Estou cansado. Os sprints do Brahimi, as movimentações do Herrera, as subidas do Maxi e as cavalgadas do Marega (patinadelas incluídas) puseram-me de rastos e estou aqui a tentar escrever para afastar a núvem de exaustão que paira sobre a minha cabeça. Estes jogos matam-me e também parecem querer matar os nossos jogadores, que não aguentam um jogo inteiro ao mesmo ritmo e hoje notou-se bem que o risco corrido na pressão a campo inteiro acabou por desfazer o resto da capacidade física da equipa na segunda parte. Valeu pelo esforço e os três pontos (que poderiam perfeitamente ter-se transformado em apenas um) são nossos. Ufa. Notas, para relaxar, já abaixo:
(+) Casillas. Parece estar a gostar de defender em Lisboa, porque depois da exibição na Luz segue-se mais uma segura partida num estádio à beira do Tejo. Os bons guarda-redes aparecem nos momentos mais importantes e Casillas tem sido um dos nossos nomes mais brilhantes nos últimos tempos, a garantir vitórias mesmo com golos sofridos e tendo de enfrentar uma das defesas mais porosas da nossa história. Muito bem, Iker.
(+) Brahimi. Finalmente um bom jogo do argelino, com criação sucessiva de lances ofensivos durante a primeira parte e a ser o único indivíduo que conseguiu receber a bola na frente de ataque na segunda. Marcou um bom golo, podia ter marcado o segundo numa jogada semelhante e foi um dos jogadores mais activos em campo. Uma pena a lesão, espero que não seja grave.
(+) Herrera. Mais um bom jogo do mexicano fora do Dragão, que me leva a pensar que se deixa afectar um bocadinho pelos assobios que o pobo dele lhe destina quando falha um ou dois passes e demora aqueles seis ou sete anos até passar uma bola. Hoje foi o Herrera do 80, a rodar bem a bola e a aparecer em zona de último passe na perfeição. Há que poupar o rapaz para a recta final do campeonato.
(+) A entrada de Evandro. Foi perfeito, Zé. Aliás, as substituições foram simples e eficazes e não fosse o Marega ter uma combinação de ausência de talento e sabrinas nos pés e teríamos morto o jogo bem antes dele ter terminado. Evandro acalmou o jogo a meio-campo como era a sua função, servindo para que o FC Porto disparasse em termos de posse de bola nessa zona (aposto que até aí, na segunda parte, devíamos ter qualquer coisa como 10 ou 20% de tempo com a bola nos nossos pés…) e serviu para lançar alguns contra-ataques que Marega e Suk conseguiram desfazer. Mais um rapaz muito importante para o final do campeonato.
(-) As pernas, senhores, as pernas! A estratégia era arriscada e ousada, porque a pressão a campo inteiro depois de um jogo europeu quatro dias antes podia estourar com os rapazes bem cedo. E os dois golos (obrigado, Tonel!!!) ajudaram imenso a que a equipa conseguisse descansar com bola durante umas dezenas de minutos até que o Belenenses, com a força alimentada pela vontade de ganhar ao FC Porto (não tenham dúvidas, basta ver a forma como estes rapazes jogaram contra o Benfas que contra nós pareciam onze Eowyns contra onze Nazguls de branco), começaram a carregar no meio-campo e a partir daí…era só olhar para Danilo, habitualmente mexido, estava já em modo “vou-esticar-as-pernas-para-chegar-à-bola-porque-correr-tá-quieto-que-já-não-dá”. Peseiro mexeu bem e mesmo que Brahimi não se tivesse lesionado, creio que Varela tinha entrado para o seu lugar mais minuto menos minuto. Proponho usar a equipa B toda contra o Gil Vicente para que estes estejam em condições para o jogo de Braga. Vamos precisar de ainda mais pernas do que hoje.
(-) Corona. Houve alturas em que pensei que estava a ver Tello em vez de Corona, tal a inoperância e incapacidade de controlar uma bola que aparecia pelo ar. Ou pela relva. Ou de qualquer maneira que aparecesse, porque Jesus, tu hoje fizeste um jogo que encheria de orgulho um escaravelho-bosteiro. Mau no passe, no drible, no arranque, no controlo da bola. Mau em tudo, rapaz. Vai para casa, dorme bem e volta em condições, fazes favor.
Três grãos de cada vez, lá vamos enchendo o estômago com pontos que no ano passado fomos desperdiçando pelos lados da capital. Estamos longe, mas não ficamos mais longe e até nos podemos aproximar. Está a ficar giro, sim senhor.
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