Ouve lá ó Mister – Paços de Ferreira

Señor Lopetegui,

Ah, os invernos da Invicta, repletos de chuvinha da boa, noites fresquinhas e aguaceiros de criar bicho. Tudo que convide a uma noite bem passada em casa na companhia dos mais queridos, ou em alternativa com um copo de single malt e uma manta por cima das pernas. E no entanto, hoje pela noitinha, a uma hora digna de ser cuspida em cima pelos que ainda gostam de ir ao estádio ver a sua equipa, que serão muito menos que os que vão ver pela televisão mas que podem bater com a mão no peito com muito mais mérito e dizer: “sim, meu caro, eu estive lá a ver aquele genial espectáculo de futebol ao vivo!!!”. Sim, eu também vou ser um desses, mais uma vez, até porque já tenho saudades de entrar no Dragão e já passou tempo demais desde a última vez que por aí andei.

E apanhamos um Paços que vem cheio de moral depois de ter ganho ao Benfica na semana passada. O peito do Hurtado, a cabeça do Sérgio Oliveira e aos pés do Seri estão prontinhos para nos sacar pelo menos um ponto e tu sabes tão bem como eu e como todos os que lá vão estar hoje à noite que não podemos deixar que os rapazes lá de baixo se pisguem com nove pontos de vantagem depois da lifeline que nos deram há meia-dúzia de dias. Por isso espero um jogo sério e sem bichonices de brincadeiras.

Vi que convocaste o Aboubakar em vez do Gonçalo. Não acho mal, afinal o Gonçalo é dos Bs e o Vincent dos As, mas vê lá se não desmoralizas o puto. Olha que há ali talento e depois do Jackson sair (que acredito vá acontecer no final da época), o rapaz tem lugar no plantel. Oh se tem. E vê se falas com o Tello e o convences que a melhor maneira de agradar ao povo que está nas bancadas ou em casa…é marcando golos. Já falhou que chegue, não achas? Acima de tudo que seja um jogo decente, com uma vitória que se aceite com um sorriso e se possível sem parvoíces na defesa. É pedir muito?

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Académica

Señor Lopetegui,

Pelas minhas contas, precisamos de uma vitória no jogo de hoje para passarmos à próxima fase desta treta sem nos preocuparmos com resultados de terceiros. Continuo a olhar para esta pseudo-competição de soslaio, sem grande interesse mas com uma vontadinha extra de chegar mais longe do que alguma vez chegámos em virtude daquele brilharete em Braga que mesmo não tendo acabado com três pontos deste lado e a garantia que estaríamos na próxima fase sem grandes preocupações, a verdade é que houve algo naquele jogo que me deixou com tanta garra e sangue na guelra que até fiquei todo contente por esta taça existir. E olha que não é fácil entusiasmar-me com isto! Eu que até nem vi a final disto em directo no ano passado, vê lá tu!

E mesmo o facto de nem tu nem os teus rapazes conseguirem ter confirmado os bons sinais desse jogo no Domingo passado, continuo a apoiar-vos. Continuarei sempre, sabes, porque não sei ser de outra maneira e porque acredito que os erros acontecem e que há jogos que correm melhor que outros. E porque sou um gajo mais calmo que era aqui há uns anos, talvez por fazer a catarse de um mau resultado através do teclado do portátil…e olha que ajudou bastante depois do jogo com o Marítimo. Não queria ter de fazer a mesma coisa hoje, Julen.

Já agora, uma dica: dá uma oportunidade ao Gonçalo a titular. Quem sabe, talvez deixes de pensar em trazer mais malta para o plantel? Vá lá, o puto merece.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Marítimo

Señor Lopetegui,

Não há um jogo que o FC Porto jogue na Madeira que não me faça lembrar dos bons tempos que lá passei de qualquer uma das vezes que estive naquela ilha. Para lá das noites de copos, tardes de copos e até algumas manhãs de copos, a estadia é excelente e recomenda-se com toda a intensidade de um remate do Hulk ou um passe curto do Guarín. Só há normalmente um ponto em que os dias são constantemente transformados em versões badalhocas de um fim de tarde bem passado em frente ao Atlântico com um ou doze copos de poncha no bucho: o estupor do jogo nos Barreiros. Deve ser karma hepático, a punir-me por tanto ter agredido o órgão (sem piadinhas) mas é dos jogos que mais me chateiam durante o ano e a par dos “grandes” e do Guimarães, aquele que antecipo com maior violência emocional e temor pelo resultado que por aí possa vir. Aparece-me tudo na cabeça: os livres do Heitor, os remates do Alex Bunbury, as fintas do Edmilson (o moreno deles, não a nossa loirinha), as defesas do Everton, as movimentações do Gaúcho, as cabeçadas do Van Der Gaag e o Briguel. Só o Briguel. Esse asno. (cuspidela para o chão). Isso.

