Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Boavista

"roubado" do facebook do André Silva

“roubado” do facebook do André Silva

Saindo de casa numa manhã de sábado e dizer: “bem, até logo, vou para a bola!”, normalmente implica que tome uma pose activa perante o desporto. É normal e já dura há mais de quinze anos, por isso o facto do futebol invadir o início do meu fim-de-semana não me é estranho. Mas acho que foi a primeira vez que disse isso à saída de casa e não levava saco nem equipamento. Apenas carteira, telemóvel e cachecol. E devo dizer que soube bem, especialmente quando espetamos quatro no Boavista que é algo que merece sempre destaque e um sorriso na face. Ah, e o André marcou. Finalmente. E ainda bem. Vamos às penúltimas notas da época:

(+) André Silva. Gostava de poder dizer que o seu primeiro golo no Dragão foi o último desta época e o primeiro de muitos outros. Juro que gostava. E só não acontece se o rapaz tiver azar ou se decidirmos vendê-lo mais depressa do que devíamos, porque temos aqui um puto cheio de vontade, de portismo e de talento, que trabalha de início ao fim e que já merecia este golo há vários jogos. Bem tentou durante a partida, com Mika sempre seguro a defender, mas incapaz de parar o arranque e remate perfeito que inaugurou o pecúlio do puto em casa. Um golo à Jackson, de um homem que é um ponta-de-lança para o futuro. O nosso, entenda-se. Parabéns, puto, mereceste a enorme salva de palmas que o Dragão te concedeu!

(+) Herrera. Não consigo perceber se quero ou não que Herrera fique no plantel depois deste final de época, onde mostrou que é o mais esclarecido de todos os médios/avançados do plantel. E se conjugarmos isso com o jogo entre-linhas, a forma como se desmarca e cria espaços para os colegas e a visão de jogo inteligente e ritmada…é difícil querer que saia. Por outro lado, a lentidão em tudo desde a execução do passe ao remate de primeira, as constantes distracções, o facto de nunca proteger a bola em condições…raios, vai ser difícil escrever sobre ti, Hector. Hoje esteve bem, mais uma vez.

(+) Ruben Neves. Quando entrou em campo notou-se uma quase imediata melhoria no toque de bola e acima de tudo na forma como o esférico foi rodado entre os nossos homens. Sempre com propósito, com peso, direcção e tensão certas. Salivo ao pensar nele como primeiro organizador de jogo da equipa, palavra.

(-) Corona. Aconteceu várias vezes durante o jogo estar a olhar para Corona e perceber que o imbecil mexia sempre no cabelo antes de controlar uma bola. E depois. E durante, enquanto eu pestanejava, aposto que o gajo lá enfiava a manápula na trunfa e a arranjava mais um bocadinho. E esse tornou-se o ponto focal da minha crítica para com uma das maiores desilusões da temporada. Porque Corona, apesar dos golos marcados e das assistências efectuadas, vale muito mais que isso e não o mostra. Admito que tenha muita falta de confiança e que seja um menino que cede perante a pressão mais facilmente que os outros, mas aqui não pode ser. E há que arranjar maneira de o motivar caso contrário teremos mais um talento enorme em subrendimento (cof…Quintero…cof).

(-) O Brahimi não tem culpa! Desta vez eu percebo os assobios. E aqui há uns tempos chateei-me porque Lopetegui não deu hipótese a André Silva para poder jogar dez minutos num jogo que estava resolvido, porque achava na altura que não custava nada e tinha evitado os assobios da bancada. Mas creio que este lance é diferente, porque é uma situação de golo. É algo que é ensaiado e meticulosamente treinado (espero!) e onde há uma ordem de marcação. Claro que podia ter havido um override da ordem e Peseiro podia ter mandado André Silva marcar o penalty para finalmente marcar um golo em casa, mas optou por não o fazer. E desta vez concordo com o treinador, porque a especificidade do lance assim o obrigou. E o desgraçado do Brahimi, que até nem estava a fazer um mau jogo, apanhou com a fúria da malta. Enfim, micro-injustiças.


Uma nota também para o público que esteve em bom número para uma manhã chuvosa e fresquinha de sábado. Gostei da experiência, devo admitir, apesar da troca de fino e bifanas por café e torradas. Não me importo de repetir isto no próximo ano.

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Ouve lá ó Mister – Boavista

Camarada José,

É a última vez que vou ao Dragão durante esta temporada e fico sempre com um sentimento de tristeza no final do jogo, sabendo que só lá vou voltar em Julho ou Agosto. É aquela nostalgia tão típica da minha geração, antecipada em relação ao timing que deveria cumprir mas inevitável dada a rápida passagem do tempo e dos tempos dentro do tempo. Velhos por antecipação, é o que somos, mas felizes. Em parte.

