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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 1 Arouca

Ninguém esperaria uma exibição fabulosa, um hino ao futebol ou uma total recuperação psico-motora do que tem vindo a ser o FC Porto versão Paulo Fonseca. A vitória é justíssima mas diria que os quatro golos podem ser exagerados pela qualidade do futebol que mostrámos desde o golo do Arouca até ao petardo do Quaresma, porque se excluirmos a inteligência e talento de Quintero, as boas corridas de Danilo e a capacidade de esforço de Defour, vi muita parvoíce, muito medo da bola e mais uma vez tremendas desconcentrações defensivas que me fazem temer pelo jogo de quinta-feira contra o Nápoles. Como dizia o Dragão Crónico enquanto saíamos do Dragão: “Saímos daqui depois de ganhar quatro a um…e não ficamos satisfeitos.” Nunca estamos satisfeitos, meu caro, e ainda bem. Vamos a notas:

(+) Defour. Merecia ter marcado um golo este louco deste belga que esteve hoje numa forma soberba, cheio de vontade de levar a equipa para a frente e de aproveitar a oportunidade que lhe foi dada. Dá uma vivacidade completamente diferente ao meio-campo quando comparado com Herrera e a forma prática com que recebe bem a bola e a endossa (normalmente) com critério na direcção do colega em melhor posição para a receber. Funciona muito bem como médio volante e continuo a preferir vê-lo nesta posição, que depende em grande parte dos seus colegas do meio-campo, porque um Fernando atrás de si dá-lhe a calma suficiente para fornecer mais bolas para os flancos ou para o médio mais criativo. Acho que teria muito a ganhar com um jogador como Quintero a titular e creio que se poderiam complementar muito bem sem haver sobreposição de movimentos, algo que acontece muitas vezes com Carlos Eduardo (mais 8 que 10). Quero vê-lo a titular em Alvalade.

(+) Quintero. Um dos meus colegas de Porta perguntava incessantemente: “Mas expliquem-me porque é que este gajo não joga?!”. E dou-lhe razão, especialmente se estiver com o sentido prático e inteligente que mostrou hoje. Revolucionou completamente o jogo e mostrou em meia-dúzia de segundos o que Carlos Eduardo falhou redondamente em quase todo o tempo que esteve em campo, com passes finos e medidos na perfeição, a jogar como um 10 puro, recuando apenas para se recolocar e para avançar pelo melhor caminho. Esteve brilhante a espaços e claramente acima da média no resto do tempo, só resta saber se conseguirá manter este ritmo quando (não “se”, mas “quando”) for chamado à titularidade.

(+) O jogo simples dos primeiros trinta minutos. Uma metáfora do majestoso reino dos computadores serve para este tópico. Sabem aquelas alturas em que um computador se começa a arrastar, seja por falta de espaço em disco ou porque se começaram a instalar tudo que é programinhas e programecos, que fazem tudo desde renomear ficheiros com gestos da córnea até rastrear o fluxo de tráfego na auto-estrada mais central de Kuala Lumpur? Nessa altura, o que é preciso na grande maioria das vezes, é apagar tudo e reinstalar o sistema. Foi o que Luís Castro fez, regressando a um meio-campo com um trinco, um volante e um criativo (à imagem do que implementou no FC Porto B), usando o lateral subido para dar apoio ao centro quando necessário, procurando também o overlap com os extremos de uma forma prática e sem inventar. Acima de tudo…sem inventar. E funcionou, pelo menos durante os primeiros trinta minutos, altura em que o FC Porto jogou simples, sem embelezar as jogadas, prático na rotação da bola, com Fernando a servir como primeiro organizador de jogo, Defour a correr para abrir espaços e conduzir a bola, Varela a trocar bem com Danilo e Jackson na área para receber. Depois do golo do Arouca nada voltou a ser como dantes, pelo menos até Quintero entrar…mas aí o jogo estava bem diferente.

