Ouve lá ó Mister – Gafanha da Nazaré

Companheiro Nuno,

Já estou fartinho da selecção até à ponta dos cabelos que não tenho. Mas há uns pelos nas costas que apareceram há uns bons anos e que também estão tremendamente aborrecidos por terem de ver gajos de vermelho e verde em vez de assistirem aos jogos com o azul e branco que Deus manda! Não há direito!

Mas estamos de volta e logo num dos jogos mais absurdos do ano. Nada contra o Gafanha, com todo o respeito que me merecem tendo em conta que são um clube que nunca vi a jogar, do qual não conheço absolutamente nada e que nem sequer sei que cores usam nas camisolas. Nada contra a Taça de Portugal, seja qual for a encarnação de patrocinador que usam este ano (será sempre Taça de Portugal para mim até ao final da minha vidinha, mesmo que nunca mais a ganhe). Mas o que me lixa mesmo é este estupor deste jogo ser realizado em Aveiro. Às 21h30 da noite. Entre o FC Porto e uma equipa que joga no Campeonato de Portugal, Série Whateverthefuckaoquadrado. Newsflash, people: Aveiro não vai encher, o Gafanha tinha mais hipótese de nos envergonhar se jogasse no seu estádio e o dinheiro da televisão é a única possível justificação para esta mudança. Enfim, é o que temos, dinheiro antes do desporto, em tantas áreas desta vida à volta da tua vida, Nuno.

Seja como for, escolhe os gajos que te dêem garantias, dá hipótese às segundas linhas e reza para que tudo corra bem. Nao mudes onze mas muda alguns. Afinal, se não conseguem ganhar ao Gafanha…

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Nacional da Madeira 0 vs 4 FC Porto

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Bela noite na Madeira
depois de má ronda uefeira,
com Jota a triplar
e André a fechar,
saímos com festa à maneira!

Bora lá às notas:

(+) Jota. Mas que estreia a titular que tu tiveste, rapaz! Muito mexido na frente de ataque, com entendimento acima da média com André Silva (e muito acima do que seria expectável com os médios que surgiam na sua rectaguarda) e acima de tudo com agressividade na busca do espaço e da bola. Fez lembrar Lisandro na forma como correu e como lutou para provar a oportunidade que lhe foi dada. É muito novo, só vai estar cá um ano (previsivelmente) e ninguém conta que faça um hat-trick por jogo (neste caso é mesmo hat-trick, foram seguidos), mas esta vivacidade na frente de ataque era tão pedida e tão necessária que é natural que a malta se empolgue. Pode ter sido um jogo anormal mas a verdade é que marcou mais golos em quarenta e cinco minutos do que Adrián em dois anos. E diria que tambem correu mais.

(+) O eixo central da defesa. A equipa esteve sempre em campo com ritmo elevado, mas o Nacional também. E um dos motivos do pouco perigo que o adversário nos colocou esteve na excelente partida que fizeram os três homens mais defensivos na zona central, porque tanto Felipe e Marcano como Danilo um pouco à frente estiveram impecáveis na marcação, na força no contacto, no jogo aéreo e na recuperação da bola, com Danilo a exceder-se em bolas que roubou ao ataque do Nacional. Não foi aí que começámos a ganhar o jogo mas foi aí que o seguramos sem problemas.

(+) Troca de bola no meio-campo. Com Danilo em funções defensivas, Óliver a jogar de trás para a frente e constantemente a mandar no jogo, Herrera um pouco menos activo e Otávio longe da bola na primeira parte, é surpreendente que o meio-campo tenha funcionado tão bem, mas a verdade é que funcionou. Os golos ajudaram (e de que maneira) a que os homens se soltassem e que as marcações do Nacional fossem mais largas e propensas a falhas, mas a forma como a malta trocou a bola deu-me uma ideia de que estavam a gostar do que faziam. E essa alegria, essa vontade de jogar e de rendilhar o suficiente para chegar com a bola mais próxima da baliza contrária puseram-me um enorme sorriso nos lábios.

(+) Agressividade na recuperação da bola. Jota e André na frente, Danilo e Óliver no centro e Layún e Telles na área estiveram quase sempre em constante modo “BUSCA, BOBI!” em relação à bola. Pressão a meio-campo, nada de permissividades nem permeabilidades nem tirar o pé. Foi um jogo em que todos se podem orgulhar de terem feito o que era preciso da forma que era exigido. Fosse sempre assim.

