Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Belenenses

foto retirada do Twitter do FC Porto

Noite fria na Invicta, com os músculos a mexerem com dificuldade depois do jogo de quarta-feira (a sério que voltei ao Dragão apenas três depois da última vez que cá estive? Fosse sempre assim e era um homem feliz!), numa prova de capacidade competitiva que foi superada mas por pouco, já que a vontade de encerrar o jogo rapidamente era tal, em particular depois do primeiro golo marcado, que a equipa nunca conseguiu atingir níveis de tranquilidade e paz de espírito que acalmassem a malta nas bancadas. Mas ao contrário de outros anos, o apoio não faltou. Nunca faltou. É o que dá quando os jogadores dão tudo e lutam sempre para vencer. Vamos a notas:

(+) Herrera. Disse em vários fóruns no início da temporada (aqui, em conversa, no Cavani, em todo o lado!) que Herrera era para mim uma carta fora do baralho. Mais que isso, nem devia ser uma carta, mais valia ser um naco de papel queimado a descansar na lareira, tal era a minha confiança nele para a época que então começava. E agora, com um litro de água, engulo as minhas palavras ao ver o capitão a encher o campo, a marcar e a assistir, a ser o melhor jogador da partida como tem vindo a ser um dos melhores jogadores de várias partidas desde que assumiu de novo a titularidade. Lutador, inteligente a pautar o ritmo e a trocar a bola com critério, esteve acima de todos e mostrou que a braçadeira pode mesmo estar bem entregue. E espero que não me faças cuspir as mesmas palavras de volta, Hector!!!

(+) Reyes. Primeiro de tudo: Reyes não é trinco. Não que joguemos com trinco, mas a posição que Reyes ocupou foi exactamente essa, um pouco mais recuado em relação aos colegas do centro e claramente com menos ordens de subir no terreno que Danilo recebe. E para o que sabe e consegue fazer, esteve muito bem, sem contar com os passes longos que tem mesmo de melhorar. Sei que soo um pouco a um pai que vendo o filho a praticar guitarra e a assassinar um qualquer Stairway to Heaven o incentiva e diz: “Estupendo, Martim, não te esqueças que o esforço vai compensar”, sabendo perfeitamente que o puto só vai conseguir encher plateias se for vender bilhetes num cinema, mas a verdade é que em grande parte dos jogos, com equipas que jogam recuadas e que tentam colocar a bola nas costas dos defesas a 30 metros de distância (como o Belém tentou), Reyes até se safa benzinho. Não é Danilo, mas afinal, poucos serão.

(+) O golo de Aboubakar. Herrera esteve muito bem todo o jogo mas nada melhor que um sprint vertical de quase 50 metros, aos 90 minutos de uma partida onde meia equipa estava cansada e a esperar que o jogo acabasse, vendo Herrera (e Aboubakar) a voarem pela relva, com o mexicano a passar a bola perfeitinha para uma finta de Abou a deixar o central num varrimento Otamendiesco e a picar a bola por cima do guarda-redes para o golo do descanso. Um deleite, minha gente.

(-) Ui as perninhas. Não nos podemos queixar de nada senão de nós próprios, porque quem negociou a calendarização dos jogos no Dragão fomos nós e acredito que ninguém tivesse olhado para o próprio calendário da equipa como algo remotamente importante, em especial porque só nos lembramos destas parvalhices depois delas nos morderem no derriére. Mas notou-se desde o início que a equipa queria fazer as coisas depressinha para acabar com esta treta e passar à parte mais importante do fim-de-semana, o alapar da peidola no sofá e pensar: “só jogo daqui a duas semanas, quero é descansar um bocado!”. O jogo de quarta foi tramado e se Corona ficou no banco e Danilo na bancada, houve muitos outros que não tiveram a mesma sorte. E notou-se, oh pois que se notou e bem. Telles parecia amorfo, incapaz de se posicionar em condições e foi ultrapassado com a mesma finta pelo menos duas vezes sem pontapear o adversário em testículos alternados. Logo aí dava para perceber que algo se passava. Brahimi, que a jogar aí a 35% da sua capacidade conseguia produzir suficiente para quase marcar um ou dois golos, ou Aboubakar, que tirava o pé de várias disputas de bola, eram outros dois que se notava alguma falta de frescura. Hernâni compensava, naquele estilo de anfetaminas naturais que o fazem correr demais para fazer tão pouco mas entrou para a segunda parte como um zombie paralítico. Faltava muito do fulgor físico que ficou na relva na quarta-feira e uma equipa que faz da velocidade e agressividade uma das suas forças, não conseguiu nem uma nem outra a níveis decentes. Valeu-nos, e não acredito que vou dizer isto, a excelente exibição de Herrera.