(-) A dupla de centrais. Em todos os anos que vejo futebol, não me lembro de ver uma dupla de centrais tão nervosa, tão propensa a erros e tão completamente descoordenada como esta que hoje jogou. Podia ir buscar emparelhamentos antigos, imaginando Lula e Díaz nos tempos de Oliveira ou Ricardo Silva e João Manuel Pinto com Fernando Santos, talvez até Stepanov e João Paulo com Jesualdo. Mas quaisquer umas dessas duplas empalideceriam ao ver a quantidade de idiotices que Maicon e Abdoulaye hoje cometeram (não fizeram, cometeram, para soar mais criminoso) num jogo contra uma das equipas mais fracas da Liga. Passes falhados em dose industrial e uma tremenda incapacidade de jogarem com um mínimo de calma e concentração necessárias, exagerando nos lances de controlo de bola em zona recuada e com a inevitabilidade das desgraças, a começar a pontapear o esférico como loucos quando o cagaço se começou a instalar nas suas cabeçorras depois de várias ocasiões em que falharam e quase permitiram o empate ao Arouca. E se Abdoulaye já nos habituou a uma dose regular de imbecilidades, esperadas de um homem que creio não vir a ser mais que um “fringe player” na equipa, já o facto de Maicon insistir em deixar que a sua própria insegurança se faça sentir em jogo (especialmente depois das últimas duas épocas em que andou a tentar subir a pulso na estima do povo e procura ser titular absoluto na equipa), faz dele cada vez mais uma opção de risco. Já agora, o Reyes vai ficar eternamente a adaptar-se ao nosso futebol?…

(-) Carlos Eduardo. Jogo muito fraquinho do brasileiro, apesar do bom golo que marcou, com uma execução estupenda em plena área do Arouca. O golo não é tudo, como é evidente, especialmente no jogo de estreia do treinador que já o conhecia e o “trabalhou” na equipa B no início da temporada, e Carlos Eduardo não fez quase nada que melhorasse a sua imagem que está a definhar jogo após jogo perante os adeptos. Má movimentação em campo, pobres decisões no passe e excessivo alheamento nos lances ofensivos da equipa, acaba por ser quase o contrário de Ricardo Quaresma, sempre com vontade de ter a bola, esteja ou não em boas condições para a receber e para conseguir fazer alguma coisa de jeito com ela. Está a “pedir” para perder o lugar para Quintero.


O vírus Fonseca, que parece ter afectado uma grande parte dos jogadores, ainda está por aí e parece complicado virmos a fazer uma recuperação milagrosa em tempo recorde. Houve bons momentos, mas ainda há muito trabalho e a malta que aí vem na quinta-feira não é um Arouca. É um bocadinho melhor.

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Baías e Baronis – Guimarães 2 vs 2 FC Porto

O minuto 85 é a imagem perfeita para alguém que queira perceber o que é o FC Porto 2013/2014. Incapazes de sair de uma zona de pressão por parte do adversário, a zona defensiva cometeu falhas atrás de falhas quando tentava movimentar a bola numa transição para o ataque que nunca saiu porque a bola não saía dali. Alex Sandro, Fernando e Maicon foram lentos a afastar a bola, fiando-se na sua capacidade de controlar o esférico, sem linhas de passe, sem movimentação ofensiva para receber a bola e começar uma fase de construção que se espera de uma equipa grande. Mais uma vez desperdiçámos uma vantagem de dois golos para perder mais dois pontos e acabar quase definitivamente com a esperança em vencer o tetra-campeonato. E não merecemos mais que isso, especialmente pela segunda parte que fizémos, digna de um clube pequeno, com mentalidade pequena. Quanto descemos, meu Deus. Notas abaixo:

(+) Ghilas (na primeira parte). Com características completamente diferentes de Jackson, é o avançado que precisamos neste momento pela força que mostra e pela movimentação agressiva que coloca ao dispôr da equipa enquanto está em jogo. Teve azar por não ter conseguido marcar na primeira parte (uma bola à trave e um cabeceamento a roçar no poste) mas conseguiu o remate que deu origem ao segundo golo e agiu sempre com determinação, raça, entusiasmo e vontade de jogar. Para primeiro jogo como titular na Liga não se podia pedir muito mais. Baixou de produção na segunda parte porque a equipa não agiu como tal e talvez porque não tenha ritmo para muito mais que 45 minutos…é o que acontece a um jogador que joga 4/5 minutos de cada vez…

