Baías e Baronis – Tondela 0 vs 1 FC Porto

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Pobre, muito pobre. Estamos na versão Lopeteguiana dos tempos de Fevereiro de 2012, quando Vitor Pereira tentava colocar a equipa a jogar em condições e os resultados eram os mesmos. Ou Jesualdo em Dezembro de 2009. Ou Fernando Santos em 2000. Ou Ivic em 1993. Ou Quinito. Sem data certa, porque Quinito não precisava de ano para ser tolo. E Julen também não parece necessitar, porque a gestão da equipa está a ser ridícula e a maneira como temos vindo a jogar é um pedacinho abaixo do equivalente a onze Adamastores com botas coloridas. Muito fraco, valeu o golão de Brahimi e a boa colocação de Casillas no penalty defendido. Muito pouco para quem quer ser campeão. Notas, abaixo:

(+) O golo de Brahimi. Fez lembrar, com as devidas diferenças e distâncias no tempo e no mito, a jogada de Madjer que deu origem ao golo de Juary no Prater: um “one-two” com o mesmo pé (direito) e o pontapé (neste caso remate, no outro cruzamento) com o pé esquerdo a fazer a bola entrar direitinha na gaveta, impossível para qualquer guarda-redes defender a não ser que tivesse sido avisado por um qualquer oráculo, e mesmo assim duvido que lá chegasse. Um golo para correr mundo e logo com o feioso do segundo equipamento. A New Balance estará a esfregar as mãos.

(+) Casillas. Aposto que Iker se atira para o seu lado esquerdo aí umas 90% das vezes, quando está a tentar defender um penalty. Entramos pois naquela parvoíce teórica da teoria de jogos, onde o marcador sabe que o guarda-redes sabe que o jogador sabe e por aí fora. Ainda assim, teoria dos jogos aparte, foi uma boa defesa e teve o condão de fazer com que conseguíssemos sair de Aveiro com três pontos, eu que já me preparava para lamentar a perda de mais dois pontinhos porque não via a equipa com força anímica e estrutura consistente para dar a volta aquilo…

(-) Criação de lances ofensivos. Meia-dúzia de remates para uma posse de bola tão alta é sintomático da incapacidade de gerar lances de verdadeiro perigo para a baliza do Tondela, uma equipa fraquinha que corre e bate mais do que joga. Não parecemos capazes de ter um fio de jogo consistente, jogando com não-extremos colados à linha, não-trincos recuados em demasia e não-criativos sem criar. Somos uma equipa previsível para quem defende, lenta para quem trabalha no centro e medrosa em zona de recuperação defensiva. Não tapamos os espaços certos, raramente conseguimos.

(-) A expulsão de Lopetegui. Não faço ideia do que o homem terá dito ao árbitro, mas juro que já vi tantos outros a fazer o mesmo tipo de gesticulação e protesto que me leva a pensar que Lopetegui emitirá sons numa frequência que prejudica os tímpanos da arbitragem portuguesa com uma intensidade digna de experiencia do exército americano. E mesmo achando que estava a fazer de propósito para ser expulso, pareceu-me exagerado.

(-) Lopetegui como Guardiola. Ma non troppo. Pep, aqui há uns tempos, experimentou colocar uma zona recuada com apenas três defesas, dois dos quais eram os “mínimos” Lahm e Rafinha. E gosta de trocar os jogadores, experimentando com algumas nuances tácticas para agilizar a sua formação em campo e fazer com que, pegando no jogo, encarem o adversário de uma forma diferente e inovadora. Julen, por seu lado, agita as águas de tal forma que ninguém parece compreender o porquê de o fazer de uma maneira tão brusca, alternando posições com uma absurda facilidade que eles próprios devem ficar a pensar no que raio anda o mister a pensar. A forma como retira Marcano do jogo, entrando Ruben Neves para o seu lugar e baixando Danilo para a zona mais recuada, para que dez minutos depois regresse ao meio-campo depois da saída de Brahimi para a entrada de Maicon…desafia o maior analista táctico a tentar entender o porquê de tal agilidade mental em alturas cruciais do jogo, transmitindo uma sensação de inconstância e nervosismo à equipa como raramente vi em tantos anos de futebol. Era giro ao início mas tornou-se incompreensível e, francamente, penoso tentar perceber as alterações do treinador que servem bem mais para destruir a confiança e entrosamento da equipa do que para melhorar o seu alinhamento em campo. Mais um jogo, mais uma explosão de criatividade táctica que não é criativa…e quase não chega a ser uma táctica.