(-) Felipe. Um jogo recheado de uma data daqueles pequenos nuggets que fazem pensar que este jovem tem um ou outro fio que se desliga sozinho e que só volta a ser ligado se alguém lhe der um par de estalos. Só vejo o Marega com capacidade (física) para ousar isso, por isso torna-se complicado ver um homem que me habituei a reconhecer como um excelente jogador a transformar-se numa poça de urina durante uma partida de futebol. Foi uma exibição fraquíssima, cheia de passes falhados, decisões parvas e muita falta de pernas. Precisa mesmo de descansar uns dias.


Onze jogos, dez vitórias e um empate (em Alvalade). Não me lembro de um arranque tão positivo e só posso esperar que continuemos com um rácio deste nível até ao final do campeonato…era bom sinal!

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Ouve lá ó Mister – Belenenses

Camarada Sérgio,

Longe vão os tempos em que o Belenenses me trazia alegrias, com a tradição da visita ao Pepe a fazer-se lá em baixo e a ser depois devolvida a cortesia com o próprio Belenenses a entrar em campo segurando a nossa bandeira. Não vi isso a acontecer no ano passado e fiquei lixado porque era uma daquelas cordas que me prendia a tempos idos, quando esta merda era mais simples, mais pura e bem mais decente. Hoje em dia só espero que estes gajos venham cá para jogar futebol e não para serem fantoches dos vizinhos lá de baixo, estes que abrem mais as pernas ao mestre que uma putéfia com sete pachachas.

Assim sendo, espero um jogo tramado. Ainda por cima com todas as condicionantes que temos, vai ser tramado. Imagino que seja nossa culpa o facto de termos aceite o calendário e as agendas televisivas e não me pareceu nada inocente termos optado por forçar o amarelo ao Danilo para limpar hoje, mas as lesões do Marega e o cansaço que aposto está a morder os músculos das pernas de meia equipa depois do jogo de quarta-feira são factores importantes. Agora pensa bem, porque vais ter duas semanas de paragem e a malta (alguma, pelo menos) pode descansar aí, mas não podemos arriscar perder pontos agora. Nem pensar nisso! Como disse no Cavani de ontem (se não ouviste, ainda vais bem a tempo de o apanhar aqui), apostava no Galeno a titular e não mudava muita coisa. Maxi a titular, AA e Herrera no meio, Brahimi e Hernâni nas alas. Acima de tudo é para jogar, ganhar e só depois descansar!

Sou quem sabes,
Jorge

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Jornada Especial Champions 2017/18 #4 – O gémeo do Marega

A quarta jornada da Champions continua a fazer com que todos os portistas dêem mais uma volta nesta montanha-russa europeia (passe a contradição) e a análise ao jogo contra a equipa das latas (como diz o Silva) não podia faltar, com os Cavanis empenhadíssimos em perceber o que se passou, como se passou e quem se passou. E não falta mais uma análise de fundo ao plantel (fazemos isto em todos os episódios, raios), com uma antevisão do jogo da equipa dos pastéis. Agora é assim, cada equipa tem uma alcunha. Tomainde e comeinde.


Quem quiser continuar a ouvir pelo site, tranquilo, é só usar o leitor que está embutido no post de cada episódio. Quem ouvir usando uma app, seja iTunes, Podcast Addict, Pocket Casts, Podcast Republic ou tantas outras que por aí andam, pode encontrar o Cavani aqui:

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A Culpa é do Cavani – Jornada Especial Champions 2017/18 #4 – O gémeo do Marega


A quarta jornada da Champions continua a fazer com que todos os portistas dêem mais uma volta nesta montanha-russa europeia (passe a contradição) e a análise ao jogo contra a equipa das latas (como diz o Silva) não podia faltar, com os Cavanis empenhadíssimos em perceber o que se passou, como se passou e quem se passou. E não falta mais uma análise de fundo ao plantel (fazemos isto em todos os episódios, raios), com uma antevisão do jogo da equipa dos pastéis. Agora é assim, cada equipa tem uma alcunha. Tomainde e comeinde..

Jornada Especial Champions 2017/18 #4 – O gémeo do Marega


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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 1 RB Leipzig

Não sei que tipo de portal para um universo paralelo é que atravessei hoje à noite antes de entrar no Dragão, mas no final do jogo apercebi-me que tinha aplaudido Marega de pé, Herrera de pé e aos gritos e Maxi Pereira de pé, aos gritos e a abraçar três amigos ao mesmo tempo. Porque o futebol, ao contrário do que diz o Shankly, não é mais importante que a vida ou a morte. O futebol agrega e separa, une e afasta, mas é sempre, sempre, um desporto de emoção. E hoje, no Dragão, vivi mais uma bela noite, onde comecei a sorrir, passei da euforia à fúria e acabei como comecei, a sorrir. Gotta love this game! Vamos a notas:

