Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Moreirense

Uma caloraça como não sentia há uns anos no Dragão fez com que tivesse de comprar duas garrafas de água depois de levar com três finos no bucho antes do jogo. E estive sentadinho, sem grandes preocupações, a apreciar o espectáculo como um simples adepto rodeado de outros tantos simples adeptos. Continuei cheio de calor, a bufar e a suar, enquanto me mantinha sentado. Lá em baixo, no relvado, os moços corriam o suficiente para não desidratarem à louca (agora que é moda, devia ter havido pausa para auguinha da boa a meio de cada parte, não?), num jogo que foi tão fácil que nem censuro a falta de empenho ou aceleração em largos momentos de jogo. Notas, quentes como o tempo, já em baixo:

(+) Aboubakar. Há duas semanas teve seiscentas oportunidades para marcar e nem uma entrou. Semana passada em Tondela deu-nos a vitória e hoje voltou a trazer os três pontos para casa numa bela demonstração de variedade para um avançado: um golo de cabeça (naquele que foi talvez o único cruzamento decente do Telles em todo o jogo), um remate na área e um “encosto” oportuno. Mexeu-se sempre bem na área e fora dela, recolhendo a bola e entregando para os colegas direitinho, sem grandes invenções. Aproveitou também o facto dos centrais do Moreirense serem imensamente fracos, mas isso…já não é nossa culpa.

(+) Marcano. Certinho, muito bem na dobra a Telles e até a salvar algumas das parvoíces posicionais de Óliver e Danilo, mas sempre com o estilo típico do nosso “novo” capitão: calmo, com paz de alma e sem grandes preocupações visíveis. Nada o parece incomodar quando está de moral em alta e se no ano passado foi dos principais homens em que podíamos colocar as nossas apostas para o prémio de “gajo mais tranquilo do plantel”, parece trilhar o mesmo caminho este ano.

(+) Marega. Não posso dizer mal do Moussa. Para quem tem qualidade para o futebol ao nível do móvel que suporta a televisão da minha sala (apesar da maior dificuldade a controlar a bola, algo que a mobília não consegue trabalhar com o tempo), o rapaz tem feito pela vida e por muito que achemos – ou pelo menos, que eu ache – que não podemos querer ser campeões com Maregas no onze base, a verdade é que leva dois jogos a titular e jogou uma hora no primeiro…e tem trabalhado para continuar por lá. E se aquela bola à trave entrasse…tínhamos candidato para golo do ano!

(-) A entrada na segunda parte. Estavam aí uns 36 graus quando o jogo começou e não me parece que tenha baixado por aí fora à medida que a tarde ia passando. E é verdade que o adversário era fraquíssimo, o jogo estava quase ganho e a temperatura não ajudava a que houvesse uma capacidade física tremenda, mas aquela segunda parte foi quase toda pautada por um ritmo que tornou todo o Dragão numa espécie de nave com quase 50 mil almas a bocejarem de tédio e a lamentarem estar longe de uma qualquer esplanada a beber finos de penalty. Compreendo que seja uma reacção natural nos jogadores e cabe ao treinador fazer com que os rapazes acordem, algo que o próprio Sérgio se encarregava, gritando para o campo e levando a que se mexessem mais um bocadinho. Há uns anos, Sir Bobby mandava-os treinar no fim de um jogo destes. Sérgio, se daqui a uns anos cá estiveres e tiveres a autoridade moral que o Robson tinha…podes fazer o mesmo. Tens a minha bênção.

(-) Otávio. Um exemplo do Baroni de cima é a entrada de Otávio para o lugar de Brahimi, que esteve claramente com pouca capacidade física para estas coisas. Aliás, quando Brahimi tem a bola e não tenta fintar quinze adversários seguidos, algo está errado com o rapaz. Mas adiante para o brasileiro que o substituiu. Entrou lento, sem rasgo, sem “fome”, a tropeçar sozinho e a falhar todo o tipo de combinações, incluindo uma tabela que fez com Aboubakar e que depois se esqueceu de subir para receber a bola. Sérgio colocou-o ao meio e moveu Marega para a esquerda, onde o MegaMoussa continuou a correr o que podia e a esforçar-se bem…contrastando com Otávio, que teve ao todo dois lances interessantes, quando recuperou duas bolas que ele próprio tinha perdido. Não será assim que roubará a titularidade a ninguém, nem a Marega ou Soares como segundo avançado e muito menos a Brahimi.