(+) Danilo. Continua a ser dos poucos que se esforça para conseguir mais do que os miseráveis resultados e más exibições que os colegas têm protagonizado. Tem vindo a melhorar na primeira fase de construção dos lances ofensivos e está mais atento na defesa, só não tem culpa que a maior parte do sector defensivo esteja a dormir durante todos os jogos…

(-) Abdoulaye e Maicon. Um jogo completamente absurdo do senegalês, que nunca conseguiu assentar a cabeça de forma a poder ter uma atitude normal em jogo. Hesitações a mais, falhas na marcação a Maazou e um nível de agressividade quase sempre excessivo que fez com que nada lhe corresse bem porque nunca tentou jogar…normalmente. Tudo que fez foi em força e sem cabeça, desde o amarelo que levou às inúmeras desconcentrações que deixavam os jogadores do Guimarães sem problema a jogar contra uma defesa que nunca pôde confiar nos foras-de-jogo do adversário porque Abdoulaye lá estava sempre a facilitar, totalmente desenquadrado da equipa. Maicon, a seu lado, de quem espero sempre mais, foi o Maicon dos maus dias que têm sido bem mais que os bons nesta época. Distraído, displicente e sem velocidade suficiente que nem a inteligência posicional (que tem) lhe valeu. Um jogo muito mau de ambos.

(-) Herrera, Carlos Eduardo…e até Fernando. Foram incapazes, especialmente na segunda parte, de manter a bola controlada durante tempo suficiente para que a equipa se conseguisse organizar em condições. Fernando falhou muito na marcação à entrada da área e na cobertura dos espaços, mas Herrera e Carlos Eduardo foram inexcedíveis no desperdício e na incapacidade de impôr um jogo com consistência e acima de tudo força física e mental. Carlos Eduardo está num momento horrível e Herrera está um perfeito anti-Castro: joga sempre a um ritmo baixo demais para este nível e quando apanha Andrés ao quadrado e outros que tais, raramente consegue safar-se por cima. O nosso meio-campo é a principal razão, táctica e física, pelos maus resultados da equipa, cada vez tenho menos dúvidas disso.

(-) Quaresma. Lembro-me de uma frase que já se ouviu tantas vezes nas bancadas do Dragão: “Leva-a para casa, caralho!”. Exagerou nos lances individuais e apesar de raramente lhe apontar o dedo quando é dos poucos que tenta, a verdade é que há muitas alturas em que o jogo colectivo parece que lhe passa ao lado. Hoje foi uma delas, porque raramente passava a bola aos colegas em situações de perigo, optando por ser ele próprio a levar a equipa às costas. O Quaresma de 2007 talvez conseguisse. O de 2014 já não consegue e devia ter noção disso.

(-) Porque raio convocar Jackson?! Não consigo entender o porquê de convocar um jogador para depois o meter em campo quando se vê à distância que não está em condições, físicas e mentais, para disputar um jogo deste nível e com previsíveis dificuldades e para o qual era necessário um homem forte e capaz de lutar por um resultado essencial. Juro que não entendo.


Não baixo os braços, nunca o faço, mas começa a ser complicado mantê-los lá no alto“. Disse isto depois do jogo contra o Estoril. Não tenho nada a acrescentar.

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Baías e Baronis – Eintracht Frankfurt 3 vs 3 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Há quem diga que o futebol é um desporto aborrecido, cheio de pequenos e grandes nadas e que os resultados acabam na maioria das vezes com um golo para uma equipa e nenhum para a outra. E até pode ser verdade…mas às vezes acontecem jogos destes, em que há incerteza no resultado, emoção a rodos e uma invulgar capacidade de sofrimento que levou qualquer portista a entrar em quase demência com a parvoíce da própria equipa, ao mesmo tempo que se excitava com a vontade de ganhar que os jogadores mostravam e que o nervosismo e a disposição táctica quase os impediam de conseguir. E daqui a uns anos posso dizer: “E aquele jogo que fomos fazer a Frankfurt? Porra, que me ia dando um enfarte!!!” Uff. Escapelizemos, então:

(+) Danilo. Esforçadíssimo, fez o flanco todo durante…o jogo todo e foi dos que nunca desistiu, o que me deixou completamente surpreendido porque já disse várias vezes no passado que acho que o rapaz precisa de incentivos permanentes e se tivermos de pagar mais algum para o moço ir ao psicanalista, podemos recuperar mentalmente um jogador que se deixa ir abaixo com qualquer infortúnio que lhe aconteça. Mas hoje, ao contrário do que é normal, Danilo tentou sempre levar a equipa para a frente e lutou com poucos para que o jogo lhe corresse bem, e correu. E quem dera que consiga manter este ânimo, esta vontade durante todos os jogos que disputa.