Não há muito mais que se possa dizer perante exibições deste calibre. Somos, neste momento, uma equipa perdida, sem rotinas nem capacidade de lutar contra adversários remotamente perigosos, dependentes de talento individual. E quando ele não aparecer, estamos tramados.

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Ouve lá ó Mister – Tondela

Señor Lopetegui,

Aqui há uns anos costumava dizer-se que quando o FC Porto perdia, qualquer que fosse a competição em que tinha acontecido o infortúnio, a próxima equipa que nos defrontasse ia pagar o elevado preço da derrota por vingança pelo passado recente. Nada a ver com o adversário, entenda-se, era apenas uma demonstração de que ninguém nesta casa aguenta perder e se vira rapidamente para o próximo desafio como se fosse o último das nossas vidas, desancando em putos e velhinhas sem o mínimo de remorso. Esses tempos, Julen, eram bons, mas já lá vão.

E a verdade é que perdeste muito do crédito que te dei continuamente desde o ano passado, porque sempre acreditei que conseguias levar esta amálgama de jogadores, nacionalidades e línguas a um lugar condizente com a sua qualidade. A partir da passada terça-feira, vais ter de trabalhar a triplicar para me convenceres que continuas a ter lugar entre nós, portistas. Porque o Tondela, mesmo não sendo um Dínamo, pode sempre lixar-te um bocado a vida porque é malta que corre bastante e que até parece organizadinha em campo, ao contrário do que vi dos teus aqui há uns dias. Por isso engraxa os sapatos, veste o teu fato bem passadinho a ferro e penteia bem a melena. Quero vitórias e quero hoje. Quero uma vitória clara, com futebol de qualidade acima da média e quero ver trabalho em campo correspondente ao que ainda acredito que haja nos treinos.

Menos que isso e não sei mais o que te possa fazer, rapaz.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 2 Dinamo Kiev

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O perímetro de segurança, as revistas personalizadas e o cuidado extra da polícia para assegurar que não haveria perigo na envolvente do Dragão faria antever que tudo estaria bem e que nenhuma bomba rebentaria nas redondezas. Errado. Rebentou lá dentro, com um resultado tão abjecto como a exibição, com um FC Porto incapaz de jogar futebol a um nível minimamente aceitável e com os seus jogadores, os seus pobres, apáticos jogadores a deitarem por terra aquilo que seria um passo tão fácil para uma qualificação directa e sem grandes espinhas. Foi mau demais. Mau. Demais. Vamos a notas:

(+) André. Dos poucos que entrou com algum lampejo de vontade (Marcano também pareceu com vontade de mudar alguma coisa mas lá de trás é mais complicado) e de determinação a impedir que o Dínamo saísse daqui com a vitória e entregou-se à luta com quase nenhum apoio por parte dos colegas. Várias tentativas de incursão na área, um remate disparatado e empenho no combate pela bola, foi o único do meio-campo para a frente que não pareceu um veado em frente a uns faróis.

