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O nosso oitavo círculo de Dante é em Alvalade

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O primeiro post: Basta-me pensar um bocadinho e lembro-me logo que sempre que saímos de Alvalade me sinto como uma ourivesaria na Almirante Reis

Depois, no ano passado, para o campeonato:

pelo penalty que nos foi roubado quando Cedric empurrou Jackson, nem mesmo pela expulsão (outra, injusta, em Alvalade, uma de TANTAS e TANTOS LANCES ONDE FOMOS PREJUDICADOS NAQUELE CAMPO…mas estão a ver-me a lançar uma demanda pela purificação da visão dos árbitros? Juízo, amigos, porque não sei ser intelectualmente desonesto nem sportinguista, que aparentemente são cada vez mais verdadeiras redundâncias)

E para a Taça da Liga:

acontece sempre no mesmo caralho do mesmo estádio que agora até tem nome diferente mas onde já devíamos estar habituados a ser assaltados quando lá passamos. E raramente são lances parvos de penalties, que só hoje houve praí quarenta reclamações de mãos e saltos e pinchadelas de verdes para a piscina, porque André Martins e Wilson Eduardo devem gostar mais de lamber cricas do que jogar à bola e andam sempre com os dentes a roçar na relva. Mas ao mesmo tempo, esse mesmo André Martins adooooooooooora dar pontapés nos gémeos dos adversários e safa-se com muita facilidade. Uma palavra também para o próximo trinco da Selecção, que é um jogador muito acima da média mas que hoje devia ter levado um vermelhinho por uma trancada que deu no Varela que só não lhe pôs a perna a sangrar porque não lhe acertou em cheio. E esse mesmo Varela, que foi parvinho por responder a mais um encontrão do insurrecto do defesa-esquerdo que joga naquela zona (porquinho mas normal num jogo destes) e levou um cartão amarelo, ficou à espera que o adversário também levasse um da mesma cor, mas nada acontece. E Cedric, no meio das suas quarenta e nove faltas, todas elas reclamadas com mãos na cara e lamentos de virgem fodida por doze hunos, lá se foi safando até ao final. Ou Adrien, que foi ou será lenhador noutra vida e que parece pensar que o futebol se joga acima do joelho, também escapou pelos pingos da chuva dourada que aposto deve gostar. Tudo isto para depois, inclemência nunca única e certamente repetida (como, citando os exemplos do post acima, Maicon, Emerson ou Costinha e as facilitadas de Rui Filipe, Kostadinov, McCarthy, Mielcarski, Seitaridis e Domingos), toca a expulsar Carlos Eduardo por uma falta que tantos, mas tantos, TANTOS FILHOS DA PUTA DO OUTRO LADO TINHAM FEITO ATÉ AÍ! Enerva-me, pois claro que me enerva. Enerva-me porque é sempre a mesma merda com aquela gente. Os que se queixam mais são habitualmente como o defesa que levanta o braço para reclamar fora-de-jogo. A culpa, na maioria dos casos, é mesmo dele.

É tão típico como as árvores de Natal em Dezembro ou as castanhas assadas em Novembro. Vamos a Alvalade, saímos de lá gamados. Podemos jogar bem e ganhar, jogar mal e perder ou qualquer uma outra combinação. E há tantas outras equipas que se podem queixar do mesmo no Dragão ou noutros estádios.

Este é o nosso oitavo círculo.

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 0 Boavista

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Amaldiçoo as palavras que proferi antes do início do jogo, enquanto o céu abria todas as torneiras que tinha, descarregando água com a força de onze deuses e a intensidade de outros onze. Nessa altura, protestava eu com o árbitro que avaliava as condições do pobre relvado e reclamava pela pouca celeridade da drenagem e das decisões dos fulanos de negro. E agora, penso que mais valia o jogo ter sido adiado. Talvez o passe de Tello tivesse chegado a Brahimi. Talvez Maicon não tivesse sido imprudente. Talvez os remates de Herrera tivessem chegado à baliza. Talvez Mika não tivesse agarrado as cabeçadas do Jackson. E talvez não estivesse agora com um mal-estar tremendo e cara de chateado. Talvez. Vamos a notas:

(+) Marcano. Bom jogo na estreia absoluta. Excelente a jogar pelo ar, de toque fino e prático, a colocar sempre a bola no chão antes de a passar para um colega. Apesar de raramente ter sido obrigado a desempenhar as tarefas inerentes à posição que ocupa, esteve perfeito nalguns cortes pelo relvado e quando Lopetegui o colocou quase no centro do esquema de três defesas (Casemiro foi mais volante que central) esteve seguro e sem tremideiras. Em Alvalade veremos se vale alguma coisa a defender contra uma equipa a sério.

