Ouve lá ó Mister – União

Camarada José,

Isto é que vai uma crise, homem! Em campo e fora dele, porque já vi a lista de convocados e estamos piores que um destacamento de polacos na fronteira com a Alemanha em 1939. Com menos cavalos, ainda por cima, que é uma chatice e fica mais feio nas televisões. De qualquer forma, como disseste e bem, vamos à guerra com os que temos. Como os polacos. E olha como as coisas lhes correram bem…

Não estamos num bom spot. Fisicamente, moralmente, estamos naquela posição que eu gosto de considerar “defilhadaputice”, que é estar perto dos primeiros mas sem grandes esperanças de lá chegarmos. E já estivemos mais perto mas os teus rapazes voltaram a desiludir-te e a todos nós e apanhamos na pá em Braga. Foi mau apanhar na pá…pá, mas pode ser pior se repetirem a dose hoje à noite. E qual é o mal dos convocados terem vários gajos da B? Não temos de começar a pensar em separar o trigo do vastíssimo joio e dar uma oportunidade aos putos? Temos, pois!

Vá lá, ganha o jogo em condições e deixa a malta a bater palmas no fim em vez de assobiar. Eu já nem peço muito, carago…

Sou quem sabes,
Jorge

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McClellan e os barcos largos

General-George-McClellan

Sou aquilo que se pode chamar um “buff” da Guerra Civil Americana. Leio blogs e artigos sobre o assunto, ouço podcasts, palestras e tertúlias, compro livros com mapas, descrições das batalhas físicas e políticas, um bocado de tudo que consigo descobrir. Fascina-me o conceito da guerra fraternal e acima de tudo a forma como os eventos se desenrolaram, desde os combates políticos do “antebellum” até à rendição em frente ao edifício do tribunal de Appomattox, continuando pelos eventos da reconstrução que fez do país um outro inferno no pós-guerra. Muito há para dizer sobre o assunto e não há teclas com resistência suficiente neste portátil onde escrevo para aguentar o que se poderia contar sobre isto. Ainda assim, vou tentando, pedaço a pedaço.

Um dos generais mais famosos da União (os do Norte, que vestiam de azul, vejam lá a coincidência) era um jovem que dava pelo nome George B. McClellan. Formado em West Point, seguia uma escola napoleónica de comando e assumiu uma pose quase messiânica em relação ao exército que comandava, “The Army of the Potomac”, em homenagem ao rio que atravessa Washington, a capital do país. Era idolatrado pelas tropas desse mesmo exército e foi chamado por Lincoln para comandar todos os exércitos da nação, uma espécie de Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, após um primeiro desaire numa incursão a sul, onde se travou a primeira batalha da guerra. Impiedoso nos comentários em relaçao aos seus iguais e até superiores, tinha um ar e um porte arrogante, febril com o poder que lhe era atribuído e ciente que o peso da responsabilidade às suas costas lhe dava uma liberdade para agir dessa forma quando outros nem perto lá chegavam. A uma dada altura, decidiu nomear um chefe de gabinete o seu próprio sogro, Randolph Marcy, debaixo do qual tinha servido alguns anos antes.

Ao planear uma movimentação de tropas para procurar bloquear o reforço de posições sulistas nas margens do rio Potomac, onde baterias de artilharia estavam já bem colocadas e impediam o tráfego normal de barcos nortenhos pelo rio abaixo (ou acima, francamente não me lembro, mas creio que seria abaixo), McClellan ordenou a construção de vários barcos para que pudessem transportar algumas dezenas de milhares de homens através de pontes construídas e colocadas pelos departamentos de engenharia. Tanto ele como Marcy ficaram responsáveis pelo plano e pela construção dos mesmos barcos, que transportariam as pontes para que os homens pudessem atravessar o rio em segurança, bem como o material que os auxiliaria no terreno. Ora acontece que os barcos foram construídos para passar através dos vários canais que conduziam o fluxo natural do rio, interligados por sistemas de comportas, um pouco como o nosso Douro. Ora o que aconteceu é que os barcos chegaram às comportas e não passavam porque tinham umas dezenas de centímetros de largura para lá do que seria possível enfiar pelas portinholas. Resultado: uma operação que tinha demorado meses a preparar e afinar foi (se me perdoam a piadola) afundada e mais de um milhão de dólares gasto para nada, tudo fruto da incompetência de meia-dúzia de homens vistos como figuras incontornáveis no panorama actual do país.

