Portistas em África, com Madjer

Como não podia deixar de ser, o destaque dado no site oficial é nulo. Na imprensa portuguesa, pelo que tenho visto, nulo é.
Trazendo novas do maravilhoso mundo argelino onde o Porta19 tem um enviado especial em permanência, segue a notícia da presença dos nossos rapazes em terras magrebinas como embaixadores da boa-vontade do futebol numa angariação de fundos para ajudar crianças africanas.

“Quelque 150.000 euros ont été récoltés au profit des enfants d’Afrique, lundi, à Alger, lors d’un match de gala initié par Rabah Madjer, ancienne star du football algérien aujourd’hui ambassadeur de l’Unesco. Le Français Christian Karembeu, le Belge Jean-Marie Pfaff, l’Italien Alessandro Altobelli, les Portugais Vitor Baia, Rui Barros, Fernando Couto et le Tunisien Adel Sellimi faisaient partie d’une sélection mondiale, qui s’est imposée 4-2 contre d’anciennes gloires algériennes.”

Não será uma novidade digna de primeira página como a lingerie da cabrita do Ronaldo ou do novo penteado do Neymar, obviamente.

Ver a notícia completa aqui, no Algerie360.

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Um Baroni para Baía

O país futebolístico está agitado com as declarações de Vítor Baía a uns miúdos numa escola.

Contextualizando, para aqueles que ainda não ouviram ou leram, ficam aqui:

“Se a carreira que fiz tivesse sido feita no Benfica ou no Sporting, a repercussão teria sido outra”

“O F.C. Porto é um clube muito fechado em si próprio. Não faz tudo o que está ao seu alcance para potenciar a imagem dos seus jogadores antigos”

“Posso voltar, claro. Há uma ligação muito forte entre as duas partes. Espero ainda ser muito útil ao meu clube.”

Foram estas duas frases que alvoroçaram a blogosfera (mais a não-portista que propriamente a nossa, admita-se) que se lançaram imediatamente em teorias porque está feito com Pinto da Costa, dizendo mal do clube para se distanciar e se tornar um candidato à FPF, e porque blá blá yadda yadda e o costume.

Hoje, Vítor veio a público novamente, e as frases foram um bocadinho diferentes:

“O F.C. Porto está no meu sangue e, sim, tenho ainda muito para dar ao clube”

“Tenho momentos marcantes na minha carreira que por eu ser jogador do F.C. Porto não tiveram o destaque merecido por parte de alguns órgãos de comunicação social, que são rápidos e não olham a espaços para destacar os feitos de companheiros de profissão de outros clubes”

“(…) as conquistas internacionais poderiam ter sido potenciadas de outra forma”

“Em relação à política desportiva conduzida pelo presidente, sempre a defendi, e os resultados assim o comprovam”

Compreendo que o pessoal fique chateado. A luta permanente do FC Porto contra as influências dos clubes da capital sobre a imprensa, sobre uma comunicação social que permanentemente minimiza e rebaixa as vitórias do nosso clube é exactamente disto que se alimenta, destas pequenas questões e declarações que fogem um pouco da estrutura monolítica de uma só voz que o FC Porto manifesta (e bem) para fora, da união que habitualmente mostramos, da solidez do discurso e da estoicidade da nossa postura.

E é exactamente por isso que nos caiu tão mal aquela primeira frase! Pois se lutamos contra um centralismo amordaçante, se nos revoltamos contra uma imprensa que salienta os podres em vez de enaltecer as virtudes, se por muito que façamos e ganhemos raramente vamos ter o reconhecimento que outros conseguem apenas por respirarem…o facto de um dos nossos principais ícones falarem desta forma é uma derrota antecipada, uma manifestação que nada há a fazer senão baixar os braços e reduzir-mo-nos à insignificância a que somos constantemente votados!

Tenho uma admiração especial por Baía, admito. Fui o autor do primeiro site Português de homenagem ao rapaz há mais de 10 anos e sempre foi um símbolo do clube. Não o conheço pessoalmente, falei apenas com ele uma meia-horita, por isso não posso dizer se é boa ou má gente. Não o tenho por arrogante nem mal-agradecido e acredito que não tenha ficado satisfeito com a forma como saiu do clube, quer por querer fazer mais (ou diferente) lá dentro ou por algum tipo de incompatibilidade com a gestão vigente, mas não gostei de ler o que disse.

Fica mal a um símbolo do clube anunciar ao mundo, ainda que com o mínimo de interesse em prejudicar a instituição que tudo lhe deu, que teria tido uma vida melhor se tivesse jogado por outros clubes. Acredito que Baía não quis dizer que preferia ter jogado nesses clubes, mas que não lhe fica bem, lá isso não fica. E não cai bem em nenhum Portista ver um dos que muitos ainda consideram um futuro presidente do FC Porto a elogiar a capacidade de captivação mediática de outros clubes em desprimor do seu. Até pode ser verdade, mas não fica bem.

