Uma frase que não magoa ninguém e que só constata o óbvio: não foi em Londres que saímos da Champions, mas em casa contra o Dínamo. E é infeliz que sejamos eliminados com um pecúlio final de dez pontos, algo raro mas não impossível e que nos vai ficar na memória. Acima de tudo é mesmo esta a grande lição da Champions deste ano: não chega ganhar alguns jogos. É preciso ganhar todos os que se conseguir. E não o conseguimos por mérito alheio mas acima de tudo por demérito próprio. Vamos a notas:
(+) O esforço dos jogadores. Não os posso censurar por terem corrido. Era um jogo decisivo, onde a honra manchada na jornada anterior poderia ter sido salva com uma exibição acima da média e um bocadinho de sorte. Bastava trabalharem para isso e foi o que fizeram. Nenhum correu menos do que conseguiu, todos que estiveram em campo colocaram tudo na relva, entre carrinhos e disputas de bola na relva até voos pelo nada tépido ar de Londres, os rapazes de camisola branca (eu digo sempre que dá azar, ninguém me ouve…) lutaram com as forças que tinham para ultrapassar um obstáculo difícil mas não impossível. E não o conseguiram por algum azar, pouca clarividência ofensiva (culpa não deles mas do que lá os pôs) e por culpa própria, por terem perdido contra o Dínamo no jogo anterior. Hoje tentaram salvar a pele e o coração. Conseguiram, mas com fel na boca.
(+) Brahimi. Tenho muita pena que tenhas trabalhado tanto para conseguir produzir tão pouco na linha da frente, Yacine. Raios, a tua jogada mais perigosa foi a que acabou com o apito do árbitro, muito por culpa do teu mister que te pôs numa posição onde tinhas em média mais ingleses à tua volta que uma adolescente de mini-saia numa happy hour no centro de Sheffield. Lutaste como um louco, tentaste tudo o que conseguias e fizeste com que o Miguel Prates e o Freitas Lobo te estivessem prestes a oferecer um jantar de lagosta. Piadas aparte, bem fizeste por o merecer.
(+) Danilo. Ele bem tentou, com cargas rijas e confrontos de titãs a meio-campo contra uma formiga agressiva e o equivalente à Torre dos Clérigos em versão sérvia. Danilo usou o corpo, a cabeça e a alma em todas as jogadas em que esteve envolvido e não se lhe podia pedir mais. Questiono-me se não servirá melhor os interesses da equipa tê-lo a jogar como puro trinco, “à antiga”, com Ruben um pouco mais adiantado com uma táctica mais assente na rotação pura da bola a meio-campo…ah, já percebi, o Julen é que não quer.
(-) Vamos lá inventar mais um bocadinho. Um treinador do FC Porto que vá jogar a Inglaterra e não invente uma táctica louca ou coloque peças imprevisíveis em campo não é digno do seu nome. E Julen Lopetegui pode adicionar o seu nome a uma longa galeria de nomes que colocam meia-dúzia de quixotes a tentar lutar contra moínhos imaginários mas sem o Rocinante nem o Sancho nem sequer uma lança para impôr respeito. Não acredito que esta táctica tenha saído do ar ou da imaginação do treinador a vinte minutos do início do jogo. Acredito que tenha sido testada (contra pinos, nos treinos) e que até poderia ter funcionad…não, não podia. Não podia porque a equipa não está rotinada para jogar NA SUA TÁCTICA NATURAL, QUANTO MAIS NESTA MERDA DESTE HÍBRIDO QUE ATÉ O CHAPMAN SE CÁ ESTIVESSE ERA CAPAZ DE DIZER: “OH FUCK OFF, SIR, YOU ARE MENTAL!”. E insistimos nesta parvoíce, neste constante mudar de peças e rotinas, desagregando uma equipa que lutou até não aguentar mais e que cai, mais uma vez, pela ausência de uma consistência de jogo central que permita uma transição pacífica defesa-ataque e que faça com que a aposta nas laterais seja uma demanda por um Graal qualquer que só existe na cabeça do técnico. Apoiam os laterais, descem os médios, há espaço a mais no centro; sobem os médios, os laterais também, fica a zona seis desprotegida; descem os avançados para recolher a bola, os laterais não sobem com medo, os médios idem e a bola rola para os defesas, os três que afinal eram cinco e que, durante várias trocas de bola do Chelsea, pareciam não ser nenhum. Táctica? Para as urtigas.
Repito: saímos por demérito próprio. Mas isto não significa que desistamos de procurar bons resultados na Europa. Amarguras aparte, sem termos feito um grande jogo, espero regressar à Europa em Fevereiro. E espero que o FC Porto também regresse.
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