(+) Mangala (pelos golos). Porque até para um latagão como o francês, marcar dois golos de cabeça em plena área de uma equipa alemã não é para todos. E porque compensou as falhas atrás com uma eficácia na frente que nos valeu a passagem aos oitavos. Muito bem, Eliaquim, sempre a marcar pontos para o mercado de Verão!

(+) Aleluia! Atitude! Quaresma corria na frente, com Fernando a controlar o meio-campo atrás (Fonseca, por favor, deixa o rapaz a jogar sozinho, por favor, oh POR FAVOR!) e Varela a sprintar pela ala. Sim, continua e palpita-me que continuará a haver extraordinárias descompensações na zona do meio-campo e defesa, onde aparecem três homens a cobrir o espaço onde está a bola, abrindo linhas de passe facílimas para o adversário, mas hoje houve algo que não tinha havido na primeira mão e muito menos no Domingo: houve querer. Os jogadores do FC Porto mostraram que queriam vencer o jogo e mesmo depois de várias contrariedades (empatar depois de estar a perder por dois…para logo sofrer o terceiro, é dose) conseguiram lutar com as forças que tinham apesar da pouca cabeça que enfiaram no jogo. Ao menos isso, para que não se lhes possa apontar mais nada sem ser a adesão a um sistema táctico e a uma disciplina de jogo que, francamente, não compreendo.

(-) Jackson. Uau. Simplesmente…uau. Deve ter sido o pior jogo que Jackson fez com a nossa camisola, tal foi a quantidade ridícula (e risível, para os adversários) de bolas perdidas, mal controladas e desperdiçadas. Rematou sempre ao lado, às vezes *demasiado* ao lado para um jogador que é excelente em frente à baliza mas que está perdido quando tem de recuar e não encontra um elemento a quem possa endossar a bola, algo que acontecia frequentemente no ano passado com Lucho, James ou Moutinho, e como este ano fica abandonado na frente, procura fazer as coisas sozinho. Ui. Não. Não, Jackson, por favor não. Está em baixo de forma e nota-se na sua postura e atitude em campo. Acorda, homem!

(-) Carlos Eduardo. Mais um bom monte de merda de iaque que saiu dos pés deste rapaz, aparentemente mais preocupado em perder a bola do que de facto a criar algo de produtivo. Perdeu já a boa imagem dos primeiros jogos que fez a titular, muito por sua culpa, na medida em que o posicionamento táctico parece o que um perú algemado a chegar ao dia de Acção de Graças na América, cheio de vontade de fugir mas sem espaço para onde o fazer. O terceiro golo do Eintracht tem grande influência sua, desfazendo uma defesa que estava já inclinada para a frente com um passe fraquíssimo para o centro do terreno, facilmente interceptado pelos alemães. Se Quintero não joga agora…não faço ideia porque será.

(-) Falhas defensivas. Sai mais uma fornada quentinha de estupidez e desconcentração para a equipa do FC Porto! Se formos a compilar um worst-of dos lances defensivos desta temporada, temos um dia inteiro de videos para ver e apreciar, especialmente se não formos adeptos e/ou sócios. Apenas Danilo se safou hoje, porque Alex Sandro esteve quase sempre distraído e mal apoiado a defender e os centrais foram consistentemente ultrapassados em astúcia e altura pelos alemães. Desconcentrados, mal posicionados, sem sentido prático, fica na imagem aquele lance em que Mangala, tentando proteger a bola para Helton recolher, dá um toque mesmo antes do guarda-redes apanhar a bola…e sai mais um livre directo que é meio golo e só não foi completo por sorte. Somemos o corte em cima da linha de Varela, as IMENSAS falhas de Maicon (nos dois primeiros golos, por exemplo) a lentidão de Herrera e o mau posicionamento de Carlos Eduardo e temos aqui um caldinho maravilha. Ah, Porto, onde está a tua defesa que fez nome pela Europa fora?