(+) O espírito de luta. Não há dúvida para ninguém que tenha visto este Leipzig a jogar que os rapazes são bons. Para além de trocarem bem a bola, são fortes, largos, rápidos e cobrem mais terreno que nós em menos tempo. São uma equipa habituada a jogar contra Bayerns e Borussias, trabalham muito bem e valem o que recebem. Mas nós sempre mostramos que estávamos cá para ganhar o jogo e muito embora a estratégia inicial tivesse sido audaz, a lesão de Marega podia ter servido para abanar a equipa. A malta levantou-se e marcou logo de seguida. Impecável. Segue-se cachaçada pujante pelos alemães durante trinta minutos consecutivos de posse de bola, trocas rápidas e criação de perigo com remates de longe e incursões pela área com alguma facilidade, com o FC Porto sempre a lutar mas quase sempre a dar a bola ao adversário, o que parecia deliberado apesar de não poder contar com Marega para romper em velocidade e com Brahimi a complicar um pouco. Marcaram então os alemães no início da segunda parte, talvez na única falha defensiva grave durante todo o jogo. A equipa foi abaixo? Nem pensar, levantou-se de novo e começou a jogar. A jogar com calma, com a cabeça que parecia ter faltado quando a bola tinha estado nos nossos pés. E lutou. Trabalhou. Tapou. Limpou. Salvou. Rebentou. E alguns minutos depois marcou. E acalmou. E controlou. E celebrou. E sentiu que todos à volta celebraram com eles, porque o estádio ficou a aplaudir bem depois do jogo ter terminado, em simbiose com a equipa e a agradecer a bela noite que todos tínhamos vivido. Foi como se o estádio estivesse todo na relva, ao lado deles. E que bem que soube.

(+) Corona. MVP da partida, para mim. Foi um Corona prático, útil, aguerrido na defesa e entusiasmante no ataque, sempre à procura da melhor opção e, ao contrário do que fez em tantos outros jogos, a tomar uma opção antes de estar tudo pesado na sua cabeça. Esse, que é o grande defeito de Corona – a busca incessante da jogada perfeita que raramente aparece – foi hoje colocado em prática de uma forma tão simples e tão directa no melhor que podia ter feito para ajudar a equipa: colaborar com o colega que joga atrás dele e integrar-se no ataque com o resto da equipa, jogando para ela em vez de apenas para si. Foi dos melhores jogos que vi dele e saiu exausto, quiçá lesionado. Faço votos para que banhos, massagens e um ou outro handjob cheguem para o rapaz recuperar para sábado.

(+) Herrera. Mais um excelente jogo de Herrera. Eh pá, eu sei, mas que querem, o homem parece que está determinado em provar que estou errado em relação a ele e eu fico muito contente ao vê-lo a tomar essa atitude, porque Herrera está a conseguir mostrar que é um jogador essencial do ponto de vista táctico e que a sua versatilidade e capacidade de pautar o jogo faz com que o FC Porto consiga ter mais opções no meio-camop do que pensei no início do ano. E agora só falta marcares um hat-trick ao Benfica. Aposto que não consegues, Hector, és um merdas e uma besta e um imbecil. Vá, prova que estou errado como tens feito até agora, eu que já te chamei tantos nomes e agora faço um acto de contrição semanal com as tuas exibições. Seu…seu…capitão!

(+) Os laterais. Muito em jogo a tentar tapar tudo que aparecia pelos flancos, tanto Ricardo como Telles fizeram um bom trabalho defensivo e ainda conseguiram ajudar na frente sempre que foi necessário. Curiosa a opção de Sérgio a manter Ricardo como defesa direito e Maxi a jogar como ala (tão curiosa como acertada, pelo terceiro golo) mas durante todo o jogo foram os principais garantes que a bola iria ser solta para a frente com algum critério. O termo é mesmo esse: soltar a bola, porque houve largos minutos em que era preciso atirar a bola para a frente com tanta vontade que sempre que um homem nosso pegava na bola…eram momentos de angústia para as bancadas. Ambos ajudaram a que essa angústia fosse reduzida e estiveram bem durante todo o jogo.

(-) André na primeira parte. É verdade que entrou a frio e substituir Marega – pelo tipo de futebol físico que dá opções de criação à equipa que mais nenhum consegue dar – não é fácil, especialmente se pensarmos que Moussa é uma montanha de força e envergadura física ao passo que AA é uma espécie de Tyrion Lannister com calvície precoce. Mas AA ficou tempo demais na terra de ninguém, acabando por não funcionar como segundo avançado porque não conseguiu receber a bola e criar espaços no ataque e pior ainda em trabalho defensivo, já que ao entregar a bola aos alemães a equipa dependia dele para a primeira linha de pressão aos centrais adversários e AA nunca conseguiu fazer em condições, ficando sempre num limbo de posição que prejudicou e muito o trabalho dos colegas do meio-campo. Sérgio Conceição ainda trocou a posição dele com a de Herrera nos últimos minutos da primeira parte para forçar a subida mais pressionante da equipa, mas foi na segunda parte que AA conseguiu finalmente soltar-se um pouco, protegendo melhor a bola e trabalhando bem para ajudar a equipa a recuperar a vantagem e a mantê-la.


Uma espécie de normalidade foi hoje reposta, que é como quem diz: é como se tivéssemos vencido os jogos em casa e perdido os que disputamos fora. E agora, há que inverter a tendência na Turquia!

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