(+) Danilo e José Angel. Tentaram tudo para que a equipa conseguisse criar situações de perigo na área e fizeram os dois flancos dezenas de vezes durante todo o jogo. O espanhol recebeu mais apoio que o brasileiro e pareceu sempre com vontade de colocar a bola na área mas fê-lo com critério e sem abandalhar nos cruzamentos excessivos. Falta-lhe a capacidade de furar como Alex Sandro mas parece ser uma boa alternativa, nivelando um pouco por baixo. Danilo começou mal o jogo, com muitas cruzamentos e passes falhados, mas foi subindo de produção e nunca desistiu. É essa uma das grandes mudanças em Danilo nesta época: a mental. Espero que assim continue.

(-) A expulsão de Maicon. Imagino que vai haver duzentas opiniões acerca do lance e mais de metade vai achar que não era motivo para expulsão. Porque era a meio-campo, porque a entrada foi 12 graus desviada na vertical do que se pode considerar “por trás”, porque foi a primeira falta, entre outras. Mas é na verdade muito simples de analisar o lance. Duas simples premissas: a entrada é dura, de pé levantado e acerta no jogador por trás (de lado, como quiserem). Maicon foi imprudente e colocou-se à mercê do árbitro, só isso. Já vi dezenas de lances iguais que não mereceram cartão, nem amarelo nem vermelho. E já vi outras tantas dezenas que acabaram com o faltoso a ser expulso. Calhou-nos a segunda. E, caros portistas, pensem no seguinte: se fosse de outra cor, o que diriam do árbitro se não expulsasse o rapaz?

(-) A condição física da equipa Estamos na 5ª jornada e já vejo vários rapazes do meio-campo para a frente a vomitarem-se todos para acabar um jogo. Sim, jogámos muito tempo com dez jogadores. Certo, estivemos quase sempre com a bola nos pés, o que cansa mais. Compreendo, Ruben Neves tem 17 anos, Herrera e Brahimi estiveram no Mundial. Mas não é bom sinal quando chegamos a meio da segunda parte e os dois jogadores mais importantes na construção ofensiva da equipa estão agarrados às pernas e o desequilibrador principal da equipa não aguenta mais que duas ou três corridas. Começo a pensar que a rotação imposta por Lopetegui se deve mais a factores físicos que tácticos…

(-) Tello. Trapalhão, incapaz de adiantar a bola uma distância aceitável e decente para a conseguir continuar a controlar em drible. Nada lhe correu bem, desde a assistência de morte para Brahimi que ficou na piscina, aos cruzamentos falhados e aos 1×1 inconsequentes. Muito fraco para alguém que sabe muito mais que isto e apesar de ser um homem de irreverência e velocidade, tem também de perceber que tem de fazer alguma coisa de jeito depois de acelerar ao largo do adversário. Hoje, não fez nem uma nem outra.

(-) As opções de Lopetegui. Ao intervalo íamos discutindo o que poderia ser feito para mudar o jogo. A jogar com menos um homem, as opções não eram muitas e cada uma era mais radical que a anterior. A ideia dos três defesas não seria impossível de funcionar, mas o consenso entre os colegas de bancada estava na mudança do tipo de jogo para um approach mais directo, mais incisivo, alheando um pouco da posse e atacando mais agressivamente a baliza adversária que até então pouco tinha sido alvejada. Sai Tello, entra Aboubakar (ou Adrián), passa Brahimi para o meio a ver se saca um livre ou um espaço entre os defesas, mandam-se subir os laterais e siga. Não seria fácil, com o meio-campo tão pouco elástico, lento demais para cobrir as subidas dos colegas pelas alas, mas era um risco que se aceitava. Tomadas as decisões, olhámos para o campo…e o jogo continuou como estava. Ninguém nega que podíamos perfeitamente ter marcado dois ou três golos durante os noventa minutos. Tivemos oportunidades, muita desinspiração e alguma incapacidade de rematar de longe em condições. Mas Lopetegui merece a minha crítica porque não mudou. Porque parece estar fixo na fidelidade a um modelo táctico que privilegia apenas a forma que ele vê como certa. Repare-se na entrada de Adrián. Colou-se o espanhol à linha esquerda, enquanto que Ruben definhava no meio-campo e Jackson continuava abandonado como um filho bastado à porta de um convento, esperando que um fugaz cruzamento de Quaresma ou uma jogada de Brahimi conseguissem criar algo que até então não tinham conseguido. Lopetegui mostrou a todos que é este o caminho que vai seguir. E se houver obstáculos nesse mesmo caminho, não está disposto a mudar muito para os contornar. Os teimosos são assim.


