta sem grandes frutos.

Se Lopetegui retirasse Fabiano da equipa, dando razão à vasta maioria dos adeptos que preferem ver Helton entre os postes (ainda que grande parte do tempo fora deles), não acredito que houvesse uma revolução no balneário, mas perdia-se um jogador. Fabiano seria sempre subalternizado perante Helton e talvez nunca mais conseguisse recuperar a centelha de esperança este ano. A não-destruição da moral de um jogador versus a escolha de um homem mais experiente. Homem versus equipa, parte versus todo. Lopetegui abdicou da grande oportunidade que teria de o fazer de uma forma correcta, com factos que o suportariam sem problemas e que podia levar a uma simples conversa “Fabiano, guapo, és um gajo porreiro mas aquela borrada contra o Arouca, rapaz…tsc tsc…vais ter de sair”, que podia ou não ser compreendida pelo jogador e pelo grupo, por muito carinho que possam ter por Helton.

Falo demais sem factos que me suportem. Não conheço os rapazes e não sei como reagiriam. Mas Lopetegui tomou a opção dele e como tantas outras vai ter de viver com ela. Espero que não se arrependa. Espero que nenhum de nós se arrependa.

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Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 0 Estoril

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Cincazero. Como é que um resultado que deveria elevar a alma, subindo ao zénite da emoção que sobe do coração para a cabeça, adormecendo os nervos e colocando os adeptos em estado de previsível euforia como o eterno resultado de 2010 pode ser transformado em algo tão banal, tão irrisório perante a qualidade de futebol praticado. Se o FC Porto consegue, com maior ou menor dificuldade, enfiar cinco golos no bucho de uma equipa que teve tanto de fraco como de amarelo na roupagem, continuo a questionar o porquê do nervosismo tão visível que se apodera dos nossos rapazes à medida que o jogo vai avançando. Confiança é coisa que não parece existir em grandes quantidades pelos lados do Dragão, diga o que disser o resultado. Vamos a notas:

(+) Quaresma. Enervas-me tanto, rapaz. Quando te pões com aquelas brincadeiras como fizeste depois do 3-0, em frente ao banco onde está o teu treinador a apreciar o teu talento e as tuas parvoíces. E só tu para esse tipo de jocosos malabarismos, porque marcas a diferença com o que fazes em campo, nem sempre bem mas com um empenho que nem pareces o mesmo Ricardo que daqui saiu em 2008, chateado com a vida. Mais que o penalty que marcaste e bem mais que o último golo, onde roubaste a bola ao parvinho do teu contrário e passando pelo guarda-redes a encostaste lá para dentro, mais que isso foi o sprint que deste com o resultado já feito, a pressionar um qualquer oponente no centro do terreno. Por essa até te perdoo os cantos mal marcados. Não totalmente, mas ajuda a atenuar, lá isso ajuda.

(+) Casemiro. O barbas lá de cima que me perdoe, mas nós precisávamos de mais meia-dúzia de Casemiros naquele campo porque foi dos poucos que nunca tremeu perante qualquer adversidade e ajudou a recuperar bolas atrás de bolas no sector central e se tivesse subido um pouco mais até podia ter criado perigo, tal a fraqueza do Estoril naquela zona. Perfeito a controlar a sua área de influência, continua em crescendo e acredito que vai acabar a época exausto mas em bom plano.

(+) Danilo. Havia, não duvido, quem acreditasse que o actual capitão começasse já a estagiar para a próxima época em Madrid. Nada disso. Danilo ajudou a equipa a encostar o Estoril à zona traseira e entendeu-se quase sempre bem com Quaresma para fazer as suas habituais diagonais de fora para dentro e abanar toda a defesa adversária. Marcou um belo golo na melhor jogada de todos os noventa minutos e mostrou aos adeptos que está cá até ao fim. Como seria de esperar.

(+) Os centrais. Certinhos, com Indi FINALMENTE a ganhar algumas bolas de cabeça e Marcano sempre a marcar a diferença pela forma prática com que intercepta, recebe e toca para o lado. O Estoril não lhes criou grandes dificuldades mas foi também por culpa deles que conseguimos subir de produção na segunda parte, pela forma como subiam no terreno quando era necessário criar desequilíbrios.

