Dragão escondido – Nº38 (RESPOSTA)

Cá está o moço:

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Russell Nigel Latapy , tobaguenho de origem, aqui em confronto contra o grande Tanta do Guimarães (depois de passar também pelo Famalicão) durante a época 1994/1995. Latapy é um nome que ficará eternamente associado aquele penalty falhado em pleno Estádio das Antas contra a Sampdoria, em jogo a contar para a segunda mão dos quartos de final da Taça das Taças (para os mais pequenos que nunca ouviram falar disto, era uma competição europeia entre os vencedores das Taças de cada país, que quase ganhávamos na final de Basileia onde fomos roubados pela Juventus), falhanço esse que inclinou o FC Porto para a eliminação depois de uma vitória na primeira mão com golo de Yuran e da derrota na segunda, em casa, num jogo quase perfeito da Samp que acabou aplaudida pelos adeptos do FC Porto. Latapy era um criativo, um “10” que vagueava pela linha de ataque à procura no momento certo para as assistências mortais para os avançados. Levou também a que eu fosse gozado durante meses pelo meu então professor de Biologia que sempre que me via a entrar na sala dizia: “Então, o Latapy já marcou o penalty?”. Era engraçado, o mouro. Cabrão.

Entre as diversas tentativas falhadas:

  • Aloísio – Esteve presente em Guimarães nesta partida e o tom de pele assemelhava-se, seria uma boa hipótese.
  • Artur – Já trabalhava na Invicta, mas do outro lado da cidade, com aquela camisola horrorosa preta e branca.
  • Emerson – Também esteve presente em Guimarães nesta partida e o tom de pele também era parecido, seria igualmente uma boa hipótese.
  • Esquerdinha – Só chegou ao FC Porto quatro épocas mais tarde…
  • Jardel – Estava por terras de Porto Alegre a criar nome para dois anos mais tarde chegar ao FC Porto e brilhar.
  • Semedo – Fazia parte do plantel mas não esteve neste jogo.
  • Vítor Baía – lol.

O primeiro homem a acertar foi o Adão Gomes Pinto que deu a resposta certa num comentário ao post às 8h43. Parabéns, primeiro homem com nome de primeiro homem!

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Baías e Baronis – Vitória Setúbal 0 vs 1 FC Porto

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O que interessa nos jogos até ao final do campeonato é mesmo sair do campo com os três pontos no saco. Mas precisava de ser tão sofrido contra uma equipa tão fraquinha? Este ano a resposta tem sido sempre a mesma: infelizmente, sim. Somos fraquinhos, amigos, é o que somos. Não jogamos mal de todo mas a ineficácia em frente à baliza e o quase completo alheamento de capacidade criativa no ataque, aliados a uma assustadora fragilidade defensiva fazem com que até um Setúbal vs Porto seja um sofrimento. Vamos a notas:

(+) Sérgio Oliveira. Se o que Peseiro procura num médio para aquela posição de transição defesa-ataque é um rapaz como Sérgio, não estamos mal servidos. Não é um génio mas trabalha bastante. Remata quando pode e ainda bem que o fez hoje da forma como conseguiu, porque foi por “culpa” dele que saímos do Bonfim com os três pontos, mas acabou por ser o corolário de uma boa exibição de um rapaz que nunca seria titular se o plantel fosse mais equilibrado e com talento superior. Ainda assim é um bom elemento para manter no plantel e já está a ser importante nestas jornadas da rampa final da época.

(+) Herrera. Mais um bom jogo do capitão, especialmente em termos da capacidade de pautar o jogo ofensivo pela organização a meio-campo. E tentou sacar uma trivelada à Quaresma mesmo para o final da partida, que se tivesse entrado faria com que nos lembrássemos todos dele daqui a muitos anos. Ainda assim não duvido que vai ficar na memória do povo, mesmo não sabendo se pelas melhores razões…mas a verdade é que desde que usa a braçadeira parece mais inteligente, bravo e com melhor critério na execução.