(-) Titulares vs reservas. Já tivemos de tirar Soares e entrou Marega, até agora razoavelmente bem. E entrou também Maxi para o lugar de Ricardo, com menos força e muito menos acutilância ofensiva. E o resto? E se sai Danilo, como pareceu que iria acontecer a meio do jogo? E se Óliver desaparece por lesão ou Felipe por castigo ou Brahimi por uma possível venda? Há alternativas? O banco de hoje era composto por: Sá, Reyes, Layun, Herrera, André, Hernâni e Otávio. Quase todos recebem uma reacção da minha parte de…meh. O FC Porto 2017/2018 não está a procurar ser campeão tentando fazer omeletes sem ovos. Há ovos. Mas são de codorniz.


Se estes três primeiros jogos foram acessíveis, o próximo não será. Há que fazer com que não se tropece para manter a onda em alta. Para Braga, amigos, post-haste!

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Ouve lá ó Mister – Moreirense

Camarada Sérgio,

Tudo bem, rapaz? Isto vai aqui um movimento do carago com o mercado, gente que entra e sai de todos os clubes a todas a horas…menos nós, não é? Só gente a sair e ninguém a entrar, mas creio que já sabias que ia ser um verão bem paradote na zona das chegadas e com reboliço forte na área das partidas. E se o que foi saindo não deixa grande mossa (para lá do Ruben e do André, mas principalmente do Ruben…), já a falta de opções pode ser uma chatice um bocadinho mais lá para a frente. A ver vamos se ainda nos mexemos ao ponto de ir buscar alguém, mas começo a ver a janela a fechar e nózes munto pouco mexidinhos, num é?

Mas o tempo continua a passar e hoje há jogo. O Moreira, que no ano passado ajudámos a ficar na Liga com um jogo miserável na última jornada, onde o Felipe foi Stepanov, o Maxi foi Zlatan e o resto da equipa foi…bem, igual a si própria. Não concebo sequer por um momento que o resultado ou a exibição sejam parecidas, por isso só te peço para ganhares o jogo com tranquilidade e nem tentes igualar o que os nossos rivais fizeram. Aliás, esquece isso, porque só lanças mais pressão sobre os rapazes. Fica o aviso: qualquer resultado que consigas abaixo de cincazero vai ser considerado como uma falha de competitividade da tua parte e da parte dos teus moços, por isso nem te preocupes com a reacção desse povo estranho. Três pontos é o que interessa, nem que seja por meiazero!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Tondela 0 vs 1 FC Porto

Jogo difícil, sofrido e de qualidade sofrível, contra uma equipa que exemplifica bem o que já estamos habituados a apanhar no campeonato: malta que gosta de acertar nos pés e nas pernas e em tudo o que mexa, que pressiona o que pode dentro do espaço que cobre, que é sempre muito porque a vontade é imensa. Como em qualquer arranque de época, o que interessa é ganhar, seja por quatro ou por meio a zero. Sigam as notas:

(+) Óliver a pensar. Vai estar muito mais exposto à falha durante a época e isso é bom sinal, porque vai ter a bola nos pés muito mais tempo. É um deleite vê-lo a construir de cabeça levantada e a forma como tenta orientar o jogo da equipa é notável tendo em conta a dupla função que tem de desempenhar, servindo também como elemento defensivo e de recuperação de bola. Hoje esteve bem no passe com poucas excepções, bem na recuperação e…saiu mais cedo para entrar um sucedâneo de jogador que não fez nem uma coisa nem outra em condições. Precisamos de reforços, não precisamos? Sim, precisamos.

(+) Danilo a tapar. Mesmo estando abaixo a nível físico, é pivotal na equipa pela força que dá no meio-campo e na recuperação defensiva, em particular pela forma como consegue varrer a sua zona e ajudar a fazer o mesmo na rectaguarda. E pensar que até 31 de Agosto temos de esperar que ninguém bata a cláusula…ou que ele queira ficar pelo menos mais um ano. Brrrr, tremo só de pensar…

(+) Marcano a limpar. E quando a bola passava para a zona defensiva, lá tínhamos Ivan, o capitão. Não consultei os números antes de começar a escrever mas quase que aposto que sofreu mais faltas que os dois avançados juntos e lutou como sempre para desfazer os ataques do Tondela sempre que conseguia. E conseguiu. Sempre.