(-) Os nervos. É difícil ver o nosso meio-campo desde o jogo contra o Basileia. Lentos, demasiado presos em movimentações curtas sem que o harmónico que deveria pautar a organização colectiva se faça notar no terreno, com pouco apoio aos extremos e pouca decisão na melhor forma de furar pelo centro. E chegando aos últimos 33% do campo (especialmente antes do primeiro golo) houve tanta inconsequente cruzamento e tão pouca clarividência para tomar a melhor escolha para a baliza. Os cruzamentos saíam tortos, altos, longos, sem nexo nem causalidade. Poucos remates, medo no toque, a bola pica e os adeptos desesperam e os jogadores desesperam com eles e mais uma jogada se perde. Herrera perdia-se em mini-toques para o lado, Brahimi nos mesmos para a frente, Aboubakar galgava terreno em lateralizações desculpáveis mas sem progressão e Óliver caía e não se movimentava com a bola como queremos. Nervos, muitos nervos e muita falta de confiança que passa de dentro para fora e cria a medonha espiral que me assusta e só pode levar à queda. Talvez os cinco ajudem, mas os onze não parecem animados. Ansiosos, nervosos, à espera do apito que lhes termine o sofrimento. Sou eu que estou a ser pessimista?

(-) Fabiano no tiro aos defesas. Não te chegou mandares o Danilo para o hospital a pensar que era o Napoleão e agora acertas no Marcano? Homem, tem calma com as saídas e mede melhor a deslocação entre a baliza e a bola, porque estás a acertar nos azuis-e-brancos em vez de só naquela esfera de couro. Ainda precisamos de malta até ao fim do campeonato, tem lá calma contigo.

(-) Estoril. Perdemos dois pontos com estes fulanos na primeira volta. Estes mesmos que hoje mostraram que futebol é um conceito que parece afastado do dia-a-dia. Dois pontos que nos podem custar um campeonato. Contra este conjunto de pernetas. * suspiro *

(-) Os assobios a Tozé. Nem sei muito bem o que dizer. Não. Corrijo. Sei e soube porque mal comecei a ouvir o silvo da imbecilidade soltei um “assobiar ao caralho!”. É, o gajo que ouviram a gritar isso era eu. Porque não percebo o que passa pela cabeça dos idiotas que se põem a assobiar um profissional de futebol só porque marcou um golo contra a “sua” equipa. Se alguém me quiser explicar, esteja à vontade. Mas aviso desde já que vai ter um trabalho complicado, porque há muito tempo que deixei de tentar perceber a estupidez humana. Aceito-a como um facto mas não a entendo.


Mais três pontos e a equalização da goal difference com o Benfica. Cada vez dependemos mais só de nós para ganhar esta treta. Seremos capazes?

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Ouve lá ó Mister – Estoril

Señor Lopetegui,

Espero que a semana santa tenha corrido bem para si e para os que lhe estão próximos e que a enxurrada dos seus conterrâneos que invadiu pacificamente a Invicta e arredores nos últimos dias esteja bem de saúde e mais leve nas respectivas carteiras. Voltem sempre, malta, gastem aqui os vossos érios!

Hoje lá estarei, no sítio do costume (este ano) a berrar sempre que puder para o Danilo e para o Alex, para os centrais cobrirem as zonas defensivas e apoiarem no terreno ofensivo. Vou ganir como um louco para o Aboubakar correr atrás da bola, para o Herrera não se distrair e para o Casemiro não travar a cabeça. Vou apoiar o Óliver e incentrivelar (get it?) o Quaresma. Até vou dar as instruções certas para o Brahimi não se perder em fintas inconsequentes e afinar o drible e o arranque para passar pelos gajos e assistir para golo. Não me sobra nada, Julen, não me pode sobrar nada de apoio e de incentivo a uma equipa em que ainda acredito que possa fazer um brilharete daqui até ao final da época seja em que competição for. Campeonato e Champions são os dois canecos que se nos apresentam pela frente e tem de ser suor de início a fim para que consigamos chegar longe em duas ligas onde já temos história e que nos faltam há anos. O campeonato continua a ser mais importante e este jogo é só mais um em que os teus rapazes têm de voltar a limpar a imagem depois de um resultado fraco alguns dias atrás. Faz com que eles percebam a importância de se manterem lá na frente e a pressionar o Benfas, hoje e em Vila do Conde. O resto, deixo para a Luz.

Sou quem sabes,
Jorge

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A culpa também é minha

CakjE

Há um nível de exigência que colocamos nas expectativas e na qualidade de jogo de qualquer equipa do FC Porto, em qualquer vertente e arena. Foco-me no futebol porque apesar de me manter portista em todos os quadrantes, não tenho acompanhado as outras modalidades como gostaria e os tempos de ir ver os lançamentos do Jared Miller, os remates do Carlos Resende ou as stickadas do Tó Neves (enquanto jogador, claro) já lá vão sem que haja um regresso marcado a breve prazo.