(-) Tudo. Preparem-se que esta pode ser uma longa viagem com vernáculo solto e intenso. Prontos? Aqui vai. FODA-SE! Já vi várias implosões europeias de equipas do FC Porto, desde as destruições contra Arsenal, PSV e Bayern às humilhações contra APOEL, Artmedia ou Sevilha, tudo jogos em que coloquei as mãos na cabeça e pedi a qualquer Deus que estivesse a ouvir para que me tirasse do fundo do poço moral em que me encontrava no momento. Mas esta tem um sabor com uma particular adstringência de estrume, porque o que vi não foi uma equipa. Não era uma equipa composta por onze jogadores que tentam o seu melhor para conseguirem levar de vencido o adversário que se coloca à sua frente. Hoje vi um grupo de homens feitos meninos, uma turba mais desorganizada que um grupo de visigodos de ressaca depois de pilharem uma aldeia e beberem setecentos barris de vinho rançoso. Um meio-campo inexistente, desorganizado, sem cobertura mínima do espaço defensivo e com movimentações lentas e inconsequentes para a frente. Laterais amorfos, doentes, mortiços, sem vivacidade nem alma nem empenho nem esforço. Vi pés a saírem do combate, corpos a fugirem da luta e relva que ficou por pisar com intensidade e querer. Reparei estupefacto, sem conseguir perceber como nem porquê, que os extremos recebem a bola sem apoio dos colegas, isolados em terreno inimigo como um soldado a subir sozinho para fora de uma trincheira em Verdun, consciente que será moído pelas metralhadoras do outro lado. Vi médios a perderem a bola na sua zona e a pressionarem (TODOS, CARALHO, SEM QUE UM ÚNICO ENFIE O PÉ PARA TENTAR TIRAR A BOLA AO UCRANIANO!) o gajo que leva o esférico como miúdos da primária a correr em parvo ensemble atrás dele. Avançados que não controlam a bola de primeira, centrais que se trocam e destrocam e contratocam, um médio que não percebe o que está a fazer quer atrás quer à frente e acima de tudo um treinador incapaz de colocar um dos plantéis com mais qualidade dos últimos anos a praticar um futebol que seja dinâmico, vivo mas acima de tudo consistente. Mais. Vejo uma equipa mentalmente frágil como nunca vi, nem nos tempos mais soturnos de Vitor Pereira (ali a meio da primeira época) ou durante a “fase palminhas” de Paulo Fonseca. Vejo jogadores de reconhecido valor a perderem-se em campo e a não conseguirem encontrar o lugar certo na altura certa. Vejo pouco trabalho táctico, inacreditáveis falhas de conjunto e pouca vontade de vencer. Quando um ou outro jogadores têm dias maus, toda a gente percebe e mesmo que falhem, a malta compreende. Quando acontece com onze jogadores, a história é outra. E já aconteceu várias vezes com Lopetegui no ano passado, basta recordarmos as derrotas com o Sporting em casa para a Taça, aquela “coisa” em Munique ou as deslocações à Madeira ou a Belém. Lopetegui parece incapaz de trabalhar a equipa de forma a que gostem do que fazem e corram por esse mesmo gosto de uma forma consistente e não apenas uma ou outra semana em jogos pontuais. E a forma como gere a equipa em campo, com as constantes trocas tácticas e as nada-subtis-alterações de posição só contribuem para este desnorte que se parece abater por cima das cabeças dos jogadores. Não. Não. NÃO, CARALHO! Não é possível ver onze gajos a desanimarem ao mesmo tempo e atirar a culpa apenas para cima deles! E hoje perdemos não só porque o Dínamo esteve bem, seguro e eficaz, mas porque fomos maus. Fomos fracos. Os jogadores foram fracos. O treinador foi fraco. Tudo foi mau e fomos uma vergonha. Os jogadores que hoje estiveram em campo, juntamente com o treinador, envergonharam o clube. E fizeram-no no pior momento.


Uma vitória em Londres não é impossível mas será improvável. O mais provável, se jogarmos como fizemos hoje, é sair para a Europa League com o rabinho bem rosado. E não se pode dizer que tenhamos merecido melhor tratamento.

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Ouve lá ó Mister – Dinamo Kiev

Señor Lopetegui,

Para o jogo da primeira mão, o que nos arrancou na caminhada da Champions deste ano, enchi a pantalha com yaddas. Não funcionou muito bem, porque do que me lembro houve meia-dúzia de AVCs colectivos na defesa que nos custaram dois pontos e que podiam ter feito com que este percurso tivesse sido bem mais complicado do que acabou por ser. Mérito à tua equipa (e a ti, co’a breca!) por se terem erguido com dignidade e força nos três jogos seguintes, porque as três vitórias que sacaram são mais do que suficientes para garantirmos hoje o lugar nos oitavos.