(-) Corona a (não) assistir. Tal como José deve ter dito depois do filho voltar dos proverbiais quarenta dias no deserto: “continuamos na mesma, não é, Jesus?”. É uma discrepância a um nível cósmico verificar a capacidade técnica de Corona e a forma como faz o último passe quase sempre sem olhar, sem critério nem selecção apropriada do que fazer ou para onde enviar a bola. Esteve bem durante o jogo, lutador e empenhado, mas faltou sempre acertar aquilo que deve ser uma das suas tarefas mais importantes depois do desequilíbrio: a assistência.

(-) Brahimi a (não) passar. Drible curto tão bom. Arranque tão bom. Outro drible maravilhoso, passa pelo defesa e…lá mete as antenas na relva e começa à procura do próximo defesa. Nunca conseguiu perceber o timing certo para passar a bola aos colegas e apenas serviu para raspar mais um pedaço da nova relva do estádio. Foi um Brahimi inconsequente e a equipa perdeu com isso.

(-) Todos a (não) finalizar. Ei lá, Moussa, que queda desde a semana passada. Sim, também essa queda na área com o nosso ex-biscateiro defensivo, que podia e devia ter sido marcada, mas a queda na eficácia foi ao nível de chegar um gigante à Invicta e começar a usar os Clérigos como palito. Trapalhão, torto, ineficaz na frente. Valeu-nos Aboubakar que também não esteve famoso…e aposto que Soares tinha marcado um ou outro golito que estes dois matulões falharam.


Dois jogos, duas vitórias. Nada mau. É para fazer a terceira no Domingo, rapazes, vamos a isso!

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Ouve lá ó Mister – Tondela

Camarada Sérgio,

Tenho uma pedra no sapato em relação a estes gajos, rapaz. Tenho eu e aposto que terão todos os portistas, porque para lá do penalty que nos foi roubado no ano passado (quando o Boly foi empurrado com muito mais força que o Bas Dost e o penalty ficou nas couves), fizemos um jogo fraquinho mas enfrentamos o equivalente a um exército mongol todo comido com anfetaminas, tal era a vontade de nos arrancar pela raiz e rebentar as costuras todas. Perdemos dois pontos e podíamos ter perdido mais alguns meniscos aleatórios, por isso tem cuidado com estes lenhadores, nunca se sabe o que dali vem. Tens noção que aquela malta quer sacar-nos pontos, certo? E roubar-nos a alma, a vontade e a vida, certo? E obedecem em grande parte aos papás lá de baixo, certo? Certo. Muito certo.

O primeiro jogo foi relativamente fácil especialmente depois do primeiro golo, mas até lá chegar ainda andamos a penar com passes falhados, combinações jeitosas no papel mas raquíticas na relva e remates, muitos remates, muito ao lado. Há que continuar a melhorar, há que prosseguir no plano de vencer os jogos todos que pudermos e estes são aqueles que mais tarde nos lamentamos de ter perdido pontos se não fizermos o nosso trabalho em condições. Se Soares não pode jogar, o Marega está aí cheio de vontade e o Rui Pedro ou o Otávio também devem estar prontinhos para aproveitar a oportunidade. Faz como achares melhor mas ganha o jogo e dá a esses gajos a prova que o ano passado foi um happening. Um one-time happening. E, por definição, não volta a acontecer.

Sou quem sabes,
Jorge

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A Culpa é do Cavani – Jornada 4.1 – Konan to rule them all

Na passada quarta-feira reuni-me com o Jorge Vassalo do Porto Universal e o Paulo Silva da Tasca do Silva para um Cavani especial. Com o campeonato a arrancar, é urgente analisar as equipas da nossa Liga e certamente haverá uma boa maneira de o fazer com um olhar sóbrio, discreto e analítico. Mas dá sono e não tem piada nenhuma, por isso optamos por vinte minutos de uma tentativa de humor primário em relação aos nomes dos rapazes que compõem os plantéis dos 18 clubes que fazem parte deste campeonato. Há muitos e bons e depois há o Konan. Uma análise imperdível. Ou melhor, uma annályze imperdível!

Todos os episódios anteriores estão no site e no feed RSS, pelo que como de costume amandem as vossas postas para [email protected]!

Link para a página principal do podcast: A Culpa é do Cavani
Link para o episódio: Jornada 4.1 – Konan to rule them all
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