Minuto e meio antes do segundo golo do União, disse para os meus colegas: “Isto tem tudo para ficar muito feio daqui a pouco tempo!”. E ficou, rapidamente, porque se não fosse o balázio do Corona (depois de um jogo ridiculamente fraco), os poucos aplausos que se viram no final do jogo tinham-se convertido em mais uma orquestra de assobios a acompanhar a equipa. Um jogo que até nem começou mal mas que se transformou num festival de erros, desconcentrações, pouco entrosamento, muitos nervos e mais uma vez com quase total ausência de agressividade a meio-campo. E na frente. E na defesa. Notas:
(+) Herrera. Hector, chapeau para ti. Um excelente jogo de Herrera é tão difícil de encontrar como um trevo de quatro folhas…azul a cantar Arctic Monkeys em norueguês, mas foi o que aconteceu. E tem vindo a acontecer mais vezes nos últimos tempos, fruto sobretudo do acréscimo de cultivo de trevos geneticamente alterados e fãs de indie rock e línguas estranhas. Brinco, claro, mas a verdade é que Herrera foi o melhor jogador do FC Porto hoje no Dragão, com discernimento no passe, critério apurado nas desmarcações e a ser um dos poucos que procurava de facto lutar contra os adversários. Hoje foi um “oitenta”, cheira-me que um “oito” está próximo.
(+) Maxi. Posicionalmente rivaliza com os piores mas ninguém lhe pode apontar falta de empenho. O primeiro golo é dele pela forma como se lança pelo ar para conseguir assistir Aboubakar depois do bom mas longo passe de Sérgio Oliveira, mas foi na maneira como subiu pelo flanco e fez (mais uma vez) o trabalho tanto dele como de Corona que o fez destacar-se em relação aos outros. Ah, safou-se de ser expulso depois de dar um pontapé num jogador do União. Não sei em quem foi mas mereceu, o estupor de pijama cinzento.
(-) It’s the stamina, stupid! Haverá memória de uma época em que os jogadores chegam quase todos aos sessenta minutos com a boca aberta e a capacidade de correr e lutar quase esgotadas? Não me lembro, sou-vos bem sincero, de ver uma equipa de futebol neste estado a não ser alguns jogadores nalgumas formações em campeonatos do Mundo quando lá chegam depois de temporadas complicadas pelos clubes. Mas tantos?! Eu sei que tem havido muitas lesões e outros tantos castigos, para além da mudança no regime de treinos depois da passagem de Lopetegui para Peseiro, mas nunca vi uma equipa tão débil fisicamente como este FC Porto.
(-) Por favor, caríssimos adversários, é só passar! Sir Bobby tinha rasgado sete casacos e pontapeado o banco dezanove vezes se tivesse visto este jogo e a permissividade com que toda a equipa (o meio-campo em particular) encarava qualquer lance ofensivo do União. E não houve assim tantos porque a equipa é fraquinha, caso contrário estaria talvez a comentar mais uma derrota em vez de uma vitória sofrida. Há demasiada expectativa de Corona e Brahimi no approach à bola na primeira zona de construção adversária, Ruben continua macio como um rabinho de bébé numa cama de veludo e nem me ponham a falar do pobre do Angel que não consegue tirar a bola a um adversário em corrida. Layún e Chidozie desligados e lentos, Aboubakar sem capacidade de pressão e nem o Sérgio se safou hoje, ele que dava pancada em todos os jogos que fez no Paços. Teríamos visto um belo dum treino físico no final do jogo se Sir Bobby cá estivesse…
(-) Corona (apesar do golo) Tarik, durante o Ramadão, era mais prático que tu, Jesus (que má escolha de conceitos e palavras, porra)! A única coisa decente que fez durante o jogo foi o tal remate forte aos 87 minutos que nos deu a vitória na partida, mas o resto foi um enorme deserto de ideias, sem rasgos, sem sprints, sem inteligência a jogar e com uma quase total incapacidade de partir para o 1×1 com confiança. E já agora, é só cá que os extremos chegam e deixam de saber fazer o que mostravam antes?! Haverá um vórtex de perda de confiança no Dragão que afecta os jogadores rápidos e práticos?! Se há, Corona é um excelente caso de estudo porque já o vi a fazer jogos tremendos pelo México e mesmo pelo Twente e hoje foi só mais um jogo em que preferia ter meio Ivo Rodrigues em campo. A continuar assim preferia ver ali o Ismael ou o Gleison, palavra.
Podemos acabar com isto mais cedo? A sério, já nem estou a brincar com este tipo de coisas, mas a forma como estamos a jogar e o estado físico dos jogadores vai fazer deste final de época uma caminhada penosa. Um arrastar penoso, para ser mais condizente com o que se tem visto…
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