Camarada José,
Acabei de ir ver as odds para o jogo num dos sites de apostas mais famosos por aí fora. Dão-nos 3.40 para ganhar o jogo, o que não é mau, tendo em conta que o Dortmund está com 2.10. Era giro sacar um guito simpático para pagar a casa e/ou comprar um Bentley (o carro, não o David), mas não sou gajo de apostar. Sigo com aquela estranha dicotomia que coloca a fé e o pessimismo em pratos opostos da balança, onde acreditar é um elemento comum mas que diverge nas vertentes pelas quais se manifesta.
Por um lado, o portista ferrenho, orgulhoso e moderadamente pragmático no meu ombro esquerdo diz-me que não há motivo para que não consigamos passar. Os gajos são bons, sim, mas não são imbatíveis, longe disso, e não vamos enfrentar uma versão do Brasil de 1970 com calções pretos, longe disso. Temos de de ir para cima deles com a força de dezenas de anos de história cheia de glórias e feitos julgados impossíveis e escrever mais uma página épica no nosos livro de recordaçoes.
Do outro lado, o sacana do portista pessimista e cínico sussurra-me pornografia estatística ao ouvido direito. Virar uma eliminatória com 0-2 é quase impossível, ainda por cima estes são alemães e nunca lhes vamos ganhar nem que seja a contar feijões porque os gajos até invadem a Polónia para ir buscar mais feijões só para não ficar mal. E o Aubemayang vai virar o Maxi do avesso e o Myhthtesaarian ou lá como se escreve (o pessimista não é bom em línguas, não precisa, só de números) vai espetar duas ou três nas trombas do Casillas e o resto deles vão celebrar em pleno Dragão enquanto urinam no relvado e comem as balizas ali mesmo com um bocadinho de tabasco e um fininho.
I say: fuck’em. Não temos nada a perder e se tentares ganhar o jogo ninguém te censura se o perderes. Jogar como na primeira mão deixou de ser uma opção, por isso força nas canetas, manda os rapazes enojar o amarelo, dá dois biqueiros no Reus e siga a rusga. Vêmo-nos no sorteio dos oitavos!
Sou quem sabes,
Jorge