Não vou sequer fazer paralelismos com a nossa situação actual. Quem quiser, esteja à vontade.

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Baías e Baronis – Braga 3 vs 1 FC Porto

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Um dia vivos, no outro um pedaço de carne pronta para abate. Numa semana jogam para chegar às estrelas, na outra passam por manequins de lojas de roupa com a mesma mobilidade e capacidade de luta. Tem sido esta absurda montanha-russa de emoções que o demónio que tomou conta desta temporada nos arranca o coração e o mastiga com o sangue a escorrer pelos lábios, num sorriso maldoso e sarcástico de quem nos quer ver em baixo. Houve luta enquanto houve pernas e depois…nem pernas, nem luta, nem nada. FUBAR. Notas:

(+) A entrada em jogo. O arranque para a partida foi bom. Vinte, talvez vinte e cinco minutos de pressão intensa, boa rotação de bola, antecipação no corte, excelente envolvimento ofensivo, jogadas de interligação interessante no meio-campo e apesar de termos criado poucas situações de perigo, o jogo esteve do nosso lado. Pena que os outros setenta minutos não tivessem sido remotamente parecidos.

(+) Braga. Jogou mais. Correu mais. Lutou mais. Mostrou mais. Nada mais há a dizer, amigos, foram melhores que nós em todos os sectores e quando isso acontece não podemos querer dizer que o resultado foi injusto ou que os nossos jogadores são uma merda. Os outros foram melhores. Talvez consigamos ser melhores que eles na final da Taça, mas hoje fomos bem derrotados. Mai nada.

(-) Macios. Mais uma vez. Mais. Uma. Vez. Somos consistentes, valha-nos isso. Consistentes na forma como perdemos em força contra os adversários, como não conseguimos apertar com um meio-campo de quatro homens contra outro que rasga o centro com os laterais, que ameaça a área com cruzamentos mais certeiros porque feitos com mais tranquilidade dada a falta de pressão. Falhámos nesta parte desde o início da temporada e não é culpa de Peseiro, é culpa dos jogadores. É culpa de pouca fibra e de pouca capacidade de luta no 1×1. Com as fraquezas dos outros posso eu bem, mas com as nossas…chateio-me muito.

(-) Fracos. Mais uma vez. Mais. Uma. Vez. É simples: não aguentamos noventa minutos a bom nível. A um nível decente contra adversários fracos, somos ainda capazes de ir rodando um ou outro jogador e chegar ao final da partida com os índices físicos a roçar o limite da sobrevivência humana, mas quando apanhamos um adversário que não só corre mais que nós mas também consegue ser mais perigoso enquanto o faz…lixamo-nos e bem, como hoje. E isto também não é culpa de Peseiro, mas do que veio antes dele.

(-) Inócuos. Mais uma vez. Mais. Uma. Vez. Aqui sim, pode haver alguma culpa de Peseiro. Entramos para controlar o jogo e fizemo-lo durante os vinte minutos que referi em cima. Mas não fizemos nada com esse controlo. Uma ou outra jogadita de perigo, um remate do Suk e um livre do Brahimi. E pouco mais. É muito pouco para uma equipa que quer ser campeã, com demasiado jogo a meio-campo e pouca criação de lances na área. Assim não é possível aspirar a mais do que um terceiro lugar e talvez seja esse a posição que merecemos este ano. Talvez.

(-) Xistra. Não resisto a apontar o dedo a este imbecil. A expulsão de Peseiro é mais um exemplo que pagamos muitas vezes por pecados idênticos que noutros clubes passam pelos pinguinhos de uma morrinha que chateia mais do que magoa. Por muito que me possam vir dizer que terá protestado fora da sua zona, Peseiro foi expulso porque era Xistra que estava com o apito na boca. E a quantidade de faltas feitas por homens do Braga com um limite para o amarelo subido para quatro ou cinco faltas, ao passo que os nossos jogadores apanharam amarelo à primeira várias vezes. Xistra é um puto que levava no focinho no recreio até que apanha os outros colegas, anos mais tarde, como seus subalternos numa qualquer empresa, procedendo a cascar nos gajos sempre que pode. É um socio-bully. Enfim, um entre muitos.


Adeus, título? Sim, creio que desta vez é definitivo. Restará a Taça e o orgulho todo retalhado que temos a obrigação de salvar. Não o vamos conseguir, claro, mas temos de continuar. Sempre em frente. De palas nos olhos.