Como é o último jogo e como este ano não vou ao Jamor, pode ser a última vez que te vejo nesse banco. Não sei se depende de ti ou se os poderes acima de ti já tomaram alguma decisão, por isso até lá continuas a ser o meu treinador e como tal falo para ti de homem para homem ou se preferires, de Jorge para José: livra-te de não ganhares este jogo. Já temos tido demasiadas chatices para agora também termos o amargo de boca de terminar o ano ainda mais em baixo. Livra-te.

Como é um jogo num horário experimental, pensei que poderias também fazer uma convocatória experimental, para descansar alguns elementos-chave antes da Taça e para premiares alguns dos campeões da segunda Liga que deviam fazer corar vários dos que jogaram na primeira. Não me fizeste a vontade e não te censuro, afinal tu é que mandas. Por isso seja com quem for que vás à luta, ganha lá a escaramuça e prepara-te para a grande batalha da próxima semana.

Sou quem sabes,
Jorge

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Dia do Clube

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Três portistas à conversa num café, num agradável início de noite primaveril em 2012. Os temas aparecem naturais, orgânicos, fruto da boa disposição e energia dos convivas.

Discutem-se jogadores, equipas, as redes das balizas de futebol e as cores das bolas de andebol, os novos e os eternos, a paz e a euforia, as alegrias e tristezas que acompanham quem vive o desporto e o clube como se fosse uma segunda natureza. Discutem-se assuntos do clube, de onde viemos e para onde iremos, com a consciência que temos todos um objectivo em comum, que nunca muda apesar das barrigas aumentarem, os cabelos tombarem e os olhos se raiarem: trabalhar para melhorar o clube. Algumas horas depois surgia pela primeira vez a ideia dos Encontros da Bluegosfera, que se realizaram por quatro anos consecutivos desde então. E têm sido quase uma extensão dessa mesa de café, onde as vozes podem ser ouvidas na partilha de experiências em comum com tantos outros portistas que polvilham este mundo.

O trio de portistas passou a um quarteto e depois para um quinteto…e este ano, para lá de expandirmos o grupo, vamos expandir o evento. Porque os organizadores são mais do que autores e escritores e sempre houve vontade de acolher gente de bem que não está apenas nos blogs e nas redes sociais. Portismo quer-se e em grandes quantidades e por isso cortámos as amarras da virtualidade e prosseguimos, de bandeira em riste, a caminho da globalidade.

Não queremos ser um grupo de bloggers. Queremos ser um grupo de portistas a viver um dia que nos encha de alma e de portismo. Um dia que nos acompanhe com calor no coração e que sirva para unir e para que todos juntos possamos erguer o nosso clube até ao topo mais alto que só é limitado pela nossa imaginação.

Um Dia do Clube. Pelo clube. Para o clube.

http://diadoclube.porta19.com

INSCRIÇÕES ABERTAS AQUI!

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Just B

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Acompanho a equipa B desde que foi reconstituída e faço-o por vários motivos, todos eles naturais. Vi a grande maioria dos jogos, em directo ou diferido e se não falei mais neles durante a época (e nas épocas anteriores) devo-o à preguiça ou à falta de tempo. E só não fiz o mesmo com os sub-19 porque foram exibidos menos jogos durante o ano, mas vou seguindo e evolução de muitos destes rapazes há vários anos. E vejo esta malta da mesma forma como ouço uma música de uma banda desconhecida, pondo o meu melhor chapéu hipster e inventando um postiço bigode à Dali, ao mesmo tempo que penso cá para mim: “eu estava cá quando começaste a jogar, rapaz, lembro-me bem de ti.”.

Numa era em que tantas referências nos faltam dentro de campo, ver os Bês a jogar é um prazer. Não por serem geniais, pela fluidez tremenda do futebol ou pelas jogadas de entendimento cósmico que os leve a um patamar Barcelónico. Mas é a facilidade no jogo colectivo, a quase total ausência de vedetismos, onde as individualidades cedem perante a força e as necessidades do colectivo, onde cada um é só mais um dentro de um todo. O prazer de ver a evolução de homens como André Silva, Rafa, Victor Garcia, de  ou Graça, que cresceu tanto durante a época que me fez mudar radicalmente de opinião, eu que não gostava dele no início da temporada. E, porque não, assistir à reencarnação de antigas glórias com novos nomes, onde vejo um Ruben Macedo a lembrar Jorge Couto, Ismael a ter laivos de Hulk, Gleison como novo Derlei e Tomás (talvez o meu jogador preferido dos Bs já como o era nos sub-19) a partilhar o Óscar de Melhor Moutinho com Francisco Ramos. Nenhum deles é um génio mas há muito talento neste grupo e começam a escassear as desculpas para não apostar nalguns destes rapazes no próximo ano. Luís Castro fez um trabalho sério e mostrou que a estrutura de um grupo vale tanto como a sua liderança. Parabéns, mister!

É um grupo bom. Um grupo saudável. E tem feito por merecer bem mais o aplauso de todos os sócios e adeptos portistas que uma grande parte dos As. Há portistas vivos na B. É só querer aproveitá-los.

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