Ouve lá ó Mister – Angrense

Señor Lopetegui,

Selecções para cá e para lá, eternos adiamentos e uma época que parece não estabilizar. Ainda te lembras daqueles tempos (idos, com toda a certeza) em que havia jogos todas as semanas de Setembro a Maio, com a eventual interrupção de um ou outro fim-de-semana no Natal e uns joguitos dos países aí bem espaçados? God, those were the days, right? Agora passam-se semanas em que só vejo jogadores do FC Porto via Twitter em vez de os ver onde gosto mesmo: no relvado. Vá lá, hoje regressam os nossos meninos numa espécie de jogo de pré-época a meio da temporada que, como qualquer jogo de Taça, tem tudo para correr mal. Ainda por cima contra uma equipa do Campeonato Nacional de Seniores (como se os outros não fossem do mesmo escalão, mas adiante) que vai fazer tudo para brilhar contra um grande. Mas não há que ter medos, é só preciso jogar o que sabemos, arriscar pouco e garantir um resultado confortável o mais depressa possível.

Preferia ver apenas duas ou três caras novas no onze mas algo me diz que vais mudar meia-equipa. Aliás, olhando para a convocatória não me deixaste grandes dúvidas, mas não me agarro ao desgaste das selecções para justificar as entradas e saídas de nomes. O que é preciso é convenceres os “menores” que se fizerem um bom jogo, de entrega, de luta e de inteligência, podem perfeitamente passar à frente dos maiores! Sim, até o Herrera! Mas gosto que dês oportunidades ao Victor Garcia, ao Lichnovsky, ao Bueno e ao Sérgio Oliveira. É malta séria, que trabalha bem e merece jogar um bocadinho!

Acima de tudo é para ganhar, pá. Mata-mata, bota-fora, tiro-aos-mortos, whatever. Ganhar.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Vitória Setúbal

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Não foi uma grande vitória mas foi uma vitória justa, mais uma. E o mais interessante deste jogo acaba por ser a forma como a equipa conseguiu manter-se psicologicamente estável depois de uma sucessão de falhanços, más decisões e erros técnicos que quase serviram para desestabilizar o que deveria ter sido um percurso natural para uma vitória também ela natural. Em grande estiveram as claques, aparecendo no momento perfeito para elevar a moral do povo antes de começarem as assobiadelas. Não vivemos dias fáceis mas lá vamos navegando. Notas nos parágrafos seguintes:

(+) Layún. Creio que nunca será um estupendo defesa esquerdo porque não tem características para tal. É um wing-back, como me dizia o meu colega do lado, que sobe mais do que deve e raramente parece estar pronto para defender sob pressão. Mas a forma como agarrou o lugar na equipa, com golos e assistências a marcarem a diferença nos últimos jogos, bem como as subidas pelo flanco a ajudarem no overlap à ineficácia actual de Brahimi, fazem dele um dos elementos em destaque na equipa e hoje foi exactamente o que tem vindo a ser. Rápido, prático, de remate pronto e a cruzar bem para o golo de Aboubakar.

(+) Danilo. O jogador do meio-campo com mais clarividência, a manter o nível com um jogo abaixo da média para Ruben e Evandro (André também não entrou particularmente bem). O centro do terreno foi a zona mais cheia de pernas mas Danilo usou quase sempre bem o corpo para proteger bem a bola e impedir quase todos os poucos lances de ataque do Setúbal que de facto foram construídos pela relva (ao contrário da maior parte das bolas enviadas para Suk…o cabrão ganha 90% das bolas aéreas, é enervante desde os tempos do Marítimo), fazendo dele o único médio que fez um jogo em condições hoje à noite no Dragão.