E agora? Nápoles. E vamos já assumir que somos underdogs para este jogo, porque Hamsik não é Meier, Higuain não é Joselu, Inler não é Schwegler e Callejón não é Aigner. Nem falo do Mertens e do Pandev. Yeah, we’re fucked.

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Ouve lá ó Mister – Gil Vicente

Mister Paulo,

Anda tudo a anunciar o apocalipse que vai acontecer neste jogo. Porque vamos a Barcelos jogar num campo completamente cheio de toupeiras e com menos relva que um adolescente num Domingo depois de ter dado uma festa no Sábado para alguns amigos que trouxeram outros amigos e lá apareceram três ou quatro “amigos”. O costume. Mas em Barcelos não me parece que haja snipers nas bancadas, exércitos de Hunos ou divisões de kamikazes que atravessem os céus do estádio para se espetarem contra os nossos moços, matando-os no processo. Tento-me manter calmo quando penso no jogo de hoje, mesmo sabendo que é um campo tramado…mas que raio, não deixa de ser o Gil Vicente. Há um nome, uma honra, um princípio a defender e esse é o dos mais fortes, que qual mulher de César, têm de ser mais fortes em campo e não só em nome.

E é essa merda que me anda a moer a moleirinha nos últimos tempos. Todos os adversários agora são “excelentes equipas” ou “bem organizados” ou simplesmente “fortes”. Caralho, Paulo, que aconteceu ao majestoso FC Porto que metia medo em campos por esse país fora e que cada visita nossa só tinha uma vitória possível para o clube visitado que era na bilheteira? Estamos assim tão sub-orientados e sofremos tanto com os nossos próprios males que qualquer montezinho de estrume nos canta por cima? Neste caso…de galo? (não resisti, perdão). Já sei que não ganhamos naquela cidade há oito anos (no futebol, entenda-se), mas algum dia é para voltar às vitórias e mais vale que seja hoje. Vi que o Mikel voltou a estar na convocatória muito embora haja um jogo importante dos Bs contra o Leixões. Acho bem, é exactamente isso que quero da equipa secundária, que mostre jogadores que possam vir a ser usados nos As. E volta a pôr o Maicon na equipa, por favor, o rapaz merece.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Paços de Ferreira

Enquanto escrevo e ouço o vento lá fora a soar como se um esquadrão de 767s estivesse continuamente a rondar os céus da minha casa, questiono-me do porquê de ter saído do conforto do lar para enfrentar os elementos, empenhadíssimos em travar uma batalha sem tréguas contra a pobre raça portuguesa, e deslocar-me até ao Dragão para ver um FC Porto que semana após semana continua a exibir as mesmas dificuldades, os mesmos problemas e sem mostrar grandes soluções para os resolver. O resultado é enganador porque pode indiciar para alguém que não tenha visto o jogo que houve bom futebol, jogadas de entendimento e uma equipa que se exibiu a um nível acima da média. Desengane-se pois, caro leitor. Foi uma bela merda, mais uma vez. Notas, se o vento permitir, aqui abaixo:

(+) Herrera. Está a ser interessante ver a evolução do mexicano. Continua com alguns momentos em que lhe pára o cérebro mas intercala-os com um sentido prático apurado no meio-campo e na definição de lances ofensivos. Trabalha muito e parece querer estar sempre em constante movimentação, pressionando o adversário e ajudando a defender para tapar as subidas dos laterais (hoje apareceu várias vezes a tapar o corredor de Alex Sandro) com alguma eficiência. Quero continuar a vê-lo a jogar e mesmo percebendo que nunca será um Moutinho, ao menos que consiga ser o box-to-box que precisamos há algum tempo.