(+) Danilo. Apesar de parecer estar cansado, fisicamente e também a nível moral (está bem mais arrogante nos protestos com o árbitro e na forma como orienta os colegas durante o jogo), continua a ser titular absoluto e indispensável no FC Porto. É dos poucos que se entrega a 100% ao combate numa zona onde muitas vezes tem de jogar por dois ou três. Some-se uma boa mão cheia de boas intercepções e subidas no terreno e temos aqui uma das melhores contratações dos últimos anos.

(-) Sofrer no fim…e durante. Tantas oportunidades falhadas, vários jogadores em excepcional baixa de forma, uma notável incapacidade de marcar golos fáceis e um ponta-de-lança com uma ponta aplainada e uma lança com disfunção eréctil. O jogo flui devagar, sem velocidade e com pouca criatividade a aparecer de uma forma orgânica. Jogadas mecânicas, com tristes desmarcações que terminam quase sempre em cruzamentos fracos, sem presença na área para que se consiga acreditar que cada aproximação à baliza possa erguer um adepto do assento e lhe provoque o mínimo de excitação. E essa excitação acontece sempre quando as coisas acontecem no outro lado, quando Layún ou Maxi sobem em demasia e o meio-campo se transforma num poço de óleo vegetal e permite que adversários oleados na facilidade dos movimentos por entre os nossos jogadores cheguem facilmente à área. E chateia-me. Muito.

(-) Outra vez menos agressivos que qualquer adversário. Uma ou outra honrosas excepções aparte (Sérgio, Indi e Danilo, pouco mais), a nossa equipa é um conjunto de jogadores que não metem o pé às bolas e permitem que o adversário penetre pela nossa zona defensiva como se fosse um cutelo em brasa a cortar um naco de Brie. Custa assim tanto tentar correr mais que o adversário? Tentar lutar com as mesmas armas físicas que os outros usam contra nós? Procurar o contacto e a luta corpo-a-corpo em vez do constante recuo que permite que o oponente crie perigo perto da nossa baliza? A falta de pernas não serve de desculpa para tudo. A falta de mentalidade lutadora explica mais.


Cada vez faltam menos jornadas para isto acabar e a recuperação de tantos pontos parece uma tarefa impossível. Mas nada está perdido…pelo menos matematicamente. Na minha cabeça já perdemos há meses.

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Ouve lá ó Mister – Setúbal

Camarada José,

Já não sei o que esperar, sou-te sincero. Podemos ter um belo jogo com futebol ofensivo e alguma segurança defensiva para tapar os enormes buracos que vão aparecendo durante o jogo…ou então podemos ter uma caquinha de jogo com futebol assim-mais-pro-sei-la-mas-ninguém-remata-nesta-equipa e nenhuma segurança defensiva para tapar as crateras que vão com toda a certeza aparecer durante o jogo. Uma coisa é quase certa: não vai ser um jogo normal. E a culpa é de quem? Francamente, também não sei.

Não consigo ficar entusiasmado com este FC Porto, pelo menos no que tenho visto nos últimos jogos. É tudo “pouco”. Poucos remates, poucos jogadores a correr na frente, poucas jogadas de envolvimento, pouca agressividade. Também há “muitos”, atenção! Muitos passes falhados, muita falta de pernas, muitas jogadas perdidas, muita parvoíce. *suspiro* Este FC Porto, esta equipa que tu tens nas mãos sem que a tenhas criado ou ajudado a gerar, é uma manta de retalhos estranhos que não combinam bem, uma mescla de homens sem moral e sem fibra para combates a sério. E se não os conseguiste motivar para um dos jogos mais importantes do ano, em Braga, não vejo como é que o vais conseguir em Setúbal. Tenho fé, mas pouca.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 2 União

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Minuto e meio antes do segundo golo do União, disse para os meus colegas: “Isto tem tudo para ficar muito feio daqui a pouco tempo!”. E ficou, rapidamente, porque se não fosse o balázio do Corona (depois de um jogo ridiculamente fraco), os poucos aplausos que se viram no final do jogo tinham-se convertido em mais uma orquestra de assobios a acompanhar a equipa. Um jogo que até nem começou mal mas que se transformou num festival de erros, desconcentrações, pouco entrosamento, muitos nervos e mais uma vez com quase total ausência de agressividade a meio-campo. E na frente. E na defesa. Notas:

