Señor Lopetegui,
Anda um gajo todo o ano à espera deste jogo, Julen. Um ano de misérias ou fortunas, de tristezas ou alegrias, de tanto que nos traz o entusiasmo de uma vida que pode ser mais ou menos efusiva mas que se coloca em perspectiva perante estes noventa minutos que se jogam no nosso estádio, com a nossa equipa, perante o adversário mais imponente que se nos coloca pela frente e que em situações tradicionais é um dos mais complicados de abater. E não tenhas dúvidas, por muito que o histórico recente nos dê um favoritismo tranquilo, a estatística é atirada para um canto e o jogo, quando começa, é de tripla. É sempre de tripla. Sempre.
Ninguém está à espera de um jogo de futebol agradável hoje à noite no Dragão. Garanto-te, do fundo do meu coração que se aperta tanto desde que a bola começa a rolar naquele relvado, que não haverá uma alma naquele hino à arquitectura moderna que pense que o jogo está a ser fraquinho e que o futebol praticado deveria ser mais consonante com o talento que está disposto em campo. A malta quer é ganhar. Pode ser por um-zero, por dois, três, quinze, o resultado é pouco importante nestes momentos. O que o povo portista te pede é que ganhes, ou que quando muito tentes ganhar. Nuances tácticas, movimentações de meio-campo bem conseguidas, incursões pelos flancos, remates de longe, tudo fica muito lá no fundinho quando pensamos no que será poder arrumar com estes gajos em nossa casa e sair do estádio com um sorriso de uma orelha à outra a dizer: “Hoje estes cabrões não passaram!”. Dá-nos a oportunidade de passar a semana a falar do jogo, a reviver todos os momentos como se um video estivesse a rodar sem parar no interior dos nossos cérebros. Imagina-nos felizes, com os “bragging rights” que deteremos com a emoção e alegria imensa de podermos dizer, de punho cerrado a bater no peito, que vencemos. Quem marcou? Não sei, mas vencemos. Foi um bom jogo? Não sei, mas vencemos. Houve lesões? Não sei, mas vencemos.
Venceremos. Venceremos, raios me partam, venceremos. E está tudo nas vossas mãos. Força, rapazes.
Sou quem sabes,
Jorge