É de experiência que digo que ninguém está imune a críticas, mesmo aqueles que admiramos. Os ícones muitas vezes têm pés de argila mole e se acham que estou a exagerar, vão perguntar ao pessoal que deu o dinheiro ao Pedro Caldeira para ele investir em nome deles. Pois.

PS: Agradeço os oportunos (e brincalhões) comentários no post anterior sobre a eventual necessidade de mudar o nome da rubrica de análise dos jogos. Não o farei por vários motivos mas principalmente porque Baía foi, é e continuará a ser o melhor guarda-redes (e um dos melhores jogadores) que já passou pelo meu clube. E só por isso, como já ouvi dizer, até pode atropelar velhinhas que o pessoal aplaude. Por isso obrigado, malta, mas para mim, Baía continuará a ser Baía. Mesmo que por vezes lhe saia um ou outro Baroni da boca…

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Ah grande Vítor!

“Com os actuais estatutos é impossível. O futebol vai continuar na ilegalidade. Enquanto não aprovarem os novos estatutos não há hipótese de mudar o que quer que seja ou de alguém poder fazer o que quer que seja pelo futebol português. Isto vai-se manter igual”
“Quem quer ser presidente de uma federação não o pode ser só porque lhe apetece. Há requisitos a preencher. Se fosse só pela opinião pública era uma história completamente diferente.”
“Com os actuais estatutos, quem tem preponderância são as associações. Depende das associações, e vendo como as associações estavam representadas ontem na Islândia, já quererá dizer algo importante, nomeadamente tendo em vista a recandidatura de Gilberto Madaíl.”
“Não me agrada, nem desagrada. É o cenário actual e segue a via actual. É o cenário escolhido por quem manda no futebol português. Mantém o mesmo sentido, a mesma orientação e a mesma gestão”

Perfeito.

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Boa sorte, Vítor!


O director de relações externas da FC Porto – Futebol, SAD, Vítor Baía, apresentou um pedido de cessação de funções ao presidente do Conselho de Administração, no qual demonstrou «o propósito de abraçar um projecto de natureza pessoal». A Administração compreendeu os argumentos aludidos, restando desejar-lhe os maiores sucessos na sua nova actividade, sem prejuízo de esperar que se criem condições para o seu retorno quotidiano a esta casa.

in MaisFutebol

Em 1999, quando regressou, deu-me uma das maiores alegrias como Portista. Sempre o respeitei como homem, sempre achei que tinha fibra e que me dava alento vê-lo com a camisola do meu clube ao peito. Fiz-lhe um site (o primeiro site de tributo a Vítor Baía em Portugal), fui às Antas falar com ele e depois de estar à conversa alguns minutos, deu-me os parabéns e ficamos por ali.

Onze anos depois, Baía sai do clube que lhe deu tudo e ao qual pagou de volta com juros. Muita gente mal intencionada vai decerto começar a espingardar sobre o porquê da saída, que desestabiliza blá blá pardais ao ninho. O homem merece fazer o que quiser fazer, digam o que disserem sobre a pessoa ou o jogador-agora-RP, e será sempre um dos factores que me fez mais Portista.

Força e boa sorte, Vítor. Tens aqui um teu criado para o que precisares.

UPDATE: declarações de Baía à Lusa:

“Foi para mim uma escola, um lar, uma família com a qual partilhei imensas e inesquecíveis alegrias e alguns, poucos, momentos difíceis.”

“É com um misto de emoções que hoje interrompo a minha ligação profissional de mais de 20 anos ao clube do meu coração. Foi para mim uma casa de emoções onde aprendi tudo, não apenas dentro mas também fora das quatro linhas”

“Retribuí com toda a dedicação e empenho e por isso me despeço com sentimento do dever cumprido”

“Virada esta página, todos sabem que nos últimos anos abracei paralelamente outra causa, a Fundação Vítor Baía 99, uma causa nobre que exige de mim uma ainda melhor dedicação e atenção. Esse é o meu projeto do momento e ao qual me irei dar como sempre dei em tudo o que fiz a 100 por cento”

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Vitor Baliza

(foto retirada do Reflexão Portista)

Li no Reflexão Portista que Vítor Baía foi eleito como o desportista português da década, segundo uma votação organizada pela revista Focus, no seu website. Não consegui encontrar o dito website, não sei quantos votos Baía recebeu, mas sei que foi a personalidade mais votada com 82,6%.
Parabéns, Vítor. Se te lembrares daquele puto que um dia foi falar contigo no final de um treino do FC Porto e te disse: “Olá, Vitor. Sabe aquele site que há na internet que é um tributo a si? Pois, fui eu que o fiz. Não tens nada que agradecer, é uma honra.”
Mantenho o que disse.
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