Ouve lá ó Mister – Roma

Companheiro Nuno,

Não querendo lançar mais pressão do que aquela que já deves estar a sentir, mas este jogo tem alguma importância. Tu sabes disso e não haverá nada que te possa dizer aqui nestas linhas que te possa elevar o nível de concentração e de empenho que tu e os teus terão de mostrar quando os cabrões dos italianos entrarem em campo e vos olharem direitinho nas pupilas com fome de Champions e vontade de nos mandarem abaixo. Tens de ser um pré-Huno para arranjares as coisas de tal maneira que quando lá formos para o jogo da segunda mão poderes ser um Huno a entrar por ali dentro a rebentar aquela treta toda como o Aníbal aqui há coisa de dois mil anos. Com menos elefantes e um bocadinho mais de troca de bola a meio-campo, mas o princípio é o mesmo: bater em romanos.

Para continuar a metáfora, neste jogo tens de ser Asterix, Obelix e outros “ixes” que te lembres. “Ils sont fous, ces Romains!”, certo? Estes gajos não sabem com quem se metem e nem com Tottis nem Naiggolans nem sequer com De Rossis cá vêm buscar o que quer que seja. Entra lá com o Andressilvix, o Coronacorix e o Danilipovix, inventa os apelidos todos que soem vagamente a gaulês (meio celta, meio francófono, pronto) e entra em campo com vontade de lhes enfiar um tento nos queixos que até lhes mande o capacete ao ar. E já agora, se puderes, não sofras baixas. Golos, perdão.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Rio Ave

Companheiro Nuno,

Ora então cá vamos nós. Prontinhos para mais uma época que nos vai encher de alegrias, tristezas, semi-ataques cardíacos, pequenas pinguinhas de urina com lances entusiasmantes no ataque e mãos erguidas para o peito com falhsa defensivas. Nada de novo, apenas na necessidade imperiosa de ganhar. E para isso precisamos de começar bem, já hoje em Vila do Conde. É um campo complicado? Não faço ideia, nunca lá joguei. O único campo de futebol em que já alguma vez joguei foi o Campo S.Miguel em Gondomar (agora Estádio São Miguel, porque é relvado e tal) e na altura o pelado era bem fixe para quem queria ficar sem joelhos. Uma espécie de lixa com 100×50 metros, bem catita. As coisas são diferentes e os hábitos também, até para nós. Especialmente para nós.

Disseste a meio da semana que o FC Porto não pode estar quatro anos sem vencer títulos. É para isso que aí estás, Nuno, para vencer. Vou-te dar a mesma ladaínha que dei aos teus antecessores: ninguém se vai preocupar se jogar A ou B, se a equipa tem um futebol extraordinário, guardioliano na construção ou sacchiano na concretização. O que os sócios, adeptos, raios, tudo que usa o azul-e-branco por dentro, juntinho ao coração, o que essa malta vai querer é ganhar. E se fizeres por isso, se tiveres os tomates que o Peseiro não teve, que o Julen parece ter guardado num cofre até que um dia pudesse vir a precisar deles e que o Fonseca ainda não conseguiu arranjar…se tiveres as bolas enormes de um Vitor Pereira na Luz ou de um Villas-Boas durante toda a época (só para dar exemplos recentes e não ser exaustivo, até porque daí para trás estavas bem presente e viveste as coisas na pele, não foi, senhor “Somos Porto”?), a malta não quer saber de mais nada.

Força, rapaz. Estamos todos contigo, os fortes, os fracos, os cínicos e os adeptos das vitórias, os indefectíveis e que vão ao Dragão às segundas à noite à chuva. Todos. É para ganhar. Que role a bola!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Braga

Camarada José,

Well, well, meu caro amigo. Cá estamos para o último jogo da temporada e que jogo tens tu pela tua frente. Uma repetição da final da Taça da Liga de 2012 ou da Europa League de 2011, ou até da final desta mesma Taça em 1998. Sabores misturados em relação a essas finais, mas tenho uma métrica que até agora tem funcionado e espero que me ajudes a quebrar: sempre que vou a uma final com o Braga, ganhamos. Quando não vou…bem…não temos a mesma sorte. E quando não se ganha uma final, não é propriamente uma derrota. É uma grande derrota. É o equivalente a seres ultrapassado em velocidade pelo Bolatti. Ou não defenderes um remate de longe do filho do Casillas. Esse nível, sim. E eu sei que ganhaste a última final que disputaste cá no burgo, exactamente essa do Braga contra o teu actual clube, por isso até era giro conseguires dar a volta aos pratos e sacares o taçómetro cá para o Museu, não era? Era, pois.