O jogo da Madeira, que serviu para pouco mais que um regresso a terra firme no seguimento de muitos dias de euforia pós-sorteio da Champions, deu que pensar e passei o feriado todo com aquilo na mona, depois de me ter deitado tarde, chateado e com pouco sono graças ao infortúnio. E hoje, mais a frio, comecei a colocar-me no lugar de um jogador do plantel do FC Porto e podia pegar em qualquer um dos que esteve no relvado dos Barreiros, sentado no banco de suplentes ou em casa a ver o jogo pela televisão.

Ora esse rapaz há meses que ouve adeptos, jornalistas e pior, dirigentes, a falar sobre a Taça da Liga como se fosse um parente afastado que se vê no Natal e que não se gosta muito. Daqueles que aparece aos putos uma vez por ano e lhes aperta as bochechas e pergunta como vão na escola e avisam para se manterem longe das carrinhas com cortinas nas janelas, os que oferecem agendas ou meias como prenda. Ouviu a família a desancar no Tio Rodolfo, que não vale nada e que tem um carro de trampa e que ninguém o vai ver a não ser que seja altura de partilhas e mesmo assim se hesita um bocado porque a casa é bafienta e o recheio só interessa à Remar ou à paróquia que vai herdar metade da quinquilharia. O Rodolfo não tem amigos influentes, não recebe bem nem tem boa conversa, o Rodolfo é ignorado por tudo e todos. O Rodolfo, no fundo, não vive, sobrevive. E toda a gente, de cima a baixo na escala hierárquica desta putativa e metafórica família, zurze no homem em público, manda piadas sobre ele à mesa de bilhar no café, sugere tramas rendilhadas sobre o modus vivendi do homem, amplifica as suas falhas e minimiza as virtudes. É um parente pobre, o Rodolfo, essa bestinha. E os putos, que ouvem esta ladaínha dia após aborrecido dia, enfia na cabeça que o Rodolfo não merece atenção, que se ninguém lhe liga então também não devem ligar. Muito mais importante é o Tio Ilídio, porque o Ilídio tem um Série Coiso na garagem e uma casa com varandas e até vai tomar o pequeno-almoço à Foz e fica a ver o mar e é interessante e conta histórias fixes e tem uma espingarda em casa que é do tempo da guerra e fotografias dele a matar leões em África e outra no cimo daquele monte no Peru que tem um nome parvo e tem libras em ouro e às vezes até as oferece aos sobrinhos, mesmo que não os veja durante anos. O Ilídio é fixe, o Rodolfo é um merdas.

Nós alimentamos isto em todos os jogos. Nós, que exultamos com o empate em Braga só com nove e que ficámos à espera que esse brio se repetisse em condições tão diferentes como as que se criaram para o jogo de quinta-feira. Nós, e incluo-me nesse lote, andamos a desancar na Taça da Liga desde que começou porque ninguém gosta dela. E continuo a não gostar. E sei que os jogadores do FC Porto não podem oscilar na moral e no empenho perante jogos de diferentes competições (entrar para ganhar em todos os jogos, yadda, e o treinador também, duplo yadda), mas também não lhes posso exigir que o façam quando descartei qualquer apoio extra e moralizações suplementares em virtude da fome por troféus mais significativos que levam a que abdiquemos dos outros. E se eles o fazem, não me sinto bem em voltar atrás e exigir que não o façam ao nível que seria expectável. Olhapróqueudigo e tal.

Perdemos e perdemos bem porque não fizemos por isso. E se fizéssemos e ganhássemos, alguém teria uma sexta-feira muito mais risonha?

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Baías e Baronis – Marítimo 2 vs 1 FC Porto

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Deve haver um mau-olhado qualquer naquela ilha. Três jogos, zero vitórias e apenas dois golos marcados para quatro sofridos. É isto que levamos da Madeira este ano, um pecúlio tão fraco e em grande parte por culpa própria, porque não fomos o que podemos e devemos ser em nenhum desses três jogos. Se o primeiro jogo contra estes fulanos foi marcado pela falta de eficácia na frente e o encontro com o Nacional nos deixou sem pernas e sem força para reagir à velocidade do adversário, este combinou esses mesmos factores com alguns erros defensivos e uma tremenda falta de criatividade a meio-campo. E mais um ano passa sem conseguirmos vencer este caneco. Não fosse o anunciado desinteresse e começava a ser ridículo. Vamos a notas:

(+) Maicon. Um Baía a Maicon em 2014/2015 é algo que deve ser celebrado porque na maioria dos jogos acabou por hesitar em colocá-lo na lista abaixo do (-) grande ali a meio do post. Mas hoje o capitão esteve muito bem, activo e interventivo na defesa e a subir no terreno pelo lado direito como…Danilo. Interessante ver o calmeirão a furar com alguma velocidade na área contrária, ele que é tão lento a executar na própria área. Há coisas que não se explicam, realmente.