(-) Os cruzamentos de Telles. O rapaz esforça-se muito e aparece montanhas de vezes na linha, prontinho para colocar a bola na área sem grande oposição para que o cruzamento saia perfeitinho. E contam-se pelos dedos das mãos de um serralheiro alcoolizado as vezes que saem direito. É espetar com um pino em zonas diferentes da área enquanto que o põem a centrar. Cada pino que falha dá uma volta ao relvado. Por fora.

(-) André Silva no 1×1, de novo. Oh Nuno, mas não há hipótese de conversares meia dúzia de minutos com o moço e lhe explicares que ele parece um defesa central foleiro quando se põe a enfrentar outros gajos com a bola nos pés? Ele é tão jeitoso na movimentação na área que até lhe fica mal, palavra…


O campeonato vai parar mais uma vez e vamos ficar muitos dias à espera para confirmarmos se a equipa está de facto a crescer ou se este foi um resultado anormal. Sofre, dragão!

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Ouve lá ó Mister – Nacional da Madeira

Companheiro Nuno,

Ao contrário do jogo de Inglaterra, onde todos os deuses normandos, saxões e beckhamianos estão contra nós, este jogo tem o histórico firmemente a nosso favor. O facto de ser o segundo jogo consecutivo disputado numa ilha é apenas uma coincidência e não deve ser levado em conta. E não estou com isto a pretender usar qualquer tipo de metáfora sobre “estarmos à deriva” ou que estás a ficar “isolado”. É apenas uma coincidência. Espero.

E esta seria uma excelente oportunidade para recuperares a nossa forma para que pelo menos do ponto de vista doméstico não percamos mais pontos para os outros concorrentes ao título. Cada ponto que se desperdiça é mais uma pedra que temos de empurrar a subir o monte e acho que já tens calhaus que chegue no bandulho até chegares ao cume. E nem vou fazer piadas com o cume, vê lá tu quão sério estou eu a falar disto. Por outro lado, também é uma oportunidade para fazeres lembrar ao Marcano que não pode repetir o jogo de ano passado, que no meio da imbecilidade de ter acabado no dia seguinte por causa do nevoeiro, ainda houve aquela extra imbecilidade do penalty que ele fez. Ele lembra-se, está descansado.

Acima de tudo, é jogo para ganhar e para os moços irem descansados para as selecções. E tu vai lá aperfeiçoando o modelo e o sistema, que isto de equipas em formação é giro e tal mas os resultados têm de ir aparecendo!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Leicester 1 vs 0 FC Porto

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Pá, podia ter sido pior? Não, não podia. Perdemos com um lance que aparece por falhas individuais (Telles a permitir a recepção e cruzamento, Felipe a deixar-se antecipar por Slimani…outra vez) e criámos mais do que situações suficientes para espetar dois ou três no lombo de um Leicester que é do mais fraco que me lembro de ver naquela ilha. A foto ilustra isso mesmo, com aquele petardo do Corona a bater no poste e as nossas esperanças a fazerem o mesmo. A culpa é só nossa e se não conseguimos marcar um único golo, a nós o devemos, não a eles. Vamos a notas:

(+) Óliver. É uma diferença enorme ver o mini-espanhol a jogar atrás ao lado de Danilo ou mais adiantado e mais próximo dos avançados. Creio que o 4-3-3 o beneficia imenso mas se Nuno insiste no 4-4-2, acredito que Óliver vai arranjar maneira de criar como tão bem sabe, só vai demorar mais tempo a chegar lá à frente. Num jogo em que precisávamos de ter a bola nos pés, foi o único (juntamente com Otávio) que conseguiu fazê-lo em condições do meio-campo para a frente, pelo menos enquanto a fase parva da equipa estava em vigor. Tem de subir no terreno para ser mais eficaz.

(+) Danilo. O oposto do que se tinha passado na passada sexta-feira contra o Boavista. Rijo, prático, com passes verticais e a procurar sempre colocar-se de frente para o jogo e na busca das melhores soluções para colocar o jogo no meio-campo adversário. Nem sempre conseguiu mas nunca parou de tentar. E deu um pontapé na cabeça do Slimani, meio sem querer, meio de propósito, o que é sempre um bónus.

