Ouve lá ó Mister – Marítimo

Señor Lopetegui,

*suspiro*

Olá, rapaz. Como creio que ainda não celebraste o nascimento do Messias com a tradicional corrida para as Toys’r’Us e lojinhas da moda para comprar tudo o que brilhe ou pelo menos que tenha um boa pintura a matte que não colida com a mobília da sala, que esta merda da estética está aqui a ser martelada pelo gajedo até um ponto que nem me sinto homem a não ser que pinte a cara de verde e preto e vá foder o couro a meia-dúzia de raiders no Fallout…*suspiro mais fundo*…e como tal ainda não estás anafado e gordo como o Cebola ou o Rui Filipe (RIP, puto, que te divirtas com o repasto lá em cima!) depois das férias.

Aaaaaaaanyway…

Hoje começamos mais uma etapa nesta competição que nos diz tanto por não nos dizer nada. E logo contra os mesmos cabrões que nos eliminaram no ano passado em mais uma edição do “Vamo-nos lá foder na ilha” que parece estar semi-afastada este ano, ou pelo menos minimizada…é que já nos tramamos exactamente com estes fulanos, te recuerdas? Pois lá está, a vingança é um prato que se serve frio e ao que parece com chuva, porque se cair alguma das pinguinhas hoje que caíram ontem, vai haver um espectáculo bem regado. Do céu, entenda-se.

Gostava de sugerir que experimentasses à vontade mas como já o fizeste durante perto de três meses, opto por recomendar cautelas. Temos obrigação de passar a fase de grupos mas convinha não deixar as coisas para os próximos jogos, não é? Então despacha lá os rapazes e celebra as entradas em grande. Viva 2016! Viva! Coiso!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 1 Académica

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O Natal é realmente um momento maravilhoso. Hoje, no Dragão, o espírito natalício trouxe prendas de todos os estilos, desde as fintas de Jesus “Twinkle Toes” Corona, aos passes estupendos de Ruben, passando pela capacidade aérea de Indi e ao golo de calcanhar de Herrera. Leram bem, Herrera marcou um golaço de calcanhar. E trouxe também mais um episódio na saga “Como ser teimoso for dummies”, da autoria de Julen Lopetegui, que podia ter marcado pontos com os adeptos mas optou por manter a sua insistência nas opções certas para o lugar certo. Se ganhar, nada contra. Mas tinha evitado algumas chatices com um simples gesto. Enfim, nada perdido, tudo ganho e um bom jogo para terminar o ano da Liga em grande e na liderança. Notas abaixo:

(+) Danilo. Está em grande forma e nota-se pela forma serena e inteligente como controla o meio-campo da equipa em construção mas especialmente na reconquista das bolas perdidas. Joga com força e em força, como se a evidência da sua capacidade física não fosse suficiente ao olhar para ele, mas aproveita todos os centímetros que tem e os quilogramas que carrega para se impôr na zona central e para caminhar sempre que pode para as imediações da área adversária. Marcou um e esteve perto de fazer outro. Muito bem.

(+) Corona. Finalmente a mostrar o que já o tinha visto a fazer e ainda faltava exibir no Dragão. Rápido, audaz, sem receio de perder a bola e a cair por cima dos adversários com a bola colada aos pés e as acelerações certas no momento exacto. Excelente no 1×1 (até que enfim!) e bom no cruzamento e no endosso da bola para os colegas, só precisa de se entender um bocadinho melhor com Maxi para termos de novo um flanco direito em condições.

(+) Ruben. Até pode falhar passes, mas será raro. Pode perder bolas, mas é pouco usual. E hoje, para lá de comandar a equipa desde o início do jogo, esteve muito activo a intersectar bolas no meio-campo para logo a seguir vestir o fato de Pirlo e continuar na criação de lances ofensivos com calma, cabecinha no sítio e poucas hesitações. Saiu debaixo de um aplauso tremendo, completamente merecido.

(+) O golo de Herrera. Mas…o que…raio…foi…AQUILO?! HÉCTOR! A SÉRIO?! QUE LINDO, RAPAZ!

