Ouve lá ó Mister – Arouca

Companheiro Nuno,

Estamos bem? Estamos impecáveis! Estamos em grande! Estamos em alta! E no entanto, estamos a um mau resultado de mandar abaixo este castelo de cartas que é uma sequência de jogos vitoriosos no campeonato, porque quando as coisas estão bem, basta uma brecha na armadura para desfazer todo o bom trabalho que se tem vindo a fazer durante meses. E se todos estão à espera de um mega-fabulástico showdown na Luz, há que chegar lá com a mesma sequência vitoriosa que temos vindo a criar até agora e acompanhá-la como se faz a um bully: respondendo à força com inteligência.

Não sei ainda quem vai jogar em Arouca, mas só te peço que não jogues na capital mundial dos passadiços a pensar no jogo de Turim. Até porque o mais provável é sairmos de Itália com uma derrota tão grande como a da primeira mão, senão maior. São universos diferentes e como o Benfica verificou ainda esta semana, há um…universo de diferença entre o nosso campeonato e o deles. Assim sendo, foca-te no Arouca e na melhor forma de os bater e sacar os três pontos na luta que está para durar. E só pode durar até ao fim se estiveres com os olhos no prémio. Mantém os olhos no prémio, Nuno!

Sou quem sabes,
Jorge

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Dragão escondido – Nº41 (RESPOSTA)

Naquele que foi talvez o mais fácil e consensual destes posts, a resposta era evidente:

Nuno Fernando Gomes Rocha, conhecido no mundo da bola por Capucho, foi um elemento fundamental na conquista do Penta e uma das imagens do clube nos anos que se seguiram. O estilo é, ao contrário de Vitor Paneira na famosa expressão de Gabriel Alves, inconfundível, com as meias puxadas para baixo e a elegância no movimento que muitos confundiam por lentidão mas que, não sendo o extremo mais rápido do mundo, compensava a falta de velocidade de ponta com uma capacidade técnica muito acima da média, exibindo-a em lances de classe ao alcance de poucos. Costumávamos dizer que se queríamos proteger a bola, bastava apenas enviá-la para Capucho e lá ficaria, retida e controlada na perfeição, à espera de uma boa opção de passe ou de uma oportunidade de marcar ou, em alternativa, de roubar uma falta ao adversário. Capucho personificou a imagem de um Dragão lutador e era um deleite vê-lo nos treinos a berrar com toda a gente em alto vernáculo enquanto fintava um ou outro colega e rematava à baliza, celebrando os seus golos como se estivesse na final da Champions. Um senhor!

Esta foto diz respeito a um jogo da época 1997/1998, contra o Guimarães (aqui representado por Kasongo), disputado no Estádio das Antas e que terminou com uma vitória do FC Porto por 1-0, com um golo de Mielcarski (Miguel Castro para muitos) aos 89 minutos.

Houve uma única tentativa falhada e presumo que fosse em termos de brincadeira:

  • Esquerdinha – Um defesa esquerdo a controlar com o pé direito enquanto defronta outro defesa esquerdo?! Nah!

O vencedor apareceu logo três minutos depois de publicar o post, através do paimoscaMosca, num comentário aqui no tasco! Parabéns por seres um gajo normalzinho que até conhece a história do teu clube!

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Baías e Baronis – FC Porto 7 vs 0 Nacional da Madeira

Prometiam chuva da boa para a tarde e início de noite e a minha mãe, preocupada como sempre com o bem estar do seu filhote, acusou-me de ser, passo a citar: “um tolinho” por me ir meter na bola durante uma tempestade. Pois, mami, a verdade é que houve outro tipo de tempestade no Dragão. Uma tempestade de futebol ofensivo, pautado por dois irreverentes jogadores de futebol, de estatura média-baixa, que douraram um espectáculo interessante e a espaços muito bem jogado, que resultou numa vitória como não se via há quase vinte anos. O facto do Nacional ser tão jeitoso como um cacho de bananas podres ajudou, mas a equipa esteve bem e notou-se em campo. Vamos a notas:

(+) Setazero. Não há como dar a volta a isto: foi uma coça. Uma sova das boas dada por uma equipa que procurou sempre o próximo golo como se fosse o primeiro e onde houve muito mérito do treinador, pelas opções que tomou a partir do banco, em levar a equipa a um resultado épico. Nuno ajudou e incentivou a equipa a erguer-se com tremenda facilidade até aos sete golos que marcou com uma postura constantemente ofensiva (contra onze ou contra dez) que se fez ver ao longo de todo o jogo, onde só não entraram mais porque nem sempre foram tomadas as melhores decisões em frente à baliza. E se Brahimi, Óliver e companhia estiveram bem, muito disso esteve no trabalho do treinador que optou sempre pelo jogador que mais verticalidade conseguia trazer à equipa, nunca desistindo e jogando para a bancada em vez de procurar travar e descansar à espera do apito final. É certo que podemos sempre ser cínicos e dizer: “oh, mas ele só mostra que tem tomateira quando joga a mais ou quando está a ganhar por três ou quatro”, mas a verdade é que foi audaz, agressivo e deu um docinho aos adeptos. E todos gostaram de se lambuzar com ele.