(-) Tacticamente falando. Há um momento para tudo. 4-4-2 para jogos grandes, 4-1-3-2 para jogos assim-assim, 4-3-3 para os outros. Ou não, porque Nuno anda a complicar tudo o que tem sido opções tácticas e está a deixar a equipa sem saber como há-de estar em campo nestes últimos jogos. A mudança para o 4-3-3 trouxe enormes vantagens na segunda parte não só pelo apoio que os laterais passaram a ter na frente de ataque mas também pela forma como o meio-campo começou a conseguir furar um poucochinho mais para o interior da zona defensiva do Leicester, que como uma boa equipa inglesa dos anos 80 (com valia técnica um pouco acima mas criatividade idêntica), fechava tudo o que podia e atirava com a bola a sessenta metros para tentar apanhar o Vardy sóbrio durante dez segundos. A entrada no jogo acabou por dar num golo do adversário mas podia perfeitamente ter sido um empate a zero no final da primeira parte, o que seriam quarenta e cinco minutos desperdiçados num terreno que é complicado mais pelo barulho do público do que propriamente pela classe do oponente. Há que assentar o esquema de uma vez por todas.

(-) A pressão da putativa primeira. Deixou de haver pressão para o FC Porto em Inglaterra. É uma lógica muito simples e que me parece ainda mais fácil de entender: esta foi de longe a pior equipa inglesa que defrontamos desde há muitos anos. Muitos. Anos. E não conseguimos sequer marcar um golinho, fruto da já tradicional ineficácia, da incapacidade de agir como equipa grande e também de algum azar. Mas continuamos a pensar que somos pequenos, frágeis e infelizes, quando precisamos de nos agigantar e de nos virarmos para eles a dizer: “ouve lá, ó bife, tu não vales uma ponta dum corno e vais lamber-me as botas hoje, percebes?”. Falta arrogância a esta equipa, que se encolhe e acobarda quando precisava de elevar o queixo e mostrar que é melhor. Nunca conseguiremos vencer estes ou outros cabrões lá na ilha enquanto não mostrarmos isso.

(-) Em capacidade física, AA = AA / 100. Se António André, pai de André André, estiver naturalmente a acompanhar a carreira do filho, decerto que terá orgulho no seu rebento pela braçadeira que usa, pelo clube que representa e pelo empenho que exibe em vários momentos. Mas aposto que um destes dias, num almoço dominical que junte a família à volta de uma farta mesa, lhe dirá com mais ou menos gritaria: “meu filho, ou começas a criar um corpinho que não te faça ser confundido com uma jovem adolescente de treze anos ou vamos ter problemas, porque esse conjunto de ossos fazem a kate moss ficar deprimida. e vê lá se consegues ganhar uma bola dividida, parecendo que não dava jeito. podes levar os videos que eu tenho ali na cave, se precisares de tirar ideias…”


Faltam quatro jogos. Faltam doze pontos. Têm de ser nossos. Não há outra maneira de salvar esta merda.

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Ouve lá ó Mister – Leicester

Companheiro Nuno,

Vamos lá ver uma coisa, antes que a gente se chateie. Eu sei que a equipa está a ser construída e que as rotinas ainda não se ajustam naturalmente e é preciso tempo até que a máquina esteja oleada por forma a conseguirmos ter a formação que queremos a jogar da maneira que queremos. Uso o plural porque estamos todos na mesma demanda e as setas estão apontadas todas na mesma direcção. Mas não tem ajudado mesmo nada a constante mudança no estilo de jogo e na forma de encarar as partidas, Nuno. Acredito que estejas a adaptar os teus homens às situações que enfrentas mas se os tipos não se conhecem muito bem e tu insistes em mudar as camisolas e os corpos que as usam, ainda se torna mais complicado, não? Vê lá se assentas num onze base e começas a cinzelar o teu David para que tenha uma mão em condições e a pilinha seja um majestoso falo que rebente com a força contrária, seja lá quem ela tiver que ser.

Hoje, por exemplo, é uma prova grande. Nunca ganhámos em Inglaterra, rezam os números. So what? É hoje? Será hoje que vamos acabar com este estupor deste empirismo que nos toma de assalto e nos entristece? É, pois! Tem de ser! Tenho confiança em ti e nos teus para que consigamos encostar estes one-hit wonders e trazer o doce sabor da vitória para casa de uma forma que pode ou não ser categórica mas que seja decente, trabalhadora e empenhada. Porque se não ganhares é apenas mais um jogo. Mas se venceres…oh homem, entras para a história do teu clube! Queres mais incentivo que este?!

Sou quem sabes,
Jorge

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