(-) O andebol, outra vez. Eu sei que não se pode ser sempre incisivo no ataque, até porque há uma equipa que defende e fá-lo de uma forma recuada e sem problema nenhum em viver assim, tristonha e amedrontada. Mas há um certo limite que a malta chega até começar a entediar-se com o fluxo de jogo horizontal que o FC Porto de Lopetegui continua a mostrar. É verdade que a nossa equipa principal de Andebol continua numa sequência fantástica de vitórias (outra hoje perante o Sporting) mas creio que estamos a exceder-nos na tentativa de lhes seguir as pegadas…

(-) Viver sem saber viver É raro contestar as decisões de um treinador porque francamente acho que ele perceberá muito mais do que a grande maioria da “inteligentsia” futeboleira, portista ou herege. Mas há algo que a vida nos foi ensinando ao longo dos anos, a mim e a tantos outros, que viver não é o mesmo que saber viver. Lopetegui teve hoje uma oportunidade tão prática e simples de mostrar aos adeptos que também sabe viver e desperdiçou-a. Teria de fazer entrar André Silva para o lugar de Aboubakar para poder jogar os últimos dez minutos de jogo em frente aquele que será o seu “novo” público (e que o seja durante muitos e proveitosos anos) e abdicar da opção que já teria tomado, a rendição de Corona por Bueno. Não o fez e compreendo que não o faça, afinal quem manda é ele e as organizações não se regem a partir do sopé mas do topo da pirâmide para baixo. Mas evitava muitas chatices, diversas perguntas desconfortáveis e mais meia-dúzia de linhas nos jornais (aposto que nas capas de alguns) a bater no seu nome e a criar descontentamento. O rapaz terá muitas oportunidades para jogar num futuro próximo (talvez já contra o Marítimo na Taça da Liga, quiçá a titular) e Lopetegui gosta de mostrar que ele é que manda e se quiser ser teimoso está no direito de o ser. Mas coloca uma maior pressão nos seus ombros, retirando-a dos jogadores (menos do Bueno, coitado). Correrá bem? Espero que sim, mas temo que não.


Lá lá lá lá lá lá lá…em primeiroooooooo…lá lá lá lá lá lá lá…em primeirooooooo…mas até quando?

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Ouve lá ó Mister – Académica

Señor Lopetegui,

Vimos de uma boa sucessão de vitórias, conseguidas à custa de algum do pior futebol que a equipa já jogou este ano. Mas as vitórias lá apareceram e se as da taça são sempre boas porque significam a passagem à próxima fase, as do campeonato ainda melhor porque dá para manter ali as mordidelas nos calcanhares alheios. E como esses calcanhares estarão já prontinhos para serem mordidos na próxima jornada, é bom que fiquem perto o suficiente para lhe cravares os caninos.

Metáforas aparte, o que interessa mesmo é vencer o jogo. E a Académica sem o Gonçalo e sem o Leandro não são a mesma coisa e porque faltam os nossos meninos faz com que não haja nada para que tenhas pena deles. É entrar à grande, sem medo e sem preocupações excessivas, controlar o jogo e tentar marcar desde o início. E se conseguires marcar logo um golito, vê lá se tentam o segundo, sim? Para não termos jogos como o da Feira que me entediou tanto ver-vos a jogar que preferia ver tinta a secar no inverno. Incisividade, acutilância, decisão no último terço…eh pá, usa os clichés Gabrielísticos que te apetecer, mas mostra ao povo que ainda sabem jogar à bola. E depois, sim, Alvalade!!!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Feirense 0 vs 1 FC Porto

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Há várias formas através das quais consigo conectar o meu cérebro para conseguir ver um jogo como o FC Porto fez hoje à tarde na Feira. Posso assumir que é um jogo de pré-época e viver nesse mundo alternativo; posso imaginar que afinal estou a ver os Bês e que se vão vingar da derrota de aqui há umas semanas; posso desistir e pensar que nunca mais vou ver um FC Porto pressionante, forte e à procura de mais que um mísero golo contra uma equipa de uma divisão inferior…qualquer uma destas serviria, mas vou por uma quarta opção: uma boa parte dos rapazes está cansada depois do equivalente a uma temporada praí de 1943/44 toda disputada num espaço de um mês. Não justifica tudo, mas ajuda a perceber alguma coisa. Vamos a notas:

(+) Danilo. Impecável. Uma força imparável no centro do terreno, foi o médio de melhor produção e acima de tudo pela constante presença na organização do jogo da equipa, tanto defensivamente como no início de criação de lances ofensivos. Falta-lhe ser um pouco mais consistente na subida com a bola, porque se conseguisse fazer o mesmo na posição oito que actualmente faz a jogar como seis, conseguiríamos enquadrá-lo com Ruben na mesma equipa sem perder capacidade ofensiva, o que não tem acontecido. Grande jogo.