Já sei que apenas precisamos de um ponto dos dois que perdemos em Kiev, mas já sabes como é que estas coisas correm quando uma equipa joga para empatar, não é? Não jogaste para empatar na Ucrânia, pois não? Não senhor, estivemos lá na frente e o jogo até estava a correr bem, não fosse aquela imbecilidade defensiva a tolher-nos as monas conjuntas e a fazer de nós uma massa heterogénea de choradeira e dedos apontados. Não quero que aconteça nada do género e por isso estou a contar que ponhas a melhor equipa em campo e que mandes os rapazes acabar com qualquer dúvida, que só acontece se sacarmos três pontos. Vai estar um briol do caraças e a malta precisa de aquecer nas bancadas, por isso vamos lá mostrar bom futebol e uma vitória para animar as hostes!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Angrense 0 vs 2 FC Porto

Angrense's player Miguel Oliveira (L) vies for the ball against FC Porto player Martins Indi (R) during their Portugal's Cup fourth round between Angrense and FC Porto held at John Paul II stadium in Angra do Heroismo, Terceira Island, Azores, Portugal, 21 November 2015. EDUARDO COSTA/LUSA

EDUARDO COSTA/LUSA

Um jogo simpático contra uma equipa simpática numa terra bem simpática onde fomos recebidos com…you got it, simpatia. Apesar dos melhores esforços do Angrense, a verdade é que o resultado peca por escasso, com várias oportunidades a serem falhadas e com a típica falta de rotinas entre jogadores que raramente jogam em conjunto a fazer-se notar. Foi o suficiente para uma vitória interessante mas que irá rapidamente desaparecer das nossas mentes. Vamos a notas:

(+) Sérgio Oliveira. A quantidade de vezes que já vi Herrera jogar sabendo que este rapaz está na bancada a ver a bola é coisa para me partir o coração. Gosto de o ver a pensar o jogo, a progredir com tino e a raciocinar com o esférico nos pés, raramente se enviando em demandas loucas, optando sempre pela construção inteligente e sustentada. Uma espécie de Rakitic de Mozelos, vá. Quero vê-lo a jogar mais, até para poder ganhar a forma física que necessita para nos dar mais e melhor.

(+) Bueno. Dois bons golos e uma boa integração na equipa em qualquer das posições que foi ocupando, inclusive na defesa, onde salvou uma ou outra das fugazes jogadas de ataque do Angrense. Mexe-se bem, é prático e executa com rapidez. Neste momento deveria ser a segunda escolha para ponta-de-lança à frente de Osvaldo, que não consegue acertar na baliza a não ser que a bola tenha controlo remoto…

(+) Victor Garcia. Apesar de algo nervoso na primeira meia-hora (compreensível mas estranho, para um rapaz que já jogou nos As e é titular nos Bs), subiu de produção a partir dessa altura e mostrou o que já conhecíamos dele: velocidade, força física no confronto directo, boas subidas pelo flanco e postura de lateral ofensivo como um jogador naquela posição tem de ter no nosso clube. Faz-me pensar no que deve ter ficado a pensar ao ver Reyes a titular em Munique no ano passado…

(-) Osvaldo. É raro dar Baronis para malta que se esforça, mas Osvaldo está a correr nos sítios errados. Técnica apurada? Sim. Bom domínio de bola? Óbvio. Mas…pouco interventivo nas zonas de finalização apesar de muito mexido fora delas, é notável a capacidade que tem, jogando como avançado…de raramente o ser. Constantemente a tomar as decisões erradas, está mesmo a precisar de um golinho para animar, mas a continuar assim não vejo como o vai conseguir..

(-) Oh Silvestre, a sério?! Metade da equipa do Angrense muge vacas durante o dia e treina à noite. E têm trinta e nove anos de média de idade, mais coisa menos coisa. E todos eles chegavam à bola primeiro que o Varela. Need I say more?


Pode sair outro Angrense na próxima eliminatória? Sim? A gerência agradece.

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