foto retirada do twitter do FC Porto
Derby que se preze tem vários pontos que devem persistir ao longo dos tempos: a) o Boavista está em campo para dar molho e o FC Porto responde; b) o FC Porto não ganha com facilidade no Bessa; c) o FC Porto ganha no Bessa. E foi isto que aconteceu mais uma vez, com mais um jogo em que três passes consecutivos eram interrompidos por uma falta (afinal não somos só nós que fazemos muitas, pois não, Simão?) e onde uma exibição fraquinha deu lugar a três bons golos, cada um ao seu estilo e com um homem a destacar-se acima de todos os outros na partida: Brahimi. Boa e importante vitória, de qualquer forma. Notas abaixo:
(+) Brahimi. Jogaço, mais uma vez. Um golo, uma estupenda exibição e mais uma vez a figura principal da equipa em termos de construção de jogo pela relva, alheados que estamos (aparentemente) da necessidade de ter mais um médio para construir a partir do centro do terreno. E enquanto Brahimi estiver nesta forma vamos continuar sem optar em acondicionar o meio-campo com mais um homem, porque parece que o homem está com uma garra que nunca antes tinha visto, continuando a levar paulada atrás de enormíssima paulada e mantém-se de pé, pronto para agir, assistir e marcar, num golo que teve tanto de merecido como de bonito.
(+) Ricardo Pereira. Muito melhor a defender do que tinha mostrado no início do campeonato, está mais rápido e muito mais eficaz no corte, em particular nos carrinhos que fazem lembrar uma espécie de Otamendi contido, porque raspa mas não arranca e até consegue manter a bola em sua posse. Esteve pouco subido muito por culpa de Kuca que o encostou (bem) sempre atrás, mas deu segurança a defender e se ainda não tinha garantido o lugar, só uma tremenda falta de empenho nos treinos lhe tira a titularidade. Uínque.
(+) Danilo na primeira parte, Herrera na segunda. Danilo foi um gigante na primeira parte porque foi dos que mais depressa conseguiu perceber que não iríamos lá sem usar o corpo e usou-o muito e bem. Herrera errou bastante na primeira parte porque demorou muito mais a perceber o mesmo que disse na frase anterior. No entanto, o mexicano esteve muito interventivo em zonas subidas mas também em áreas mais recuadas, onde conseguiu recuperar várias bolas e criou sempre perigo quando a soltou. Só faltou marcar aquele golo quando apareceu isolado em frente ao guarda-redes, mas a falta de pernas lixou-o. Uma última nota para Hector: perfeito a atrapalhar Mateus num lance que podia colocar o Boavista na luta pelo resultado. Excelente!
(+) O nosso povo portista. Cantar a “rotunda”? Check. Cantar o “orgulho”? Check. Invadir o Bessa com milhares de adeptos, passar o jogo todo a apoiar a equipa e criar uma simbiose vísivel com ela? Check. Sair de lá com três pontos, as vozes gastas e um sorriso na face? Check, check e oh sim, check!
(+) O sentido prático do Marega. É como tem de ser. O gajo é prático e ainda bem, se colocava a bola ainda tirava a vista a um adepto (viram o remate ao poste? Aquilo foi com a parte de dentro do pé e a baliza aposto que ficou a abanar mais que meia-hora!) e assim foi lá para dentro. Já naquela parvoíce do keeper do Boavista ficar meio minuto a tratar a relva como se fosse parte de uma espécie biológica em vias de extinção, Marega chegou lá, duas pisadelas à Samaris e siga a rusga. Gosto disto.
(-) Centrais em posse. “Não batas nos meninos que a culpa não é deles, os médios é que não estão tão disponíveis para lhes dar cobertura e não chegam dois para isso, não é? Ainda por cima não te esqueças que agora os médios trocam de posição e os laterais sobem como se fossem receber ofertórios em igrejas católicas, tanta vez que sobem e descem aquelas bandas, por isso os centrais têm de ir à procura do espaço e de saber o que fazer com a bola. Para lá disso, os avançados estão muito subidos, os médios muito distantes, os alas muito abertos e o meio-campo dos outros também existe e pressiona mais do que uma bexiga depois de seis finos! Não sejas assim, Jorge, tem lá paciência e não censures os passes longos para as couves ou as hesitações horríveis do Felipe hoje no Bessa que já duram há umas semaninhas…ou o Marcano, que espera mesmo até o outro gajo botar o pé para passar a bola e ressaltar nele, ou então quando tem oito horas e meia enquanto a bola vem pelo ar e ele pode pensar onde a colocar mas parece que oh foda-se lá vai a bola para o Boavista. Pronto, Jorge, não te chateies com eles, não? Vá lá.” Com todo o respeito, vá lá o caralho. São bons, são muito bons, mas também fazem jogos de caca e hoje foi um deles. Se na quarta-feira jogarem o dobro do que fizeram aqui, apanhamos outros tantos como na Alemanha.
(-) Hugo Miguel. Marcano protesta? Marcano leva amarelo com cara de mau. Gajo-indiscriminado-do-Boavista protesta? Leva aviso. Herrera corta a bola? Herrera leva amarelo. Vários-gajos-do-Boavista acertam nos tornozelos/calcanhares/o que funcionar para mandar o gajo abaixo? Levam amarelo. Slow. Fucking. Clap.
Continuamos na frente depois do primeiro derby e só pode ser bom sinal para o futuro. Agora, na ante-estreia marcada para a próxima quarta-feira, o épico “Leipzig: A Vingança”. Num Dragão perto de si.
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