(+) Helton. Três ou quatro excelentes defesas e a presença sempre constante pelo ar ou na recolocação rápida da bola em jogo, o “velhote” mostrou que continua em boa forma e dá confiança à defesa sempre que está em campo. Continuará a ser segunda opção atrás de Casillas mas não perdemos nada quando está em campo.

(+) Maicon (até aos 88 minutos). Esteve excelente no comando da defesa e na intercepção de lances ofensivos do Feirense, a jogar prático e simples, apesar da pressão alta sempre bem feita pelo adversário. Alguns passes longos falhados não mancham uma boa exibição. O que ia manchando era esse tal “coiso” aos 88 minutos, devidamente analisado em baixo.

(-) Jogadores de futebol ou gajos que jogam à bola? Compreendo que a malta até estivesse cansada e que quisesse manter a bola a rolar sem que tivesse de trabalhar muito para conseguir mais um ou dois golos, algo que estaria ao alcance de todos, os habituais titulares ou os suplentes. Compreendo perfeitamente que André Silva não tivesse jogado, ele que brilhou na segunda-feira naquele jogo cansativo contra o Sporting B debaixo de intensa chuva em Pedroso. Mas não compreendo a mentalidade de gestão com um golo apenas na frente, num estádio adverso com tantas possibilidades de falha como havia hoje. E não compreendo a permanente horizontalização do jogo, sem vontade, sem rasgos nem consistente futebol ofensivo. É aborrecido, demasiado aborrecido ver este FC Porto a jogar à bola e nestes jogos ainda se nota mais a falta de moral e de vontade de vencer que muitos rapazes mostram em campo. Aposto que a maioria está à espera que o jogo termine para poderem ir descansar um bocado ou para se livrarem dos assobios. Guess what, dudes? Se continuarem a jogar assim, não se livram, garanto.

(-) Afinal para que é que serves, Tello? Uma nulidade que fez com que tivesse saudades de Varela, mesmo depois daquela exibição absurda do Silvestre contra o Angrense aqui há umas semanas. Tello em 2015/2016 tem tido um rendimento aproximado de um bulldozer a jogar mikado ou de um gafanhoto a carregar uma arroba de batatas de uma só vez. É inoperante, incapaz de um drible de progressão e servindo simplesmente como uma das paredes mais caras que já colocámos em campo na nossa história. Recebe a bola e de primeira endossa-a de volta para o rapaz que lha colocou nos pés. E é isto. Mais nada. Nem um pique, um remate, uma lance que se possa recordar mais tarde para tuitar alegremente com a hashtag da moda. Lembrar-me que saiu da Masia é ainda mais enervante.

(-) Aquele lance aos 88 minutos. O lance a que me refiro, que aconteceu perto dos 88 minutos, é apenas a confirmação da Alexsandrização do FC Porto em grande parte destes jogos. A molenguice, os excessos de confiança, as trocas de bola com passes pouco tensos, na iminente perda de bola quando esses passes não chegam ao destino da melhor forma ou quando um ou outro jogador treme um bocadinho em posse. Com um relvado que parecia cimento pintado de verde e castanho, a bola em constante ressalto no solo…temi que pudesse haver uma chatice. E aparece Maicon, a tentar picar a bola para não a mandar para as couves, dando origem ao que poderia ter sido o golo do empate e mais uma situação de mãos na cabeça para Julen e amigos. Valeu São Helton.


Quartos-de-final da Taça não é mau de todo. Passar às meias ainda vai ser melhor. E a final, upa upa. E ganhar? Isso é que era. Ainda assim, trocava isso tudo pelos oitavos da Champions.

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