Quarto empate consecutivo em todas as competições. Terceiro jogo fora sem marcar golos. E sem grande esperança que as coisas mudem, sendo que aqui está o grande problema. Algo não vai bem quando uma equipa corre mais do que fazia desde há três anos e não consegue produzir uma fracção do que podia e devia. Demasiada indecisão, absurda falta de sentido prático na frente (a contrastar com o que acontece na zona recuada) e uma sensação de que o barco anda à deriva e não há muito que possamos fazer para contrariar a maré. Notas abaixo:
(+) Marcano. Pelo ar ou pela relva esteve sempre impecável e quase que marcava um belo golo de cabeça, não fosse a perna direita do defesa esquerdo do Belém a salvar a bola de entrar, obrigando-me a enfiar de novo no bolso o grito que estava pronto a dar pela quebra do enguiço dos golos. A braçadeira de capitão não me pareceu mal entregue, francamente. É estranho, mas é a verdade.
(+) Casillas. Esteve razoável fora dos postes mas muito bem entre eles, a safar a equipa depois de algumas falhas na zona central, onde Danilo não conseguiu ser omnipresente ao ponto de evitar overloads de dois ou três jogadores a entrarem pela área dentro. Ficou na memória uma saída a fazer a mancha a Sturgeon, fazendo-o tremer depois de um lance complicado pelo ar.
(+) As tareias físicas que temos levado não se têm notado. Os últimos jogos têm sido complicados. Benfica no Dragão é sempre complicado (mau era), seguiu-se o Chaves com 120 minutos de jogo contra uma equipa que gostava muito de acertar nas pernas. Em seguida, Copenhaga contra vikings duros como os cornos dos históricos capacetes (aparentemente falsos mas ainda assim queriduchos de imaginar) e agora um jogo contra a chuva, contra o batatal/relvado e contra uma equipa que sua sempre mais um bocadinho contra camisolas azuis e brancas, ou neste caso, amarelas. E através disso tudo continuo a ver André Silva a correr, Danilo a lutar e Felipe e Marcano a voarem pelo ar. A equipa parece bem fisicamente, apenas mal tecnica e psicologicamente.
(-) É só isto que temos? A sério, é só isto que temos? Uma equipa que joga a um ritmo lento e previsível; extremos que não conseguem furar; laterais que se posicionam como médios-ala mas que não conseguem auxiliar os seus colegas da frente; avançados que parecem ter perdido o bom entendimento de aqui há umas semanas; dois médios que não ajudam atrás nem provocam desequilíbrios na frente, longe das zonas de perigo e ainda mais longe dos colegas. É, no fundo, uma equipa desgarrada, que corre muito mais e produz oh-tão-menos do que deve. Nuno não está a conseguir tirar o melhor dos melhores que coloca a jogar (e não tenho grandes dúvidas que são, uma ou outra excepção aparte, os melhores que tem – ver comentário dois Baronis abaixo) e está a desgastar os jogadores de uma forma que não lhe tem trazido frutos. Sure, estamos com algum azar em frente à baliza. Claro, o Capela gamou-nos profundamente em Setúbal. Mas não chega. Há que marcar golos e para isso temos de ser mais eficientes, mais intensos e muito mas muito mais práticos.
(-) Jota. Não está a atravessar um bom momento e essa baixa de forma não podia ter vindo em pior altura. Longe do jogo, inconsequente sem a bola e incapaz de integrar os ataques de uma forma que se faça notar que não é um jogador mediano. E não é, por isso este abaixamento ainda se faz notar mais numa equipa que tanto precisa de apoio para André Silva e raramente o tem conseguido. E garanto que não é Depoitre que o vai dar, pelo menos não de uma forma deliberada.
(-) As opções no banco. Olho para o banco e provavelmente terei a mesma ideia que Nuno: “What the fuck am I going to do with these dudes?!”. Talvez em português em vez dos meus adorados anglicanismos, mas a ideia que passa é a mesma. Não pode ser com Varela ou Evandro, Depoitre ou André² que vamos conseguir mudar muita coisa num jogo que está emperrado como os últimos jogos têm estado. Já se tinha percebido que a profundidade do plantel era curtinha logo depois do final do mercado e se aquela parvoíce de “ah e tal vamos buscar gajos à B quando for preciso” é tão inútil que nem mereceu comentário na altura e continua a não merecer comentário agora. É preciso mais e melhor. Muito mais e definitivamente muito melhor.
E lá vão mais dois pontos para o Sporting. Mais dois, provavelmente, para o Benfica. E na próxima jornada, o Braga no Dragão. Está bonito, está.
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