(+) O apoio dos adeptos. É exactamente isto que precisamos nos momentos menos bons. Quando a equipa parecia estar a ceder à pressão e começou a dar mostras de algum nervosismo e inquietação perante a contínua infeliz decisão na entrada da área adversária, eis que se erguem as bandeiras, elevam as vozes e o Dragão renasce com o som dos cânticos vindos das bancadas mostraram à equipa que havia harmonia, apoio, paz e energia positiva. Um clube que quer estar sempre no topo precisa também de adeptos à sua altura para que ambos consigam crescer em sintonia. Hoje essa união de almas e vontades sentiu-se no Dragão e foi bonito de sentir.

(-) Indefinição na criação ofensiva e pouca gente a atacar. Tantas vezes se vê esta situação nos nossos ataques: sobe um rapaz com a bola depois de a recuperar na defesa (chamemos-lhe Tello) e rapidamente se vê rodeado de adversários. Procura uma linha de passe para intensificar o contra-ataque e não a recebe, tendo de voltar para trás e fazer um reset a toda a possibilidade de desequilíbrio do oponente durante mais uns largos minutos, simplesmente porque o apoio não aparece. Aquele triângulo com dois homens atrás acaba por não funcionar em jogo de construção ofensiva e o espaço entre linhas é tão grande que assusta pensar no tempo que se demora a chegar com a bola lá na frente. Há que partir o triângulo e soltar um dos médios mais recuados para evitar que sejam os centrais (como hoje se viu em vários momentos do jogo) a criarem alguma coisa a partir daquela zona.

(-) Maxi O pior jogo com a nossa camisola, teve imensas desconcentrações e más decisões no posicionamento, juntamente com contínuas falhas no passe (até nos lançamentos laterais falhou imenso) e na movimentação ofensiva. Apareceu bastantes vezes em zona de assistência para golo mas pareceu tomar quase sempre a pior decisão.


Cheguei a temer mais uma parvoíce de jogo como tivemos contra o Braga, com dezenas de lances gerados que poderiam ter dado em golo a serem desperdiçados um atrás do outro. Felizmente não foi assim e mais três pontos ficam deste lado. Nada mais que a nossa obrigação.

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Ouve lá ó Mister – Vitória Setúbal

Señor Lopetegui,

De volta a casa, onde mais gosto de vos ver! E depois de uma jornada europeia bem simpática onde botamos mais três pontos no nosso saco e ficamos a apenas um da qualificação. Well done, chaps! Agora, virar agulhas para o campeonato, onde ainda não conseguimos mostrar o que melhor sabemos fazer e parecemos andar a jogar a meio-gás, pelo menos a nível da qualidade de futebol que temos vindo a exibir. Queremos mais, Julen, queremos uma vitória sem consequências para a moral dos adeptos, com futebol decente e golos! GOLOS! Sabes tão bem como eu que aquilo que no jogo contra o Braga mais falhou nem foi a fluidez da organização ofensiva ou a solidez defensiva: foram os golos.

Não sei ainda quem vais colocar a jogar mas tendo em conta que o jogo em Israel não foi nada de extraordinário para as perninhas dos nossos meninos, há que manter uma estrutura consistente em campo, mesmo que alteres um pouquinho a táctica. O Setúbal não é o Maccabi mas não é por isso que não nos pode dar água p’la barba, por isso não facilites nem um pentelhinho!

Força nas canetas e siga prá frente. Este tem de ser só mais um jogo e mais uma vitória. Sem espinhas.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Maccabi Tel Aviv 1 vs 3 FC Porto

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Algures a meio da segunda parte, depois do segundo golo, o jogo baixou o nível de uma interessante partida de futebol para o que parecia um daqueles jogos de putos na escola primária, onde duzentos miúdos correm atrás da bola num magote de camisolas e suor a saltar das suas cabeças. Deixou de ser Champions e passou a ser Taça da Liga, se quiserem uma metáfora mais correspondente com as competições onde estamos envolvidos. Ainda assim, uma vitória inquestionável com bons golos e uma bela soma de dez pontinhos à quarta jornada. Nada mau. Notas abaixo:

(+) Layún. Excelente jogo do mexicano, o melhor com a nossa camisola e com um golo que já vinha a fazer por merecer desde há alguns jogos. Muito activo a subir pelo flanco e até pelo centro, onde por várias vezes surgiu a atacar com uma claridivência e intensidade que nos foi sempre muito útil. Firme também a defender Ben Haim e a impedir várias jogadas que podiam ter causado perigo.