E lá vão quatro pontos. Quatro pontos desperdiçados numa fase tão incipiente da temporada, que nunca mais serão recuperados e que tanta falta nos podem fazer mais lá para a frente. Na sexta-feira, não podemos perder mais pontos.

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Baías e Baronis – FC Porto 6 vs 0 BATE

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Nos comentários ao artigo que antecipou o jogo, um habitual comentador (Pudget) vaticinou um seizazero. Ria-me quando li o bitaite do rapaz, untado com a previsível volúpia de uma noite que se queria mágica mas acima de tudo vitoriosa e prática. E o rapaz lá acertou, mas não creio que o fizesse de propósito, porque o FC Porto venceu bem e os números não enganam na diferença de talento entre as equipas. Mas foi um jogo em que nos correu tudo bem e que raramente se irá repetir, desde a inovação táctica de Lopetegui, passando pela exibição fabulosa de Brahimi e terminando no acerto perfeito de Maicon na defesa. Foi muito bom, quase perfeito, e deixa a moral em alta depois do jogo cinzento de Guimarães. Vamos a notas:

(+) Brahimi. O lance do segundo golo é notável por vários motivos. Impossível de dissociar do golo de Tarik contra o Marselha aqui há uns anos, pelas incontestáveis semelhanças que ambos partilham (apontado num jogo da Champions, depois de uma correria desde o meio-campo de um jogador de origem árabe, fintando meia-equipa e rematando para o fundo da baliza), é na forma como Brahimi percorre os últimos dez metros, em toque curto, drible com a bola sempre a centímetros de ambos os pés, noção perfeita de baliza e enquadramento com a mesma. E o primeiro, com o remate perfeito de pé esquerdo? E o terceiro, igualzinho ao golo contra o Lille? E o resto dos toques e arranques e fintas e deambulações da linha para o centro? E começarmos a pensar que este rapaz é um talento do carago que eu já vinha a dizer desde a pré-época que se tivesse alguma sorte e consistência seria um dos melhores jogadores do campeonato? Chegou, viu, marcou e venceu. Uma vénia, caro Yacine.

(+) Maicon. Quem viu Maicon a chegar em Julho de 2009, não acredita no que vê agora. Escrevi sobre ele em Janeiro de 2010: “É lento demais, passa a bola com força a mais e é sempre um susto quando a bola vai para perto dele e tem um adversário a pressionar. Eu que sou do tempo de ver jogar o Alejandro Díaz, digo: não serve.” e hoje começo a penitenciar-me pela falta de crença na capacidade de um jogador que tem vindo a melhorar e é hoje em dia o patrão incontestável da defesa. Perfeito na intercepção, atento no posicionamento defensivo e ágil no corte, tem estado em grande neste início de época e é um dos responsáveis por termos apenas um golo sofrido até agora. Excelente jogo.

(+) Danilo. Está cheio de moral e nota-se, tanto pela força que coloca nas subidas como na capacidade de recuperação quando a bola é perdida por si ou por qualquer colega. E Danilo vive disso, da moral que lhe é dada pelas boas exibições, ele que é um caso para entregar a um psicanalista, tão propenso que é a desânimos e desatenções em jogo. Tem-se entendido bem com qualquer um dos companheiros que jogam à sua frente mas é na solidez defensiva que se vê a evolução dele em terras lusas desde que chegou. Já não queres ser médio-centro, pois não, rapaz?

(-) As transições de Herrera. Fica sempre a impressão que podia fazer melhor. Não “mais”, apenas melhor. Herrera é o anti-Óliver: o espanhol já sabe o que vai fazer quando a bola lhe chega, ao passo que o mexicano, incorporando todos os clichés sobre o seu povo, demora uma eternidade com a bola nos pés para depois raramente tomar a melhor opção, especialmente quando baixa a cabeça e se recusa a tentar perceber o melhor caminho por onde devia fazer seguir o esférico. Sim, joga muito sem bola, movimenta-se defensivamente para tapar as investidas contrárias, mas quando recebe a bola no centro do terreno tem de ser muito mais rápido e astuto na decisão.