(+) Brahimi. Roda, passa, dribla, arranca, faz tudo. Brahimi está num bom momento e nota-se pela forma como se lança por cima do defesa (talvez seja melhor usar o plural, tal era a facilidade com que Yacine passava pelos múltiplos oponentes que lhe apareciam à frente) com uma confiança tal que desafiava a matemática, provando que dois ou três eram o mesmo que um. Rijo a aguentar o 1×1, audacioso nos arranques, foi o principal rompedor pelo meio-campo contrário e fez pela vida até sair debaixo de uma das maiores ovações que já recebeu neste estádio que também é dele. Excelente jogo.

(+) Óliver. Um passe de Óliver não é fino. Não é elegante. Não é forte nem fraco nem alto nem baixo. É a perfeição transformada em futebol, é a precisão convertida em lirismo, a funcionar como um robot pronto a dançar o Lago dos Cisnes com um módulo de doçura e talento enfiado no processador da máquina. É um homem como poucos na forma como vê o jogo e selecciona a melhor opção como um boss de último nível num jogo de computador impossível de bater. Dizia-me um dos amigos de bancada que desde Moutinho que não víamos isto. Sinto-me tentado a concordar.

(-) André². Parece quase ridículo atribuir um Baroni individual a um jogador do FC Porto num jogo em que o resultado é tão evidente e a exibição tão absurdamente avassaladora a nosso favor. Mas André² não fez o que devia ter feito na maioria dos lances onde esteve envolvido e travou imenso o jogo da equipa, especialmente na primeira parte. Com passes demasiado curtos ou excessivamente longos, não foi o apoio que Óliver gostaria de ter e raramente conseguiu ser o transportador de jogo ao nível que a equipa precisava, um homem como Maniche foi para Deco ou Guarín para Moutinho. Esforçado mas pouco produtivo…exactamente na posição que é talvez a mais exigente no actual esquema de Nuno.

(-) Nacional da Madeira. Fraquinho, muito fraquinho. Quando um homem como Zequinha é um dos principais elementos desequilibradores de uma equipa, é sinal que essa equipa está destinada a descer de divisão ou quase falecer ao tentar não o fazer. Basta dizer que terminamos a nossa competição directa contra estes rapazes com um resultado de 11-0 em dois jogos. É suficiente para fazer corar o Luís Campos, palavra.


O Feirense, tal como o Braga, não serve para nada. Temos de subir a pulso, carago!!!

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Ouve lá ó Mister – Nacional

Companheiro Nuno,

Os jogos contra o Nacional têm sempre alguma coisa de interessante. Pelas camisolas que os rapazes gostam de usar cá pelo burgo, do branco, preto, amarelo ou violeta; pela possibilidade do fantasma do zero-quatro estar sempre no horizonte à espreita da possibilidade de nos enfiar mais um prumo com rebites pelo recto acima; pelo facto de estarmos a encarar cada jogo como “só-mais-um-até-à-Luz”; por tantos outros potenciais vectores de interesse que nos podem despoletar a vontade de levantarmos o rabo do sofá e irmos encarar a chuva de frente, há um que se sobrepõe aos outros: o regresso de Paixão. Tem tudo para ser um destaque positivo, o único homem que conseguiu defrontar Vitor Pereira e vencer e um dos poucos que permitiu que Jardel levasse uma coça como se tivesse galado a namorada do Bonucci numa discoteca com o italiano a ver. O Porto a ganhar, a equipa a jogar e a marcar…e o Paixão no Dragão. Achas que as pesoas precisam de mais incentivos para ir ao jogo?!

Ah, e decide lá a táctica de uma vez por todas. Se os rapazes continuam a deixar o meio-campo tão pouco povoado durante os jogos, ainda nos expropriam a relva ao abrigo de uma qualquer reforma agrária. Felipe e André Silva voltam, certo? Óliver fica, certo? Isso.

Sou quem sabes,
Jorge

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