Um jogo entre muitos outros jogos que vamos ter este ano (e que temos todos os anos, há que admitir), onde as coisas não parecem correr bem até que aparece um rapaz com alguma sorte e abre a lata de vez. Mal jogado em grande parte do tempo, foi uma vitória que assenta bem mas que não mostra as dificuldades que tivemos para lá chegar, em grande parte por culpa da nossa própria inépcia física e criativa. Merecíamos vencer, mas os três golos parecem exagerados. Ah, e Marega foi o MVP. Yup, esse mesmo. Notas já abaixo:
(+) Marega. Começo a questionar seriamente a minha capacidade para analisar jogadores de futebol. Este homem, o mesmo que na primeira parte caiu sozinho tentando fazer um passe a meio de uma arrancada, num choque neuronal a fazer lembrar um acidente em cadeia (implicando que teria mais do que dois a funcionar, o que parece absurdo em conceito teórico aplicado ao rapaz), acabou o jogo como melhor jogador em campo. E nem merece discussão, tal foi a excelente segunda parte que fez, com Master Moussa a devastar tudo que era jogador do Chaves, desgastando-lhes o corpo e roubando-lhes metros atrás de metros, com investidas pela direita e algumas pelo centro que acabaram por marcar a diferença para os demais. Marega é titular do FC Porto e desde que isso aconteceu vemos um homem que trabalha, luta, produz e concretiza. Não percebo nada disto.
(+) A defesa aérea. Nem Marcano nem Felipe tiveram um jogo estelar do ponto de vista ofensivo, com várias falhas no passe e algumas hesitações na transição ofensiva, expectável e já aqui analisado tendo em conta a exposição ao erro a que estão sujeitos no esquema do Sérgio. Mas a defender estiveram quase perfeitos pelo ar e quase perfeitos pela relva, muito embora tenham permitido que o Chaves criasse dois lances de muito perigo pelo centro, um deles com Layún a colocar o adversário em jogo e no outro…bem, porque não dá para cobrirem o espaço todo se o resto não fizer o seu trabalho, não é? Ainda assim gostei das intervenções aéreas contra malta bem grandita.
(+) Cinco jogos, cinco vitórias, zero golos sofridos. Um dos melhores arranques que me lembro de ver apesar do futebol não ser (ainda) de elevadíssima qualidade. Nem prevejo que venha a ser, mas uma coisa é certa: os resultados estão a aparecer e por agora sem termos precisado sequer de um único Jonalty.
(-) Danilo. Um jogo muito fraquinho, bem abaixo do que consegue fazer. Desde o início que pareceu lento, com acelerações inexistentes e a um ritmo que fazia lembrar Sir William Carvalho mas sem o bigodinho à capanga nos anos 20. Perdeu demasiadas bolas, distraiu-se mais vezes do que o Marega tropeçou e raramente foi um elemento útil no meio-campo. Aliás, temi que fosse por ele que o Chaves conseguisse chegar com perigo à área, porque este Danilo que hoje vi no relvado parecia outro. Estaria apenas a ressacar de uma longa e arrastada tarde de reflexão, afinal o rapaz era aniversariante e tinha chegado à constatação do etéreo que é este nosso trajecto no planeta, à percepção que a idade não é apenas um número mas uma marca indelével que nos arrasta para um infinito triste, escuro, vazio, aproximando-se cada vez mais do fundo de um poço onde cairemos com a inevitabilidade da morte, tão próxima como definitiva. Ou então estava cansado, também podia ser isso.
(-) Corona. Marega foi o melhor em campo em grande parte graças às arrancadas pela direita no lugar de Corona, a mostrar ao mexicano que não chega controlar a bola de primeira quando é lançada da Estação Espacial Internacional: é preciso fazer alguma coisa com ela. E Corona, mais uma vez, raramente o conseguiu, com lentidão de processos Boláttica e uma incompreensível falta de sentido prático em frente ao adversário directo. Tem ajudado mais na defesa mas exige-se que faça muito mais no ataque.
(-) O exagero vertical na primeira parte. E quando não há ideias nem pernas para mais, toca a mandar bolas para a área. Já agora: really? Já não há pernas? Eu sei que houve jogos de Selecções e esteve meia equipa a jogar enquanto que a outra só treinava, mas já estão todos partidinhos?! Não é cedo para se começarem a ver jogadores com pouca velocidade e ainda menos vontade de meter o pé? Ou já estava tudo à espera do Quaresma? De qualquer forma, houve demasiada verticalidade numa equipa que pode e deve organizar muito melhor o seu jogo. Valeu Brahimi a tentar furar pela relva mas, como de costume, perdeu-se e teve pouco apoio dos colegas, que preferiam enviar a bola direitinha para os avançados. Blergh.
E agora…Champions. Que FC Porto teremos? 4-4-2 do costume ou irá o Sérgio inventar um bocadinho? É já na quarta que vamos descobrir, stay tuned!
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