Sejam quais forem os nomes que apareçam na cabeça de cada portista que acompanha este feudo com o Marítimo desde há sei lá quantos anos, a verdade é que são sempre (ou quase) jogos tramados, digam lá o que disserem as estatísticas. E tu que andas desde o início do ano a dizer que cada merdeira de cada equipa que apanhamos pelo caminho é um jogo de “máxima” ou “alta” ou “tremenda” dificuldade, acredita que este vai ser mais um desses. Ainda por cima pode haver muitos portistas na Madeira mas estou disposto a apostar contigo que a grande maioria dos adeptos do Marítimo não o são. Ou seja, espera ambiente hostil com um português asotacado que não vais perceber nem metade. É giro, acrescenta ao pitoresco local, vai por mim.

Ganha lá isso. Eu apostava num ataque com o Quaresma e o Jackson mas dava uma hipótese ao Ricardo para ver se o Tello rende mais quando vem do banco. E no meio-campo volta a pôr o Casemiro, fazes favor, porque o Ruben ainda deve subir as escadas do autocarro agarrado à coxa.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Braga

Señor Lopetegui,

Bem vindo a mais uma ronda do “Who gives a fuck about this?”, com os actores principais “Julen Lopetegui” como “The Rotation Man” e outros actores secundários! E este, ainda mais que o jogo da semana passada, é uma armadilha à espera de acontecer, por isso tem muito cuidado com a forma como o jogo se vai desenrolar. Explico.

Como o Braga perdeu o jogo contra o União da Madeira (“o” União ou “a” União? francamente não faço ideia, esta coisa de ter géneros associados à bola é tão pós-modernista que enjoa), vão encarar os dois últimos jogos com um vigor fora do normal para poderem pensar em qualificar-se em condições. Ora se tu apanhas com uma equipa do Sérgio Conceição a meio-gás, já é motivo para te encalhares todo com a quantidade de paulada que vais levar (uma espécie de formação à José Mota com mais talento), imagina se os gajos têm de facto um objectivo para atingir! Upa, menino, tens de explicar aos rapazes que vão ter de navegar por entre um mar como na Normandia em 1944!

Já vi a lista de convocados e acho muito bem que tragas os miúdos para estas andanças. Pois é certo que o Ivo pareceu meio acanhado e não teve uma estreia de sonho, mas o Gonçalo já merecia uns minutos e até o Victor ou o Joris também podem calçar, por muito que estes já se tenham estreado no ano passado. Acima de tudo, tenta procurar aí por dentro as possibilidade que consigas encontrar para reforçar os As com os Bs, de topar quais é que te podem ajudar e quais é que, francamente, não contam. E se conseguires ganhar o jogo entretanto…nada mau!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Penafiel

Señor Lopetegui,

Uma viagem curta, esta. E tem tudo para se tornar enfadonha, porque até lá pouco há para ver e menos ainda para experienciar. Ao menos se fizesses os mesmos quarenta quilómetros para Norte podias dar um salto à Póvoa e ias comer um peixinho bem bom. Ou descias até Espinho e enfardavas uma francesinha em forno a lenha numa taverna que por lá conheço e que é “daqui” (mão a segurar a orelha). Até podias ir pelo Rio até perto de Entre-os-Rios, na margem direita, onde há um tasquinho onde tens uns bolinhos de bacalhau com umas fatias de presunto que te deixavam com eles na mão a pedir mais. Nota-se que estou com fome? Muito? Raios.

É uma viagem rápida, como te disse. E o Penafiel até é um clube amigo há uns anos, porque raramente nos deu água p’la barba. Aliás, a última vez que perdemos pontos no 25 de Abril (o estádio, não a coisa dos cravos que já te devem ter explicado) foi em 1990/1991, há mais de vinte anos!!! Nessa altura jogavam alguns rapazes que já deves ter ouvido falar…Baía, Geraldão, Kostadinov, a dupla de Coutos (o Fernando e o Jorge) e o André, o pai do André ao quadrado que agora joga no Vitória. E o árbitro, por coincidência das maiores coincidências, foi o pai do moço que vai estar aí logo à noite! Outros tempos, outras histórias e definitivamente outro tipo de mentalidade e de futebol. Hoje em dia o que conta é a eficácia e a inteligência competitiva. E os golos, isso também parece que conta muito.

Dá lá um salto a Penafiel e sai de lá com golos marcados e sem sofrer nenhum. É um desafio que te faço. Aceitas? Claro que aceitas!

Sou quem sabes,
Jorge

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