(+) Helton. Uma defesa elástica depois de um grande remate de Seri (este puto que foi nosso no ano passado, algum motivo decente para o termos despachado para Paços?! temos alguma coisa contra marfinenses?!) e mais algumas defesas de bom nível, incluindo uma mancha a remate de Bébé ainda na primeira parte. Segurou a vantagem e esteve seguro, não se pode pedir mais. Teve apenas uma falha, talvez por causa do vento e da chuva (se soo a desculpadista…ponham-se no lugar de um guarda-redes a jogar com um temporal destes e depois falamos), em que socou a bola para trás mas os defesas livraram-no de ficar com o rabo quente.

(+) Licá. É verdade que os números podem enganar, já que esteve em campo apenas doze minutos, mas a grande diferença está exactamente aí: no timing da sua entrada em jogo. Não se colou à linha e jogou numa zona mais central onde esteve mais “solto” e sem precisar de se prender a aplicações tácticas e outro tipo de nuances que, francamente, não tem mostrado conseguir assimilar. Assim é que Licá pode ser útil, recuando para ajudar no meio-campo ao mesmo tempo que joga numa espécie de “inside-forward”, no espaço criado pelas movimentações mais atabalhoadas que um adversário a perder e desesperado por tentar marcar habitualmente concede. Assim, ainda pode dar mais alguma coisa que as habituais perdas de bola e dribles infrutíferos pela linha.

(-) Josué Uma lata cheia de trampa, foi o que fizeste hoje, meu caro. Não me lembro de te ver a acertar num único passe decente a não ser para Varela num fora-de-jogo que na altura me deixou dúvidas. Passes atrás de passes com má direcção, mau discernimento do posicionamento dos colegas, força desajustada da necessidade e uma movimentação a meio-campo tão inepta que raramente recebeste a bola em condições mesmo não estando a ser marcado em cima. Em suma, como diz o Waldorf sentado ao meu lado (eu, como já devem ter percebido, posso ser o Statler), “este gajo pode ser um box-to-box jeitoso, mas nunca um organizador de jogo!”. Concordo.

(-) Uma equipa cheia de medos e vazia de ideias Três exemplos simples conseguem descrever o FC Porto de hoje: Danilo recebe a bola na lateral, vê Quintero no meio e Quaresma pela sua direita com linhas de passe fáceis e possivelmente eficazes, mas opta por procurar a zona central, envolvendo-se no mesmo percurso acidentado do costume com três adversários, um dos quais lhe tira a bola com facilidade e o defesa-direito não consegue recuperar a posição, abrindo espaço no corredor direito para o contra-ataque adversário; Abdoulaye vê Danilo na diagonal, tapado por um jogador do Paços. À imagem de Maicon aqui há umas semanas, não pode deixar de ver que se lhe tenta endossar a bola, esta vai ser facilmente interceptada por um adversário. Opta então por um passe para…you guessed it, Danilo, com a força de cinco Guaríns, que vai directamente para fora, saindo pela linha uns bons quatro metros ao lado do brasileiro; Varela, num contra-ataque em que está como de costume sozinho, enfrenta três jogadores do Paços de cabeça enfiada no chão e sente Alex Sandro uns bons vinte metros atrás de si. Progride no terreno sempre a encostar-se para a linha lateral, devagar, devagarinho, até que não sabendo o que fazer com a bola, em vez de rodar para trás e atrasar para o colega, tenta fintar os três…e não passa do primeiro. Este tipo de lances acontecem com maior frequência do que seria admissível em escalões de formação onde os putos ainda não têm sequer um mínimo brotar de pilosidade facial. Fonseca, do banco, aposto que estava a aplaudir e a incentivar os rapazes. Paulo, isto já não vai lá com palavras fofas.

(-) Quem é que vai apanhar este temporal…para assobiar?!A uma dada altura, vários segundos depois de um fora-de-jogo ter sido apontado ao ataque do FC Porto e os resmungadores oficiais terem acalmado a excitação, ouviu-se na minha bancada uma voz forte e solitária: “FODA-SE!”. Pouco tempo depois, começaram os assobios. Não sei se foi o senhor grunho que despoletou a turba, mas a partir daí foi uma parvoíce sempre que algum jogador perdia a bola. Um assobiador caseiro é tão útil num estádio de futebol como um terceiro testículo: só atrapalha.


E depois do derby da capital? Ficaremos a depender só de nós? Tem a palavra o Sporting.

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