Não gostei da convocatória mas tu é que sabes, como sempre. Só fico triste por teres tido o Chico Ramos e o Tomás (por quem já sabes que tenho uma admiração bem grande) a treinar toda a semana e depois amandas os rapazes c’as couves e não os levas a Lisboa. É uma chatice para eles e não lhes dá propriamente a moral que merecem, mas a época está a acabar e daqui a mês e meio já estão outra vez de volta, por isso não é assim tão mau. Já tu…perdoa-me mas se for este o momento da despedida, espero que fiques bem na fotografia com um cachecol na cabeça, uma taça na mão e um sorriso na face. Para o bem de todos nós, Zé!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Boavista

Camarada José,

É a última vez que vou ao Dragão durante esta temporada e fico sempre com um sentimento de tristeza no final do jogo, sabendo que só lá vou voltar em Julho ou Agosto. É aquela nostalgia tão típica da minha geração, antecipada em relação ao timing que deveria cumprir mas inevitável dada a rápida passagem do tempo e dos tempos dentro do tempo. Velhos por antecipação, é o que somos, mas felizes. Em parte.

Como é o último jogo e como este ano não vou ao Jamor, pode ser a última vez que te vejo nesse banco. Não sei se depende de ti ou se os poderes acima de ti já tomaram alguma decisão, por isso até lá continuas a ser o meu treinador e como tal falo para ti de homem para homem ou se preferires, de Jorge para José: livra-te de não ganhares este jogo. Já temos tido demasiadas chatices para agora também termos o amargo de boca de terminar o ano ainda mais em baixo. Livra-te.

Como é um jogo num horário experimental, pensei que poderias também fazer uma convocatória experimental, para descansar alguns elementos-chave antes da Taça e para premiares alguns dos campeões da segunda Liga que deviam fazer corar vários dos que jogaram na primeira. Não me fizeste a vontade e não te censuro, afinal tu é que mandas. Por isso seja com quem for que vás à luta, ganha lá a escaramuça e prepara-te para a grande batalha da próxima semana.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Rio Ave

Camarada José,

Faltam três jogos para terminar a época e estou triste. Triste pelo momento da equipa, triste pela forma como encaramos as partidas e acima de tudo triste por chegarmos a este momento do campeonato e estarmos a jogar para aquecer. E hoje quer-me parecer que esta metáfora vai ser mesmo concreta, porque pela maneira que o tempo tem andado, um joguinho em Vila do Conde, com chuva tocadinha a vento, vai ser bem bonito de ver. Pum, bola pró ar e quem estiver a favor do vento é abrir alas e rematar que a bola pode até ir lá para dentro com um chouriço que ninguém estava à espera. É assim todos os anos e este não será diferente.

Ainda pro cima já sei que vais andar a experimentar os rapazes e a tentar arranjar o melhor onze para ainda conseguires chegar à final da Taça e sacar alguma coisa desta miserável temporada. Inventa lá o que quiseres porque o terceiro lugar já ninguém nos tira (suspiro…) e só há uma coisa que interessa até ao fim do ano: ganhar no Jamor. Já desisti de pedir que puxes pelo orgulho dos teus homens porque está mais no fundo que um naco de carne podre atirado para o Douro. Assim sendo, lutem pela vitória mas tentem perceber qual é a melhor maneira de darmos a volta ao Braga daqui a duas semanas. E se conseguirem ganhar, menos mal. É assim que estamos, mister. Na trampa.

Sou quem sabes,
Jorge

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