retirado de desporto.sapo.pt
Para primeiro jogo, foi bem bom. A equipa pareceu harmonizada, com o estilo mais musculado do meio-campo a contrastar com o “onde está o Casemiro?” do ano passado sempre que era necessário usar o corpo para vencer as bolas divididas. As alas foram ágeis, com os laterais a subirem no terreno sempre que possível, a integração dos novos a correr razoavelmente bem e um rapaz que mostra que pode haver vida depois de Jackson mais cedo do que se pensava. Ainda houve tempo para um Varela trapalhão mas empenhado, um Tello rápido mas inconsequente e um central que sendo o quarto da hierarquia no início do ano passado se afirmar como titular indiscutível. Sic transit gloria mundi e por aí fora. As primeiras notas da época estão já a seguir:
(+) Aboubakar. Humilde, trabalhador e eficaz. Já tinha entrado no goto dos adeptos quando libertou alguns mísseis no ano passado e começou o ano da melhor maneira: com golos. Não é Jackson e nunca o será, mas a diferença entre ele e o colombiano faz-se na força e velocidade com que consegue ultrapassar os adversários e na aparente facilidade com que vem atrás ajudar a equipa na construção ofensiva. Osvaldo, puto, tens de fazer pela vida, que o Vincent entrou em grande.
(+) Maxi. Não sabe jogar de outra forma sem ser na raça, mas surpreendeu-me com a forma como se integrou tão rapidamente na criação de lances ofensivos e na facilidade de desdobramento com qualquer um dos alas que lhe apareceu à frente. Foi o mesmo Maxi que vimos durante os últimos anos de vermelho ao peito: lutador, duro, esforçado, sempre pronto a subir no terreno e a recuar com garra e a conquistar os adeptos pela capacidade de recuperação defensiva e pelo sentido prático. Continua a ser estranho aplaudi-lo, mas está a saber fazer-nos engolir as dúvidas que poderíamos ter quando o contratamos. Que continue assim, é só o que peço.
(+) Varela. Entrou trapalhão, lento e inconsequente, mas fez uma excelente segunda parte e acabou por marcar um golo que fez por merecer. Mantenho que não podemos depender de um jogador como o nosso Silvestre, tão dado a oscilações de forma como um gordo a fazer abdominais perante uma pizza de queijo, mas pode trazer alguma mais-valia a um ataque com demasiada…velocidade. E ele, não a tendo, compensa com a experiência.
(+) A força extra no meio-campo. Aqui está a principal diferença do FC Porto de Lopetegui deste ano quando comparado com o do ano passado. Este meio-campo consegue vencer batalhas individuais e será sem dúvida utilizada em muitos dos jogos onde vamos precisar de combater alguns vilões musculados com outras camisolas, ao contrário do que acontecia anteriormente, onde se sacrificava a imponência física para privilegiar a capacidade técnica. Não digo que é a opção perfeita, porque apesar do bom jogo de Danilo preferia ver ali Ruben a distribuir o jogo, não contesto que o ex-Marítimo é um homem importante para garantir que uma pressão feita com bons índices físicos, somado a Imbula e, nalgumas circunstâncias, André, pode ter um efeito estupendo na recuperação de bolas no centro do terreno.
(-) Herrera. Ora bem. Não. Assim tipo não. Hell no, se fosse uma avó afro-americana do sul com chapéu de abas na cabeça e tudo. Esteve tão mal que fez lembrar uma espécie de Mariano González no meio-campo, com a desvantagem de não correr um décimo do que o argentino corria e a mostrar o mesmo ar de inépcia que o nosso anti-herói preferido tantas vezes exibia. Falhou quase tudo: o passe, a movimentação, a finalização, a criação de lances ofensivos e a recuperação defensiva. Se Lopetegui está a apostar no mexicano para ser titular, ele que me parece ser do tipo de jogadores que os treinadores gostam, os que fazem sempre o que lhes é pedido, então estamos mal, porque se o faz, fá-lo mal. Parece ainda estar cansado das poucas férias que teve e pode ser uma justificação para o jogo que teve, mas receio não ser o único factor. Herrera, neste momento, está a mais na equipa.
(-) A entrada na segunda parte Lentos, distraídos, com pouca movimentação no meio-campo e demasiadas hesitações na defesa, foi por nossa culpa que o adversário se impôs durante quase dez minutos e nos empurrou para uma sequência de perdas de bola e bolas paradas defensivas que, com o resultado em apenas 1-0, podia ter corrido mal. Já sei, sou um pessimista, mas já vi jogos a mais em que por parvoíces destas acabamos por andar a tremer até ao final da partida para sacar uma vitória a ferros. Não quero ver nada mais disso, não senhor, obrigado.
Um já está. Faltam 33. E o próximo, na Madeira, pode ser uma vitória física e moral excelente para arrancar a época em grande…
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