(-) O desaparecimento do meio-campo. Lopetegui arriscou, sem exageros. Aquela espécie-de-4-2-4-ou-talvez-4-4-1-1 foi uma inovação que já não via desde alguns jogos-treino de Jesualdo, ou se quisermos falar a nível oficial, desde que Octávio colocou Pena e Esnáider juntos na frente…mas talvez tenhamos de recuar até Robson para vermos uma verdadeira dupla de ataque. E esta dupla que vimos hoje não foi bem uma dupla mas acabou por fazer com que o “4” do meio-campo se transformasse num “2”, com Casemiro e Herrera a funcionarem como tampões…que não funcionaram. Percebo a omissão de Ruben Neves (muito melhor como “6” onde Casemiro tem mais força e experiência) e a presença de Herrera mais recuado, mas o FC Porto vê-se invariavelmente obrigado a jogar pelos flancos durante as alturas em que o adversário se vai fechando, simplesmente porque não há movimentações (nem homens) suficientes na zona central para que o jogo por lá possa fluir. E a não ser que apareça um espaço milagroso, putativamente criado pelo “1” atrás do ponta-de-lança, a construção torna-se enfadonha e recua tudo para começar de novo. E se Adrián pode funcionar bem sem bola, a arrastar os defesas como fez no segundo golo de Brahimi, a verdade é que passou grande parte do jogo sem se conseguir safar dos (fracos) defesas nem criar jogadas de perigo, ao passo que os médios, quase sempre bem posicionados para recuperar a bola, foram incapazes de romper com ela controlada em posse. Depender de Brahimi, Tello ou Quaresma é muito frágil para uma estratégia consistente de ataque.

(-) BATE. Há uma diferença entre ser uma equipa que joga na Champions e outra que tem jogo de Champions. O BATE, infelizmente, faz parte do primeiro grupo, porque se o que mostrou hoje no Dragão é o melhor que pode e sabe fazer…então, meus amigos, cheira-me que vão corridos pelas outras três equipas com seis derrotazinhas para esconder bem lá no fundo e não mostrar a ninguém com vergonha. Salvo qualquer catástrofe, não contemos com ajudas deles nos jogos contra os outros dois grandes do grupo.


Uma grande vitória. Uma vitória grande, talvez seja o termo mais adequado, mas o que interessa é mesmo a vitória. Há dois anos que não sabíamos o que isso era em jogos da Champions no Dragão. Obrigado, rapazes.

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Baías e Baronis – Guimarães 1 vs 1 FC Porto

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Primeiro ponto de ordem sobre o resultado: não gosto de perder pontos contra ninguém. Seja o Benfica, o Vilaverdense ou o Dínamo de Bucareste, é sempre mau. Mas perder pontos contra esta cambada de malfeitores de preto e branco é uma mancha que me deixa sujo, chateado e triste. Jogámos o suficiente para vencer o jogo e mesmo com uma arbitragem que enervou toda a gente de azul-e-branco, a verdade é que devíamos ter saído de Guimarães com os três pontos e deixado aquela cáfila de mãos na cabeça. Não conseguimos por culpa própria e com um pé Montypythoniano a pisar-nos a traqueia. Siga para as notas:

(+) Brahimi. Estupendo no arranque e na recepção orientada, foi o principal criador de perigo para o adversário e merecia que o golo não lhe tivesse sido anulado. É já “o” jogador do FC Porto 2014/2015, ao lado de Jackson, e será em condições normais titularíssimo de uma equipa ainda a procurar a melhor estrutura no meio-campo, onde Brahimi diz que prefere jogar. Mas é quando pega na bola em zonas próximas dos flancos que mais brilha, flectindo quase sempre para o centro à procura de espaço por onde furar e de colegas com quem combinar. Activo, mexido, vivaço…é o que se quer e especialmente o que precisamos de ter naquela zona do terreno.

(+) A entrada de Evandro. Ajudou a estabilizar um meio-campo que até então tinha o idiota do Herrera a falhar passes em demasia, Casemiro com vontade mas sem acertar e Ruben Neves sem conseguir manter-se de pé e a deixar André x 2 passar vezes demais por si. Evandro pode e talvez deva ser titular, pela simplicidade que coloca em jogo e pela estrutura que proporciona ao meio-campo…e não fossem alguns arranques de Herrera ainda o continuarem a manter na equipa, a grande maioria dos jogos que vi do mexicano fazem com que seja, neste momento, segunda escolha.