(+) Tello. Mais que a assistência para Layún e a atitude que mostrou em todo o jogo, tem o mérito de ter conseguido fazer que um mau controlo de bola se transformasse em golo pela velocidade de reacção e pela aparente calma em frente ao guarda-redes que lhe saiu ao caminho. Optou sempre pelo caminho mais prático e tanto ele como a equipa ganharam muito com isso.

(+) Danilo. Muito rijo na luta a meio-campo mas acima de tudo com vários passes longos estupendos a romper a linha defensiva do Maccabi e que só não deram golo porque a ineficácia vestiu de azul e branco durante quase toda a primeira parte.

(-) Cantos ofensivos. Contei dez cantos a nosso favor, mas podiam ter sido cento e quarenta e sete, tal é a produtividade que continuamos a manter em níveis ridiculamente baixos neste tipo de lances. Quase sempre batidos da mesma forma, à mesma altura e sem que consiga haver uma movimentação decente que crie perigo. Não seremos a equipa com a média de alturas mais…alta, mas é assustador saber que um alívio de bola na defesa pode ser mais perigoso que um pontapé de canto.

(-) Muito espaço dado às incursões pelo centro. Vejo muitas vezes a subida de jogadores contrários por zonas centrais e espanto-me como a zona de cobertura defensiva parece ser rompida como uma faca quente a cortar manteiga. É certo que raramente causam perigo por essa mesma zona porque a “concha” vai fechando e a bola acaba por ser endossada para uma ala ou há um recuo progressivo do adversário para restruturar em organização ofensiva, mas o desequilíbrio criado pode ser perigoso.

(-) Tantos golos falhados. Pelo segundo jogo consecutivo houve muito mais lances em que colocamos as mãos na cabeça do que os que fizeram com que as erguêssemos no ar. Foram tantas as oportunidades de golo falhadas, entre as de Aboubakar (duas ao poste) e mais algumas de Tello, Varela, André e companhia, que poderíamos ter registado uma vitória histórica que acabou por não acontecer. Só não falha quem não está lá dentro, yadda yadda, mas estamos a desperdiçar golos e largos minutos de maior descanso quando falhamos tanto.


Com dez pontos no saco e o próximo jogo em casa contra o Dínamo a poder garantir com absoluta certeza a passagem aos oitavos, não se pode dizer que tenhamos estado mal este ano na Champions. Só falta mais um pontinho, caríssimos!

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Ouve lá ó Mister – Maccabi Tel Aviv

Señor Lopetegui,

Parece que passamos mais uma daquelas absurdas fases de quebra de campeonato e neura generalizada pela ausência de jogos do FC Porto. Mais uma semana em que a malta lá de baixo se vai amassando toda com piadas e o nosso futebol está a entrar numa fase de tão baixo nível que começa a desmotivar qualquer um que gosta de ver a bola a rolar e as equipas no relvado. Gosto é de futebol lá dentro, Julen, não cá fora. Estou a ficar farto, para te ser sincero.

E é exactamente por isso que conto contigo para me iluminares aquilo que tem vindo a ser um bom par de semanas tristonhas. Espero que me consigas elevar a esse patamar de plenitude futebolística que eu sei que os teus rapazes conseguem chegar ou pelo menos que suem a tentar. E este pode não ser o jogo com maior cartaz de toda a edição deste ano da Champions. Raios, acho que nem é o jogo com mais cartaz deste mês, mas é um jogo importante de qualquer forma, um jogo em que podes começar a marcar bilhetes para Nyon ou Genebra ou Turim ou sei lá onde raio se fazem agora os sorteios dos oitavos da Champions.

Vá lá, faz-me sorrir outra vez quando vejo o FC Porto. Não é nada que esteja para lá do teu alcance.

Sou quem sabes,
Jorge

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