Isto sim, é um clássico! Duas equipas lutadoras, cada uma com as suas armas, bons golos, tensão de início a fim, um árbitro com trabalho relativamente jeitoso (ai ai Marvin que sacaste uma à Layún, meu estupor), momentos de brilho intenso de alguns jogadores (Soares e IKER, IKER, IKER!!!) e um ambiente estupendo em todo o estádio. Vencemos bem mas um empate não teria surpreendido ninguém, tal foi a reacção do Sporting na segunda parte depois de uma extraordinária exibição de eficácia e cinismo na primeira. Demos tudo e ficamos com os três pontos. Uff. Vamos a notas:
(+) Soares. Ora então eu ando aqui em Guimarães e tal, lá vou marcando uns golitos, os chineses vêem-me a jogar e até me oferecem guito suficiente para comprar os Clérigos e fazer lá um shopping mas decido ir para o Porto, afinal a cidade é bonita e o Deco diz que lá se vive bem e a malta é cool e trendy e eu sigo para lá e decido fazer o quê no meu primeiro jogo? Para lá de entrar de início, lá vou eu enfiar duas batatas ao Sporting, uma de cabeça e outra em que finto o guarda-redes e tudo. Ainda não satisfeito ainda me pus a correr a todas as bolas e a morder os calcanhares aos defesas todos, ganhei bolas pelo ar, segurei o jogo na frente e ia marcando um terceiro. Para estreia não está mal. No biggie.
(+) A entrada de André² e Teixeira. Apesar de achar que Nuno esperou tempo demais para fazer entrar qualquer um dos médios, a verdade é que entraram muito bem e conseguiram segurar a bola durante mais tempo do que qualquer um tinha feito até então. E se Teixeira se perdeu um bocado em excessos driblatórios, a verdade é que arrastou bem o jogo para a frente quando a equipa precisava de respirar um pouco. E André esteve impecável no transporte da bola pela relva, estabilizando o meio-campo numa altura em que o resto dos colegas estava quase sem fôlego.
(+) Aquela defesa de Casillas. Se Soares foi o MVP da partida, votado pelos adeptos no estádio, Casillas foi sem dúvida outro MVP. No caso do guarda-redes espanhol, atribuo-lhe o meu MVP: Most Valuable Putaquepariuquedefesaquetufizeste! Ainda estou, horas depois de ver a defesa ao vivo, a relembrar-me da quase inacreditável defesa de um guarda-redes nos seus trinta e muitos, a voar para tirar a bola quase de dentro da baliza e a salvar a vitória da equipa. E a forma como celebrou o final do jogo, de joelhos no relvado e braços erguidos para o céu. É. Um. Senhor.
(-) Incapacidade de combater no meio-campo. Vamos lá ver uma coisa de uma vez por todas. Tivemos, temos e teremos sempre jogos muito complicados contra equipas fortes no meio-campo porque os nossos homens não conseguem dar conta do recado. Eh pá, esqueçam lá as utopias e os clichés de “a vontade ultrapassa as limitações”, porque não é verdade e a prova disso são estes jogos em que os adversários nos batem aos pontos na velocidade de execução e na cobertura das zonas centrais, fazendo ambas melhor que nós em vários momentos consecutivos. Porque não se pode esperar que um Óliver consiga cobrir tanto terreno como um Palhinha ou um Adrien, não se pode esperar que Danilo faça o trabalho de três nem que os extremos consigam fazer corredores todo o jogo e ainda tapar no meio. O Sporting subiu na segunda parte especialmente porque deixou de usar o pivot holandês e começou a trocar a bola e a fazer-nos recuar para a nossa área porque não estávamos (mais uma vez) a ser capazes de segurar a bola nem tão pouco de interceptar as jogadas adversárias num ponto adiantado do terreno. Temo, com o medo de uma criança que não sabe nadar e é atirada ao Douro, os jogos com a Juventus. Italianos dão-se bem contra equipas que os deixam gerir o jogo ao seu ritmo…
(-) Cansaço. A equipa está com uma carreira física notável este ano e o facto de praticamente não haver lesões musculares dever-se-á ao trabalho da equipa médica e também ao preparador físico. Não sei até se aqueles mini-aquecimentos públicos no arranque das segundas partes não terão ajudado a melhorar a capacidade física e muscular da equipa, mas o que é certo é que têm andado tudo muito jeitoso. Mas…as pernas nem sempre vão conseguir aguentar. Temos feito jogos muito exigentes e continuo a achar que corremos demasiado e não produzimos em proporção, por isso é lógico que haverá jogadores que entraram neste ciclo complicado com as pernas presas por arames. Brahimi, Corona, Óliver e André Silva estão desgastados e será preciso trabalhar muito bem para os recuperar já para o jogo de sábado. É algo que me preocupa no futuro próximo.
(-) Telles. Jogo muito fraquinho de Telles, raramente conseguindo acertar na marcação. Em qualquer marcação, diga-se, porque marcar Gelson foi quase impossível e apesar do puto ser mesmo muito bom jogador, Telles não teve capacidade de ser mais esperto e astuto, foi demasiadas vezes “comido” por tomar más decisões e permitir que o adversário arrancasse e passasse por ele em corrida. E falhou também na marcação de tudo que foi bola parada, porque entre um canto com a bola a sair directa e livres marcados com pontaria desafinada, Telles teve um jogo que foi uma espécie de antítese do que tinha feito contra o Rio Ave. Há dias assim.
Primeiro lugar à condição e continuamos a depender apenas de nós para conseguirmos manter-nos lá. E são jogos destes que se fazem equipas campeãs, amigos, por isso continuemos o caminho e mantenhamos a cabeça erguida! We still can!!!
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