(+) Maicon. Teve breves momentos de desconcentração durante a segunda parte mas em nada mancha (mais) uma excelente exibição do brasileiro. Forte no jogo físico, foi contra o enervante Tomané que passou a maior parte do jogo em duelo e conseguiu aguentar-se sem cravar um murro nos dentes do adversário, o que é de louvar tendo em conta a insistência do avançado do Guimarães em se tornar num dos jogadores portugueses mais enojantes da Liga, pegando no facho já meio apagado mas ainda bem seguro nas mãos de Briguel. Prático, bem na intercepção e no posicionamento a policiar a zona defensiva, sabe que é lento a arrancar e compensa com a movimentação bem coordenada e a antecipação da jogada do adversário. Está para a defesa do FC Porto como Aloísio estava no tempo dele. Com a devida proporcionalidade de talento, claro.

(-) O meio-campo sem força. Desiludiu-me imenso ver este meio-campo do FC Porto a ser tão tenrinho contra o equivalente minhoto da cena “The Bride vs Crazy 88” do Kill Bill. E não foi um filme em estreia absoluta, porque em casa contra o Moreirense e até um certo ponto no jogo de Paços, vimos uma zona central do terreno e ser calcada (fisica e metaforicamente) por um adversário que pressionava os nossos jogadores e conseguia chegar mais depressa à bola, obrigando a equipa a jogar bem mais pelos flancos do que seria desejável. É verdade, sim senhor, que a nossa mais-valia poderá ser a multiplicidade de escolhas do meio-campo para a frente. Mas na zona de cobertura defensiva e/ou de construção ofensiva, está-nos a faltar muita agressividade e qualquer equipa que se decida a correr mais que os nossos ganha vantagem imediata. E contra este Guimarães, que quase só sabe correr (continuo a estranhar os votos de louvor generalizado a Rui Vitória quando as suas equipas raramente mostram que trabalham mais que as outras a não ser no ginásio…) e empurrar, raramente houve nervo para lá de uma ou outra imagem de um jogador do FC Porto, habitualmente Casemiro, a impôr o seu físico para recuperar a bola. Algo terá de ser feito para mostrar aos adversários que aquela zona é nossa. Nem que seja à pancada.

(-) A parvoíce do lance do penalty. Não é preciso dizer muito. Jackson, na nossa própria área, decide adiantar a bola para a tirar do caminho do adversário, que se coloca entre o colombiano e o esférico. O capitão tenta chegar à bola sabendo perfeitamente que está ali um careca de barba que vai cair ao mais pequeno toque…e acerta-lhe na perna. Burrice. Muita burrice.

(-) A arbitragem. Não é meu hábito queixar-me dos árbitros e continuo a achar que é dever da nossa equipa conquistar os três pontos para que não tenhamos de andar atrás dos gajos do apito a protestar por tudo e por nada. Mas há dias em que nada lhes corre bem (ou tudo, dependendo do ponto de vista mais ou menos cínico) e os nossos rapazes são prejudicados activamente em mais que um ou outro lance ocasional. Hoje, em termos de lances concretos, foi só isto: um golo mal-anulado por fora-de-jogo inexistente e um penalty que ficou por marcar. Se o fora-de-jogo é difícil de apontar e como tal mais complicado de criticar, o penalty foi ridículo. Alguns minutos antes tinha sido apontada uma falta contra nós que foi exactamente igual, quando André x 2 viu o seu braço agarrado numa situação em tudo semelhante. Mas não foi na área. Na área deles. E portanto não foi falta. Ou foi. Mas não foi marcada. Não percebi. E também não percebi a quantidade absurda de lances em que ao jogador do FC Porto era apontada falta por exagerado contacto físico, quando uma situação idêntica com as camisolas trocadas resultava nos braços esticados do árbitro para mandar seguir. Enervou-me, enervou toda a gente.


Primeiros pontos perdidos em grande parte por culpa própria mas também com muita imbecilidade arbitral. Não é dramático, minha gente.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Moreirense

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Pela quinta vez consecutiva (noutros tantos jogos oficiais que já foram disputados esta época), o resultado é melhor que a exibição. Mas se na primeira parte tudo parecia frouxo, com pouca movimentação, espaços enormes não ocupados na zona defensiva do Moreirense e muitos passes directos mal efectuados, a segunda parte trouxe melhorias e o futebol subiu de qualidade e acima de tudo de eficácia. No fundo foi mais do mesmo: Brahimi a romper, Óliver a rodar, Jackson a marcar. Ah, e um penalty falhado, para não destoar com o que tem acontecido nos últimos anos. Enfim, vamos a notas que se faz tarde:

(+) Jackson. Já leva quatro golos no campeonato (mais um na Champions) e subiu a média para um golo por jogo. Não se pode pedir mais a um ponta-de-lança que continua moralizado e que é um deleite para os extremos quando recua para lhes endossar a bola em corrida. Prova disso foi o tremendo toque de calcanhar a isolar Quaresma no início da segunda parte, a somar a uma data de outros passes em que depois de controlar a bola no chão consegue vislumbrar quase sempre a melhor trajectória para fazer o jogo rolar em direcção à área do adversário. E o primeiro golo é brilhante pela elevação que consegue no meio dos dois centrais do Moreirense, depois de um balão de José Ángel. Nota 20 (ou 10, em versão Football Manager).

(+) Maicon. Sem grandes brincadeiras, com sentido prático acima da (sua) média, Maicon esteve quase perfeito durante todo o jogo. Raramente se atreveu nos passes longos verticais (deixou essa tarefa para a desgraça que foi hoje Casemiro), foi milimétrico em vários cortes e impediu muitos ataques do Moreirense pela antecipação e bom jogo posicional. Está a ser o patrão de que precisamos, pelo menos nesta altura da época.

(+) Danilo. Um dos melhores jogos que me lembro de ver deste rapaz com a nossa camisola. Apareceu em apoio do ataque sempre que possível, audaz, sempre a pedir a bola mas mantendo-se bem posicionado para evitar contra-ataques do adversário. Tapou muito bem o flanco e fez as diagonais necessárias para tentar o remate, que conseguiu por várias vezes com boa ajuda de Quaresma, mas serviu fundamentalmente para abanar a dupla Óliver/Brahimi, que não pareciam conseguir furar pelo centro. Foi Danilo, com diversas intercepções no meio-campo adversário, quem mais trabalhou para empurrar o Moreirense para a sua área, especialmente na primeira parte. Excelente.

(-) O meio-campo durante toda a primeira parte. Raramente houve uma jogada com entendimento acima de uma triste mediocridade, muito abaixo do que podem e sabem fazer. Para arranjar desculpas podemos culpar a rotação posicional de Óliver e Brahimi, que não têm rotinas a jogarem próximos um do outro; podemos atribuir as culpas à bebedeira intelectual (vamos assumir que foi dessas) de Casemiro; podemos elogiar o posicionamento do Moreirense, astuto e voluntarioso na pressão alta; até podemos criticar a colocação de Adrián e Quaresma, ambos demasiado longínquos das áreas de influência e com pouca intervenção no jogo ofensivo da equipa como um todo para lá dos rasgos individuais, também eles pouco produtivos. Mas sejam quais forem os verdadeiros culpados pelo jogo pastoso e arrastado, houve enormes buracos no meio-campo ofensivo, viram-se demasiados passes errados (a fazer lembrar o primeiro ano de Guarín e o seu trademark “passe/remate” para rodar de flanco), excessiva confiança no passe longo vertical e pouco discernimento na organização de lances ofensivos. Talvez faça bem a Lopetegui assumir de vez um onze-base, ou pelo menos uma estrutura de meio-campo consistente para que possamos atravessar esta fase embrionária com mais tranquilidade, caso contrário podemos ter muitos jogos sofridos como este.

(-) Casemiro. Diz-me a verdade, rapaz: tu ontem foste para os copos, não foste? Bebeste uma cervejinha ou doze a mais, afinal está um calorzinho porreiro e a noite ontem até estava propícia para uma copada com os amigos…e ficaste distraído com as horas e com os “finos”, achaste piada ao nome e não paravas de pedir. É que não vejo outra explicação (se quisesse ir para a badalhoquice também podia, mas hoje estou a tentar ser “PG” e não me deu para a porcalheira) para a miséria de jogo que fizeste hoje, pá. Sempre distraído, lento, incapaz de reter a bola nos pés durante mais de um segundo, passes tortos, com força a mais ou a menos mas nunca adequada à situação. Vai para casa, enfia duas pastilhas de Guronsan num copo alto cheio de água, bebe tudo de golada…e dorme. Amanhã vais sentir-te um homem novo. Que remédio.


Três jogos para o campeonato, seis golos marcados, zero sofridos. Não estamos a jogar um futebol deslumbrante, deixo isso para mais tarde, o importante é continuar a ganhar. E não receber jogadores mancos vindos das selecções, também dava jeito.

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