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Ouve lá ó Mister – Braga

Camarada José,

Acabou há bocadinho o derby lá de baixo e o resultado é evidente: as tropas de Jesus tiveram o tratamento que Saladino deu aos seus homónimos em Jerusalém aqui há umas centenas de anos e estamos agora dependentes só de nós para chegarmos ao segundo lugar. Já em relação ao primeiro as coisas podem piar mais fininho porque o Benfas tem um calendário mais fácil e teoricamente é complicado. Mas um tri é anti-democrático e estou certo que vai haver alguma força divina a jogar pelo nosso lado e a apoiar a nossa causa para que os gajos percam pontos e nós consigamos lá chegar. Para isso basta-te ganhar os jogos todos. São só dez joguitos, a começar por este.

Vai ser quase o oposto de um jogo fácil. A equipa do Fonseca está firme, rija, corre muito e ataca bem. E olha que se eu dissesse isto há três anos, dirias que estou a jogar PES 2014 e que tento levar a nossa própria equipa até ao zénite das suas potencialidades. Not as such, no. Estou bem ciente do universo paralelo que nos leva a ter um jogo decisivo contra uma equipa de um dos treinadores que pior futebol mostrou ao nosso serviço. A vida é assim e há que lidar com isso. A melhor maneira de o fazer? Ganhando. Simples. Ganhando, seja de que maneira for, custe o que custar.

Suk na frente, Indi na retranca, Layún de volta ao flanco e Herrera a titular. Ouviste bem. Segura já o terceiro lugar de vez e levanta a moral da malta com o segundo ali prontinho para ser agarrado. Estamos todos a torcer por ti, homem!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Gil Vicente

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Nada de muito especial se passou hoje no relvado do Dragão, onde se puderam ouvir os jogadores bem mais do que noutras alturas tal era a ausência de barulho das bancadas. Menos de cinco mil pessoas é pouca gente para uma meia-final da Taça, o que até se compreende mas não deixa de ser triste ver tanta cadeira azul vazia. Mea culpa, que também não me desloquei até lá, optando por ver o jogo em casa e acabando por passar uma boa parte da noite no hospital. Já está tudo bem, mas filhos, pá…dão mais trabalho a um pai que o Marega a um lateral! Ainda assim foi um jogo tranquilo com um resultado curto mas justo. Vamos a notas:

(+) Sérgio Oliveira. Um bom jogo em várias vertentes, tanto no apoio ao ataque como no posicionamento defensivo, foi o primeiro a pegar na bola na defesa e um dos primeiros também a tentar criar algo na frente. Numa altura em que Evandro se lesionou de novo e André não aguenta noventa minutos, Sérgio pode ser uma boa alternativa a Herrera para alguns jogos onde seja preciso descansar o mexicano. E acreditem que vai ser preciso.

(+) Victor Garcia. Questiono-me da validade das opções dos últimos dois anos onde andamos a tentar adaptar defesas direitos e a comprar alguns que saíram furados, tudo enquanto temos este rapaz que faz tão bem o trabalho dele, mesmo que não seja genial em nenhuma das acções que protagoniza. Mas é esforçado, agressivo, prático e muito ofensivo, exactamente o que é exigido a um defesa lateral de uma equipa do FC Porto. Para mim fica no plantel 2016/2017, sem dúvida.

(-) Aboubakar. Perdeu o lugar para Suk e não posso dizer que censure Peseiro pela opção. Aboubakar está num momento de forma Barónico e não parece conseguir sair do fosso que ele próprio cavou, fruto das constantes falhas na finalização e nas opções no último terço do relvado. Falta de confiança, falta de pernas, falta de tudo, tem sido este o 2016 de um dos homens mais importantes do nosso ataque, que vai perdendo espaço em cada minuto que joga. Por culpa própria, mais uma vez. Valeu pela assistência a Marega para o golo mas o resto do jogo foi fraco.

(-) Renan Alves e Yeo. O central do Gil Vicente andou a tentar acertar em tudo o que via, com a complacência do árbitro e dos jogadores do FC Porto, que levavam e não ripostavam. Já o coreano andou constantemente a puxar os adversários e ainda teve oportunidade de dar uma pantufada no Sérgio. Noutros tempos, qualquer um deles tinha saído do estádio sob escolta policial e um poncho para lhe tapar as marcas negras. Estamos a ficar uns meninos, palavra.


Regressamos ao Jamor cinco anos depois para tentar vencer um troféu que nos tem escapado e com a possibilidade de nos vingarmos do Braga e da derrota na final da Taça da Liga. O primeiro round é já no Domingo.

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