(+) Herrera. Hector, chapeau para ti. Um excelente jogo de Herrera é tão difícil de encontrar como um trevo de quatro folhas…azul a cantar Arctic Monkeys em norueguês, mas foi o que aconteceu. E tem vindo a acontecer mais vezes nos últimos tempos, fruto sobretudo do acréscimo de cultivo de trevos geneticamente alterados e fãs de indie rock e línguas estranhas. Brinco, claro, mas a verdade é que Herrera foi o melhor jogador do FC Porto hoje no Dragão, com discernimento no passe, critério apurado nas desmarcações e a ser um dos poucos que procurava de facto lutar contra os adversários. Hoje foi um “oitenta”, cheira-me que um “oito” está próximo.

(+) Maxi. Posicionalmente rivaliza com os piores mas ninguém lhe pode apontar falta de empenho. O primeiro golo é dele pela forma como se lança pelo ar para conseguir assistir Aboubakar depois do bom mas longo passe de Sérgio Oliveira, mas foi na maneira como subiu pelo flanco e fez (mais uma vez) o trabalho tanto dele como de Corona que o fez destacar-se em relação aos outros. Ah, safou-se de ser expulso depois de dar um pontapé num jogador do União. Não sei em quem foi mas mereceu, o estupor de pijama cinzento.

(-) It’s the stamina, stupid! Haverá memória de uma época em que os jogadores chegam quase todos aos sessenta minutos com a boca aberta e a capacidade de correr e lutar quase esgotadas? Não me lembro, sou-vos bem sincero, de ver uma equipa de futebol neste estado a não ser alguns jogadores nalgumas formações em campeonatos do Mundo quando lá chegam depois de temporadas complicadas pelos clubes. Mas tantos?! Eu sei que tem havido muitas lesões e outros tantos castigos, para além da mudança no regime de treinos depois da passagem de Lopetegui para Peseiro, mas nunca vi uma equipa tão débil fisicamente como este FC Porto.

(-) Por favor, caríssimos adversários, é só passar! Sir Bobby tinha rasgado sete casacos e pontapeado o banco dezanove vezes se tivesse visto este jogo e a permissividade com que toda a equipa (o meio-campo em particular) encarava qualquer lance ofensivo do União. E não houve assim tantos porque a equipa é fraquinha, caso contrário estaria talvez a comentar mais uma derrota em vez de uma vitória sofrida. Há demasiada expectativa de Corona e Brahimi no approach à bola na primeira zona de construção adversária, Ruben continua macio como um rabinho de bébé numa cama de veludo e nem me ponham a falar do pobre do Angel que não consegue tirar a bola a um adversário em corrida. Layún e Chidozie desligados e lentos, Aboubakar sem capacidade de pressão e nem o Sérgio se safou hoje, ele que dava pancada em todos os jogos que fez no Paços. Teríamos visto um belo dum treino físico no final do jogo se Sir Bobby cá estivesse…

(-) Corona (apesar do golo) Tarik, durante o Ramadão, era mais prático que tu, Jesus (que má escolha de conceitos e palavras, porra)! A única coisa decente que fez durante o jogo foi o tal remate forte aos 87 minutos que nos deu a vitória na partida, mas o resto foi um enorme deserto de ideias, sem rasgos, sem sprints, sem inteligência a jogar e com uma quase total incapacidade de partir para o 1×1 com confiança. E já agora, é só cá que os extremos chegam e deixam de saber fazer o que mostravam antes?! Haverá um vórtex de perda de confiança no Dragão que afecta os jogadores rápidos e práticos?! Se há, Corona é um excelente caso de estudo porque já o vi a fazer jogos tremendos pelo México e mesmo pelo Twente e hoje foi só mais um jogo em que preferia ter meio Ivo Rodrigues em campo. A continuar assim preferia ver ali o Ismael ou o Gleison, palavra.


Podemos acabar com isto mais cedo? A sério, já nem estou a brincar com este tipo de coisas, mas a forma como estamos a jogar e o estado físico dos jogadores vai fazer deste final de época uma caminhada penosa. Um arrastar penoso, para ser mais condizente com o que se tem visto…

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