(+) Helton. Sem culpa em nenhum dos golos, foi em noventa minutos o que Fabiano não conseguiu ser numa época inteira: um guarda-redes adiantado, a jogar com os pés com a naturalidade de quem o faz há tantos anos com graus variáveis de eficácia mas sempre com talento e a entregar a bola rapidamente para os colegas prosseguirem o jogo. Por favor continua na baliza, rapaz.

(-) Moles, em vários sentidos. Sinto uma dificuldade tremenda em perdoar a segunda derrota contra os mesmos fulanos. Houve ineficácia na frente, inoperância no centro, infantilidades nas laterais e tremideira na relva. Mas o que houve mesmo foi o que se tem visto desde o início do ano e é algo que não creio conseguirmos superar esta época: quando o meio-campo adversário é mais forte fisicamente, o resto da equipa colapsa. E começa rapidamente por secar os homens que jogam na mesma zona e que se acanham perante adversários mais fortes e mais dinâmicos. Danilo e companhia fizeram o que lhes apeteceu, recuperaram inúmeras bolas e forçaram a que o FC Porto tivesse de recorrer vezes demais a lateralizações e lançamentos aéreos para os quais não temos jogadores minimamente talhados. É fácil inferirmos que a falta de capacidade para criar perigo pelo centro resulta da força do meio-campo do Marítimo, portanto. Junte-se a mentalidade fraca de uma competição que não interessa aos adeptos (nem aos jogadores, infelizmente) e a relativa proximidade do hiper-jogo contra o Bayern e temos uma receita para o fracasso que se viu hoje. Falhámos por culpa própria e os jogadores deviam rever a forma de encarar este tipo de partidas. E estes são os mesmos que venceram em Penafiel ou no Bessa, que lutaram com tudo o que tinham para sacar a vitória com dez contra o Arouca há umas semanas, quase sem pernas mas com coração. Estou convencido que o jogo de segunda-feira contra o Estoril contará outra história, mas a de hoje foi triste por nossa culpa.

(-) Os laterais As jogadas de maior perigo do Marítimo apareceram depois de cruzamentos de Ruben Ferreira do lado de Ricardo e pelas investidas de Marega e de Edgar Costa pelo corredor de Angel. E ambos estiveram mal, desconcentrados e sem a inteligência emocional e competitiva que se exige para um jogador do FC Porto, seja em que competição for. Se Ricardo peca pela contínua inadaptação às tarefas defensivas posicionais (mantenho que assumir que será um lateral direito em condições é utópico e só resulta do facto do rapaz correr muito pelo flanco. O Tello faz o mesmo, querem usá-lo como defesa?) que hoje deram origem ao lance do penalty – que é bem sacado pelo adversário mas que não me deixa dúvidas quanto ao facto de ter existido – já Angel tem de fazer mais. É certinho quando sobe com a bola pelo flanco, mas o posicionamento defensivo, especialmente a passividade com que vê bolas a passar por cima da cabeça como um pirralho de 8 anos num jogo de baseball, é desesperante. Danilo já saiu e Alex pode ir pelo mesmo caminho. Haja mercado, porque estes dois não me dão garantias de poderem dar conta do recado. Hoje, pelo menos, não deram.

(-) Aboubakar Não é Jackson e nunca será. E não pode tentar sê-lo nem podem tentar transformá-lo em algo para o qual não está talhado. Podem, mas esperar resultados imediatos é como sonhar em levar o Messi para Chaves e só porque as camisolas são parecidas esperar que ele lhes passe a bola. Aboubakar é passe e corta, é tabelinha rápida, é velocidade em transição com a bola, é 1×1 em força e em progressão. Não é uma parede que receba a bola, a controle nos pés e a endosse redondinha para os colegas. Especialmente se estiver tão sozinho na frente de ataque e seja obrigado a recuar vinte metros para encontrar um colega. Produção nula do camaronês hoje na Madeira.

(-) Óliver Completamente fora de jogo hoje, incapaz de se soltar da pressão dos madeirenses e demasiado complicado na altura de soltar a bola. Beneficia quando tem um médio que consegue manter a bola na sua posse e ao mesmo tempo progredir no terreno (como Herrera), função que Evandro apenas desempenha a espaços e com muito esforço mas pouca capacidade de abrir espaços para lá dos que ele próprio cria. Pareceu-me fisicamente bem mas falhou o sentido prático do costume.


Abril, o tal mês de todas as decisões, começa mal. E se nos pusermos a jeito como fizemos hoje, pode acabar muito pior. Esperemos que não.

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